quinta-feira, 29 de junho de 2017

Os versos!

Estive a reler o meu diário. Não publiquei algo que é muito importante frisar.


Nos meus 20 anos namorei um toureiro de renome. Gostei muito dele e tenho boas recordações dos nossos momentos passado a dois.
Era meigo, afável, carinhoso e muito meu amigo.
Mas nem sempre somos bafejados pela sorte. E esse foi o meu caso com este amor impossível.
Não porque não havia amor verdadeiro entre nós, mas sim pela imposição dos meus pais.
Então pensei entrar num convento: O de Santa Clara em Coimbra. Fui ajudada pela irmã Maria do Sagrado Coração de Jesus. Já tinha a minha mala em casa desta irmã para embarcar no dia seguinte pelas seis da manhã.
Nessa noite, o meu tio Padre foi jantar na casa dos meus pais. Era irmão da minha mãe.
Saiu-lhe esta frase infeliz:- Hoje é um dia triste. Amanhã, a nossa C*******, já estará no Convento.
A minha mãe ficou implacável e irredutível. Proibiu-me não só de ir para o Convento, como de ir à missa todos os dias. Então fiquei enclausurada em casa. Veio a saber o porquê e mais furiosa ficou.

Contei isto ao Fernando Pedro logo no início da nossa relação. Enviou-me, então, os seguintes versos.

Segunda, 22 de Novembro de 2004, 14h30m



< Meu Amor eterno não sei fazer versos como tu, mas inspirei-me e saiu isto.

Quem me dera um dia
Ocupar esse lugar
Te darei muita alegria
Mas não sei tourear

Por vezes sinto raiva
De tanta recordação
Odeio festa brava
Aperta meu coração

Os momentos do passado
Não te é salutar
Dissabores encapotados
E feitos por saldar

Ao longo da tua vida
Há histórias p´ra recordar
Lembra-te delas ainda
Mas não as de tourear.

Meu Amor quero ocupar o teu coração para esqueceres este fulano não te faz nada bem lembrares uns, momentos passados com ele eu quero passar o resto do tempo contigo. AMO-TE e ponto.
Beijokinhas muito doces que daremos em breve.

E foi assim que me fez esquecer o meu romance do passado. Esqueci, é certo. Voltei a ter uma nova paixão.

sábado, 24 de junho de 2017

Não falamos na dívida!





E digam lá se Fernando Pedro Cachaço Marques não é " Pedro Sá "?

Se não fosse, tinha ficado como antes. Não tinha mexido no seu perfil. E também é um dos meus leitores assíduo. Mas não pia, nem graceja, nem publica. Vive à margem e intrigado como sei a sua vida e a de todas as pessoas com quem se relaciona. Não tens que te preocupar, Pedro. Quem não deve, não teme. Se sei, é porque lesionaste muitas mulheres. És capaz de deitar a cabeça na almofada com a consciência tranquila? Ah! Já me tinha esquecido que tu não tens " consciência " ! Nem sabes o que isso é, não é verdade?

Sexta, 26 de Agosto de 2005

Já não tenho pesadelos com a dívida do fisco. Já sei qual é o seu golpe. É ambicioso e nem sabe que 12.500€ é muito dinheiro para ser pedido assim. Nem sabe que " as Mónicas " já não é prisão e nunca recebeu homens. Ignorante! Antes de pedir, pense na melhor forma de o fazer e como o deve fazer.
Penso eu, isto tudo, ao acordar nesta Sexta pela manhã.
Também é o dia do nosso encontro. Será que vai haver? Já nunca sei quais os dias para nos encontrarmos.

08h46m58s

< Meu AMOR do coração queres vir almoçar comigo? Fico há espera. Bjs ardentes. >

Claro que quero. Como não? Pergunto onde vou ter.

09h10m21s

<Aqui ao Pq das Nações. Inté. Bjs >

Lá vou eu, numa corrida louca, arrumar-me e ir apanhar o comboio

Quando chego, vou para o sítio do costume. Ele desce as escadas e não dou por isso. Põe-me as mãos nos ombros e assusto-me imenso. Ele ri a bandeiras despregadas e eu tremo de medo. Abraça-me e beija-me efusivamente. Vamos, de mãos dadas, para o " Só Peso ".  Não fala na dívida e eu não nem me recordo.
Falamos de coisas banais. Recordo que falamos da Zezi**** e da mãe dela.  De como elas falavam dos homens que sabiam ou não, fazer sexo. Gaba-se, vaidosamente, que fez a mulher ir às nuvens e mostrar-lhe que era assim que, os homens de bem, o sabiam fazer. Eu rio-me bastante e comento que não devia dizer isso. Pergunta se tenho ciúmes e eu só digo: - Eu sei que ela é tua mulher... >
Falamos, ainda, da Claú**** que  não sabe que fica  no mesmo sítio no próximo ano lectivo. Pensa que vem para Lisboa, com o pai, todos os dias. Vem a talho de foice a minha filha. Fico muito feliz por falar na filha maravilhosa que tenho.
- Ás vezes, tenho inveja da tua filha.
- Porquê?
- Ela está bem na vida. A dar aulas na Universidade de Berlim, é um grande orgulho para ti.
- As tuas também são o teu orgulho. A Ve**** Món**** fez duas casas de moda, como disseste, no Campera. E a Claú***** vai chegar longe. Tem fé.
- Quando vais ver a tua filha?
- Em Setembro próximo.
- Eu posso ir contigo?
- Pedro, sabes que não.
- O teu marido, né?
- Claro.

Ficamos em silêncio e olhamos um para o outro. Os seus olhos, cor de mel, são como os olhos de uma cobra que atrai  a sua presa. Ele atrai-me muito e eu fico fascinada, presa naquele olhar tão enfeitiçador.

Vai embora e despedimo-nos com mil beijos muito apaixonados. Parece tão real que penso que será eterno o nosso amor.

Vou ver um filme e venho para casa com a certeza que ele me ama. ( Grande ilusão a minha. Ele é uma falsidade em todos os sentidos. )

18h09m14s

< Tás em casa? eu já ela tá a trabalhar vens ao MSN? Beijokinhas só nossas. >

Vou ao MSN e deito-me com a certeza que ele me ama. 


quinta-feira, 22 de junho de 2017

Para onde fores, eu sei!





O Fernando Pedro Cachaço Marques sabe escolher bem as fotos e as mulheres com quem quer andar. As que são viúvas, carentes, divorciadas e aquelas que tem uma vida muito boa para lhe pagarem os seus luxos ou então lhe darem dinheiro.
Foi o que aconteceu comigo, consigo, com ela e com todas as outras. Nunca escolheu uma empregada de balcão, de restaurante ou doméstica. Não acreditem que é por " amor ". É por dinheiro e posição social. Gosta de grandezas e de exibir mulheres de um extrato social elevado. Recordo que ele se gabava para os colegas por andar comigo. Eles já me conheciam e diziam-lhe quando eu apanhava o comboio, a estação que frequentava ou que tinha chegado ao ponto onde ele marcava. Na altura não me apercebi disso. Estava " cega " como digo tantas vezes.
A mais patente tem sido a advogada Maria Armén****. Essa, ele não larga. Já a conheço com ele há largos anos. E, praticamente, sei sempre quando se encontram e onde. Afinal somos unidas e avisamo-nos umas às outras. Pedro, por onde andares, eu sei sempre. Até com a Milu. Se não digo aqui é porque não te quero perder de vista. Recorda-te que eu estou próximo de Benavente. E tenho lá amigas. Até sei quando saem e para onde. Seja a que parte do mundo tu fores com A ou B, eu sei. E não sou bruxa, como me chamaste. Se fosse " bruxa " tinha descoberto a peça que tu eras e o que me virias a fazer. Não nos apaixonamos por uma pessoa só por meia dúzia de e-mails que possamos trocar... Como tu me disseste e depois disseste à Dulcineia e a outras...

Quinta, 25 de Agosto de 2005

O dia está enevoado. Olho através da janela e vejo densas nuvens no céu. O calor faz-se sentir como fogo que queima as nossas entranhas. O meu corpo está húmido pelo calor da manhã.
Levanto-me e tomo banho. Desço e vou tomar o pequeno-almoço. Porém, em cima, tudo fica arrumado. A Glorinha vem, mas tenho brio em ter tudo no seu lugar. Ela só vem fazer limpeza.

Fico na cadeira de baloiço a examinar o céu, os passarinhos e as rolas que sobrevoam o meu jardim. Na árvore ao lado está um ninho que preservei e que serve de aconchego aos seus moradores. Sinto-me viva e feliz. Já não penso na dívida e nas Mónicas. É aqui, neste episódio, que vejo o que o Pedro quer de mim. Por um lado, vejo com clareza, o que anda a tramar, mas por outro gosto dele. Estou dividida, mas vou onde ele me chamar.

Estou eu, apreensiva, com toda esta trama que se abateu sobre a minha cabeça, quando o telefone começa a tocar.
Levanto-me de um salto e corro à sala. Levanto o auscultador e pergunto:

- Estou sim, por favor?
- Bom dia, amor de mi coração. Estás bem?
- Bom dia, Pedro. Já quase não é " bom dia " . Já viste as horas?
- É quase meio-dia... Mas ainda é bom dia, porque não?
- São, mais precisamente, 11h55m20s
- Ena! Que precisão. Vê lá se tens precisão com a minha dívida. O tempo está-se a esgotar...
- Ah, sim? Para quê?
- Não estás a brincar, pois não? Sabes que estou entre a espada e a parede e não encontro ninguém que me ajude.
- E os teus amigos? Não dizes que tens bons amigos!?
- Mas nestas alturas não aparecem e, depois, não ando a dizer a toda a gente, né?
- Claro que não. Estas coisas só se contam a pessoas íntimas, não é?
- Tu, por exemplo. Sabes mais da minha vida que lá em casa.
- Não acredito. E nem me faças de parva.
- Bem... Telefonei para te convidar a vires ter comigo.
- Agora?
- Hum! Era para ter telefonado mais cedo, mas o trabalho foi muito.
- Agora não posso ir. É tarde, não achas?
- Só é tarde quando nós queremos.
- Eu não quero que seja tarde. Dou tudo para estar contigo, mas hoje já não posso.
- Era só para falarmos...
- Assim também falamos.
- E uns beijinhos, umas carícias não gostavas?
- Hoje não posso.
- Bem, então, vou almoçar.
- Bom proveito. Telefonas ainda?
- Não. Não é dia da tua empregada?
- É. E amanhã, também...
- Beijokinhas doces, só nossas e que tu sabes dar.
- Beijinhos doces.
- Inté!

Desligo e penso que me está a levar. As coisas que eu sei, ele nem imagina. Vamos ver como isto se irá desenrolar.
A Glorinha chega e eu vou almoçar.

17h45m18s

< Amor meu eterno do coração vou sair tenho, trabalhado muito estou cansado. Vais ao MSN? Eu estou lá. Bjs só nossos. AMO-TE MUITO. >

À noite falamos no MSN. Lá vem a conversa do fisgo. Falamos e ele vê soluções. A salvadora posso ser eu. Pede muito e eu nem digo sim nem não.
Quando me vou deitar, estou cheia de sono... 





terça-feira, 20 de junho de 2017

Sonho com prisão!





E eis uma foto que não é minha. Esta foto é da Milu.
Tenho uma foto com uma hortênsia. Foi tirada nos Açores e por mim. Mas já a postei aqui.

Não sei, Pedro, que mentiras disseste à Milu a meu respeito. Nem sei o que disseste a tua mulher e filhas.... E eu sempre a má da fita. Serei eu? Não, Pedro. Já olhaste para o espelho? É a tua cara que vês lá refletida e não a minha. Cuidado, Pedro. Um dia queimas-te nas tuas mentiras ou enredas-te nas tuas teias. Tropeça-se sem darmos por isso.

Quarta, 24 de Agosto de 2005

Acordo um pouco aturdida. Acabo de sonhar com o Pedro e as suas mentiras do fisco. O sonho parece real. Vou vê-lo na prisão. Não nas Mónicas que conheço bem do meu estágio, mas numa outra que recordo de ver num filme.
Ele está magro e muito feioso. Vejo-lhe a barba grande, as faces encovadas e os olhos saídos das órbitas pela magreza. Abraço-o e ele repudia-me a dizer que eu não presto e não me quer ver. " Foste má para mim. Não me pagaste os 12.500€ ao fisco. Estou preso por tua causa. Guarda leve esta puta daqui para fora..."
Ajoelho a seus pés, a pedir perdão, e digo que vou ver o que posso fazer.
Sou arrastada por um homem possante e o Pedro ri à gargalhada louca e sem sentido.
Acordo banhada em suor. A camisa de dormir está ensopada e eu pareço um rio, a deitar água podrida, pelo lençol de linho. Levanto-me e vou para a casa de banho. Tiro a camisa e meto-me debaixo do chuveiro. A água corre pelo meu corpo como se deslizasse para um rio. Junto as minhas lágrimas à água fria e sem vida. Não sei quanto tempo estive assim. Ouço, de repente, o telemóvel com mensagem a entrar. Isto tira-me do torpor em que me encontro.

08h45m28s

< Amor estou na outra margem era dia do, nosso encontro mas não sei quando isto acaba. Dp digo. Beijokinhas só nossas de muito AMOR. >

Já não é a primeira vez que isto acontece. Venho a descobrir mais tarde que andava com outra fulana.

Faço a minha vida normal e não lhe conto o pesadelo que tive.

12h10m34s

< Amor vamos almoçar isto, está demorado. Amanhã combinamos. Bjs de AMOR ETERNO. >

Respondo calmamente e vou fazer o meu almoço.

Saio e vou até VF. O tempo está quente e eu fico no jardim onde atrás tinha sido feliz com ele.

17h45m30s

< Onde estás? Telefonei pa casa e não estavas. Bjs de mel.>

Respondo a dizer que estou naquele jardim a relembrar os nossos momentos.

17h56m49s

< Estás sozinha? pq não me dissestes? Bjs >

Lá explico toda a minha actividade desde manhã.
Não sei se acreditou. Não recebi resposta.


21h000m57s

< Estou no MSN. Bjs só nossos. >

Vou ao MSN e falamos do meu sonho, da minha estadia em VF e de coisas sem importância. Do sonho, respondeu que eu poderia remediar o caso pagando os 12.500€.

Depois, depois vou-me deitar com a certeza que me quer ludibriar....

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Porta-te bem!







Estou de volta. Tive saudades vossas. Também sei que tiveram saudades minhas devidos aos e-mails que recebi. Mas o tempo balneário fez-me ir, com as crianças desfavorecidas, uns dias para a praia.  Foi gratificante. Adorei e as crianças são maravilhosas. Eu não queria terminar o meu turno. Porém, em Julho, lá vou com outro grupo. Pertenço ao voluntariado  de várias partes de Portugal. Precisam de pessoas e, eu, adoro crianças e poder fazê-las felizes.


Cá volto eu para escrever um pouco das memórias guardadas no meu diário.

Terça, 23 de Agosto de 2005

A minha vida começa a ficar muito densa. Sei que me cheira a pantominice a conversa do fisco. Todavia, eu nem sei que pensar. Há algo no ar que me induz em erro. Mas duma coisa tenho certeza: - As Mónicas já não são prisão  e nunca foram para homens.
Estou na cama com os braços por baixo da minha cabeça e os olhos fixos no tecto. Penso mil e uma coisa e tudo recai na conversa fiada que o Pedro me anda a fazer. Mas com que direito quer mais dinheiro? Tanto! E, se fosse mais modesto, diria que poderia pagar faseado. Mas não. É tão ambicioso que quer levar o dinheiro de uma só vez. Isso não tem cabimento.

Mas lá me levanto com a certeza que vou ter um dia daqueles...

08h34m18s

- Estou sim, por favor?
- Amor sou eu. Bom dia...
- Bom dia. Que se passa? Parece que estás a falar do fundo do poço. Que vozita é essa?
-  Nada de especial. Ando muito cansado
- E não podes tirar férias? Um ou dois dias...
- Não. Já tirei as férias deste ano. Agora só para o ano!
- Tu é que sabes!
- E da minha vida sei eu, estás certa... ( Silêncio absoluto ).
- Ainda estás aí? Parece que te eclipsaste.
- Foi só um pensamento.
- E posso saber que pensamento foi esse? Ou tens segredos comigo?
- Não, não tenho. Sou um livro aberto para ti. Sabes tudo da minha vida. Melhor que lá em casa.
- Ei! Não te cortes. Não será bem assim...
- Tu sabes que é.
- Não, não sei. Às vezes nem sei se andas pela cabeça ou pelos pés.
- Eh,eh,eh... Que engraçadinha. Vê lá se te cai um dente. Já viste alguém andar com a cabeça no chão?
- Já, no circo. Quando era pequena e quando ia com os miúdos.
- Pois, mas eu não sou palhaço...
- Não eram os palhaços, Pedro. Era uma senhora que punha uma rodilha na cabeça e descia escadas assim.
- Tens sempre saída. És uma inventona. ( Esta palavra não existe. Mas ele disse-a. )
- Inventor és tu. Arranjas sempre uma saída airosa e os outros que se lixem.
- A conversa já esteve melhor. Vou trabalhar. É para isso que me pagam. Inté!
- Adeus e porta-te bem.
- Tu é que te deves portar bem. Se andares na linha, ando contigo, se não andares, deixo-te.
- Olha que simpático. Nunca me portei mal e tu sabes disso.
- Um dia acontece. Beijinhos...
- Beijinhos e vê lá se és mais cavalheiro. Isso não se diz a uma dama.
- E ela pode-nos pôr os cornos e a gente cala-se.
- Olha não tenho conversa para ti... ( E desliguei o telefone abruptamente e muito chateada.

Fico a chorar qual Madalena arrependida. Por o ter conhecido e por me ter envolvido desta maneira. Mas eu sinto que o amo muito. Nem pensar em deixá-lo.

A manhã decorre numa melancolia tremenda. Como pode ele pensar uma coisa dessas a meu respeito? Eu sou-lhe fiel e longe de mim tal pensamento quanto mais consumá-lo.

Não almoço. Sinto-me triste e desolada. Não me disse mais nada e eu nem sei que fazer.

A Glorinha chega e eu vou com ela para conversar e aprender mais umas orações. Escrevo-as no computador. Dou uma espreitadela no meu mail, mas não há nada do Pedro. O mail está vazio. Isto é, tem coisas antigas do Pedro. Nada de novo.

15h45m49s

< Tenho que ir para casa. Ela telefonou a dizer que querem falar comigo. Serão das finanças? Eu depois digo. Beijokinhas doces. >

Aí fico eu sem saber o que pensar. Mas ele anda a enfiar-me um barrete ou é mesmo verdade? Mas verdade como? Ninguém lhe pode dizer que vai para as Mónicas!!! Já não existem e os advogados sabem disso. Que raio de advogada é aquela que não sabe? Ou que amigo da judiciária que também não sabe isso? E aqui fico eu numa confusão tremenda. Mas acalmo-me e vou para a biblioteca ler o livro que ele me emprestou de Robin Coock.

A Glorinha despede-se e eu continuo a ler muito entusiasmada com a doença de Parkinson... A doença da minha mãe.

Meu marido chega e, eu, estou tão entusiasmada com a leitura que me assusto quando ele fala. Ponho o livro de lado e desço para o segundo andar onde ele vai tomar banho para depois irmos jantar.

20h10m32s

< Amor mio era um casal que queria a casa de Rio de Mouro. Mas ela queria a sala com xis m2. Deu-me vontade de a mandar pró bilhar grande. Dorme bem e descansa. AMO-TE MUITO e tu sabes disso. Bjs só nossos. >

Nem fala em irmos ao MSN. Eu respondo, também, melada e esqueço a conversa da manhã...






quinta-feira, 1 de junho de 2017

A advogada Luísa!





Vou estar alguns dias afastada deste blogue. Não vou de férias, ainda. Vou em serviço da Associação. Pratico voluntariado e faço estas ausências de vez em quando.

Segunda, 22 de Agosto de 2005

É o nosso dia de encontro. Penso que não sei como este dia irá decorrer. Tudo é uma incógnita depois da conversa do fisco. Estou na cadeira de baloiço à espera de um telefonema. Já deixei de ter vida própria. Tudo depende da vontade do Pedro. Ele, agora, comanda a minha vida, a minha vontade, os meus princípios, as minhas carências, as minhas finanças... Sinto uma revolta imensurável. Desde quando alguém me condiciona? Nem o meu marido fez, faz e, talvez, fará isso. Enfim, estou nas mãos dele. Já nada posso fazer. Quero e não consigo deixá-lo. Precisa de mim mais que nunca e não lhe posso voltar as costas nestas circunstâncias...
O telefone faz o seu trim, trim, trim... com um impulso espontâneo levanto-me de um salto e corro para a sala.
Atendo angustiada e com ansiedade.

09h10m31s

- Estou sim ,faz favor?
- Podes vir ter comigo?
- A coisa está assim tão má?
- Má é favor. Está tudo péssimo. Ela nem se preocupa. Nem pediu ajuda à mãe e diz que me desenmerde. ( Tal como disse ).
- Mas não és só tu. E a tua irmã e o teu cunhado? Eles fazem parte da sociedade, não?
- Aí é que está a merda toda. Eles são meus empregados.
- O quê? Mas não tinhas dito assim! Disseste-me que eram sócios...
- Pois, mas não. Já fui falar com a advogada do serviço e não está assim... Até nisso o meu cunhado me enganou.
- E tu assinas sem leres as coisas? Tu tão cuidadoso e inteligente? Nem acredito.
- Mas foi assim. Pensei que entre família as coisas eram sérias. E eu que gostava do meu cunhado como...
- Um irmão. ( cortei eu porque já sabia a lengalenga )
- Não gozes. Estou na merda e tu no gozo.
- Não estou no gozo... Estou pasma, surpreendida com um homem que diz que foi mais esperto que a psicóloga que lhe fez o exame para a refer e deixa-se enganar assim. Nem parece teu, Pedro.
- Enfim. Até o mais esperto cai na merda: Eu. E nem quero pensar nisso. Nunca ninguém me enganou...
- E queres falar disso? Pessoalmente?
- Sim. Contar a conversa com a advogada Luísa.
- A que horas vou? Estás a trabalhar?
- Agora tenho que trabalhar para ver se arranjo o dinheiro.  Senão, vou preso...
- Então a hora do almoço é pouco tempo?
- Não. Vem, vamos almoçar e depois fico contigo até às duas. O meu amigo segura as pontas.
- No sítio do costume?
- Sim. Beijokinhas e nem sei o que faria sem ti. Amo-te e ponto.
- Final. Lá estarei. Beijinhos.
- Inté!

Fico com o auscultador na mão a repensar a conversa. Se calhar é mesmo verdade.
Vejo que já estou vestida e pronta. É só tirar o carro vermelho da garagem.

E lá vou eu apanhar o comboio das 10h e 30m.
Já no comboio sinto uma tristeza incalculável. Se não for por fases, não tenho como o ajudar. Não tenho 12.500€ de uma vez só.
Mas lá vou eu com um pouco de esperança.

Chego mais cedo e dou uma volta pelo Centro. Vejo várias coisas que gosto, mas não compro nada. Nem sei se tenho mesmo que pagar por fases, só assim...

Perto das 12h estou no nosso sítio. Ele desce as escadas de cabeça baixa. Parece que tem um peso de cem kg nas costas. Olho para ele e tenho uma comiseração tão grande que tenho vontade de gritar. Apanho-me a ele, beijo-o e digo baixinho: - Tudo vai dar certo. Eu estou contigo. Não desesperes...
Olha-me nos olhos com muita tristeza e encolhe os ombros.

O almoço decorre num silêncio sepulcral. Não come muito e eu também não...

Já no nosso refúgio ele começa a tecer o seu rosário. Olho-o nos olhos e ouço-o com muita atenção.
De repente diz aquilo que vem dizendo desde o momento em que imaginou a dívida do fisco: ( Vou, se não pagar, para as Mónicas. )
- Mas quem diz isso?
- Isso, o quê?
- Que vais para as Mónicas?
- O meu amigo da judite e agora a advogada.
- A advogada diz isso? Que vais para as Mónicas?
- Sim. Porquê?
- Estranho vir isso de uma advogada.
- Então, eles lá sabem. Eles é que estudam as leis e sabem. Vou de certeza, disse a advogada sem papas na língua.
- Se ela o diz, eu não sou advogada para contradizer. ( Mas fiquei a pensar. Então uma advogada não sabe que as Mónicas já não são prisão e muito menos para homens? )
- Ficaste assim, porquê?
- Por nada. Fiquei inquieta. E pagar por fazes? Perguntaste?
- Perguntei.
- E...
- Nada a fazer. Eles querem o dinheiro todo.
- Tenho muita pena, mas não tenho disponível esse dinheiro todo.
- Não me ajudas?
- Pedro é muito difícil para mim.
- Mas disseste que me ajudavas!
- Certo! Mas se fosse por fases.
- Então vou mesmo para as Mónicas...
- Mas porquê as Mónicas?
- Ué!? Não é uma prisão? A advogada diz isso.
- Pronto!!!! Não digo mais nada.
- Vais pensar no assunto?
- Quando tens que pagar.
- Não sei. A advogada vai saber.
- A advogada Luísa?
- Sim. É ela que vai tratar do assunto. Não tenho dinheiro para outro e ela é da empresa.
- Então assim que souberes mais alguma coisa, vai dizendo. Mas às Mónicas não te vou ver, de certeza.
- Espero que não. Se me ajudares eu nem sei que te faço.
- Não fazes nada. Ou por outra, vais partir para outra vida melhor.
- A teu lado, escreve o que te digo.
- O vento leva a conversa e nunca mais será ouvida. Pedro, põe os pés na terra.
- Serás sempre a minha rainha salvadora.
- ( Em resposta dou uma gargalhada bem sonora. )

De mãos dadas, vamos para o Centro. Ele vai para o emprego e eu subo até à plataforma superior.
Até me esqueço das compras. E venho a pensar que tudo é uma aldrabice pegada.
Não há Mónicas, não há dívida nenhuma.

Chego a casa e vou fazer o jantar...

21h54m56s

< Vou ver se durmo. Já nem sei o que é dormir. Dorme bem e AJUDA-ME. Bjs loucos de eterno amor. >

Também desejo as boas noites e não volto a preocupar-me...