segunda-feira, 19 de junho de 2017

Porta-te bem!







Estou de volta. Tive saudades vossas. Também sei que tiveram saudades minhas devidos aos e-mails que recebi. Mas o tempo balneário fez-me ir, com as crianças desfavorecidas, uns dias para a praia.  Foi gratificante. Adorei e as crianças são maravilhosas. Eu não queria terminar o meu turno. Porém, em Julho, lá vou com outro grupo. Pertenço ao voluntariado  de várias partes de Portugal. Precisam de pessoas e, eu, adoro crianças e poder fazê-las felizes.


Cá volto eu para escrever um pouco das memórias guardadas no meu diário.

Terça, 23 de Agosto de 2005

A minha vida começa a ficar muito densa. Sei que me cheira a pantominice a conversa do fisco. Todavia, eu nem sei que pensar. Há algo no ar que me induz em erro. Mas duma coisa tenho certeza: - As Mónicas já não são prisão  e nunca foram para homens.
Estou na cama com os braços por baixo da minha cabeça e os olhos fixos no tecto. Penso mil e uma coisa e tudo recai na conversa fiada que o Pedro me anda a fazer. Mas com que direito quer mais dinheiro? Tanto! E, se fosse mais modesto, diria que poderia pagar faseado. Mas não. É tão ambicioso que quer levar o dinheiro de uma só vez. Isso não tem cabimento.

Mas lá me levanto com a certeza que vou ter um dia daqueles...

08h34m18s

- Estou sim, por favor?
- Amor sou eu. Bom dia...
- Bom dia. Que se passa? Parece que estás a falar do fundo do poço. Que vozita é essa?
-  Nada de especial. Ando muito cansado
- E não podes tirar férias? Um ou dois dias...
- Não. Já tirei as férias deste ano. Agora só para o ano!
- Tu é que sabes!
- E da minha vida sei eu, estás certa... ( Silêncio absoluto ).
- Ainda estás aí? Parece que te eclipsaste.
- Foi só um pensamento.
- E posso saber que pensamento foi esse? Ou tens segredos comigo?
- Não, não tenho. Sou um livro aberto para ti. Sabes tudo da minha vida. Melhor que lá em casa.
- Ei! Não te cortes. Não será bem assim...
- Tu sabes que é.
- Não, não sei. Às vezes nem sei se andas pela cabeça ou pelos pés.
- Eh,eh,eh... Que engraçadinha. Vê lá se te cai um dente. Já viste alguém andar com a cabeça no chão?
- Já, no circo. Quando era pequena e quando ia com os miúdos.
- Pois, mas eu não sou palhaço...
- Não eram os palhaços, Pedro. Era uma senhora que punha uma rodilha na cabeça e descia escadas assim.
- Tens sempre saída. És uma inventona. ( Esta palavra não existe. Mas ele disse-a. )
- Inventor és tu. Arranjas sempre uma saída airosa e os outros que se lixem.
- A conversa já esteve melhor. Vou trabalhar. É para isso que me pagam. Inté!
- Adeus e porta-te bem.
- Tu é que te deves portar bem. Se andares na linha, ando contigo, se não andares, deixo-te.
- Olha que simpático. Nunca me portei mal e tu sabes disso.
- Um dia acontece. Beijinhos...
- Beijinhos e vê lá se és mais cavalheiro. Isso não se diz a uma dama.
- E ela pode-nos pôr os cornos e a gente cala-se.
- Olha não tenho conversa para ti... ( E desliguei o telefone abruptamente e muito chateada.

Fico a chorar qual Madalena arrependida. Por o ter conhecido e por me ter envolvido desta maneira. Mas eu sinto que o amo muito. Nem pensar em deixá-lo.

A manhã decorre numa melancolia tremenda. Como pode ele pensar uma coisa dessas a meu respeito? Eu sou-lhe fiel e longe de mim tal pensamento quanto mais consumá-lo.

Não almoço. Sinto-me triste e desolada. Não me disse mais nada e eu nem sei que fazer.

A Glorinha chega e eu vou com ela para conversar e aprender mais umas orações. Escrevo-as no computador. Dou uma espreitadela no meu mail, mas não há nada do Pedro. O mail está vazio. Isto é, tem coisas antigas do Pedro. Nada de novo.

15h45m49s

< Tenho que ir para casa. Ela telefonou a dizer que querem falar comigo. Serão das finanças? Eu depois digo. Beijokinhas doces. >

Aí fico eu sem saber o que pensar. Mas ele anda a enfiar-me um barrete ou é mesmo verdade? Mas verdade como? Ninguém lhe pode dizer que vai para as Mónicas!!! Já não existem e os advogados sabem disso. Que raio de advogada é aquela que não sabe? Ou que amigo da judiciária que também não sabe isso? E aqui fico eu numa confusão tremenda. Mas acalmo-me e vou para a biblioteca ler o livro que ele me emprestou de Robin Coock.

A Glorinha despede-se e eu continuo a ler muito entusiasmada com a doença de Parkinson... A doença da minha mãe.

Meu marido chega e, eu, estou tão entusiasmada com a leitura que me assusto quando ele fala. Ponho o livro de lado e desço para o segundo andar onde ele vai tomar banho para depois irmos jantar.

20h10m32s

< Amor mio era um casal que queria a casa de Rio de Mouro. Mas ela queria a sala com xis m2. Deu-me vontade de a mandar pró bilhar grande. Dorme bem e descansa. AMO-TE MUITO e tu sabes disso. Bjs só nossos. >

Nem fala em irmos ao MSN. Eu respondo, também, melada e esqueço a conversa da manhã...






3 comentários:

Rui Pires - Olhar d'Ouro disse...

A imagem é muito apelativa...
bj

Unknown disse...

Obrigada, Rui. Não é de minha autoria. Não sou como o Rui. Um zero à esquerda. Beijinho

Princesa disse...

Foto maravilhosa,um pôr do sol fantástico..O Pedro Sá sabe escolher muito em as suas fotos...rsrsr