sexta-feira, 20 de abril de 2018

Ausência!

Com este pôr do sol, muito lindo, venho dizer-vos que, por uma semana, não estarei por aqui.
 
Adoro as vossas visitas e os comentários que enviam para o e-mail com medo de represálias. Não tenhais medo. Eu dou a cara e sei que, o Fernando Pedro Cachaço, vem visitar a minha página. Ele sabe que não é mentira o que escrevo. Eu disse-lhe que ia escrevendo tudo o que se ia passando connosco...
 
Até breve!

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Um encontro para esquecer!

É nestas alturas que eu fico confusa em relação ao Pedro.
Na véspera, no MSN, combinámos encontrarmo-nos em Entrecampo. Ele ainda ia para aí a trabalhar.
 
Sexta, 09 de Setembro de 2005
 
Na hora do costume eu estou em Entrecampos à sua espera.
Fico ali ,sentada, uma infinidade de tempo.
O sol faz o obséquio de aparecer. Está quente lá fora, mas ali, debaixo do alpendre, está mais fresco.
Penso até que ele já não apareça, mas heis que o vejo vir, do meu lado esquerdo, de uma porta estreita e que mostra o interior de onde se vê um túnel...
Levanto-me e vou ao seu encontro na esperança de ser beijada e abraçada por ele.
Nada disto acontece. Dá-me um empurrão e distancia-se de mim.
Com os olhos fora das órbitas, quero saber o que se passa.
Diz-me que está muito transpirado e que só quer tomar banho. " Mas onde? " Pergunto eu muito estupefacta.
Responde que vamos à pensão e que lá toma banho. Não estava à espera disto. O nosso encontro era para irmos ao Campo Pequeno.
Mas aceito, um bocado contrafeita e sem o demonstrar.
Seguimos e entramos na pensão. Já o conhecem e sempre o conheceram, coisa que era um quebra cabeça para mim. Hoje sei porquê. Não fui a primeira nem a última a levar-me lá.
Pago o quarto e somos encaminhados para  um já nosso conhecido. Casualidade.
Segue para tomar banho, mas apenas deixa a água correr pelo seu corpo. Não põe sabonete.
 
Começamos o nosso jogo de amor. Fico agoniada. Cheira muito a transpiração e a xixi, mas continuo, embora queira que tudo acabe num ápice. Foi muito desenxabido.
 
Vamos tomar banho e, então, lava-se com todo o esmero como se quisesse apagar qualquer vestígio daquele encontro. Fico  triste, mas cantarolo a canção que já vem sendo um apanágio dos nossos encontros.
 
Saímos e vamos almoçar à Feira Popular. O costume: " Nos Lobos do Mar ".
 
É um almoço muito em silêncio. Falamos pouco. Uma vez é para me criticar. Não quer que eu coma uma sobremesa deliciosa.
Não és meu dono. Não mandas em mim. E, além do mais, há muito tempo que não como um doce. Por outro lado, sou que vou pagar o almoço. Ou hoje é a tua vez?
- Não. Tu já sabes que eu não tenho dinheiro!
- No princípio do mês! E queres que eu acredite, não?
- Faz como queiras.
E a conversa morre ali.
 
De regresso à estação, diz que tem que apanhar aquele comboio. Dá-me um beijo e segue sem olhar para trás. Eu fico muito desiludida. Foi  um encontro para esquecer.
 
 
Fico sem saber se chegou bem. Nada mais sei, embora lhe tenha dito que não gostei da atitude dele...
 
 


quarta-feira, 18 de abril de 2018

Trabalho em Entrecampos!



Às vezes temos sonhos que não são realizáveis. Mas outros que se realizam e basta sonhar acordada.
É o que me acontece neste dia em que o sol está um pouco escondido.
Estou a pensar que seria bom ir ter com o Pedro amanhã, Sexta-Feira. É que depois é a operação dele e o tempo de convalescença vai ser demorado.
 
O telefone toca e eu fico excitada.
 
 
Quinta, 08 de Setembro de 2005
 
 
08h 12m 15s
 
 
- Estou sim, por favor?
- Bom dia minha flor. Dormiste bem?
- Bom dia. Estás muito bem disposto.Eu dormi muito bem.
- Quanto a estar bem disposto, não é o caso. Hoje vou para Entrecampos trabalhar. Fico lá naquele buraco sem se ver o sol.
- Mas hoje não há sol! Pelo menos aqui.
- Aqui também não, mas não dá gozo...
- O trabalho não é gozo. Serve para muitas coisas e uma delas é fazer coisas úteis e distracção.
- Por isso é que trabalhas... Eu vou-me reformar. Tenho quase 40 anos de caixa e vou para casa descansar.
- Com cinquenta anos? Vais para casa tão novo?
- Isto é um desabafo. Não quero ir senão tenho que a ouvir a dar ordens para eu fazer isto e aquilo.
- Também eras útil! Ela trabalha e quando chega a casa vem cansada...
- Qual cansada quais quê!? Ela gosta de implicar, ou por que o tapete não está no lugar, ou por que estou no computador, ou por outra coisa qualquer... Ela é assim. Somos antagónicos e eu já te disse isso.
- De facto! Mas uma mulher não pode ser assim tão má depois de lhe teres aperfilhado a filha.
- Não foi por ela e eu já te contei a história...
- Sim, sei... Apaixonaste-te primeiro pela bebé! Mas tem que ter isso em consideração, não?
- Ouve, não quero falar dela e tenho que  ir trabalhar, essa é que é essa...
- Amanhã posso me encontrar contigo? Mete-se o fim de semana, depois a operação, a convalescença...
- Calma. A operação é só para a outra semana...
- Eu sei. Mas se não posso, fica para a semana.
- Não. Amanhã vem ter comigo à hora do costume. É verdade! Como reagiu o teu marido ontem?
- Então não falámos depois disso no MSN? Já sabes como foi.
- Pois! Aquele idiota pensa que sabe tudo. Diz lá que não te amo? Ainda tens aquela porcaria que ele te deu pelos anos aí no hall?
- Tenho e não o posso tirar. Também é uma prova de amor.
- Não é nada. É só para se armar ao pingarelho. Bom, amanhã fica assim. Vamos almoçar juntos. Hoje não sei se te posso enviar mensagem ou telefonar. Mas vais ao MSN, não vais?
- Penso que sim. Tudo depende.
- Vá não te faças cara. Tu também gostas, né?
- Gosto e muito.
- Pera um cadinho...
( ouço-o a falar com alguém, mas não percebo nada. )
- Ainda estás aí?
- Claro. Disseste-me para esperar, não foi?
- Mas tenho que ir. Os homens já têm tudo arranjado e vamos agora para  Entrecampos.
- Bom trabalho e até logo. Beijinhos muitos.
- Beijinhos loucos de amor. Inté!
 
 
 
 Fico a pensar que a nossa relação, afinal, está a ir muito bem.
 
O dia passa com alguma lentidão. A Glorinha veio e está lá em cima. Quando ela desce, falamos um pouco e ela sai.
 
 
 
21h 09m 51s
 
 
< Amor mio estou no MSN. vem. Beijokinhas. >
 
 
Falamos muito no MSN. Coisas banais e sem importância. Principalmente do seu trabalho. Deseja-me boa noite e despedimo-nos...
 
Fico empolgada para o dia seguinte.
-

terça-feira, 17 de abril de 2018

O Sporting!

O Sporting é o meu clube de eleição. Fico feliz quando ele ganha. E posso ter esperança, ainda. Nada está perdido. Há muito futebol para jogar e os azares
batem à porta de qualquer um. Um dia, falando com o Fernando Pedro Cachaço Marques, disse que gostava do Sporting. Ele ficou muito contente. Também era, e julgo que seja ainda, do Sporting.
Puxou por um cartão e deu-mo. Era o seu cartão de sócio.
Fiquei a olhar para ele e fiquei surpresa com a fotografia. Não parecia ele. Tinha bigode. " Mas este és tu? " Perguntei estupefacta... " Sim, sou eu. Usei bigode. Que achas? Mais bonito aí ou agora sem bigode? " Eu só disse: - " Não gosto de homens com bigode e, se o tivesses agora, nunca teria olhado para ti. És muito mais bonito sem ele. "
Analisei o cartão e recordo perfeitamente o que vi nele.
 
A fotografia a preto e branco, do meu lado esquerdo. Por baixo dizia " Efectivo " Ao lado estava a data de 1993 e o número de sócio era o " 029239 ". Por baixo o nome completo.
Fernando Pedro Cachaço Marques... Tenho isto no meu diário. Agora se ainda é sócio e se tem o cartão, gostava de saber. Isto foi em Outubro de 2004. Será que ainda é sócio efectivo? Será que tem a mesma fotografia de bigode? Quem sabe? Nunca  mais vi esse cartão. E não mais falámos dele. Ficava muito zangado quando eu dizia que o meu marido era Benfiquista assumido. Uma vez fomos a Alvalade e, na loja, comprei um cachecol para ele dar à Cl****** R****.
Disse que ia dizer que o tinha comprado ele.  Mas não foi. Fui eu que o comprei. Eu é que pagava em todos os lados.
Curiosa pelo cartão dele. Alguém sabe se ele ainda o tem? Gostava de saber por pura curiosidade. Relembro cada coisa??? Porque está escrito no meu diário, só isso. Mas gostava de saber, e muito, se ele ainda tem esse cartão...
 

segunda-feira, 16 de abril de 2018

A ajuda do Pedro!

Hoje é um dia igual a tantos outros.
 
Fico na cama a relembrar todo o meu passado com o Pedro. Revejo cada momento e, alguns, fazem-me aquiescer quanto ao amor que ele sente por mim. Vejo-o sempre muito amável, simpático, presente, amoroso e solícito... Mas outros chegam a provocar-me calafrios. Tem humores variados, diz asneiras, provoca-me, leva-me à loucura e tem que ter sempre razão...
 
São estes momentos que me fazem confusa, exasperada, insegura e receosa. Nunca sei se está de bom humor. Implica por tudo e por nada. Chego a sentir que não valho nada e que sou um verme na sua vida. Não sei se, na verdade, me ama. Ou, por outro lado, se anda comigo só para me sacar dinheiro. Quando recordo que disse à Cl***** que se pusesse por  trás da avó para lhe dar o almoço, e eu saber que isso nunca poderia ser, aquando do improvisado acidente, fico biursa. Levou-me por estúpida e eu cai como uma tontinha. Mas, na altura, achei normal ou, não pensei suficientemente, com clareza, para ver que isso era impossível. E quando me disse que me pagaria até ao último cêntimo? Eu acreditei religiosamente que isso poderia acontecer.  "Era um homem de palavra ", pensava eu. Mas qual palavra, qual carapuça? Nunca fez tenção de me pagar...
 
Quarta, 07 de Setembro de 2005
 
08h 30m 58s
 
Estou eu neste redemoinho de pensamentos, quando ouço o telefone. Assusto-me. dou um salto na cama e volto à realidade. Só pode ser o Fernando Cachaço Marques...
 
- Estou sim, faz favor? ( Digo isto com um tremor na voz. Não sei qual é o seu estado de espírito. )
- Amor, sou eu. Como dormiste? Estás bem disposta? Eu dormi que nem um rapazola. Fui sereno para a cama e estou bem disposto.
- Bom dia para ti também. Eu estou bem disposta e dormi que nem um Anjo. ( Mas não lhe contei dos meus receios e das análises que tinha feito. Ficavam para outra ocasião, se isso se proporcionasse. )
- Hoje  era dia de nos encontrarmos para almoçar. Se quiseres vir, eu tenho que almoçar e tu  também, né?
- Mas não posso ir. Tenho assuntos para tratar no C***********. E não podem passar d´hoje.
- Estivemos ontem e o dia foi melhor que bom! Não achastes?
- Achei. Eu penso que sim... Mas tudo depende ta tua perspectiva.
- Também achei. Foi o nosso primeiro ano juntos e não te quero perder, Ouvistes?
- Ouvi. Só não sei se isso será verdade...
- Isso, o quê?
- " O não me quereres perder ". Para já não tenciono deixar o meu marido e tu, muito menos. Têm a casa em nome dos dois e não são casados.
- Mais depressa a deixo. Faço um papel e a casa fica para as minhas filhas.
- E a casa de Rio de Mouro? Já a vendeste?
- Não. Foi lá uma fulana, mas queria uma sala com não sei quantos metros quadrados... Isso não há num andar.
- E se calhar queria piscina e tudo, não?
- Pois! Vem aí o chefe. beijinhos...
- Beijinhos...
 
Fico com o auscultador na mão e  nem sei que dizer.
Permaneço mais um tempo na cama e acabo por adormecer.
Sonho que o Fernando Pedro me atira pedras e me  chama todos os nomes impossíveis de escrever aqui. Ando numa correria para me esconder dele, mas acaba, sempre, por me encontrar...
Acordo com as pernas pesadas e a cabeça a latejar. Desvio o pensamento e levanto-me com a sensação de ter um sonho real, mas de Pedro nem sombra.
Meto-me na banheira e deixo a água correr como uma levada. Sacudo-me para  tirar aquele peso de cima de mim. Limpo-me, visto-me e desço para tomar o pequeno-almoço. Não tenho fome, mas como os meus flocos com fruta. Estou de dieta e faço-a há já algum tempo. Até o Pedro diz que estou melhor. Eu também sinto.
 
 
11h 59m 56s
 
< Vou almoçar. Não tenho fome e estou triste por não estares comigo amanhã, também não só sexta. Bjs de AMOR eterno. >
 
A Glorinha acaba de chegar e falamos muito sobre isto e aquilo. Lá me ensina mais umas rezas antigas e eu escrevo-as num caderno.
 
Pelas 14h saio para ir tratar dos assuntos inadiáveis.
Ando numa afogadilha a correr de um lado para o outro.
Quando tudo fica tratado, venho para casa. Ao entrar na estrada nacional, o meu carro pára e dou à chave, mas nada. Telefono para o meu marido a perguntar o que devo fazer, pois há muitos carros atrás de mim. Responde que  devo esperar até ele chegar. Um senhor gentil, ajuda-me  a levar o carro para a berma da estrada. Nisto recordo-me do Fernando Pedro e telefono-lhe. Digo nas circunstâncias em que estou e ele ajuda-me a ver o número do seguro para telefonar a pedir um reboque. Faço direitinho o que ele me vai dizendo. Após alguns minutos, tenho o reboque ali. Leva-me para a oficina que trata dos nossos carros. Quando o meu marido chega, estou em casa. Diz, zangado, que andou a ver de mim e que não  me encontrou...
Rio-me e respondo que tratei tudo pelo número do seguro e que  o carro está na oficina. " Então como soubeste? "
" Foi um senhor que me ajudou, mas não o conheço. " ( respondo eu. )
Penso que foi bom ter falado com o Pedro e agradeço a ajuda que me deu. Riu-me muito e digo que era muito fácil. " Para a próxima, se houver, nem te digo nada. Não me desenrascaste. Ou não sabias? "
Encolhe os ombros e não retruca.
 
Jantamos e, depois de arrumar a cozinha, vou para a sala.
 
20h 45m19s
 
 
< Vai ao MSN. Bjs >
 
É cedo e tenho que esperar até quase às 22h.
Falo com o Pedro e ele diz que o meu marido não presta para nada. Não gosto, mas não lho demonstro. A conversa prolonga-se. A Zé está a trabalhar...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


sábado, 14 de abril de 2018

Que grande surpresa!

Hoje Levanto-me cedo. Ontem, no MSN, combinei com o Pedro de nos encontrarmos no Parque das Nações.

Faz hoje um ano que nos conhecemos. Fui tão estúpida! Mas ele foi tão amável que me fez perder a cabeça. Embora eu lhe tenha perguntado se não " andava a fazer um frete por andar comigo ". Ele respondeu que não, mas sei que me estudou profundamente. Sentia os olhos dele postos em mim. E principalmente, quando estávamos a almoçar. Seguia todos os meus movimentos, trejeitos e, ainda, penetrava no meu olhar como se quisesse entrar dentro de mim. Era uma loucura. Eu sentia-o, mas não conseguia retroceder. Prendeu-me logo ali...
 
Terça, 06 de Setembro de 2005
 
 
Apanho o comboio no horário habitual. Sento-me no lado da janela e olho a paisagem que se espraia para lá de...
Vejo o aglomerado de pessoas em cada estação, mas não sei onde me encontro... Penso que há um ano eu fiz o mesmo caminho muito expectante. Mas sem saber o resultado que isso iria trazer. Hoje ali estou eu a fazer o mesmo percurso. Será que valeu apena tudo o que fiz? Será que não me irei arrepender mais tarde? Já havia algum arrependimento, mas deixara-o para trás e não queria o incómodo que isso me causava...
O comboio pára em Al*****. Fico a pensar que, ali mesmo ao lado, trabalha o meu marido. Que iria ele pensar se me visse ali?. Não! Desvio esse pensamento com a mão, limpando a testa. Nisto alguém se senta  a meu lado e, por ver o meu gesto, pergunta se está calor. Olho intrigada e apanho uma surpresa imensurável. Ao meu lado está o Pedro que me veio surpreender mais uma vez... Já o fizera de outras vezes, mas hoje é especial. Abraço-o como se fosse uma criança que acaba de ganhar o presente com que sempre sonhou. Beijo-o com sofreguidão e esqueço todo o resto que me circunda. Vê-se felicidade também nos seus olhos e eu vivo para este momento que me faz sentir a mulher mais feliz e mais amada do mundo. Ilusão, só isso, pura ilusão nada mais...
Damos as mãos e conversamos sobre o bem que esse momento nos proporciona. Esqueço todo e qualquer arrependimento que tinha sentido.
A viagem decorre na mais amena cavaqueia. Saímos na Gare do Oriente e vamos tomar o pequeno-almoço. Comemos mesmo ali nas tortas de Azeitão. Ele bebe o seu café e diz que só funciona depois disso. Fica alegre e leva-me para o jardim. Sempre de mãos dadas como dois miúdos que sempre se conheceram. 
O dia está ameno e o passeio parece não ter fim. Esquecemos as horas. Beijamo-nos, abraçamo-nos e seguimos eternamente apaixonados. Como isso é bom! As agruras passam e a eternidade parece ser o caminho de rosas e cravos que vamos pisando.
Vamos comer ao mesmo restaurante e recordamos o nosso primeiro dia. Rimo-nos de muita coisa e de como eu me sentia reprimida.
Tudo decorre como se de um conto de fadas se tratasse. Estou em êxtase. Não falamos de nada que possa findar aquele enlevo de amor em que nos encontramos. Saímos do restaurante e caminhamos, com muita serenidade, pela avenida.
Olho o relógio e são horas do meu comboio. Quero chegar a casa antes do meu marido. Corremos como duas crianças de mãos dadas num aperto sem fim. Não nos queremos separar, mas o comboio já está na estação. Subo  e a porta fecha-se. Fico ali a olhar para ele e pomos as mãos no vidro para nos despedirmos. Ele fica para trás e eu sigo o meu caminho. Sento-me e ouço a chegada de uma mensagem. Sorriu. É do Pedro e abro-a com muita rapidez.
 
17h 28m 36s
 
< Meu AMOR obrigado pelo dia maravilhoso que me deste sinto-me, em paz acredita. Boa viagem e NUNCA te esqueças de mim. Beijokinhas como só tu sabes dar. >
 
Eu respondo a agradecer e a dizer que o dia também foi o melhor da minha vida. Fico cheia de saudades e uma lágrima salgada corre pela minha face.
 
Chego a casa antes do meu marido. Mas estou eufórica e muito feliz.
 
22h 12m 11s
 
< Meu grande AMOR hoje não posso pedir mais nada tu, foste a melhor coisa q me aconteceu na vida. Se tu quizeres NUNCA nos separaremos. Bjs loucos dorme bem. AMO-TE sabia? >
 
E é assim que me deito com a certeza de ser muito feliz com o Pedro...  

sexta-feira, 13 de abril de 2018

O Fernando Pedro é BIPOLAR!




Durmo muito mal. Não páro de pensar no humor do Fernando Pedro Cachaço. Ele é como o vento, muda de humor em enésimos de segundo. Relembro as minhas aulas de psicologia. Tem que haver algum parâmetro que me leve a comparar o humor dele.
Faz-se luz na minha mente e, levanto-me de um salto, corro para a minha biblioteca e vou rever matéria. Cá está! Ele é BIPOLAR, só pode. Fico muito intrigada e releio tudo sobre bipolares. Não há dúvida. É BIPOLAR também.
Mas que mais me reserva o futuro? Desço e deito-me ao lado do meu marido. Ele acorda e pergunta o que tenho. " Só uma noite daquelas. Não consigo dormir. " Responde que faça uma forcinha e durma um pouco mais tarde porque é quase dia. Mas fico de olho aberto e correm algumas lágrimas cara abaixo...
 
Segunda, 05 de Setembro de 2005
 
Não consigo ficar na cama e levanto-me logo que ouço o carro do meu marido arrancar.
Vou tomar o pequeno-almoço. Fico à espera que o telefone toque. O meu coração bate num ritmo acelerado. Transpiro muito e vou lavar a cara. Tenho vontade de me meter na banheira e deixar correr a água qual cascata em turbilhão, mas são quase oito horas e o Pedro deve estar a telefonar.
 
08h 23m10s
 
- Estou, sim, faz favor? ( Pergunto com doçura para não azedar. )
- Sou eu, meu amor. Dormiste bem? Desculpa ontem, eu estava doido. A mãe dela tira-me do sério e eu descarrego em ti...
- Já te disseram que és bipolar?
- O que é isso?
- Mudança de humor, repentinamente, e alguns estragos pelo meio.
- Não sou nada... Lembras-te de cada coisa!! Onde foste buscar essa merda?
- Sou psicóloga, lembras-te?
- Bem, uma psicóloga que não pratica e podes estar a meter água... Sabes o que eu fiz à psicóloga que me fez o exame para a Refer, não sabes? Também te faço a ti. Hi! Hi! Hi!
- Eu sei que és mau carácter e amofinas tudo à tua volta. Mas és bipolar, acredita. Ou, então, dá-me provas do contrário.
- Vá, não sejas parva. Hoje é o nosso dia, mas pensei melhor e fica para amanhã.
- Porquê? Tens muito que fazer hoje?
- Hi, nem te lembras, né? É que amanhã é dia seis de Setembro e fazemos um ano que nos conhecemos. Porra, não ligas nenhum e só dizes disparates...
- Por acaso até tinha recordado, mas como ontem estavas tão zangado, pensei que não me quisesses mais.
- Sabes que eu te amo muito, embora tu não regues o caminho do nosso amor.
- Ah, sim!? Sou eu que, por tudo e por nada, me exalto e digo coisas horríveis? Olha para ti e depois falas do outros...
- Tu sabes o que eu quero dizer.
- Não, não sei... Estou sempre para ti, amo-te e, ainda, dizes isso? Tem dó!
- Vá não te zangues tu agora. Preciso de ti?
- Precisas para quê? Não tenho nada, Pedro, que te possa ajudar...
- Tens sim e amanhã falamos disso. Agora tenho que trabalhar. Amanhã vou tirar a tarde para estarmos juntos. Queres?
- Quero. Eu nunca te disse que não a nada...
- Depois falamos, também, disso que é para te lembrar algumas coisas. Beijinhos muito doces, daqueles que só tu sabes dar.
- Beijinhos para ti e tem um bom dia...
 
Desliga o telefone mas, ainda, o ouço a falar com um colega e do que vão fazer.
Fico apreensiva com aquilo que me disse de " Eu não regar o caminho do amor ". Não sei o que ele quer dizer com isso. Fico a matutar, mas sem resultado nenhum...
 
12h 09m 48s
 
< Amor mio estamos a almoçar no Fogueteiro. Amanhã estaremos juntos. AMO-TE para SEMPRE acredita. Bjs só nossos. >
 
 
Fico embevecida e acredito, piamente, nele. Até o almoço me parece melhor e não me custa comer sozinha, coisa que não gosto nada, mas fico mais leve por pensar que ele me ama. Eu também o amo e muito...
 
18h 30m 31s
 
< Estou a chegar a casa. Logo vais ao MSN para falarmos um cadinho. Bjs de sonho. >
 
21h 22m 56s
 
< Amor estou no MSN. Bjs >
 
Vou ao MSN e falamos muito tempo. Coisas banais e não só. Despedimo-nos e desejamos " Boa noite " para cada um de nós. Porém a ideia não me sai da cabeça: Ele é BIPOLAR...

terça-feira, 10 de abril de 2018

Esqueço o telemóvel !

Sempre quis fazer o melhor para mim. Queria ser feliz, amada, desejada e ter alguém com quem pudesse contar naqueles dias de amargura...
 
Aqui está o meu maior erro. Fui buscar lenha para me queimar, como soe dizer-se...
 
Domingo, 04 de Setembro de 2005
 
 
O meu Domingo como tantos outros.
Levanto-me cedo. Quero ir à missa a São Francisco e deixar o almoço quase pronto.
Deixo o telemóvel no quarto e venho para a cozinha fazer o mais que puder para deixar tudo muito orientado. Subo e vou tomar banho. Esqueço-me do telemóvel completamente.
 
Saio e vou à missa. Fico absorta e esqueço o que vai cá fora. No final da missa fico à conversa com as minhas colegas e, quando dou conta já são quase 13h 30m.
Despedimo-nos e marcamos um encontro para a próxima Terça no sítio do costume.
Chego a casa e o meu marido já tem tudo a posto para irmos almoçar.
Porém, vou ao quarto para me despir e ficar com uma roupa mais caseira e à vontade.
Vejo o telemóvel na cómoda e recordo que não vi se o Fernando Pedro me enviou mensagem. Tenho três mensagens dele e fico com os cabelos em pé. Leio:
 
10h 01m 20s
 
< Meu Amor amado hoje é domingo e a mãe dela toda XPTO vem, almoçar lá vou eu fazer o almoço para ela e o padrasto de quem não gosto nada. Acordou bem? Está bem disposta? Beijokinhas de AMOR eterno. Teu Pedro. >
 
10h 32m 54s
 
< És capaz de me dizer o que se passa? Hoje não estou com paxorra. vê lá se me respondes. Bjs. >
 
 
11h 12m 14s
 
< Estás a gozar com a minha cara? Ou passa-se alguma coisa grave? Responde porra. Bjs >
 
E lá respondo eu, pedindo desculpa, mas que o telemóvel ficou no quarto e só agora vi...
 
18h 07m 57s
 
< Vais ao MSN? Quero esclarecer esta merda. Bjs >
 
Vou ao MSN e brigamos sem motivo aparente. Desce tão baixo que eu fico a chorar...
 
O dia termina com o meu coração a sangrar...
 
 

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Compras no Lidl!

Nem sempre a vida nos sorri. E, quando isso acontece, pensamos que é para durar uma vida.

Mas não é. Apenas uma utopia que nos persegue e que nos faz ser felizes por enésimos de segundo.
 
A minha vida baseava-se nisto, precisamente. Eram altos e baixos que me colocavam sem chão e como se andasse no trapézio.
 
Sábado, 03 de Setembro de 2005
 
Já o sol vai alto quando me levanto. Sinto-me fraca e sem forças. A minha cara mostra que a noite não foi famosa. Os meus olhos estão encovados e as olheiras primam pela sua eficácia. Meu marido fica aflito quando, na marquise, olha para mim. Quer saber o que me preocupa e quer que eu seja franca com ele. " Conta-me tudo e, juntos, vamos resolver o problema. Estás doente? Por favor, o que se passa? "
 
Começo a chorar baixinho e digo que estou a ficar muito nervosa. A minha mãe deve vir,  brevemente, para cá.
Agarra-me as mãos e acaricia-as: " Não te preocupes! Eu estou cá para te ajudar e conta sempre comigo como de costume. "
Fico triste por lhe estar a mentir. Não é essa a minha maior preocupação. Já estou habituada a ela e sei como resolver-me.
A minha preocupação é o Fernando Pedro Cachaço. Já nem sei se fala verdade ou se, simplesmente, quer o meu dinheiro como me apercebi semanas atrás. Porém, parece que o meu palpite não está correto.
 
09h 54m59s 
 
< Bom dia meu querido AMOR. Já está acordada? Ando nas compras no Lidl, isto está apertado mas, vai dando. Bjs de AMOR eterno. Teu Pedro. >
 
Leio a mensagem e o meu marido tem os olhos cravados em mim. Tudo depende daquilo que lhe posso ou não dizer. Mas pergunta um bocado angustiado: " É alguma coisa de importante? É a filha? ".
Respondo que não e que nem conheço o número nem a mensagem. Engano na certa...
 
O pequeno-almoço está preparado. Meu marido fez-me esse miminho. Tento reatar a conversa com outros temas da semana, entre ambos.
 
A manhã é complicada. Ando como uma sonâmbula, mas faço tudo direitinho. O meu marido vai dar uma voltinha de bicicleta. Eu fico com todos os meus pensamentos destrutivos. 
 
12h 41m 50s
 
< Amor mio já estou em casa. Ela vai trabalhar de tarde eu, vou ficar com a Clá****. Vamos à praia. Logo falamos. Beijokinhas de sonho. >
 
Respondo que fico feliz por ele e retomo o meu dia insipiente.
 
O almoço decorre calmo e falamos dos companheiros de corrida do meu marido. Algumas coisas engraçadas e rio muito.
 
De tarde vamos ao Super Modelo.
A tarde decorre animada pois adoro fazer compras.
 
19h08m17s
 
 
< Meu adorado AMOR estou no MSN vem falar comigo. Bjs >
 
 
Não posso ir ao MSN. O Pedro não responde.
 
 
22h 15m 29s
 
 
< Dorme bem! Hoje era bom falarmos ela, estava a trabalhar. Chegou e começou logo a ralhar por causa do tapete. Bjs só nossos. >
 
 
E tudo fica no vazio...

quinta-feira, 5 de abril de 2018

A conversa na Repartição das Finanças!

Sexta, 02 de Setembro de 2005

Sei que não posso levar a minha vida dependendo das vontades e necessidades do Fernando Pedro. Aterroriza-me a ideia de ele dizer que quer os 12.500€. Eu não os tenho. Não posso levantar tanto dinheiro. Que iria dizer ao meu marido?
O Fernando Pedro alvitrou e deu a ideia de eu dizer que tinha sido para ajudar uma colega, mas que colega? Meu marido conhece-as todas e é muito dinheiro.  Esses €s já não virão parar às minhas mãos. Ele já lá tem mil e não fala em pagá-los. Mas que imbróglio. Onde me fui meter? Na boca de um lobo com pele de cordeiro. Nada lhe assenta tão bem como esta frase. É mesmo isso que ele é.
 
Sinto-me perdida e sem confiança em mim própria. O medo tomou conta de mim e faz-me desconfiar até da minha sombra. Já não tenho cabeça para raciocinar. Tudo é escuro e sem visibilidade...
O tempo passa e o telemóvel não toca. Será mesmo que foi às Finanças?
Ligo para lá e dizem-me que o Sr. Fernando Pedro Cachaço Marques está no gabinete do Chefe.
 
Fico confusa. Da outra vez não tinha lá ido e agora estava lá! Mas que se passa? Que grande embrulhada!
Eu tinha-lhe falado na casa que tinha para venda, mas ele rejeitou a ideia e disse que ela não queria assinar.
 
Fico na incerteza e já nem sei se hei de acreditar ou não no fisco...
 
14h 45m 26s
 
< Amor mio estou em casa. Já falei com o chefe deu-me, algum tempo eu disse que ia ser operado ficou para depois. Descansa um pouco e voltamos a falar. Bjs nesse coração lindo. AMO-TE sabia? >
 
Por enquanto, ia ficar um tempo descansada. Não voltaria a falar no dinheiro e eu descansava a cabeça.
Suspiro fundo e as preocupações foram todas embora.
 
17h 09m19s
 
< Amor vou a Rio de Mouro falar com a minha irmã e o meu cunhado. Dpos falamos. Bjs só nossos. >
 
Desejo que a conversa seja pacífica e útil.
Fico na Esperança que tudo se resolva.
 
21h 15m 45s
 
< Vai ao MSN. >
 
Vou e ele diz-me, a chispar fogo pelos olhos, que brigou com eles e que ia matando o cunhado. Falo para se acalmar e esperar para depois da operação ao nariz. Pelo menos, parece mais calmo. Começamos a falar de outras coisas e sinto que o mau tempo passou...


quarta-feira, 4 de abril de 2018

Mau Pressentimento!

Quinta, 01 de Setembro de 2005
 
Nada me dá mais irritação do que estar a dormir e ouvir o trim, trim do telefone.
Acordo meio aturdida com o tocar, incómodo, do telefone mesmo ao lado do meu ouvido.
Abro os olhos e, ainda, está escuro. Ao meu lado, a cama está vazia. O meu marido já se foi embora. Olho o relógio digital e é cedo para alguém me telefonar. Mas o telefone continua a tocar acordando tudo o que está à minha volta.
Apanho o auscultador, muito ensonada, e pergunto:
 
 
08h 10m 01s
 
- Estou? ( sem mais preâmbulos )
- Vê-se mesmo que estavas a dormir.
- Claro. Para mim é cedo e para ti também. Não costumas telefonar a esta hora... O que se passa? Caiu o Carmo ou a Trindade?
- Nem uma coisa nem outra. É só para dizer que vou trabalhar para a Casa Branca.
- Ah! Sim, está bem. É todo o dia?
- Não sei. Depende do trabalho.
- Casa Branca? Vais trabalhar para os Estados Unidos?
- Pronto, ainda a dormir... Acorda, porra. És mesmo preguiçosa! Casa Branca, Alentejo.
- Ok! Estava só a brincar...O que é que me chamaste?
" Preguiçosa "! Disse alguma mentira?
- Estás-me a insultar logo pela manhã... Não sou preguiçosa. Faço o que me apetece.
- Hoje não é um bom dia para ti nem para mim. O dia está fosco. Parece que vai chover.
- É por isso que vejo pouca claridade no quarto...
- Às vezes és um bocadinho " Lerda ".
- Desculpa!? Pára de me insultar, senão...
- Senão o quê? Desligas o telefone? Experimenta fazer isso e vê o que acontece.
- Estás a ameaçar-me? Mas hoje tiraste o dia para me atormentares logo de manhã? Tem dó...
- Acordei com um mau pressentimento.
- E eu que pague as consequências disso...
- Vá, não te chateies. Se puder, ligo de lá. Agora tenho de ir. Beijokinhas que não demos ontem.
- Pois! Mas magoaste-me, sabias?
- Até logo e dorme mais um pouco.
- Agora já não... Vou-me levantar.
- Ok! Até logo...
- Até logo. Beijinhos...
 
 
Fico tão melindrada que choro copiosamente. " Às vezes é tão amoroso e outras tão mau. Parece que não tem meios termos " . Penso eu para os meus botões.
Levanto-me e faço o habitual. Já se tornara uma rutina e eu não gosto de rutinas. Mas faço tudo  como uma autómata.
 
11h 45m 54s
 
< Eu disse k tinha um mau pressentimento... Telefonaram-me agora para ir amanhã às finanças de  Sintra. Bjs doces.>
 
Pergunto o que quer isso dizer...
 
12h 00m59s
 
< É, deve ser daquilo que tenho falado contigo por causa da minha irmã e do meu cunhado. Depois falamos. Bjs. >
 
Não augúrio nada de bom. Deve sobrar p´ra mim.
 
A Glorinha chega mais cedo e estou um pouco triste. Falamos e ela quer animar-me. Conta-me uma anedota e eu riu. Apanha nas coisas e vai para cima. Eu vou almoçar, mas sem apetite nenhum.
 
Durante a tarde não tenho mais nada do Fernando Pedro. Fico em desespero
 
19h 38m 09s
 
<  Estou a chegar. Vou jantar tomar, banho e vai ao MSN para falarmos. Bjs >
 
21h 12m 18s
 
< Estou no MSN. >
 
Vou ao MSN e falamos do dinheiro e de todas ou nenhumas hipóteses que tem em pagar a dívida. Fico sem saber o que pensar...
 
 
 

terça-feira, 3 de abril de 2018

Não sei o que ele quer de mim!


À noite não consigo dormir. Mexo-me e remexo-me na cama. O cansaço domina, mas a inquietação não é mais pequena. Não sei o que ele quer ou, por outra, sei o que ele quer, mas não tenho meios para lho dar. De facto que tenho dinheiro, mas está em conjunto com o meu marido. Não posso levantar sem que ele se aperceba. É muita " grana ".
O sono acaba por vencer a batalha que travo dentro de mim. Adormeço, finalmente, mas não um sono tranquilo.
 
 
Quarta, 31 de Agosto de 2005
 
 
Já o sol entra pelas frinchas da janela quando abro os olhos e saúdo o dia com uma espreguiçadela. Estendo-me e deslizo pela cama abaixo como seda e a pura nitidez de ter um dia daqueles, muito complicado pela frente. Desvio o meu pensamento e vejo o meu marido, já vestido, a observar-me. Sorrio sem saber porquê e estendo os braços que o envolvem numa carícia. Quero que assim permaneçamos durante muito tempo. Porém, não pode ser como eu quero, mas como a vida já o proporcionou.
Beijamo-nos com muito carinho e deduzo que ele está meio perdido sem saber se deve ficar ou ir embora.
Rimos a bandeiras despregadas. Afinal não é assim tão mau acordar para um dia que não sei como se vai passar, mas que naquele momento é tão prazeroso que não o quero perder.
Enfim, só.
Levanto-me e venho tomar o pequeno-almoço. Ouço o carro afastar-se e fico deprimida.
 
 
08h 45m 29s
 
 
< Meu AMOR bom dia afinal vem a ter a Entrecampos estou aqui, a trabalhar. Pelas 11h estou no, sítio do costume. Beijokinhas de sonho que darei a seguir. >
 
 
Já na estação recebo outra mensagem:
 
 
10h 08m 18s
 
 
< Estás na estação. Estou a  ver-te. Até posso dizer a roupa que trazes. Beijokinhas. >
 
 
Fico apreensiva e  olho em todas as direções. Não era a primeira vez que me vinha esperar. Tantas outras vezes que me fizera essa surpresa que eu já não consigo dizer se é real.
 
Mas nada. Ele não está por ali. Apanho o comboio e não reparo nos homens que trabalham do outro lado da linha.
 
Chego à estação bem pertinho das 11h.
 
Desço e fico à porta que dá para a Feira Popular. Não espero muito. Nem sei de onde vem por que é tão rápido que me dá um susto enorme. Abraçamo-nos, beijamo-nos e começamos a andar em direção da Feira. Ele fala da mensagem e diz que foram os colegas que estavam a trabalhar na estação que o avisaram.
Fico a saber que ando a ser controlada, mas não dou importância. Riu e não retruco.
 
O caminho é o da pensão. Nem sei que diga. Não, não digo nada e deixo-me levar.
 
Por volta das 14h, vamos almoçar à Feira Popular. Eu como pescada de escabeche com salada e ele come um bife com tudo.
 
Não se fala do dinheiro e trata-me como se eu fosse a sua única esperança de vida. Pago e encaminhamo-nos para a estação.
Já na estação diz-me que foi chamado para fazer a operação ao nariz, no Hospital Amadora-Sintra. Fico aflita e pergunto se posso fazer alguma coisa. A rir diz que será mais tarde que o posso ajudar. Eu penso que seja sobre a operação, mas não se trata disso.
 
Despedimo-nos. O comboio arranca e ele põe a mão no vidro. Coloco a minha sobreposta à sua e vejo-o a sumir-se.
 
21h56m30s
 
< Depois de um dia tão bom vou, dormir com a certeza de te AMAR cada dia mais. AMO-TE sabia. Bjs loucos. Dorme bem. >
 
Também lhe dou as boas noites e fico sem saber o que ele quer de mim...