segunda-feira, 16 de abril de 2018

A ajuda do Pedro!

Hoje é um dia igual a tantos outros.
 
Fico na cama a relembrar todo o meu passado com o Pedro. Revejo cada momento e, alguns, fazem-me aquiescer quanto ao amor que ele sente por mim. Vejo-o sempre muito amável, simpático, presente, amoroso e solícito... Mas outros chegam a provocar-me calafrios. Tem humores variados, diz asneiras, provoca-me, leva-me à loucura e tem que ter sempre razão...
 
São estes momentos que me fazem confusa, exasperada, insegura e receosa. Nunca sei se está de bom humor. Implica por tudo e por nada. Chego a sentir que não valho nada e que sou um verme na sua vida. Não sei se, na verdade, me ama. Ou, por outro lado, se anda comigo só para me sacar dinheiro. Quando recordo que disse à Cl***** que se pusesse por  trás da avó para lhe dar o almoço, e eu saber que isso nunca poderia ser, aquando do improvisado acidente, fico biursa. Levou-me por estúpida e eu cai como uma tontinha. Mas, na altura, achei normal ou, não pensei suficientemente, com clareza, para ver que isso era impossível. E quando me disse que me pagaria até ao último cêntimo? Eu acreditei religiosamente que isso poderia acontecer.  "Era um homem de palavra ", pensava eu. Mas qual palavra, qual carapuça? Nunca fez tenção de me pagar...
 
Quarta, 07 de Setembro de 2005
 
08h 30m 58s
 
Estou eu neste redemoinho de pensamentos, quando ouço o telefone. Assusto-me. dou um salto na cama e volto à realidade. Só pode ser o Fernando Cachaço Marques...
 
- Estou sim, faz favor? ( Digo isto com um tremor na voz. Não sei qual é o seu estado de espírito. )
- Amor, sou eu. Como dormiste? Estás bem disposta? Eu dormi que nem um rapazola. Fui sereno para a cama e estou bem disposto.
- Bom dia para ti também. Eu estou bem disposta e dormi que nem um Anjo. ( Mas não lhe contei dos meus receios e das análises que tinha feito. Ficavam para outra ocasião, se isso se proporcionasse. )
- Hoje  era dia de nos encontrarmos para almoçar. Se quiseres vir, eu tenho que almoçar e tu  também, né?
- Mas não posso ir. Tenho assuntos para tratar no C***********. E não podem passar d´hoje.
- Estivemos ontem e o dia foi melhor que bom! Não achastes?
- Achei. Eu penso que sim... Mas tudo depende ta tua perspectiva.
- Também achei. Foi o nosso primeiro ano juntos e não te quero perder, Ouvistes?
- Ouvi. Só não sei se isso será verdade...
- Isso, o quê?
- " O não me quereres perder ". Para já não tenciono deixar o meu marido e tu, muito menos. Têm a casa em nome dos dois e não são casados.
- Mais depressa a deixo. Faço um papel e a casa fica para as minhas filhas.
- E a casa de Rio de Mouro? Já a vendeste?
- Não. Foi lá uma fulana, mas queria uma sala com não sei quantos metros quadrados... Isso não há num andar.
- E se calhar queria piscina e tudo, não?
- Pois! Vem aí o chefe. beijinhos...
- Beijinhos...
 
Fico com o auscultador na mão e  nem sei que dizer.
Permaneço mais um tempo na cama e acabo por adormecer.
Sonho que o Fernando Pedro me atira pedras e me  chama todos os nomes impossíveis de escrever aqui. Ando numa correria para me esconder dele, mas acaba, sempre, por me encontrar...
Acordo com as pernas pesadas e a cabeça a latejar. Desvio o pensamento e levanto-me com a sensação de ter um sonho real, mas de Pedro nem sombra.
Meto-me na banheira e deixo a água correr como uma levada. Sacudo-me para  tirar aquele peso de cima de mim. Limpo-me, visto-me e desço para tomar o pequeno-almoço. Não tenho fome, mas como os meus flocos com fruta. Estou de dieta e faço-a há já algum tempo. Até o Pedro diz que estou melhor. Eu também sinto.
 
 
11h 59m 56s
 
< Vou almoçar. Não tenho fome e estou triste por não estares comigo amanhã, também não só sexta. Bjs de AMOR eterno. >
 
A Glorinha acaba de chegar e falamos muito sobre isto e aquilo. Lá me ensina mais umas rezas antigas e eu escrevo-as num caderno.
 
Pelas 14h saio para ir tratar dos assuntos inadiáveis.
Ando numa afogadilha a correr de um lado para o outro.
Quando tudo fica tratado, venho para casa. Ao entrar na estrada nacional, o meu carro pára e dou à chave, mas nada. Telefono para o meu marido a perguntar o que devo fazer, pois há muitos carros atrás de mim. Responde que  devo esperar até ele chegar. Um senhor gentil, ajuda-me  a levar o carro para a berma da estrada. Nisto recordo-me do Fernando Pedro e telefono-lhe. Digo nas circunstâncias em que estou e ele ajuda-me a ver o número do seguro para telefonar a pedir um reboque. Faço direitinho o que ele me vai dizendo. Após alguns minutos, tenho o reboque ali. Leva-me para a oficina que trata dos nossos carros. Quando o meu marido chega, estou em casa. Diz, zangado, que andou a ver de mim e que não  me encontrou...
Rio-me e respondo que tratei tudo pelo número do seguro e que  o carro está na oficina. " Então como soubeste? "
" Foi um senhor que me ajudou, mas não o conheço. " ( respondo eu. )
Penso que foi bom ter falado com o Pedro e agradeço a ajuda que me deu. Riu-me muito e digo que era muito fácil. " Para a próxima, se houver, nem te digo nada. Não me desenrascaste. Ou não sabias? "
Encolhe os ombros e não retruca.
 
Jantamos e, depois de arrumar a cozinha, vou para a sala.
 
20h 45m19s
 
 
< Vai ao MSN. Bjs >
 
É cedo e tenho que esperar até quase às 22h.
Falo com o Pedro e ele diz que o meu marido não presta para nada. Não gosto, mas não lho demonstro. A conversa prolonga-se. A Zé está a trabalhar...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


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