quarta-feira, 23 de novembro de 2016

A consciência Grita de dor!



Esta é uma foto tirada do santuário Da cidade Praia de Vitória.

É muita linda esta cidade e encerra muita história da nossa navegação e não só.

Sábado, 18 de Junho de 2005

É um Sábado muito quente. Meu marido foi trabalhar. Estou só. Fico na cama a pensar na minha situação. Por um lado, tenho a minha consciência a ferver de indignação e por outro, tenho o Pedro que se tem mostrado tão amoroso que eu não sei por qual optar. Faço uma breve introspeção e vejo que ando por caminhos errados nunca antes pisados por mim. É uma caminhada sinuosa, uma caminhada perigosa que eu não quero continuar. Mas no outro prato da balança estão momentos maravilhosos, momentos únicos que o Pedro me fez passar. Estou indecisa. Meu coração bate fortemente. Estou agitada. Mexo e remexo-me na cama com uma inquietude que me faz  vómitos. Corro para a casa de banho e debruço-me. Não vomito e tenho uma reação de repulsa que começo a chorar compulsivamente. As lágrimas caem em turbilhão pelas minhas faces sem cor. Nisto oiço uma mensagem a entrar no meu telemóvel. Fico em silêncio com receio que alguém oiça as minhas lágrimas a cair. Tenho algum alento e levanto-me devagar. Como uma autónoma, sigo em direção ao quarto. Pego o telemóvel e vejo no monitor uma mensagem do Pedro. Olho o relógio que marca 09h02m43s. Leio com receio e muito intuspecta a mensagem do Pedro.


  Meu Grande Amor bom dia. Dormistes bem? Tenho saudades dos teus Bjs. Estás só? Os meus Bjs vão adoçar o teu pequeno almoço.>

Ali fico, com o telemóvel na mão, a olhar para o nada. Não sei como reagir. Ele ataca a minha vulnerabilidade. Não sei se hei de responder ou ficar em silêncio. As minhas pernas tremem, o meu corpo parece uma vara em que o vento bate e a faz mover com violência. Sento-me na cama e coloco a cabeça entre as minhas mãos. Continuo a chorar baixinho com receio que ele oiça para lá do telemóvel. Tomo uma resolução. Não é a mais apropriada, mas aquela que grita um coração que se contorce com dores. Vou responder- Penso eu. Vou tomar banho e deixo que a água percorra o meu corpo como um animal solto que vagueia pelo campo  e se sente aliviado. Sinto que foi a decisão mais adequada para a ocasião. Ele fazia parte da minha vida e não, não o podia deixar.

Mais tarde, eram 16h02m20s o telemóvel volta a vibrar.

< Tenho muitas saudades tuas dos teus Bjs e da tua doce companhia. Vai ao pc. Bjs. >

Fui ao MSN. Falámos muito e disse-lhe que tinha a consciência pesada pelo que estava a acontecer. Mas ele alardeou para outros caminhos. Falou, novamente, no casamento. Disse que casávamos logo que ele tivesse as contas arrumadas do apartamento que tinha à venda em Rio de Mouro. Era um sétimo andar. Fiquei sem argumentos. Todavia, sabia perfeitamente que NUNCA haveria casamento. Saí mais confusa do que os fios que põem a televisão a trabalhar.

O meu marido chegou e eu esqueci as minhas dúvidas.

Eram 17h45m12s quando o meu telemóvel tocou. Fui para o primeiro andar. Ele estava a queimar o resto da mobília da cozinha antiga. Nada era para apaziguar o meu espírito. Estava tão perturbada que esqueci todo o conteúdo da nossa converseta ( como ele costumava dizer ).

23h11m37s

< Dorme bem meu AMOR. Até amanhã. Sonha comigo. Bjs doces de mel. >







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