quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A Flor mais bela!

Quarta, 23 de Fevereiro de 2005

Por lapso, escrevi mal a data.

Sempre me orientei na minha vida. Mas, infelizmente, chegou o Pedro para me desviar do caminho correto e digno que sempre percorri. Sinto-me envergonhada e indigna de mim mesmo. Sou um sol envergonhado num dia de Inverno. Mas, agora, já não vivo com medo dele. Posso dizer com toda a segurança: - Cuidado, Pedro, que um dia posso voltar a desvendar todas as mentiras que inventaste para te safares. Tenho tudo arrumado e catalogado. Sabes onde estão? É o Sargento a quem mentiste que tem tudo. E verificou com as operadoras as mensagens que tu e a Dulcineia trocaram comigo. Também tem a mensagem que te deixei no Skype.  Basta uma palavra minha para tudo andar para a frente. Não o convenceste e ele não parou com a investigação. Tem-te seguido e sabe com quem te envolves. Cuidado, não me faças  sair do sério. Não basta teres o teu perfil fechado. Isso não chega. Um dia pagarás tudo a dobrar e com juros.
Vim só para escrever mais umas palermices  que me disseste.

Estava no remanso do meu quarto, quando o telefone começou a tocar. Não atendi. Mas tu, também, não desististe. Passado pouco tempo, voltaste a ligar e o telefone voltou a tocar ainda com mais estridência.
Peguei no auscultador com muita vagarosidade. Não tinha pressa de ouvir a tua voz esganiçada e a sair pelo nariz por tu terem partido aquando da luta que travaste com o teu rival.
Olhei o relógio e marcava 08h31m59s.

- Estou sim, faz favor?
- Ora, bom dia para a flor mais bela do meu jardim.
- Sim, e deves ter muitas agora no Inverno. Devem estar engelhadas com a geada, queimadas e sem brilho.
- Até tenho lá algumas e são lindas. Envio uma foto.
- Não precisa. Até poderia ser de um jardim público que eu não ia notar.
- Já me estás a dar para o azar?
- Não. Mas estamos no Inverno e há poucas flores. Quem é que tu queres enganar?
- Estás deitada? Acordei-te?
- Porquê? Não me digas que me estás a ver?
- Mas não atendestes quando eu te telefonei a primeira vez.
- Ah! Eras tu? Pensei que não fosses...
- Até parece que não ligo logo de manhã. Não atendestes por isso ou por outra coisa?
- Não sei. Diz-me tu.
- Tu é que tens que responder. Fostes tu que não atendestes. 
- Pois. Nem sempre estou ao lado do telefone à espera que sejas tu. Também tenho vida própria. E pode ser outra pessoa.
- Tens muitos telefonemas iguais aos meus?
- Porquê? Deveria ter? Estava impedido?
- Não. Mas não me atendestes.
- Já te disse. Nunca sei quando podes telefonar. E até pode ser o meu marido a pedir-me alguma coisa. Tenho que ter muito cuidado. Não posso estragar tudo. Certo?
- Certo. Queres vir almoçar comigo?
- Não posso.
- Nem se eu te dissesse  que preciso do teu apoio?
- Para quê? Para te mudar a fralda?
- Não. Ando outra vez com o pensamento no meu irmão. Já me ajudastes uma vez.
- Pois, mas hoje não posso. 
- Porquê?
- O meu marido está na serra de Mon******** e vem almoçar a casa com outro colega.
- Está bem. E amanhã? É o nosso dia...
- Mas não vai ser. Amanhã vêm cá as minhas colegas de V***********. Vêm passar o dia comigo.
- Está bem. Agora vou ter uma reunião. Tenho que sair já. Beijoquinhas onde e como quiseres. Amo-te muito.
- Até logo. Beijinhos.
- Ouve... Posso ligar logo?
- Não. Não sei a que horas vem o meu marido. Envia mensagem.
- Se puder. 
- Vais à reunião, eu sei... ( Desliguei )


17h20m35s

< Posso ligar? <

Disse que o meu marido já estava em casa. Não falei com ele no msn e nem enviou mensagem.


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