quarta-feira, 7 de setembro de 2016

                                   Inatel

Sábado, 11 de Junho de 2005

E lá estava eu no meu segundo dia em Santa Maria da Feira. Estava no Inatel com o meu marido. Nada tinha dito ao Fernando Pedro Cachaço Marques. Não precisava de saber de todos os passos que eu dava, na altura. Ele mentia-me descaradamente. Eu ripostava. A confiança tinha-se dissipado. Já não era o mesmo de outrora. Soava a falácia. Era um querer que não se demonstrava. Era um desespero de querer sair daquele beco sem saída. Era um dia pior que o outro, mas eu continuava aprisionada a ele. O Pedro tinha-se envolvido na minha vida e eu estava cega e não enxergava a saída.

Sentia-me bem disposta. Santa Maria da Feira era linda. Meu marido envidava esforço para me proporcionar uns dias de sonho. Mas o sonho era interrompido, abruptamente, pela mensagem do Pedro.

10h17m54s

« Bom dia meu GRANDE AMOR. Dormiu bem? Eu não. Apetecia-me estar contigo a meu lado, e ver o teu rosto lindo num sono, tranquilo e seres acordada pelos meus beijos suaves e doces. Beijokinhas doces e amorosos. »

Comecei a rir a bandeiras despregadas. Era uma utopia. Naquele momento eu estava " feliz" sem ele. Uma felicidade que não sentia quando estávamos juntos. Podia voar e libertar o meu espírito.
Meu marido quis saber o motivo que me tinha dado aquela explosão de sarcasmo. Era notório, segundo ele. Retorqui que me tinham enviado uma mensagem intrigante, mas uma utopia no momento. Continuámos a nossa digressão pelo lindo Castelo de esplendor nunca antes visto por nós.
Voltámos para o almoço. Um almoço de luxo como era apanágio do Inatel.
Estávamos nós a saborear o nosso almoço quando senti que ia entrar uma mensagem. Não olhei na altura. Estava demasiado feliz para me ir embrenhar em tal leitura. Vi mais tarde.

12h34m57s

« Meu AMOR de ontem de hoje e de amanhã. Que fazes? Estás sozinha? Posso telefonar? Ela está a trabalhar e eu estou a fazer o almoço. Quero te ouvir e dizer que TE AMO. Beijokinhas de saudade. »

Respondi que estava acompanhada. Não podia falar com ele.
O dia decorreu lindamente. Já eram horas do jantar quando regressámos ao Inatel. Queria tanto que estes dias não acabassem nunca...Mas o tempo não espera por ninguém e eu via-os a passar tão depressa que me sentia horrorizada.
Estava eu a jogar com o meu marido, no salão de jogos, quando chegou uma mensagem. Não a ouvi chegar. O telemóvel estava na  minha mala.

22h12m09s

« Meu AMOR que se passa? Mal tens dado notícias. Eu estou em pânico. Diz ao menos boa noite. Eu desejo que sonhes comigo e que tenhas uma noite de sonhos onde eu entre. Beijokinhas para o MEU AMOR. »

Respondi laconicamente e referi que não era momento para tanto alarido. Eu estava acompanhada.
Depois de um banho relaxante, dormi tão feliz que nem me recordo de ter sonhado.



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