terça-feira, 29 de novembro de 2016

Encontro em Alcântara Terra!



Esta foto é de um restaurante da terra Natal de Fernando Pedro Cachaço. Estive aqui na altura da semana de gastronomia.

Segunda, 20 de Junho de 2005

Era o primeiro dia da semana. Um dia que acordou escaldante, cheio de vida e muito emotivo.

08h01m29s

< Amor vem ter comigo a Alcântara. Estou aqui de serviço quero estar contigo. Beijoca docinha. >

Fico surpresa com o convite. Não  estava marcado. Porém, saio da cama e tomo banho. Visto-me com roupas leves. O dia está quente. Não sei o que se vai passar. Mas lá vou no comboio da manhã. Este vem atrasado, mas não me incomodo. Chega bem o tempo que estou com ele. Continuo com reticências a respeito do Pedro. Há algo nele que me deixa confusa.
Chego a Alcântara perto das 10h e 30m. Ele está ali à minha espera. Como sempre, mostra-se muito seguro do seu "eu".  Pelo contrário, não me sinto à vontade. Estou deslocada e com receio.
Uma receção muito aparatosa e eloquente. Fico apreensiva. O Pedro pergunta-me o que ensombra o meu espírito. Digo-lhe que tenho receio destes encontros. Que ele nunca mais me irá querer num futuro próximo. Ele insiste que eu sou masoquista. Gosto de sofrer por coisas que não existem. Aperta-me contra o seu peito e beija-me euforicamente. Fico presa ao seu olhar, ao seu sorriso conquistador e à sua prepotência sobre os outros, em mim, principalmente.
< Nada nos irá separar. Estaremos juntos para sempre. Eu amo-te e não te quero perder. Rega bem o caminho do nosso amor e nada nos vai separar: Diz ele com uma segurança que me deixa perplexa. Hoje sei que " o regar do caminho do nosso amor" nada mais era do que lhe dar sempre o que ele quisesse. Neste dia não percebo e digo com toda a minha inocência:- Mas eu rego com muito carinho e amor.
- Então não te esqueças disso. Rega e terás sempre o meu amor.
Neste dia não entendo o que ele quer dizer, mas fico com mais receio, ainda.
Entretanto chega a hora do almoço. Vamos almoçar num restaurantezito ali perto. Olho e vejo que é " Flor da estação".
Já no restaurante, sentamo-nos numa mesa ao canto. Isolada e só nossa. Ele diz que é "o nosso cantinho" visto termos estado aqui no dia dos meus anos.
Eu peço, apenas uma sopa. Vem caldo verde. Eu não tenho fome e a comida custa a ir para baixo. Ao invés, ele pede uma grelhada mista e come com apetite, gozando-me. Eu não ligo e fico, ainda, mais nervosa.
Volta, outra vez, a falar no casamento. Ele quer envolver-me numa mentira que não tem pernas para andar. Claro que não acredito numa única palavra. Até me alheio e penetro nos meus pensamentos de medo e rejeição que ele me fará num período próximo. Eu sinto isso. E ainda mais quando ele afirma categoricamente:- Apenas há uma coisa que me fará afastar de ti.
Fico de olhos esbugalhados a olhar para ele e pregunto com a maior ingenuidade:- Que é? As tuas filhas?
- Não! A presença de outro homem entre nós dois.
Rio com um rizo amarelo e respondo:- Mas tu sabes que isso não vai acontecer!!! Jamais me envolverei com mais ninguém! Dei um mau passo contigo a não volto a dar outro. Nem vestido a ouro. Jamais isso vai acontecer.
- Então não te esqueças disso e rega o caminho do nosso amor.
Pois, ainda, mais confusa fiquei. Só percebi mais tarde quando me impôs um amante que nem sequer eu o conhecia. Vim a saber, mais tarde, que a mulher do dito senhor era natural de uma terra próximo da minha. Mas isto fica para mais tarde. Afinal deixei de lhe dar dinheiro ou bens materiais e ele achou, por bem, arranjar-me um amante para ter um motivo para me deixar.
Neste momento fico muito receosa. Ele é muito astuto e inteligente para arranjar seja o que for. Penso no que ele engendrou aquando da mensagem deixada no telemóvel que deu à mulher.
Fico receosa e os meus olhos começam a deixar cair lágrimas de desilusão. Tenta acalmar-me e dizer que isso não vai acontecer por que ele acredita muito em mim.
Limpo as lágrimas. Saio para a rua e ele acompanha-me. Damos umas voltas por ali. Ele mostra-me algumas ruas de Alcântara. O meu coração está muito negro e magoado. Não tenho olhos para o encarar. Beija muito os meus lábios e tenta apagar a má impressão que os meus olhos mostram.
Quando ele fala, intensamente, no nosso casamento, eu digo que nunca mais vou à minha terra. Tenho vergonha! Ele remata que quer conhecer as minhas origens e passear comigo para que toda a gente perceba o quanto me ama. Eu penso:- Grande mentira. Jamais casarás comigo. Eu não quero deixar o meu marido e tu não queres deixar a  tua mulher e as tuas filhas.
Deixo-me rir com a grande imaginação que ele tem. Ele é sumptuoso a arranjar mentiras e calúnias em milionésimos de segundo.
O tempo passa tão lentamente que me confunde. Quero sair dali. Esquecer aquela palhaçada e começar uma vida nova. Ele continua a divagar nos seus sonhos imbuídos de uma falta de princípios para com o próximo, eu.
Chega, então, a hora por mim tão esperada. Ele faz questão de me acompanhar até ao Areeiro. Ei digo que não vale a pena. Vou bem sozinha. Mas ele explica que será melhor apanhar o comboio aí. Depois eu pergunto:- Mas afinal que estiveste a fazer aqui, se passaste o dia comigo?
- Trabalhei desde cedo e acabei por acabar o serviço para estar contigo. Ora diz-me lá se eu não te amo?
Não tem respondo. Não faz sentido. Fico calada enquanto ele me acaricia e me beija como se, realmente, fosse um grande, grande amor.
Chegamos ao Areeiro. Levanta-se e beija-me com muito entusiasmo. Volta-se para mim e diz com uma grande lata:- Não vou jantar. O serviço vai ser longo. Beijinho e fica bem. Boa viagem.
Olho com olhos que não veem. As portas abrem-se e ele sai para o meu da multidão.
Faço a viagem em silêncio. Não penso nada. Não tenho coragem de pensar naquilo que foi uma grande banhada para mim.
Chego a casa antes do meu marido. Neste dia não houve nenhuma mensagem nem MSN.








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