Quinta, 19 de Maio de 2005
Por vezes andamos em caminhos que não traçámos na nossa vida. São aqueles caminhos que escolhemos de olhos fechados. Olhos que não vislumbram nada e que pensam que tudo nos leva para uma vida que nos parece promissória. Depois, depois temos o caminho pedregoso. Aquele do abismo iminente a todo o momento. Foi isto que me aconteceu. E ,quando acordamos, já não podemos retroceder. Estamos lá, naquele emaranhado de confusões.
Logo pela manhã, o Fernando Pedro, telefonou-me.
08h45m34s
- Estou sim, por favor?
- Quanta alegria de te ouvir...
- Será? Às vezes não parece...
- Quando não telefono, é por que não posso. Sabes que estás sempre no meu pensamento e o meu AMOR sabe isso.
- No teu pensamento não posso entrar. E no meu, nem sempre. Por vezes quero pensar uma coisa e a minha mente está noutro lado.
- Que esteja a pensar em mim, espero.
- Tu o dizes. Já ando a arrumar a roupa para a ida à Madeira.
- Vais gostar. Eu gostei muito e temos isso em comum e muito mais...
- A sério? Já tenho verificado que te encontras a léguas de distância, quando estamos juntos. Não gosto quando te vejo assim. Já te tenho dito que dava um milhão pelos teus pensamentos.
- Olha isso agora fazia-me falta. A ti não? Quem paga as férias na Madeira? Tu ou ele?
- Desculpa?
- Pois quem paga?
- Pedro nunca te perguntei quem paga as contas do supermercado. E não tens nada com isso...
- Ai tenho, tenho, Ele leva a mulher que eu AMO mais que tudo, para uma ilha e quero saber como é...
- Já que insistes, vou dizer-te. Por acaso é ele.
- Hum! É para te pedir desculpas pelo que te fez.
- Talvez! Ele também tem coração. Se me ama, fá-lo à sua maneira. Tenho que aprender a viver com isso.
- Até eu te raptar e te levar para uma ilha só nossa.
- Até parece!? Sabes o que penso a esse respeito...
- Escreve o que te digo. Ainda vamos ficar juntinhos um dia.
- Um dia de São Nunca à Tarde.
- Já estivestes a falar melhor.
- Pois, pois. Quando sabes que estou certa...
- Não penso isso, ponto.
- Final ou um ponto de agulha?
- Vê lá se te cai um dentinho! Bem temos que acabar a converseta. Tenho os homens à espera. Vou para a linha de Cascais.
- Ok! Beijinhos doces e bom trabalho.
- Hum, AMOR, como isso é bom. TE AMO MUITO, sabia? Beijinhos molhados e até logo. Hoje tens a tua empregada?
- Tenho.
- Então não posso telefonar logo?
- Não. Vai lá trabalhar e falamos no MSN.
- Eu envio mensagem.
O telefone tocou às 12h03m12s. Não sabia que era ele. Estava longe desta surpresa, se era uma surpresa. Hoje penso que era para me aliciar a mais uns cêntimos...
- Por favor?
- Sabes onde estou?
- Na linha de Cascais.
- Não. Afinal na Ponte. Estou a uma altura enorme.
- Cuidado não caias.
- Gosto de ver o meu AMOR preocupado. Estou aqui com outro colega. ( Era para isto que me telefonava. Para que os colegas soubessem que andava com uma mulher. )
- E falas assim para mim?
- Como AMOR?
- Assim a chamares-me " de Amor". Ele saberá que és e que eu sou infiel.
- Olha é o colega com quem falei sobre a mensagem que ela leu e era tua.
- Tens cá um parlapié!
- Ele só se ria e a conversa era minha, como te falei.
- És muito esperto. Um dia, ainda, arranjas problemas não só comigo, mas também com outras pessoas.
- Nunca vai acontecer. Ninguém me leva a melhor. Eu arranjo sempre uma saída e quem fica mal é quem se mete comigo!!!
- Então estou a ficar apavorada. Um dia mandas-me às ortigas e tu vais ficar bem.
- Não Amor. Eu vou ficar contigo sempre.
- Vamos ver... Só o tempo o dirá.
- Bem, vou almoçar. Queres?
- Não. Já tenho almoço, obrigada.
- Beijinhos molhados...
- Beijinhos.
Fiquei consternada com o que me tinha dito. Era um aviso, eu sabia. A nossa relação estava a um fio de se desmoronar...
17h32m14s
< Amor já estou aqui no escritório. Sinto a tua falta. Agora vou saber para onde vou amanhã. Beijoquinhas molhadas e doces. >
Não pude ir ao MSN. Enviei uma mensagem a dizer isso. Respondeu:
21h35m18s
< Beijoca Grande. Amanhã vou para Campolide. Podes vir? Eu depois telefono.
22h13m19s
< Dorme bem. Amanhã telf. Sonha comigo. ADORO-TE, sabia. Beijocas molhadas, doces, quentes. >