quinta-feira, 22 de junho de 2017

Para onde fores, eu sei!





O Fernando Pedro Cachaço Marques sabe escolher bem as fotos e as mulheres com quem quer andar. As que são viúvas, carentes, divorciadas e aquelas que tem uma vida muito boa para lhe pagarem os seus luxos ou então lhe darem dinheiro.
Foi o que aconteceu comigo, consigo, com ela e com todas as outras. Nunca escolheu uma empregada de balcão, de restaurante ou doméstica. Não acreditem que é por " amor ". É por dinheiro e posição social. Gosta de grandezas e de exibir mulheres de um extrato social elevado. Recordo que ele se gabava para os colegas por andar comigo. Eles já me conheciam e diziam-lhe quando eu apanhava o comboio, a estação que frequentava ou que tinha chegado ao ponto onde ele marcava. Na altura não me apercebi disso. Estava " cega " como digo tantas vezes.
A mais patente tem sido a advogada Maria Armén****. Essa, ele não larga. Já a conheço com ele há largos anos. E, praticamente, sei sempre quando se encontram e onde. Afinal somos unidas e avisamo-nos umas às outras. Pedro, por onde andares, eu sei sempre. Até com a Milu. Se não digo aqui é porque não te quero perder de vista. Recorda-te que eu estou próximo de Benavente. E tenho lá amigas. Até sei quando saem e para onde. Seja a que parte do mundo tu fores com A ou B, eu sei. E não sou bruxa, como me chamaste. Se fosse " bruxa " tinha descoberto a peça que tu eras e o que me virias a fazer. Não nos apaixonamos por uma pessoa só por meia dúzia de e-mails que possamos trocar... Como tu me disseste e depois disseste à Dulcineia e a outras...

Quinta, 25 de Agosto de 2005

O dia está enevoado. Olho através da janela e vejo densas nuvens no céu. O calor faz-se sentir como fogo que queima as nossas entranhas. O meu corpo está húmido pelo calor da manhã.
Levanto-me e tomo banho. Desço e vou tomar o pequeno-almoço. Porém, em cima, tudo fica arrumado. A Glorinha vem, mas tenho brio em ter tudo no seu lugar. Ela só vem fazer limpeza.

Fico na cadeira de baloiço a examinar o céu, os passarinhos e as rolas que sobrevoam o meu jardim. Na árvore ao lado está um ninho que preservei e que serve de aconchego aos seus moradores. Sinto-me viva e feliz. Já não penso na dívida e nas Mónicas. É aqui, neste episódio, que vejo o que o Pedro quer de mim. Por um lado, vejo com clareza, o que anda a tramar, mas por outro gosto dele. Estou dividida, mas vou onde ele me chamar.

Estou eu, apreensiva, com toda esta trama que se abateu sobre a minha cabeça, quando o telefone começa a tocar.
Levanto-me de um salto e corro à sala. Levanto o auscultador e pergunto:

- Estou sim, por favor?
- Bom dia, amor de mi coração. Estás bem?
- Bom dia, Pedro. Já quase não é " bom dia " . Já viste as horas?
- É quase meio-dia... Mas ainda é bom dia, porque não?
- São, mais precisamente, 11h55m20s
- Ena! Que precisão. Vê lá se tens precisão com a minha dívida. O tempo está-se a esgotar...
- Ah, sim? Para quê?
- Não estás a brincar, pois não? Sabes que estou entre a espada e a parede e não encontro ninguém que me ajude.
- E os teus amigos? Não dizes que tens bons amigos!?
- Mas nestas alturas não aparecem e, depois, não ando a dizer a toda a gente, né?
- Claro que não. Estas coisas só se contam a pessoas íntimas, não é?
- Tu, por exemplo. Sabes mais da minha vida que lá em casa.
- Não acredito. E nem me faças de parva.
- Bem... Telefonei para te convidar a vires ter comigo.
- Agora?
- Hum! Era para ter telefonado mais cedo, mas o trabalho foi muito.
- Agora não posso ir. É tarde, não achas?
- Só é tarde quando nós queremos.
- Eu não quero que seja tarde. Dou tudo para estar contigo, mas hoje já não posso.
- Era só para falarmos...
- Assim também falamos.
- E uns beijinhos, umas carícias não gostavas?
- Hoje não posso.
- Bem, então, vou almoçar.
- Bom proveito. Telefonas ainda?
- Não. Não é dia da tua empregada?
- É. E amanhã, também...
- Beijokinhas doces, só nossas e que tu sabes dar.
- Beijinhos doces.
- Inté!

Desligo e penso que me está a levar. As coisas que eu sei, ele nem imagina. Vamos ver como isto se irá desenrolar.
A Glorinha chega e eu vou almoçar.

17h45m18s

< Amor meu eterno do coração vou sair tenho, trabalhado muito estou cansado. Vais ao MSN? Eu estou lá. Bjs só nossos. AMO-TE MUITO. >

À noite falamos no MSN. Lá vem a conversa do fisgo. Falamos e ele vê soluções. A salvadora posso ser eu. Pede muito e eu nem digo sim nem não.
Quando me vou deitar, estou cheia de sono... 





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