sábado, 12 de dezembro de 2015

Convite!

Sexta, 18 de Fevereiro de 2005

É bom voltar a escrever. Umas vezes, penso que vou partir para uma vida mais saudável e sem Fernando Pedro a machucar o meu coração. Outras vezes penso que tenho que expor ao mundo o quanto sofri nas mãos dele. Não como vingança, mas como um alerta para alguma mulher que possa ler e não cair no conto do vigário que o Fernando Pedro conta a todas. Sinto-me dividida entre ajudar quem quiser a minha ajuda ou, simplesmente, encerrar um assunto que, apesar de tudo, ainda me magoa bastante. Não porque sinta alguma coisa por ele. Hoje e vendo bem as coisas, não senti nada senão o fascínio de uma aventura extra-conjugal. Era simpático, amoroso, adivinhava os meus pensamentos e, por fim, já era só uma aberração da natureza. E ainda continua a ser.

08h45m10s
O telefone tocou e eu levantei o auscultador com imensa preguiça. Apetecia-me dormir mais e a Glorinha só vinha às treze horas.

- Estou sim, quem fala?
- Falo eu, se me quiseres ouvir.
- Bom dia. Então estás mais calmo?
- Porquê? Não tenho andado?
- Ultimamente tens andado com ideias esquisitas e sem fundamento.
- Ai chamas isso a ideias geniais que tenho tido para vivermos juntos?
- Não vamos começar, pois não, Pedro?
- Hoje não. Mas não vou esquecer. Tenho um convite para te fazer...
- Ir almoçar contigo? Esse convite já tem barbas.
- Por acaso não é, mas se quiseres vir almoçar comigo, seria muito bom.
- Não. Hoje não vou. Desculpa e não digas que se evitam por que hoje não quero evitar nada.
- Até me tiras a vontade de te fazer o convite!
- Então diz lá!
- Amanhã queres vir ter comigo ao Oriente? Tenho uma surpresa para ti.
- De verdade? Até tenho receio. Não é para ir ver apartamento nenhum, pois não?
- Não. Mas também não te posso dizer o que é a surpresa. Alinhas?
- Hum! Deixa-me pensar bem para não me arrepender.
- Acredita que não te vais arrepender.
- Posso pensar e dar-te a resposta logo?
- Mas tem que ser antes de eu sair.
- Está bem. Logo quando telefonares, eu digo.
- Pois! É que tenho que dizer em casa que venho trabalhar.
- Está bem. Eu logo digo-te e combinamos.
- Agora fica o meu coração aos pulos sem saber o que vais dizer. Eu gostava tanto.
- Depois logo falamos.
- Já me estás a despachar?
- Não. Só vais quando eu te mandar embora. Ficas grudado no telefone. Eu coloco o auscultador de lado e tu ficas aí à espera.
- Engraçadinha. Vê lá não te caia um dente.
- Não me vou repetir.
- Também já sei o que ias dizer, né?
- O costume quando me dizes isso.
- Olha vou sair.
- De verdade? Que pena!
-Tens mesmo pena? Ou estás a gozar-me?
- Não sei, diz-me tu.
- Bem, vou trabalhar. Logo dá-me a boa nova.
- Que "boa nova?" ( já me tinha esquecido do convite)
- De vires ter comigo amanhã.
- Ah! Sim. Logo dou a resposta. Não te aflijas por isso. Se é assim tão importante para ti?
- É para mim e para ti. Então vou fazer qualquer coisa. Senão, não me pagam...
- Até logo. Beijinhos.
- Beijinhos também para ti onde e como quiseres.
- Até logo.

12h30m12s

< Estou a almoçar como um cão. Sozinho. Fazias falta. Bjs só nossos. >

Eu sei
 que ele me estava a passar uma mensagem. Era para lhe pagar o almoço.

17h25m45s

- Estou sim, por favor?
- Já estás melhor? Mais bem disposta?
- Sim. Nunca estive mal disposta.
- Hoje de manhã, deste-me para o azar. Já pensastes?
- Já. 
- E...
-Está bem. Vou contigo. Não sei que será a surpresa, mas não me deves levar para um sítio mau, não?
- Não. Eu sei que vais gostar.
- A ver vamos, como dizem os cegos. E eu vou cegueta. Não sei para onde me levas. É ao Oceanário?
- Frio, frio. Não te posso dizer. É surpresa.
- Pronto. Não faço mais perguntas.
- Logo vais ao msn?
- Vou. Mas é só um bocadinho.
- Um cadinho, está bem. Já chega para dormir a pensar em ti. Agora ainda vou a Santa Apolónia. Até logo. Beijokas doces.
- Até logo. Beijinhos.

Falámos no msn, mas foi pouco tempo. Ele estava acompanhado.







Sem comentários: