quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Pedir prenda de anos!

Terça, 1 de Março de 2005

Este mês foi marcado pelos anos do Fernando Pedro e da tragédia que ele disse ter-se abatido sobre ele quando ia festejar os anos dele e da filha mais velha. Mas lá chegaremos, a seu tempo.
Hoje era a entrada do seu mês astral. Mês que muitos designam por mês "Infernal".  Eu só sei que para mim, começou o mês Infernal. A partir daqui, começou a minha queda financeira. Foi a primeira vez que pedi dinheiro a uma financeira. Foi a Credial. Hoje não existe. Mas naquela altura foi a minha salvação.

Normalmente, os meus dias começavam com um telefonema do Pedro logo pela manhã. Hoje não foi excepção. O telefone tocou estridentemente até eu levantar o auscultador e atender ainda ensonada. Eram 08h35m23s. A hora pouco variava e eu estava ainda, quentinha, entre os lençóis. Estendo o braço e atendo laconicamente.

- Estou sim, por favor?
- Bom dia  Amor mio. Como dormiu o meu bem?
- Bom dia Sr. Pedro. Eu dormi muito bem. E tu?
-Ena! Esse " Sr. Pedro" donde veio?
- Sei lá... Estou inspirada.
- Não. Acordastes inspirada, por que fui eu que te acordei, não foi? Ora diz lá a verdade!
- De facto, foi. Ainda estava a dormir.
- Quentinha? Dava tudo para estar aí contigo. Como seria bom. Levava-te... (Interrompi-o abruptamente )
- Não digas nada para não te arrependeres logo a seguir.
- Achas? Era o que eu mais queria. Apesar de não me pagares o para-pente, não deixo de te amar.
- E não esqueces isso, não?
- Não. Era uma prenda de anos que eu adorava muito.
- Pensa noutra coisa porque isso eu não vou dar.
- Então um auto-rádio daqueles com tudo?
- Isso já pode ser. Vamos à Worten. Tenho cartão.
- De financiamento?
- Não. Não compro nada a prestações. Pago a pronto. O dinheiro das prestações, fica para outra coisa.
- Para mim?
- Apre! Só pensas em ti. E por que não para mim?
- Tu é que sabes. Não te zangues. Ainda faltam 19 dias para eu fazer anos. Até lá ainda posso morrer.
- E não pensas uma coisa mais positiva?
- Queres vir almoçar comigo?
- Então amanhã não é o nosso dia aqui?
- É, mas podias querer vir almoçar comigo.
- Para estar só uma hora contigo? 
- Não posso mais. Amanhã estou contigo o dia todo.
- Então fica combinado, certo?
- Sim, mas não vais ao msn?
- Não sei. Depende do trabalho do meu marido.
- " Do meu marido". Não podes dizer isso de outra maneira?
- Não. Ele é meu marido e será até que a morte nos separe.
- Que coisa mais foleira. Já pareces o padre.
- Sim e tu tens muita experiência disso.
- Não tenho, mas já assisti a casamentos, né?
- Pois.
- Bem vou para a linha de Cascais. E vem aí o chefe. Beijos.
- Beijos e até logo depois das cinco. ( Mas ele já tinha desligado).

17h19m23s

- Estou sim, faz favor?
- Então já casastes?
- Desculpa?
- De manhã estavas a casar com ele.
- Já me casei em 1977. Estava só a dizer que seria casada até que a morte leve um de nós.
- Olha mudamos de conversa. Já fizestes o programa para amanhã?
- Já. Está tudo programado. Assim tu venhas.
- Pois dúvidas nisso?
- Não.
- Vais buscar-me à estação?
- Claro. Não vou sempre?!
- Sim. Nunca te atrasas. Tal é a fominha.
- Não comeces. Estás sozinho?
- Sim. Com quem querias que estivesse?
- Sei lá. Um colega...
- Não. Na intimidade, gosto de ser só eu.
- Que gracinha!
- E a prenda de anos é a que falámos?
- O auto-rádio, certo?
- Pois. Já que não me pagas o para-pente, pode ser o auto-rádio, mas sou eu que o escolho...
- Pois. Ele é para ti.
- Tens dinheiro para isso?
- Que pergunta. Claro que tenho. ( Não tinha, mas já tinha pedido o empréstimo à Credial.)
- Estou cansado. Vou pa casa. Vais ao msn?
- Não sei. Depende.
- Eu espero. Beijocas grandes, gordas e onde e como quiseres.
- Beijinhos e até logo, se eu puder.

Não pude. O meu marido esteve todo o serão no computador.



quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Para-Pente

Segunda, 28 de Fevereiro de 2005

Mais uma conversa tida com o Pedro. Sempre me preocupei em escrever fielmente o que se passava entre nós dois. Recorria ao meu diário a escrever as conversas que tínhamos. Era para a posteridade, como costumávamos dizer.
Também escrevi um livro, mas as personagens são diferentes. Eu não sou psicóloga e ele não trabalha na REFER. 
Mais uma vez estou aqui para relatar o que se passou neste dia.
Já me habituara ao toque do telefone logo pela manhã. Também me habituara a ver as horas para ser fidedigna ao meu diário que me acompanhava sempre.
08h49m37s

- Estou sim, por favor? ( Eu já sabia que era o Pedro, mas nunca tinha certeza. Tinha que ter a máxima cautela. Poderia ser o meu marido ou a minha irmã. )
- Sou eu, Amor mio. A esta hora já sabes que sou eu.
- Nem sempre. Pode ser o meu marido ou a minha irmã para me falar da minha mãe.
- Mas o teu marido telefona  assim tanta vez? Nunca me tinhas dito isso. 
- Nunca veio à conversa. Tenho que ter muito cuidado.
- Então dormiste bem? Eu dormi a pensar em ti. A pensar no nosso passeio de Sábado? Gostastes?
- Gostei muito.
- Tenho pena de não ter andado de para-pente. Um dia hei de experimentar.
- Acho isso um absurdo. Pode acontecer uma desgraça e eu não te quero perder. 
- A sério? Mas nunca me perderás. Juro. Um dia ainda deixo a minha Maria para vivermos só nos dois.
- Outra vez essa conversa? Sabes que nunca vai acontecer.
- Porquê? Eu quero estar sempre contigo e vamos ser felizes para sempre.
- Assim também somos, não achas?
- Não. Não gosto de te repartir com outro. Isso deixa-me louco.
- Mas tu não me repartes com ninguém. Sabes disso.
- Mas dormem na mesma cama.
- Eu deveria ter mais ciúmes. Tu fazes vida com a tua mulher. Eu não faço vida com o meu marido.
- Um dia acordas e ele está-te a fazer carícias.
- Não penses nisso. Somos muito amigos. Só isso.
- Ainda falando no para-pente. Gostava de experimentar. Deve ser uma sensação fora do normal. Pagas-me uma viagem de batismo?
- Já te disse que não te quero perder. Não contes com isso.
- Gostava mesmo. Tu pagas e eu só digo depois de ter ido e envio-te uma fotos.
- Se queres, vais com o teu dinheiro. Não quero contribuir para uma desgraça.
- És mesmo mazinha!
- Não sou nada. Apenas quero o teu bem-estar.
- Bem, já que não me pagas a viagem, vou trabalhar.
- Acho bem. É para isso que te pagam.
- Sabes para onde vou hoje?
- Não. Ainda não disseste.
- Vou para Casa Branca.
- Isso fica no Alentejo.
- Sim, fica. Posso telefonar se tiver possibilidades?
- Só depois das cinco.
_ Beijinhos só nossos onde e como quiseres. Hum! Tão bom.
- Beijinhos e até logo.


18h23m12s

< Amor mio cheguei agora ao Oriente e ainda tenho que preencher uns papéis. Já não deu para falarmos. Estava um frio de arrepiar. Tu sabes como é. Logo vais ao msn? Espero por ti pelas, 9h45m. Pode ser? Se não poder, envia mensagem para o telemóvel. Bjs onde e como quiseres. Adoro-te sabia? >

Nesse dia não pude ir ao msn. Enviei mensagem. Também já não me enviou nada de volta.



segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A vinda para Lisboa!

Domingo, 27 de Fevereiro de 2005

Nesta época Natalícia, estive ausente. Hoje, porém, voltei à ribalta.
Mais umas mensagens deixadas pelo Fernando Pedro. Sei que ele tem partido muitos corações depois de ter deixado de andar comigo. Continua o mesmo biltre de sempre. Há mulheres que esquecem e continuam a sua vida, mas outras continuam agarradas ao passado e às malandrices que ele lhes fez. Eu, contudo, segui a minha vida. Apenas escrevo para alertar outras mulheres que tenham acesso ao meu blog. Não estou obcecada com isso. A raiva que senti noutros tempos, já não a sinto. Sou uma mulher liberta do fantasma do passado. Enfim, sou livre.

Neste Domingo as mensagens foram poucas. Passámos mais tempo no msn. 

10h23m14s

< Bom dia amor mio. Tenho saudades tuas. Aparece no msn às 15h. Bjs só nossos. >

Eu fui fiel. Às quinze horas estava na saleta ao computador à espera dele. Logo me chamou e falámos imenso. Falou-me que tinha vindo para Lisboa para servir de paquete numa fábrica onde estava uma prima dele. Tinha, na altura, doze anos. Disse-me que cedo começou a abrir os olhos e que o mulherio lhe ensinou muita coisa. Também me falou que a prima era a sua tutora, mas ele não gostava de ser um bibelot. Queria vida própria e depressa se embrenhou em algumas casas de fado para saber se poderia cantar. Não lhe foram abertas portas nesse sentido. Mas que, agora, cantava karaoke e se sentia muito feliz por isso. Eu já o tinha ouvido cantar o "Porto Sentido" e tinha gostado muito. Também me falou que era fã do João Pedro Pais. Um artista que não faz o meu género.
Falou-me, ainda, na conta para pagar nas finanças. E disse-me que qualquer dia ia visitá-lo às Mónicas. Falou do irmão que morreu num acidente de moto. Hoje sei que foi assassinado. Pelo menos é o que dizem na terra. Falou de muita coisa, mas não registei tudo.
A conversa terminou por que o meu marido me chamou.

21h54m38s

< Dorme bem. Gostei de desabar contigo. Bjs onde e como quiseres. > 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Ida a Setúbal!

Sábado, 26 de Fevereiro de 2005

Mais um lapso. É Dois mil e cinco. No Google mais já não dá para remediar.

Foi neste restaurante que eu e o Pedro almoçámos neste dia. Mas vou começar do princípio. Mais uma vez me sirvo do meu diário. Sem ele, sentir-me-ia perdida.

Pelas 10h da manhã já me encontrava à porta do Centro Vasco da Gama. Andavam, ainda, a preparar tudo para o abrir. O chão estava molhado e pessoas passavam apressadas para as suas lojas. Eu encostei-me à porta, do lado de dentro pois fazia muito frio, embora o sol brilhasse. Levava o meu casaco vermelho. De repente senti uma mão nas costas e dei um salto de susto.
Era o Pedro que vinha de dentro do Centro. Levou-me, novamente, para o sítio dos autocarros. Lá tinha deixado o seu Mercedes Benz estacionado.
Abriu-me a porta e convidou-me a entrar. Dali seguimos pela Ponte Vasco da Gama em direcção a Setúbal.
Conduziu devagar e sempre com muita atenção à estrada e aos outros condutores. Lá ia cantarolando os cantares de Alvito. Gostava particularmente da " Laurindinha ".  E batia com a mão a fazer de compasso no volante. Eu ouvia-o. De facto que eu gostava muito de o ouvir cantar. Mesmo com a voz de cana rachada, mas cantava bem.
Na Ponte passámos sem via verde. Disse que não queria que soubessem onde levava o carro.
A viagem correu bem. Em Setúbal, deixou o carro estacionado do lado contrário dos restaurantes. Atravessámos e fomos à procura de um. Ele escolheu o "Rei do Choco Frito", cuja foto eu escolhi para hoje.
Levámos algum tempo na fila, mas valeu a pena.
A mesa era só para dois e foi mais fácil arranjar. Comemos os chocos, salada e batata frita. Tudo estava muito bom, mas antes perguntou-me se eu já lá tinha estado com o meu marido. Menti. Eu já conhecia o restaurante e o serviço que era óptimo.
Não comi sobremesa nem café. Estava numa dieta. Andava em tratamento numa clínica para emagrecimento e tinha que seguir a dieta à risca.
Dali fomos para a Serra da Arrábida. Num dos miradouros desta Serra vimos que estavam a fazer para-pente. O Pedro disse que devia ser um desporto muito bom e que gostava de experimentar. Se eu alinhava. Hoje sei que ele queria que eu lhe pagasse, mas na altura pensei que me queria levar com ele naquela coisa e disse que não. Disse que deveria ser uma adrenalina tão intensa que deveria ser o máximo. Eu mostrei medo. Não sabia onde aquela coisa iria aterrar e se ficaríamos bem.
O Pedro ficou triste com a minha decisão e notou-se no seu semblante, mas eu referenciei alguns aspectos negativos.
Daqui fomos para o Portinho da Arrábida. Lanchámos num café ali mesmo à beira da estrada. Claro que quem pagava tudo, era eu. Ele ainda comprou trouxas de Azeitão e eu paguei. Disse que tinha dito em casa que vinha para Setúbal trabalhar e que tinha que levar qualquer coisa para calar a boca.
Fizemos o regresso para Lisboa. De vez em quando beijava a minha mão e metíamos as mudanças juntos.
No comboio foi a despedida de sempre. Beijinhos e abraços sem fim e quando a porta do comboio fechou, ele colocou a mão dele no vidro e eu a minha colada à dele. Eram sempre assim as nossas despedidas, até certo ponto. Depois começaram a ser diferentes por que ele já tinha o que queria.
E foi assim que terminou mais um dia com ele.
Regressei a casa e já não houve nem mensagens nem msn nesse dia. Tinha sido mais um dia cumprido na sua companhia.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Regar o Amor!

Sexta, 25 de Fevereiro de 2005

Por aqui passei muitas vezes com o Pedro. Hoje não quero recordar esses dias e esses momentos nefastos na minha vida tão pacata que tinha antes do conhecer. Mas era eu e depois passei a ser outra pessoa que me fazia ser diferente, sensível, apaixonada e acreditar em cada palavra que vinha da sua boca nojenta e  sem qualquer brio que o levasse a ser diferente para comigo. Ele era o demónio. Eram chifres que ele carregava na cabeça em vez daqueles cabelos pintados de preto e com aquele corte à rapazola. 
Mais uma vez, estou diante do meu diário e mais uma vez, eu vejo o quanto ele era hipócrita e desonesto.

08h56m37s

- Estou sim, por favor?
- E eu também estou aqui para falar um cadinho contigo. Pode ser?
- Claro que pode. Por que não?
- Sei lá. Diz-me tu. Estás sozinha?
- Sim. Porquê? Deveria estar mais alguém aqui? Que eu saiba, não. O meu marido já está a trabalhar, a minha filha está na A****** e a Glorinha só vem à 1h da tarde.
- As tuas colegas podiam ter dormido aí.
- Vá lá, não sejas infantil. Elas foram embora.
- É que ontem tinhas o telemóvel desligado e não aparecestes no msn.
- Ah! É só isso?
- E achas pouco? Ou só elas é que contam para ti?
- Não. Tu contas mais. Mas eu não posso arriscar. Queres estragar tudo? Temos que ter cautela.
- Pois, isso. Ontem era bom falarmos. Ela estava a trabalhar.
- Mas eu tenho o meu marido todos os serões comigo. Ele já só me pergunta quem envia mensagens tão tarde. Temos que ser mais comedidos. 
- E eu a sofrer o teu silêncio. A sofrer à espera que apareças e a ficar destroçado quando não apareces. Nem durmo de noite.
- A sério? Coitadinho. E eu é que durmo mal.
- Bem. Amanhã como é que é! Vens ter comigo?
-  Estava a pensar nisso. O meu marido já disse que vai à minha sogra e que janta lá.
- É bom. Vamos até Setúbal comer peixinho fresco.
- A sério? Mas isso é bom. Há uns restaurantes à beira rio muito bons.
- Ei, pera lá... Quem vais escolher, sou eu. Não quero ir onde já fostes com o teu marido. Isso dá-me voltas ao estômago.
- Está bem. Nem vou dizer nada. Tu é que orientas tudo. Para quê eu. Para que sirvo? Eu sei para que sirvo.
- Bem, fica combinado. Amanhã vem cedo. Vens ter comigo. Está aqui às 10 horas. 
- Até nas horas mandas. Mas está bem. Eu estou aí.
- Assim, digo em casa que venho trabalhar e digo que vou para Setúbal.
- Eu nem digo nada. Ele escusa de saber que saí.
- É melhor. Eu trago-te sã e salva. Agora deixamos de tanta converseta. Tenho que ir trabalhar.
- Até logo, depois das 5.
- Só depois das 5?
- Sim. É quando a Glorinha sai.
- Vá, beijokinhas onde e como quiseres. Onde? Diz lá...
- Onde é hábito. Nos lábios.
- Pois... Já tenho beijado outras coisas.
- Não sejas ordinário. Esquece.
- Hum! Aqueles beijinhos naquele sítio tão quentinho e delicioso?
- Beijinhos e até logo.
- Beijinhos e fica bem.

17h12m31s

- Quem fala, por favor?
- Daqui planeta Vénus, chama terra. 
- Que espiritualista! Sabes o que é Vénus para os apaixonados?
- Sei. É a Deusa do Amor. E o nosso Amor precisa de ser abençoado por ela. De vez em quando precisamos de apimentar e regar o nosso amor.
- Eu rego com carinho, afecto, amor, ternura...
- Pois, mas isso não chega.
- Então que tenho que fazer para ser mais regado?
- Puxa pela cabeça.
- Não sei. Não sei onde queres chegar.
- Um dia vais perceber, mas pode ser tarde.
- Lá para a noitinha? Já é tarde da noite.
- Não me refiro a "essa tarde".
- Terás que me explicar melhor. Eu não entendo e depois fico em baixo por que não sei onde queres chegar. Não sei o que fazer com "esse regar o Amor"
- Bem, amanhã aqui às 10 horas. Logo vais ao msn?
- Não posso arriscar, mas vou ver o que posso fazer.
- Vá, fica bem. Beijikonhas só nossas, do jeito que tu dás. Hum! Tão gostoso. Amanhã vamos dar muitas.
Beijinhos de mel.
- Inté amanhã.

21h42m43s

< Estou no msn. Bjs, >

Fui ao msn e falámos pouco. O meu marido vinha cansado e foi deitar-se ao mesmo tempo que eu. Como tinha o computador na saleta, ele via que eu estava a falar com alguém. Mas combinámos o nosso encontro.



sábado, 19 de dezembro de 2015

Comparar!

Quinta, 24 de Fevereiro de 2005

É uma foto do grupo de cantares de Alvito. Terra que viu nascer o sociopata de que falo agora.

Estive a ler o meu diário e vi quanta coisa desagradável e repugnante me fez o Pedro. Nada fica impune. Um dia irá pagar por tudo o que já fez a tanta mulher e continua a fazer. O Juiz Supremo dá de volta o que fazemos quer ser bom ou mau.
Nesta Quinta eu tinha as minhas colegas a passarem o dia comigo. Nada me deu mais gozo na vida. Foi um dia em que esqueci que andava com o Pedro e um dia para recordar de tanta coisa boa. Porém, logo cedo, tive-o a chatear-me. Mas a partir daí, o dia foi para mim e para dedicar àquelas que me ajudaram em tempos difíceis.
Como sempre, o telefone tocou. Eu vinha a sair da casa de banho já pronta e alegre. Mas aquele toque fez-me arrepiar e descer à terra.
Eram 08h32m20s

- Estou sim, por favor?
- Amor mio, sou eu. Ainda estás sozinha?
- Vê-se, não. É que hoje já não voltamos a falar. Elas devem estar a chegar.
- Então vai ser um dia em grande, né?
- Vai ser um dia maravilhoso. Não vou esquecer.
- Com essa converseta estás a querer dizer que comigo não é maravilhoso?
- Nada disso. Tu é que pões palavras na minha boca que eu não disse.
- Então os nossos dias são mais maravilhosos?
- Cada um tem a sua beleza e sentidos diferentes. Nada de comparar.
- Ok! Eu não comparo, prontos.
- É melhor. Estás sempre a desdizer o que eu digo. Sempre contrapões. Não é bonito.
- Não te zangues ´mor. E não posso enviar mensagens?
- É melhor não. 
- Prontos, já sei que não te vais lembrar de mim.
- Nada te leva a pensar assim. És tão desconfiado que me deixa triste. Bolas!
- Vá. Diverte-te. Fica bem. Beijinhos onde e como quiseres, minha Shakti.
- Beijinhos para ti também.
- Ouve, posso esperar por ti no msn? ( Eu ouvi-o, mas fingi que já estava a desligar ).
- Já não me ouviu. A pressa de desligar. Porra...

Neste dia ficámos por aqui, eu e o Pedro. Quando o meu marido chegou, elas ainda estavam cá. Cumprimentaram-no e disseram que tinha sido um dia muito agradável. O meu marido foi para a cozinha e nós ainda ficámos nas despedidas e nas promessas de mais dias assim. À noite contei ao meu marido como o dia tinha sido divertido. Deitei-me muito feliz e satisfeita. O dia não poderia ter corrido melhor.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Uma converseta!

Quarta, 23 de Fevereiro de 2005

Ontem, por lapso, escrevi esta data. Hoje corrijo. Ontem já não me deu para o fazer. Apenas justificar.

É a estação dos comboios em Entrecampos. Era aqui que eu descia do comboio e esperava tempo sem fim pelo Pedro. 
Era Quarta, o nosso dia, como o Pedro gostava de dizer.
Logo, pela manhã, eu recebi uma mensagem das minhas colegas a desmarcar. Uma delas não podia vir ter comigo. Então marcámos para quinta.  Quando o Pedro telefonou, já eu tinha a "boa nova" como ele a apelidou.
Eram 09h01m43s quando o telefone silvou. Desta vez não me enganei. Sabia que era o Pedro e tinha que lhe dizer que as minhas colegas não vinham.
Atendi o telefone, mas não sabia o que me esperava.

- Estou sim, por favor?
- Amor mio, sou eu para mais uma converseta. Não nos podemos demorar. As tuas colegas podem chegar.
- Não. Podes estar à vontade. Elas enviaram uma mensagem a dizer que só vêm amanhã.
- Mas isso é óptimo. Eu vou agora para Entrecampos e tu podes lá ir ter comigo. Afinal é o "nosso dia".
- Sim. Mas não será apertado?
- Não estás pronta?
- Estou. Como as esperava, levantei-me mais cedo e despachei-me.
- Então corre para a estação e vai ter a Entrecampos.
- Está bem. Beijinho e até já.
- Beijinhos que vou dar daqui a pouco.

Desligámos o telefone e eu fui apanhar o comboio. 
Cheguei a Entrecampos pouco passava das 11h da manhã. Desci e fiquei sentada num banco, frente para a Feira Popular. Estava muito frio. Eu bem me enrolava no meu casaco vermelho, mas o frio entrava-me pelos ossos.
Já passava do meio dia quando o Pedro apareceu, esbaforido e sem fôlego. Perguntou se eu já estava ali há muito tempo e eu respondi que sim. Ele disse que tinha estado a terminar um trabalho para poder ficar comigo.
Saímos e fomos na direção  norte para a p****.
Na esquina da 5 de Outubro estava uma caixa de multibanco. Ele parou para levantar dinheiro. Quando o dinheiro saiu, olhou para o papel e, muito sério, disse-me: - É o último. Fico com a conta a zero até receber.
Fiquei aflita e sem saber o que dizer. Mas pensei pagar eu, como acontecia sempre. Ele já fez aquilo de propósito. Sabia que eu iria dar-lhe o dinheiro para pagar na recepção. e assim foi. Tirei dinheiro da minha carteira e quando me deu a mão, eu passei o dinheiro para a dele.
Vi que tinha ficado aliviado e pensei que fosse verdade. Eu não sabia o sabujo que ele era. Vim a descobrir mais tarde.
Ficámos no mesmo quarto, junto à cozinha e no segundo andar. Já descrevi o mobiliário e a disposição das camas.
Desta vez escolhemos a melhor. Ele deitou toda a roupa para trás e disse que estava tudo muito asseado. Foi dar uma espreitadela na casa de banho e disse o mesmo. Eu mantinha-me em pé sem saber o que fazer. Ainda me sentia muito mal com estas situações. Mas ele depressa me pôs à vontade. Foi tudo maravilhoso. Sabe como fazer para agradar a uma mulher.
Depois, depois ficámos na converseta, como ele dizia muitas vezes. Voltou-se a falar no dinheiro das finanças. Não sabia como arranjá-lo e eu também não. Sempre lhe mencionei que, se fosse uma quantia mais pequena, eu iria ajudá-lo. Ele disse sempre que me pagaria até ao último cêntimo.
Falou, também, na outra casa. Disse que uma senhora tinha ido vê-la na véspera e que tinha dito que se a sala tivesse x metros quadrados que ficava com ela. Chamou-lhe louca. Disse que a sala era muito boa e que as casas estavam remodeladas. Eu não a conhecia e não podia falar sobre ela. Não o poderia ajudar. 
Perguntei-lhe à queima roupa se ele me amava. A resposta foi curta, concisa e sem valor sentimental. Respondeu-me com outra pergunta: - Amor, diz-me tu.
- Não sei- respondi eu com toda a franqueza. 
Ficou muito sério a olhar para mim, olhos nos olhos, e entrou em mim até ao fundo da minha alma. 
Senti-me pequenina e sem valor sentimental para ele. Tive vontade de lhe dar tabefes na cara até me saciar, mas fiquei muda e calada a olhar aqueles olhos cor de mel frios e distantes. Ele não tinha sentimentos, pensei eu. Mas não disse nada e desvalorizei o sucedido. Na altura não sei o que me passou pela cabeça. Apenas sei  que lhe lancei os meus braços à volta do pescoço e beijei-o apaixonadamente e com eloquência.
Com jeitinho, separou-se de mim e disse que estava na hora de sairmos. Fomos tomar banho e eu trauteei uma canção brasileira para ele. Começa assim:- Tu és a criatura mais linda
Que os meus olhos já viram.
Tu tens a boca mais bela 
Que a minha boca beijou.....
Ele ria a bandeiras despregadas e perguntou se que o que eu dizia, era verdade.
Só podia, dizia eu e continuava enquanto ele me lavava numa carícia sem fim.
Já na rua, fomos ao mesmo café. Ele pediu um pão por Deus com fiambre e eu um chá de camomila e uma sandes de queijo.
  Fomos para a estação do comboio. Fizemos as despedidas e eu voltei para casa.
À noite falámos no msn.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A Flor mais bela!

Quarta, 23 de Fevereiro de 2005

Por lapso, escrevi mal a data.

Sempre me orientei na minha vida. Mas, infelizmente, chegou o Pedro para me desviar do caminho correto e digno que sempre percorri. Sinto-me envergonhada e indigna de mim mesmo. Sou um sol envergonhado num dia de Inverno. Mas, agora, já não vivo com medo dele. Posso dizer com toda a segurança: - Cuidado, Pedro, que um dia posso voltar a desvendar todas as mentiras que inventaste para te safares. Tenho tudo arrumado e catalogado. Sabes onde estão? É o Sargento a quem mentiste que tem tudo. E verificou com as operadoras as mensagens que tu e a Dulcineia trocaram comigo. Também tem a mensagem que te deixei no Skype.  Basta uma palavra minha para tudo andar para a frente. Não o convenceste e ele não parou com a investigação. Tem-te seguido e sabe com quem te envolves. Cuidado, não me faças  sair do sério. Não basta teres o teu perfil fechado. Isso não chega. Um dia pagarás tudo a dobrar e com juros.
Vim só para escrever mais umas palermices  que me disseste.

Estava no remanso do meu quarto, quando o telefone começou a tocar. Não atendi. Mas tu, também, não desististe. Passado pouco tempo, voltaste a ligar e o telefone voltou a tocar ainda com mais estridência.
Peguei no auscultador com muita vagarosidade. Não tinha pressa de ouvir a tua voz esganiçada e a sair pelo nariz por tu terem partido aquando da luta que travaste com o teu rival.
Olhei o relógio e marcava 08h31m59s.

- Estou sim, faz favor?
- Ora, bom dia para a flor mais bela do meu jardim.
- Sim, e deves ter muitas agora no Inverno. Devem estar engelhadas com a geada, queimadas e sem brilho.
- Até tenho lá algumas e são lindas. Envio uma foto.
- Não precisa. Até poderia ser de um jardim público que eu não ia notar.
- Já me estás a dar para o azar?
- Não. Mas estamos no Inverno e há poucas flores. Quem é que tu queres enganar?
- Estás deitada? Acordei-te?
- Porquê? Não me digas que me estás a ver?
- Mas não atendestes quando eu te telefonei a primeira vez.
- Ah! Eras tu? Pensei que não fosses...
- Até parece que não ligo logo de manhã. Não atendestes por isso ou por outra coisa?
- Não sei. Diz-me tu.
- Tu é que tens que responder. Fostes tu que não atendestes. 
- Pois. Nem sempre estou ao lado do telefone à espera que sejas tu. Também tenho vida própria. E pode ser outra pessoa.
- Tens muitos telefonemas iguais aos meus?
- Porquê? Deveria ter? Estava impedido?
- Não. Mas não me atendestes.
- Já te disse. Nunca sei quando podes telefonar. E até pode ser o meu marido a pedir-me alguma coisa. Tenho que ter muito cuidado. Não posso estragar tudo. Certo?
- Certo. Queres vir almoçar comigo?
- Não posso.
- Nem se eu te dissesse  que preciso do teu apoio?
- Para quê? Para te mudar a fralda?
- Não. Ando outra vez com o pensamento no meu irmão. Já me ajudastes uma vez.
- Pois, mas hoje não posso. 
- Porquê?
- O meu marido está na serra de Mon******** e vem almoçar a casa com outro colega.
- Está bem. E amanhã? É o nosso dia...
- Mas não vai ser. Amanhã vêm cá as minhas colegas de V***********. Vêm passar o dia comigo.
- Está bem. Agora vou ter uma reunião. Tenho que sair já. Beijoquinhas onde e como quiseres. Amo-te muito.
- Até logo. Beijinhos.
- Ouve... Posso ligar logo?
- Não. Não sei a que horas vem o meu marido. Envia mensagem.
- Se puder. 
- Vais à reunião, eu sei... ( Desliguei )


17h20m35s

< Posso ligar? <

Disse que o meu marido já estava em casa. Não falei com ele no msn e nem enviou mensagem.


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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Pergunta sem resposta!

Terça , 22 de Fevereiro de 2005

Sempre que me disponho a ir buscar o meu diário e reescrever o que ele contém, sinto que a minha vida se quedou num abismo sem fim. Num labirinto de celas perdidas e que, por muito que eu queira, não consigo sair delas. São celas obscurecidas pelo tempo que me prenderam num passado tão distante que nem consigo enxergar a parede que as separa. Mas dando largas ao meu coração, sinto que estou livre e posso respirar o ar puro que circula à minha volta. Ar redescoberto depois de um passado tão devastador que me prendeu a um ser que não tem alma, coração e sensibilidade. Hoje sinto que sou eu e não a mulher amedrontada, despojada da sua dignidade, do seu coração imaculado e da sua vida com sentido. Mais umas quantas frases ditas sem sentido, sensibilidade e sem nada que nos prendesse um ao outro.
Parece que tinha um programador. Mais cinco, menos cinco, a hora era sempre a mesma e a lamuria do costume.

08h34m48s

- Estou sim. Quem fala, por favor?
- Estou farto de dizer que a esta hora, sou eu, ´mor.
- Nem sempre. E não posso arriscar sem saber a certeza. Achas  que deva arriscar a dizer "olá Pedro, como estás?"
- Seria o dia mais feliz da minha vida. Era porque já estávamos juntos e sem preconceitos e tabus.
- Nem sei como te hei de responder.
- Da maneira mais simples. " Quero ficar contigo para todo o sempre ".
- Calma. Parece que já estás a bater na mesma tecla outra vez.
- Não querias? Não me amas? Esta pergunta ficou sem responder ontem. Queres dar a reposta hoje?
- Pedro, isto é muito bonito por que estamos a viver longe e só nos encontramos de quando em vez. Se vivêssemos juntos, isto não durava nem uma semana. Olha o que aconteceu contigo? Comigo? Porquê? Por que estamos a viver com a mesma pessoa há muitos anos. É natural que sature. Mas também temos dias bons. Eu, pelo menos, tenho. E não os esqueço. São poucos mas servem para alimentar a relação.
- Eu nem sei o que isso é. 
- A sério? Não acredito. Olha a linda prenda que lhe deste no dia que ela fez anos! Até te enganaste e enviaste a foto para mim. Ou era para eu saber como a mimas? Para me fazeres ciúmes? Não, nada disso. Foi por que ela desejou isso e tu mataste-lhe o desejo. Fizeste-a feliz. E tu também ficaste feliz por que lhe deste uma coisa que ela gostava.
- Chi! Do que te foste lembrar.
- É só para veres que sei pesar os prós e os contras.
- Mas a pergunta, fica sem resposta. Vá responde...
- Já dei a minha resposta. Se não a entendes, é porque não queres. E ontem saíste-te muito bem. Deves estar habituado a situações dessas, não?
- Nem por isso. Já te disse que tenho que saber lidar com estas situações. O que ia dizer? Tinha que inventar, né?
- Pois. Se fosse comigo, ficava engasgada e não sabia que fazer. Ainda me chamas " mentirosa. "
- Porra! Isso nunca mais passa?
- Quando há oportunidade, é que é bom relembrar.
- Bem. Vou para Setúbal. Hoje vamos para lá trabalhar.
- E não vais engatar uma gata qualquer?
- Nem vou responder. Trabalho, é trabalho. Beijinhos onde e como quiseres.
- Bom trabalho e até logo.
- Ouve! Não me dás beijinhos?
- Está bem. Beijinhos, beijinhos, beijinhos.


17h10m43s

Estava a Glorinha a fechar a porta quando o telefone se começou a ouvir tocar. Dei graças a Deus. Despedi-me dela e fui atender.

- Por favor, quem fala?
- ´Mor sabes onde estou?
- Não. O telefone ainda não tem televisão...
- Estou ainda em Setúbal em cima de um placard aqui na estação. Nem sei quando nos vamos embora. Isto está demorado.
- Não posso saber. Como disse, o telefone ainda não tem televisão.
- Não acreditas? Queres ouvir um colega meu?
- Ouve! Quem pensas que sou? Não o quero ouvir a ele nem a ti. Beijinhos e até logo.
- Não fiques zangada. beijinhos só nossos. Vais ao msn?
- Não. Com licença. ( e desliguei o telefone. )

Não fui ao msn e o telemóvel esteve desligado.





terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Serás capaz de me deixar?

Segunda, 21 de Fevereiro de 2005

Mais uma foto do Freeport, local que visitei no Sábado, dia 19 / 2 com o Fernando Pedro C****** Marques.
Nesta Segunda as coisas não mudaram muito de sentido. O Pedro estava obcecado com o que eu lhe tinha dito. A pergunta era sempre a mesma " Seria eu capaz de o deixar"?
Já tinha pensado nisso tantas vezes, que não me custava nada deixá-lo, embora eu pensasse que o amava. Mas não era amor verdadeiro. Esse dura uma vida e o que eu tive com o Pedro durou pouco mais que nada.
Já estava acordada quando o telefone começou a tocar. Estava a pensar que seria brevemente tirada do meu sossego para me embrenhar numa conversa com ele que não levaria a lado nenhum. E assim aconteceu.
Antes de apanhar o auscultador, olhei para o relógio. Gostava de frisar as horas no meu diário. Hoje, ainda, faço isso. É para saber a hora de determinado acontecimento e deleitar-me ou não com ela. Entrar numa simbiose e percepção que me levem a um determinado momento. Se esse momento foi bom, alheio-me de tudo e entro de mansinho para me aconchegar e reviver o que me deixou tão feliz, mas se o assunto me eriçou os cabelos, reajo de maneira diferente e desligo absolutamente do assunto em questão.

08h34m29s

- Estou sim, por favor? ( Não iria arriscar e falar " olá Pedro, como estás"?para não ter um dissabor. E eu sabia que não poderia ser mais ninguém ).
- Bom dia, amor mio. Como dormistes? Eu tive  que repor as minhas energias. A outra noite nem preguei olho.
- Por que não quiseste. Ninguém te mandou ficar acordado, se acaso ficaste.
- E não fiquei? Nem imaginas como a passei. Até ela me perguntou o que eu tinha para não dormir e não a deixar dormir a ela...
- Hum! Vinhas dormir para o sofá.
- Não gozes, está bem? Fizestes-me passar um mau bocado. Nem penses deixar-me... E serias capaz de me deixar? Pergunto mais uma vez e todas as que forem preciso.
- Talvez sim e talvez não.
- Mau! Ainda não te decidiste? Ainda pensas nisso? Não estou a gostar nada disto.
- Sinceramente, não sei. As coisas aconteceram depressa de mais. Eu não estava preparada. E nem sei se estou.
- Mas eras capaz de me deixar assim sem mais quê nem p´ra quê? Não me faças isto...
- Isto o quê?
- Deixares-me. Abandonares-me, não te lembrares de mim, não teres pena de mim?
- Quem tem pena é a galinha.
- Não tem graça nenhuma. Estou a falar a sério...
- E eu também.
- De seres capaz de me deixares?
- Não. Isso são águas passadas. Não se fala mais sobre esse assunto. Ficou esclarecido.
- E não me vais deixar?
- Olha vamos mudar de assunto. Hoje ficas por aí?
- Nem sei. Estou à espera do chefe.
- Bem... Vê lá não venha ele e estejas a falar comigo...
- Se ele vier, faz de conta que estava a falar com um colega.
- Tu lá sabes. Já conheces muito bem como te deves safar. Já estás  habituado?
- Mas que raio de pergunta. Desconfias de mim agora?
- Não. Era para desconfiar?
- Tu amas-me?
- O quê? Que pergunta...
- Tem reposta... E já sabes se isso continuar avariado, telefona para aqui. Até logo. ( O chefe tinha entrado)
- Beijinhos e até logo. ( Desliguei e safei-me de responder. )

12h09m12s

< Vou almoçar. Bom almoço. Estou só e triste. Beijinhos para tua sobremesa. >

17h09m10s

< Tenho o chefe no meu gabinete. Estou triste porque não posso ouvir a tua voz. Logo vai ao msn para falarmos um cadinho. Ainda quero ter a certeza que não me vais deixar. Tu não podes fazer isso. És tudo para mim. Lembras da princesa Shakti? Tu és a minha princesa Shakti. Não me deixes e diz que me amas como eu te amo a ti. Sem ti morria. Deixa-me ser o teu princepe e serei tudo o que tu quiseres mas, não voltes a falar em me deixares. Bjs onde e como quiseres. Fica bem. Até logo amor. >

22h08m56s

< Sonha  comigo. Dorme bem. Foi bom falar contigo. Adoro-te sabia. Bjs só nossos. >







segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Domingo, 20 de Fevereiro de 2005

Uma foto muito original. É uma escola. Quem conhece, saberá que fica muito perto da casa do Fernando Pedro.

Neste Domingo o Pedro enviou-me um e-mail logo de manhã. Era um e-mail cheio de amor e de promessas que ele não conseguiria pagar. Promessas falsas e com um acre a sabor a mentira. Ele escrevia com muitos erros e eu sou fiel a escrever tal qual o que ele me dizia e o que se passava entre nós. Para isso, tenho o meu diário que me guia nesta regressão ao passado.Rezava assim:

10h10m23s

< Meu Amor de ontem de hoje e de amanhã. Ontem foi um dia maravilhoso mas, tenho que falar numa coisa que me deixou muito triste e nem sei como aceitá-la. Foi o teres dito que já me tinhas  pensado em deixar. Como podes pensar uma coisa dessas. Nem dormi. Pensei nisso a noite toda. Serás mesmo capas de me deixares assim do nada? Eu não acredito que tu penses nisso. Eu amo-te e és tudo para mim. Quero-te muito. És a minha princesa, a minha rainha, a minha flor do meu jardim, o sol que brilha para mim mesmo num dia de chuva, o meu respirar, a minha vida e ficava aqui, a dizer tudo o que tu representas para mim que não acabava nunca. Não penses em deixar-me eu, não aceito nunca. Vou atrás de ti sempre. Diz que não voltas a pensar o mesmo. Dá-me essa certesa e eu acredito. Não tenhas tais pensamentos pq eu não quero. Fazem mal ao nosso amor. Responde mas, não me deixes nunca. Sou teu para sempre. Bjs que só tu sabes dar e são tão gostozos que eu nem sei explicar. Teu Para sempre Pedro. >

Respondi muito evasiva e disse que não podia escrever muito por que o meu marido precisava do computador. Depois enviou mensagem, via telemóvel a dizer o seguinte.

16h45m43s

< Estou no msn. Podes vir? bjs. >

21h34m46s

< Que se passa? Vens falar um cadinho? bjs. >

22h10m57s

< Obrigado. Hoje durmo bem. Bjs só nossos. >