segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Falar sobre a loja!

Terça, 15 de Fevereiro de 2005

Sempre me preocupei em seguir o meu diário. Não faltar a nada que esteja escrito nele para que saibam aquilo por que passei com o Fernando Pedro.
Nesta altura as coisas ainda eram um "mar de rosas" se bem que houvesse algumas outras em que ele se revelava tal qual o que é hoje. Um sociopata, um bipolar e um biltre da maior espécie. Tenho sabido coisas, que ele continua a fazer, que me deixam de coração aos pulos. Nem com a idade, ganha juízo. 

Neste dia, foi mais um dia de telefonemas e desabafos da parte dele. Continuou a falar do problema da loja. Tanto assim que eu tive pena dele, mas não sabia como ajudá-lo. Ainda mencionei que se fosse uma quantia mais pequena, eu o ajudaria.

08h46m23s

- Estou sim, por favor?
- Ao menos hoje podemos falar à vontade.
- Pois! Bom dia para ti também.
- Bom dia ´Mor. Dormiste bem? Estás bem?
- Sim. Deveria estar mal? Diz-me tu...
- Ainda bem que um de nós está bem.
- Porquê? Tu não estás? Que se passa? Posso saber?
- Hum! Se calhar já não te lembras da nossa conversa de ontem.
- Qual delas? Tivemos tantas...
- Quando cheguei a casa tinha lá outra carta das finanças.
- Ah! Sobre a tua loja?
- Sim. Dizem-me que tenho que pagar o dinheiro, senão vão aos meus bens. A casa ainda está no nome do meu irmão. A outra não. Tenho que vendê-la o mais depressa que puder. 
- É muito dinheiro. Não te posso ajudar.
- Eu não te tou a pedir nada. Olha, sabes de alguém que me queira comprar a outra casa? Dava-me mesmo jeito.
- Não, não sei. Já a puseste numa imobiliária?
- Esses querem quase metade só para eles. Já tentei.
- Vais ver que vais sair dessa. Se não fosse tanto dinheiro, eu ajudava-te. Mas não tenho essa quantia no meu nome só.
- Obrigado. És uma querida. Tenho que fazer e nem sei o quê.
- É constrangedor, mas eu não te posso ajudar com uma quantia tão grande.
- Deixa lá. Um dia vais ajudar-me.
- Como? 
- Sei lá. A vida dá cada volta... Nunca se sabe. É por isso que eu gosto de ti.  Estás sempre quando eu preciso.
- Nem que seja para falares...
- E já é bom. Poder falar assim dos meus problemas contigo. Lá em casa nem pensar. Ontem quando vi a carta, quis falar mas ela não me quis ouvir. Disse que o problema era meu. E é.
- Bem, não é bem assim. Cá em casa quando um tem um problema, ele é dos dois. E tentamos resolvê-lo. Contigo será a mesma coisa.
- Não é. Mas vamos falar de nós. Queres vir almoçar comigo?
- Não posso. Tenho coisas a arrumar. Agora que a minha mãe foi embora, tenho muito que fazer.
- Mas não tens a tua empregada?
- Tenho. Ela vem hoje da 1h até às 5 para me ajudar. 
- Então posso telefonar?
- Podes. Depois dessa hora.
- Ok! Agora vou trabalhar. Vou para Cascais.
- Bom trabalho.
- Até logo. Beijokinhas doces, molhadas, do jeito que tu sabes dar.
- Beijinhos também para ti. Bom trabalho e não penses muito. Tudo se há de resolver.


12h10m45s

< Vamos agora almoçar. Se tivesses vindo mostrava-te Cascais. Bjs doces. >

17h15m21s

- Estou sim, faz favor?
- A esta hora posso falar?
- Podes. Por que não? Já estás no Oriente?
- Não. Estou em Entrecampos. Não viste pelo número?
- Não reparei e além disso são tão parecidos que nem vejo onde está a diferença.
- Nalguns zeros, só. Então já arrumastes tudo?
- Mais ou menos, está quase.
- Amanhã era o nosso dia. Queres vir ter comigo?
- Pode  ser. Estás com saudades?
- E tu não estás?
- Claro que estou. Parece que não te vejo há meses.
- Ena! Tanto exagero. Ainda nos vimos ontem. E foi bom.
- Pois foi. Já estás mais bem disposto?
- Nunca estive mal disposto. O almoço até foi bom...
- És mesmo engraçado! Gosto de ti assim.
- Só Deus sabe como ando, mas tudo há de passar. Logo vou deitar o barro à parede. Pode ser que a mãe dela alinhe.
- Tudo pode acontecer. Eu ajudava-te se fosse menos dinheiro.
- Eu sei. Obrigado. És um Amor. Já te disseram isso?
- Já. O meu marido quando lhe faço um favor.
- Tinha que ser esse gajo. Porra!
- Fala bem. Ele é o meu marido. Tenho que falar nele. Fizeste uma pergunta e eu respondi.
- Já estivestes a falar melhor.
- Tu também falas da Z**** e eu não digo nada. Só compreendo.
- Então, amanhã vens almoçar comigo?
- Vou.
- Nesse caso, não almoço sozinho e tenho com quem falar. Agora vou-me embora.
- Até amanhã. Beijinhos dos nossos.
- Não vais ao msn? Já me estás a despachar.
- Tu é que disseste que te ias embora.
- E vou. Até logo no msn. Beijokinhas, hum, daquelas que só tu sabes dar.
- Até logo, meu Amor.

Neste dia falámos no msn e já não houve mais mensagens.

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