quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Conversa fiada!

Quando tirei esta foto estava muito feliz.
Representa o Pico na ilha do mesmo nome. Estava um dia maravilhoso. Até se via o piquinho. Nada a perturbar a nossa estadia. Foram dias e dias maravilhosos.

Terça, 21 de Junho de 2005

08h20m10s

- Estou sim, faz favor!
- Tens uma maneira linda de atender o telefone. A esta hora já sabes que sou eu. Bom dia, amor.
- Bom dia senhor Pedro. Dormiu bem? Nem sempre és tu a esta hora. Há dias telefonou-me o meu marido.
- Já estiveste a falar melhor. Esquece esse fulano. Não me fales nele. Não gosto de pessoas que olham por baixo.
- Como sabes isso? Nunca o viste, que eu saiba.
- Vi-o em fotografia na tua casa e chega.
- Mas eu tenho que falar nele assim como tu falas na Zé. E não fico assim. Não nos podemos esquecer dos nossos apêndices. Hão de andar sempre connosco.
- Nem sempre. Quando nos casarmos, eles, ficam de fora.
- Sonha, sonha....Isso nunca vai acontecer. E tu sabes disso.
- Só sei que quero casar contigo e estarmos juntos para sempre.
- Que ilusão, Pedro! Sabes tão bem como eu ou melhor ainda, que nunca vai acontecer. És peixes e os peixes nunca ficam no mesmo lugar. Ora andam ao cimo da água ora mergulham nas profundezas do oceano. 
- És mesmo pessimista e desconfiada . Escreve o que eu digo. Vamos casar e ponto final.
- Ok! Mais tarde falaremos e verás quem tem razão. Hoje dormi muito mal. Tenho a minha cabeça muito confusa com todas estas coisas.
- Eu também dormi mal. Pensava que eras tu que estava ao pé de mim e era ela.
- Vamos bater sempre na mesma tecla...
- Tu é que não queres ouvir o meu coração. Muda-se de assunto. Queres vir amanhã ter comigo a Entrecampos?
- Está bem. Hoje vou ao cabeleireiro e fazer a depilação e amanhã vou ter contigo.
- Posso telefonar à tarde? Já estás em casa?
- É melhor não. Vou demorar.
- Então  fica combinado?
- Sim. Eu vou!
- Vais ao MSN?
- Não. O meu marido pode desconfiar. E a Zé também.
- Gostava de falar contigo um cadinho...
- Amanhã falamos tudo. Vai trabalhar.
- Estás a despedir-me?
- Não.
- Tá bem. Envio mensagem.
- Beijinhos, então.
- Hummmmmmmm! Beijocas doces para o meu amor.

Esta conversa não teve razão de se fazer. Ele sabia que nós nunca iríamos ficar juntos. Mas tentava, tentava engodar-me. Hoje, e olhando para trás, vejo que ele nunca teve intenção de casar comigo coisa nenhuma. Só queria dinheiro e bens materiais. Isso vim a descobrir mais tarde. Eu era ingénua e nunca pensei que ele fosse um prostituto...
 


terça-feira, 29 de novembro de 2016

Encontro em Alcântara Terra!



Esta foto é de um restaurante da terra Natal de Fernando Pedro Cachaço. Estive aqui na altura da semana de gastronomia.

Segunda, 20 de Junho de 2005

Era o primeiro dia da semana. Um dia que acordou escaldante, cheio de vida e muito emotivo.

08h01m29s

< Amor vem ter comigo a Alcântara. Estou aqui de serviço quero estar contigo. Beijoca docinha. >

Fico surpresa com o convite. Não  estava marcado. Porém, saio da cama e tomo banho. Visto-me com roupas leves. O dia está quente. Não sei o que se vai passar. Mas lá vou no comboio da manhã. Este vem atrasado, mas não me incomodo. Chega bem o tempo que estou com ele. Continuo com reticências a respeito do Pedro. Há algo nele que me deixa confusa.
Chego a Alcântara perto das 10h e 30m. Ele está ali à minha espera. Como sempre, mostra-se muito seguro do seu "eu".  Pelo contrário, não me sinto à vontade. Estou deslocada e com receio.
Uma receção muito aparatosa e eloquente. Fico apreensiva. O Pedro pergunta-me o que ensombra o meu espírito. Digo-lhe que tenho receio destes encontros. Que ele nunca mais me irá querer num futuro próximo. Ele insiste que eu sou masoquista. Gosto de sofrer por coisas que não existem. Aperta-me contra o seu peito e beija-me euforicamente. Fico presa ao seu olhar, ao seu sorriso conquistador e à sua prepotência sobre os outros, em mim, principalmente.
< Nada nos irá separar. Estaremos juntos para sempre. Eu amo-te e não te quero perder. Rega bem o caminho do nosso amor e nada nos vai separar: Diz ele com uma segurança que me deixa perplexa. Hoje sei que " o regar do caminho do nosso amor" nada mais era do que lhe dar sempre o que ele quisesse. Neste dia não percebo e digo com toda a minha inocência:- Mas eu rego com muito carinho e amor.
- Então não te esqueças disso. Rega e terás sempre o meu amor.
Neste dia não entendo o que ele quer dizer, mas fico com mais receio, ainda.
Entretanto chega a hora do almoço. Vamos almoçar num restaurantezito ali perto. Olho e vejo que é " Flor da estação".
Já no restaurante, sentamo-nos numa mesa ao canto. Isolada e só nossa. Ele diz que é "o nosso cantinho" visto termos estado aqui no dia dos meus anos.
Eu peço, apenas uma sopa. Vem caldo verde. Eu não tenho fome e a comida custa a ir para baixo. Ao invés, ele pede uma grelhada mista e come com apetite, gozando-me. Eu não ligo e fico, ainda, mais nervosa.
Volta, outra vez, a falar no casamento. Ele quer envolver-me numa mentira que não tem pernas para andar. Claro que não acredito numa única palavra. Até me alheio e penetro nos meus pensamentos de medo e rejeição que ele me fará num período próximo. Eu sinto isso. E ainda mais quando ele afirma categoricamente:- Apenas há uma coisa que me fará afastar de ti.
Fico de olhos esbugalhados a olhar para ele e pregunto com a maior ingenuidade:- Que é? As tuas filhas?
- Não! A presença de outro homem entre nós dois.
Rio com um rizo amarelo e respondo:- Mas tu sabes que isso não vai acontecer!!! Jamais me envolverei com mais ninguém! Dei um mau passo contigo a não volto a dar outro. Nem vestido a ouro. Jamais isso vai acontecer.
- Então não te esqueças disso e rega o caminho do nosso amor.
Pois, ainda, mais confusa fiquei. Só percebi mais tarde quando me impôs um amante que nem sequer eu o conhecia. Vim a saber, mais tarde, que a mulher do dito senhor era natural de uma terra próximo da minha. Mas isto fica para mais tarde. Afinal deixei de lhe dar dinheiro ou bens materiais e ele achou, por bem, arranjar-me um amante para ter um motivo para me deixar.
Neste momento fico muito receosa. Ele é muito astuto e inteligente para arranjar seja o que for. Penso no que ele engendrou aquando da mensagem deixada no telemóvel que deu à mulher.
Fico receosa e os meus olhos começam a deixar cair lágrimas de desilusão. Tenta acalmar-me e dizer que isso não vai acontecer por que ele acredita muito em mim.
Limpo as lágrimas. Saio para a rua e ele acompanha-me. Damos umas voltas por ali. Ele mostra-me algumas ruas de Alcântara. O meu coração está muito negro e magoado. Não tenho olhos para o encarar. Beija muito os meus lábios e tenta apagar a má impressão que os meus olhos mostram.
Quando ele fala, intensamente, no nosso casamento, eu digo que nunca mais vou à minha terra. Tenho vergonha! Ele remata que quer conhecer as minhas origens e passear comigo para que toda a gente perceba o quanto me ama. Eu penso:- Grande mentira. Jamais casarás comigo. Eu não quero deixar o meu marido e tu não queres deixar a  tua mulher e as tuas filhas.
Deixo-me rir com a grande imaginação que ele tem. Ele é sumptuoso a arranjar mentiras e calúnias em milionésimos de segundo.
O tempo passa tão lentamente que me confunde. Quero sair dali. Esquecer aquela palhaçada e começar uma vida nova. Ele continua a divagar nos seus sonhos imbuídos de uma falta de princípios para com o próximo, eu.
Chega, então, a hora por mim tão esperada. Ele faz questão de me acompanhar até ao Areeiro. Ei digo que não vale a pena. Vou bem sozinha. Mas ele explica que será melhor apanhar o comboio aí. Depois eu pergunto:- Mas afinal que estiveste a fazer aqui, se passaste o dia comigo?
- Trabalhei desde cedo e acabei por acabar o serviço para estar contigo. Ora diz-me lá se eu não te amo?
Não tem respondo. Não faz sentido. Fico calada enquanto ele me acaricia e me beija como se, realmente, fosse um grande, grande amor.
Chegamos ao Areeiro. Levanta-se e beija-me com muito entusiasmo. Volta-se para mim e diz com uma grande lata:- Não vou jantar. O serviço vai ser longo. Beijinho e fica bem. Boa viagem.
Olho com olhos que não veem. As portas abrem-se e ele sai para o meu da multidão.
Faço a viagem em silêncio. Não penso nada. Não tenho coragem de pensar naquilo que foi uma grande banhada para mim.
Chego a casa antes do meu marido. Neste dia não houve nenhuma mensagem nem MSN.








sábado, 26 de novembro de 2016

Uma visita!

            Domingo, 19 de Junho de 2005


Esta é uma imagem da grande falésia que se vê quando vamos do Faial para São Jorge. A visita aqui fi-la de barco. Pleno Atlântico. A bombordo vi baleias encantadoras. Fizeram um espetáculo.


É  um Domingo cheio de calor. Eu tomo banho e visto-me a preceito. Vou visitar a minha sogra e o almoço é lá.
Quando vamos no caminho, oiço o tocar de uma mensagem a chegar. Percebo que é do Pedro. Aquele toque só podia ser dele. Eu não recebo mensagens de mais ninguém. A minha filha telefona todos os dias, mas fá-lo à noite e naquele dia sabia que o almoço era em casa da avó paterna.
Não vejo logo para não chamar a atenção do meu marido, mas fico empolgada. O que será que me quer transmitir? Pensei que fosse um desabafo magoado por eu não ter ido ao pc no dia anterior. Quando estamos quase a chegar eu sei que vou ficar sem rede, por isso vejo a mensagem.

10h17m12s

< Bom dia meu AMOR. Tenho SAUDADES  tuas. Beijinho para o dia passar mais depressa. >

Respondo à pressa e deixo o telemóvel no silêncio. Sei que daqui a pouco deixo de ter rede e ele não me incomoda mais. Naquele momento sinto-me tão culpabilizada que nem quero olhar para o meu marido. Neste tempo, o meu marido, não me dá muita importância e eu vivo na sombra. Talvez por isso me envolvo com o Fernando Pedro pois nele encontro o carinho e a atenção que não tenho em casa.
Se bem que isso não serve de desculpa para o que estou a fazer. Mas baseio-me nisso para não sentir a consciência pesada. Olho para o pinhal, com uma sombra luxuriante, e digo como se nada se tivesse passado:- Nestes dias até dá gozo passar uma tarde debaixo desta sombra frondosa. Não achas? >
Meu marido responde um lacónico "sim" e embrenha-se nos seus pensamentos.
O dia decorre normalmente.

Pelas 18h horas estamos a lanchar com a maior calma do mundo. Eu em silêncio e o meu marido e o meu sogro falam de bola e outras coisas que não oiço. A minha sogra pergunta-me se eu estou bem. Aceno com a cabeça e não falo por que estou  triste.

Vamo-nos embora e fazemos as despedidas.
Já no regresso, o telemóvel dá sinal a dizer que tenho rede. Não faço o menor esforço para olhar para ele. Chegou ao mesmo tempo uma mensagem do Pedro Marques.

Já em casa, subo ao primeiro andar para dar uma espreitadela. A curiosidade é mais forte que eu. A mensagem foi enviada às

17h00m36s

< Como está o meu AMOR? Ela está de folga hoje. Tenho muit SAUDADES TUAS. Parece que o tempo parou, nunca + chega o dia de amanhã. beij doces ADORO-TE. AMO-TE MUITO. >

À noite não me envia nada e nem vamos ao MSN.




quarta-feira, 23 de novembro de 2016

A consciência Grita de dor!



Esta é uma foto tirada do santuário Da cidade Praia de Vitória.

É muita linda esta cidade e encerra muita história da nossa navegação e não só.

Sábado, 18 de Junho de 2005

É um Sábado muito quente. Meu marido foi trabalhar. Estou só. Fico na cama a pensar na minha situação. Por um lado, tenho a minha consciência a ferver de indignação e por outro, tenho o Pedro que se tem mostrado tão amoroso que eu não sei por qual optar. Faço uma breve introspeção e vejo que ando por caminhos errados nunca antes pisados por mim. É uma caminhada sinuosa, uma caminhada perigosa que eu não quero continuar. Mas no outro prato da balança estão momentos maravilhosos, momentos únicos que o Pedro me fez passar. Estou indecisa. Meu coração bate fortemente. Estou agitada. Mexo e remexo-me na cama com uma inquietude que me faz  vómitos. Corro para a casa de banho e debruço-me. Não vomito e tenho uma reação de repulsa que começo a chorar compulsivamente. As lágrimas caem em turbilhão pelas minhas faces sem cor. Nisto oiço uma mensagem a entrar no meu telemóvel. Fico em silêncio com receio que alguém oiça as minhas lágrimas a cair. Tenho algum alento e levanto-me devagar. Como uma autónoma, sigo em direção ao quarto. Pego o telemóvel e vejo no monitor uma mensagem do Pedro. Olho o relógio que marca 09h02m43s. Leio com receio e muito intuspecta a mensagem do Pedro.


  Meu Grande Amor bom dia. Dormistes bem? Tenho saudades dos teus Bjs. Estás só? Os meus Bjs vão adoçar o teu pequeno almoço.>

Ali fico, com o telemóvel na mão, a olhar para o nada. Não sei como reagir. Ele ataca a minha vulnerabilidade. Não sei se hei de responder ou ficar em silêncio. As minhas pernas tremem, o meu corpo parece uma vara em que o vento bate e a faz mover com violência. Sento-me na cama e coloco a cabeça entre as minhas mãos. Continuo a chorar baixinho com receio que ele oiça para lá do telemóvel. Tomo uma resolução. Não é a mais apropriada, mas aquela que grita um coração que se contorce com dores. Vou responder- Penso eu. Vou tomar banho e deixo que a água percorra o meu corpo como um animal solto que vagueia pelo campo  e se sente aliviado. Sinto que foi a decisão mais adequada para a ocasião. Ele fazia parte da minha vida e não, não o podia deixar.

Mais tarde, eram 16h02m20s o telemóvel volta a vibrar.

< Tenho muitas saudades tuas dos teus Bjs e da tua doce companhia. Vai ao pc. Bjs. >

Fui ao MSN. Falámos muito e disse-lhe que tinha a consciência pesada pelo que estava a acontecer. Mas ele alardeou para outros caminhos. Falou, novamente, no casamento. Disse que casávamos logo que ele tivesse as contas arrumadas do apartamento que tinha à venda em Rio de Mouro. Era um sétimo andar. Fiquei sem argumentos. Todavia, sabia perfeitamente que NUNCA haveria casamento. Saí mais confusa do que os fios que põem a televisão a trabalhar.

O meu marido chegou e eu esqueci as minhas dúvidas.

Eram 17h45m12s quando o meu telemóvel tocou. Fui para o primeiro andar. Ele estava a queimar o resto da mobília da cozinha antiga. Nada era para apaziguar o meu espírito. Estava tão perturbada que esqueci todo o conteúdo da nossa converseta ( como ele costumava dizer ).

23h11m37s

< Dorme bem meu AMOR. Até amanhã. Sonha comigo. Bjs doces de mel. >







terça-feira, 22 de novembro de 2016

Desconfiança!



Eis a foto que retrata a entrada de Angra do Heroísmo. É conhecida pelas suas touradas de corda. 

Sexta,17 de Junho de 2005

Mais um dia que venho relatar o quanto enganada eu estava em relação ao Fernando Pedro Cachaço Marques.
Depois de um dia maravilhoso que me dera no dia dos meus anos, eu nem queria pensar que ele era calculista. Tinha sido um dia maravilhoso e proporcionara-me ter uma visão diferente a respeito do comportamento do Pedro.
Afinal estava muito longe da realidade, mas continuei cega e só enxergava o que ele queria que eu visse.

Pela manhã, como hábito, lá estava o telefone a tocar:

08h34m12s

- Faz favor!?
- Sou eu, Meu Amor. Nem dormi a pensar no dia maravilhoso que tivemos.
- Bom dia!!! Dormiste bem? Pelo visto, não...
- Acordava a pensar que estavas nos meus braços. Era cá um mal estar...Ela até notou e perguntou se eu estava bem. Claro que não lhe ia dizer o que tinha, né!?
- Eu dormi. Estava cansada.
- Como? O que te fez ele? Fizeram amor? Não respondas. Não quero saber para não sofrer...
- Mas eu vou dizer. Nada de mal. Deu-me  uma placa com uma frase muito bem concebida. Fomos jantar fora e nada mais...
- Estás a falar a sério?
- Nunca te menti. Com ele não faço amor faz tempo.
- É que eu quero casar contigo e ser eu o senhor de tudo o que é teu..
- De tudo o que é meu? Como assim? Não entendi.
- Não é isso que estás a pensar. A tua filha é tua herdeira. Certo? Eu só te quero a ti, a ti como pessoa maravilhosa que és.
- Ah! Não compreendi.
- Não ando contigo pelo que tens.
- Pois! É que neste momento não tenho nada. Olha, já agora uma pergunta!  ( Agora que estou quase pobre, tu ainda gostas de mim? )
- Isso nem tem resposta, mas vou responder... Quando te conheci, não sabia que eras rica e o que é teu, em bens materiais, continua a ser teu e da tua filha. Eu amo-te pela pessoa que és e não pelo que possas ter ou não ter. Se eu fosse um canalha, já tinha dado o golpe do baú e isso está fora da minha pessoa. O dinheiro que te pedi, vou-te pagar até ao último cêntimo.
- Já tinhas dito a última parte. Um dia perguntaste-me se eu não tinha medo de andar com um homem que não conhecia de lado nenhum! Respondi que o tempo o diria. E, sendo assim, esperemos até ver.
- Não sou nenhum canalha. Também tenho sentimentos e amo-te. Acreditas?
- Até agora, não tenho razão para ter medo...
- És mesmo desconfiada... Eu quero casar contiiiiiiiiiiiiiigo. Acabou a conversa.
- Ok! A ver vamos, como dizem os cegos.
- Espero que isto fique bem claro. Ponto final.
- Hum! Não precisa de fazer beicinho!
- É que a tua desconfiança faz-me mal... Pensa como seremos felizes daqui a um tempo...
- Pronto. Já cá não está quem falou.
- Ficas bem disposta?
- Fico. Já viste ao tempo que estamos a conversar?
- Pois e eu tenho os homens à espera para irmos para Alcântara. Beijoquinhas muito doces. Posso falar logo?
- Não... Tenho cá a Glorinha.
- Falamos no MSN.
- Até logo. Beijinhos.

13h20m10s

< Meu AMOR. Já almoçou? Eu estou a acabar de almoçar. Logo falamos no MSN. Beijocas de mel. >

18h09m01s

< Meu AMOR vou pa casa. Estou muito cansado. Beijocas e inté...>

21h56m45s

< Não vieste ao MSN. Ele está contigo? Beijocas e sonha comigo. AMO-TE. >

E assim terminou mais um dia em que ele disse uma série de mentiras. Só que eu não ouvia nem via....


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O Dia dos meus anos!



A foto foi tirada numa fajã, nos Açores. Acho que é a Fajã do Olviedo...

Quinta, 16 de Junho de 2005

Era o dia dos meus anos. Acordei cedo. Meu marido deu-me os parabéns. Disse-me que tinha um presente para mim que eu nunca mais esqueceria. Mas não frisou o que era.
Fiquei a magicar o que seria o presente do Pedro. Tinha referenciado que era algo que eu gostaria muito... Mas, vindo dele, não fazia mesmo ideia de nada. Pelas 09h da manhã estava na estação dos comboios. Estava impaciente. Tinha receio do que iria encontrar. Ele fazia com que, a mais incrédula, acreditasse nas suas mentiras e falsidades com a maior ingenuidade. Eu era uma balança. Ora pendia para o recear, ora amava-o muito. Nada fazia sentido na minha vida.
Estava ainda na estação, quando recebi uma mensagem dele a dizer que sabia onde eu me encontrava. Olhei em redor. Ele gostava de me fazer surpresas. Aparecia nesta ou naquela estação e sentava-se ao meu lado. Eu ficava dividida. Pensava que ele gostava mesmo de mim. Mas gostou tanto de mim como de todas as mulheres com quem se relacionou. Porém não o vi. Uns homens trabalhavam na estação e eu fiquei pensativa. Não respondi. Entrei para o comboio e sentei-me num lugar vazio. Ninguém se sentou ao pé de mim. Ainda mais intrigada fiquei.
Fui, como combinado, até à estação de Alcântara. Lá estava ele. Imponente e majestoso a acenar-me.
Desci e fui recebida por uma efusão descontrolada de beijos e carinhos. Sussurrava, ao meu ouvido, palavras de sonho. Aquelas palavras que uma mulher carente gosta de ouvir. Já tinha desaparecido o meu receio. Reinava entre nós uma acalmia que nunca tinha sentido antes. Lá me foi dizendo que, uns colegas que estavam a trabalhar na estação, me tinham visto e tinham comunicado com ele. <É para veres o quanto eu te amo. Não tenho medo de dizer a toda a gente que és a minha amada e, se possível, mulher, se o desejares tanto como eu. >
Para onde ele estava a caminhar? Eu e ele sabíamos que isso não era verdade. E principalmente ele que não fazia ideia porra nenhuma de casar comigo, mas sim ludibriar-me. Nada acrescentei. Era o dia dos meus anos. Não queria discutir, mas curtir um dia maravilhoso.
O Mercedes dele estava estacionado a curta distância. Abriu a porta e eu entrei como se aquilo fosse muito estranho para mim.
Percorri ruas e avenidas que eu não conhecia. Quando dei por mim, estava num local que nem imaginava que existia. Perguntei a medo... Ele disse que eram as Docas. Não sabia como eram. Fiquei extasiada a olhar. Muitos restaurantes dum lado e de outro. Olhei os preços e fiquei de queixo caído. Disse-me para escolher um. Como eu sabia que era eu a pagar, respondi que ainda era cedo e que me levasse a ver as Docas que eu não conhecia. Foi a primeira e a última vez que ali estive.
Começámos a andar em direção ao Tejo. Eu não imaginava o que iria ver nem como lhe chamavam.
O Pedro Cachaço Marques encostou-se ao pilar que continha uma estrutura da ponte. Eu olhei para cima e ele disse-me:
-Vês a ponte lá em cima? A isto chama-se a "cueca da ponte". Já podes dizer que estiveste aqui.
Entretanto ia-me dando beijos muito calorosos. Eu estava nervosa.
E assim chegou a hora do almoço.
Resolvi que não almoçávamos ali. Fomos, então, para um restaurante onde iam trabalhadores por ser excessivo barato. Era em Alcântara. Possivelmente já seu conhecido.
O almoço foi peixe frito com arroz e uma salada sem pepino porque eu não gostava.
Saímos e fomos até Entrecampos. Antes de sairmos do carro, ele deu-me um envelope com um cartão onde se podia ler:

<Para a mulher que eu amo mais, adoro e quero que se case comigo. Estarás sempre no meu coração. Espero que eu também esteja no teu. Parabéns meu AMOR, minha VIDA, meu Sonho. Que este seja o de muitos anos passado juntos.
Do teu, sempre teu- Pedro Marques.

Fiquei tão vaidosa que não soube dizer mais nada. Do porta luvas do carro tirou uma echarpe muito linda em tons amarelos e vermelhos e uns brincos da mesma cor. Disse que eram banhados a ouro. Mas vim a saber que não. O marido de uma colega minha disse que não havia banho nenhum. Eu fiquei emocionada. Abracei-o e dei-lhe muitos beijinhos.
A despedida foi dolorosa. Naquele dia tinha tocado o meu coração. Já não pensei que ele queria o meu dinheiro. Isso era passado.

Já no comboio recebi a seguinte mensagem:

17h23m18s

Meu amor foi um dia lindo. Vamos ter mais assim quando nos casarmos. Beijoquinhas loucas. >

Vim triste para casa. Mas era o melhor a fazer. O dia já tinha terminado com as maravilhas do amor.
Todavia, eu não imaginei o que me esperava em casa. Meu marido deu-me uma placa onde se lia:

< Amei-te no passado, amo-te no presente e se o futuro deixar amar-te-ei eternamente. >

Para mim foi a prova mais linda de amor que o meu marido me deu. Marejaram-se-me os olhos e reconheci que estava no caminho errado. Afinal eu amava o meu marido.
Fomos jantar fora e levou-me a um restaurante chique. Comparei os dois. A balança pendia para o lado do meu marido.

sábado, 19 de novembro de 2016

O dia antes dos meus anos!

Quarta, 15 de Julho de 2005


Escrevo as minhas memórias contigo, Fernando Pedro Cachaço Marques, como se fosse um romance. Mas não um romance daqueles que se escrevem sem um motivo. Um romance que se pega numa frase e faz-se dela o que quer. Isto foi verídico e, só Deus sabe, o quanto me dói. Dói porque me deixei levar pelas tuas doces mentiras. Mentiras tão sinceras que pareciam ser a verdade pura de um homem que sente o que está a transmitir. Porém, és um mentiroso nato. Enganas até o próprio diabo.

Neste dia o meu marido ficou em casa. Não sem um motivo. Ficou porque tinha que fazer na base de Alcochete.
Enviei mensagem a dizer isso. Não queria um telefonema com o meu marido em casa.
Enviou a seguinte mensagem:

08h36m29s

< Bom dia meu Amor...Ok. Qd poderes ( erro. Será que já escreves melhor? ) liga-me. Beijoquinhas doces. >

Eu tinha dito que andava numa advogada por causa dos levantamentos elevados que o meu marido fazia da nossa conta bancária. Não era verdade! Mas já me tinha precavido para que o Fernando Pedro não me pedisse mais dinheiro.

12h42m28s

< Amor ele queria ficar em casa para dar volta à tua papelada. Esconde os teus papeis todos. Beijocas doces. >

Não era verdade! Mas eu tinha que me precaver. Receava que ele me fizesse mais pedidos de dinheiro...

15h37m54s

< Amor amanhã vens ter comigo? Quero estar contigo nos teus anos. Vem até Alcântara... Beijos só nossos. >

Não nos dissemos mais nada neste dia. Era como se o mundo tivesse acabado...







sexta-feira, 18 de novembro de 2016



Terça, 14 de Junho de 2005

Aqui está uma imagem muito bonita. Foi tirada do nosso avião quando vínhamos de Itália.

A vida de avó é muito significante. Também é rotulada de " segunda vida ". Não a vejo assim. Talvez a nossa vida verdadeira. Aquela vida que  nos faz sentir meninas e fazemos às netas aquilo qua não fizemos aos filhos.
Assim sendo, ela faz-nos desviar de muitos propósitos que tínhamos acalentado.
Estive com as minhas netas durante este dias. A minha filha saiu  em trabalho e só regressou na Quarta. Tive que passar o testemunho e fazer valer os meus direitos de avó.

Hoje volto a escrever. E não penses, não, Fernando Pedro Cachaço Marques que me esqueci.
Ainda muita tinta há de correr debaixo da ponte.
Sei  que o teu destino já não é feliz por se encontrar com o meu,  não vais estar no céu quando me sentires por perto, mas vais dizer coisas lindas às tuas novas conquistas.
Não tenho nada que ver com isso, dizes tu, e dizes bem. O que me interessa é descrever o canalha que és e que sempre serás.

Pois bem, naquele dia de Junho a vida continuou como antes. Estavas desejoso, ou pelo menos mostraste isso quando me escreveste a seguinte mensagem:

08h 25m58s

<Meu Amor de ontem de hoje e de amanhã posso telefonar? Estou ansioso por ouvir a tua vós. AMO-TE muito. ( Conversa fiada. O dinheiro já lá cantava!!! )
>

Pouco depois telefonaste. Eram:

08h 34m21s

- Estou sim, por favor?
- Meu amor como ansiava por isto. Pensava que já me tinhas esquecido.
- Pensavas? Porquê? Ao menos "bom dia para ti também ".
- Desculpa. Bom dia. Já não sabia o que pensar. Muito tempo sem nos falarmos. Ainda me matas de coração...
- Mato? Que engraçado.... E tu o que me fazes? Já pensaste nisso?
- Sou o teu pequeno almoço. Sou tudo para ti. Mete na tua cabeça que  eu Teeeeeeeeeeee Amooooooooo Muitoooooo.
- Demonstra-o.
- Ainda queres mais?! Eu quero casar contigo e ficar para sempre junto a ti... Escreve o que eu te digo.
- Ai, ai, Pedro...Andas a ver muitos filmes ou queres que eu acredite no que dizes? Um dia dás-me um pontapé e lá vou eu para o baú do esquecimento...
_ Tinhas que estragar a minha alegria por te ouvir. Mas só queria mesmo ouvir-te. Agora que já matei o desejo vou trabalhar. Fazer alguma coisa ao homenzinho.
- Tens sempre uma maneira airosa de te redimires. Até logo, então.
- Beijinhos, muitos, nesses lábios vermelhinhos.

Neste dia ia tendo um acidente de carro. Fui ao Modelo e no regresso, um fulano, ia-me enviando para o outro lado. Enviei-lhe uma mensagem a dizer isso e que estava muito nervosa.

11h45m13s

< Meu amor de ontem de hoje e de amanhã não te quero perder. Reprezentas muito para mim. Não esteja nervosa. Eu amo-te. >

Da parte da tarde, recebi uma mensagem muito estranha, mas que me fez pensar duas vezes:

16h54m27s

< Meu amor vou ao fogueteiro e já não volto por aqui. Não vou ao MSN. Beijocas >

Fiquei apática e pensei que ele era mesmo o maior biltre de sempre.  Mas não me surpreendi. E não dei resposta.

21h59m57s

< Amor estou no MSN. Afinal ela está a trabalhar. Beijoquinha. >

Estava a ver um filme e nem me mexi. Ficou à espera. Também não enviei mensagem de boa noite....





quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Último dia em Santa Maria da Feira!


Segunda, 13 de Junho de 2005




Em primeiro lugar, quero pedir desculpa por só hoje entrar e escrever sobre a minha vida aquando andei com o Fernando Pedro Cachaço Marques. Estive nos Açores onde visitei as ilhas centrais. Foram dias maravilhosos!  Coisas lindas que as ilhas têm. Ainda havia hortênsias, muito azuis, que extasiavam o nosso olhar.
Ainda não tive tempo de colocar as fotos lindas que tirei.
Também estive na Itália com um carro alugado. Desta vez não fomos para hotel. Através de conhecimentos da minha filha, alugámos uma casa linda nos arredores de Milão. Estávamos lá quando houve aqueles sismos. Nada nos aconteceu e regressámos sãos e salvos com muitas recordações na bagagem.


Para me remontar ao dia que mencionei no início, tenho que transcrever tudo o que se passou. 


Como disse, estava em Santa Maria da Feira. O Pedro não sabia onde me encontrava. Não tinha que saber tudo da minha vida.
Estávamos a tomar o pequeno-almoço quando o telemóvel deu sinal de mensagem a chegar. Fiquei impávida e serena e continuei a tomar o pequeno-almoço  como se  nada tivesse acontecido.
Meu marido viu a minha serenidade, mas nada comentou.

Eram 09h32m12s

< Bom dia meu AMOR. Já acordou? Ele não sai? Tenho saudades tuas e queria ouvir a tua voz. Bjs  quentes de mel >

Não respondi. Fui a uma feira na cidade. Era o meu último dia e queria aproveitá-lo da melhor maneira.
Não ouvi a mensagem a chegar, mas ela chegou.

11h45m27s

< Meu AMOR responde, estou nervoso. O que se passa? Beijocas doces. >

Só respondi depois do almoço. Nada de alarme. Já tínhamos deixado o Inatel e viajávamos a caminho de casa.

16h31m19s

< AMOR mio ele está em casa? Quero ouvir a tua voz estou, cheio de saudades. Beijoquinhas grandes. >

Disse que o meu marido estava em casa.

18h56m59s

< Vou a casa da mãe Laura. Se poderes telefona. Bjs kentes. >

21h12m53s

< Amor estou no MSN. podes vir? Bjs. >

22h02m56s

< Hoje foi um dia tramado. Não sei o que se passa contigo. Dorme bem, Bjs meu AMOR. >