quarta-feira, 12 de abril de 2017

A conversa sobre terminar relação!







Hoje sei que foi um erro ter-me apaixonado pelo Fernando Pedro. Mas apaixonei-me e de que maneira... Uma paixão sem limites, sem barreiras e sem tempo, pensava eu. Também era aquilo que ouvia dele. Dizia-o constantemente. As palavras "Nunca te vou deixar" eram ditas tão convictamente e a olhar-me nos olhos que eu jamais pensei que acabasse da forma que acabou. Mas acabou. Pela forma mais triste, mas acabou. É certo que sofri muito. Chorei lágrimas de sangue e tinha um desejo enorme de o ver. Sonhava com ele, falava com ele, amava-o... Mas acabei por esquece-lo. O coração ficou tão ferido que se fechou para sempre. Hoje não sinto nada. Nem ódio, nem rancor, nada...

Terça, 09 de Agosto de 2005

Acordo bem disposta. A noite de sono repôs todas as minhas energias. Fico feliz por saber que dali a pouco vou estar com o Pedro. Levanto-me, tomo banho e esmero-me na indumentária.
Quando estou a terminar, o telemóvel dá sinal de mensagem. Corro para ver.

08h43m19s

< Posso telefonar pó fixo? >

Claro que sim, respondo muito feliz.

- Estou sim, faz favor?
- Chi! Quanta saudade! Como está o meu amor mais querido?
- Estou bem. Tens outro amor?
- Porquê? Não entendo.
- "O meu amor mais querido", dá a entender que tens outros amores pelo caminho...
- Não é nada disso. Sabes que só te tenho a ti. Tu és a pessoa que mais amo, mais quero e vamos ficar juntos para seeeempre. Tu sabes isso. Porque estás sempre com dúvidas?
- Não tenho dúvidas. É só para confirmar.
- Hum! Desconfiada... Ah! Tenho o amor das minhas filhas, mas é diferente do que tenho por ti.
- Sim, eu sei que amar as tuas filhas é diferente. Mas...
- Bem vamos falar como deve ser. Queres vir ter comigo?
- Claro que sim. Estou ansiosa. Tenho saudades tuas.
- Eu também. Nem imaginas como foi duro estar tanto tempo longe de ti.
- Acredito. Comigo passou-se a mesma coisa.
- Estou em Entrecampos. Vens ter aqui e esperas por mim no sítio do costume.
- Sim. Eu sei. Tenho uma prenda para ti.
- Hum! Estou curioso...
- Mas não te vou contar agora. É surpresa.
- Então fico à espera. Nem sei o que te faça...
- Até logo. Depois falamos.
- Beikoquinhas doces, de mel, gulosos.
- Beijinhos...

Desligo e fico a sorrir com o coração a querer saltar-me do peito. Estou tão feliz que nem sei explicar por palavras ( creio que é assim que se sente toda a mulher que por ele é ludibriada ).
Recordo que não falámos da hora do encontro, mas vou para lá de seguida. Tenho comboio.

Chego a Entrecampos e fico à espera dele no sítio combinado. Sempre pensei que ele viesse ter comigo a meio do caminho numa estação qualquer. É que fazia isso com frequência. Mas isso não aconteceu. Não fico triste. Espero e espero.

Perto do meio dia, vejo-o aparecer. Vem lá de dentro e isso explica que esteve a trabalhar. Traz o pc ao ombro. É hábito e não estranho.
Vem com passo largo e agarra-se a mim com tanto carinho que eu me entrego na totalidade.
Seguimos a avenida. O nosso ninho fica do lado  esquerdo do lado da feira popular. É para lá que nos dirigimos.
Não sei explicar o que se passou. Foi entrega total de ambas as partes.
Falamos muito e confidenciamos muitos segredos. Ele conta, eu ouço. Eu conto e ele escuta. Tiro da minha mala um embrulhinho e entrego-lho. Ele abre e diz:- Estava mesmo a precisar. Já não tenho...
É um perfume de Jean Claude Gaultier. Abraça-me e beija-me com muito carinho, penso eu. 
Depois do banho, saímos para a rua. Vamos almoçar à feira. ( Ainda estava a funcionar com os restaurantes abertos. )
Almoçamos nos Lobos do Mar. É arroz à valenciana.
Enquanto comemos eu penso que tenho que acabar a nossa relação. Digo-lhe que quero falar com ele sobre um assunto. Mostra aquele olhar de curiosidade e quer saber sobre o que é. Mas digo que falamos na rua.

Ao descermos a avenida em direção à estação, eu começo por falar.
Falo que estou em desvantagem com ele. Sou mais velha. Não tenho gosto em escolher nada. Não sei fazer combinações com a roupa e os sapatos ou a mala. Estamos longe um do outro. Nem vejo a possibilidade de um dia virmos a estar juntos. Eu não quero deixar o meu marido e ele não quer deixar a mulher nem as filhas. Que estamos em disfuncionalidade em tudo.
Aperta-me o braço, olha-me nos olhos e diz com a voz entrescutada: - Não, não penses isso. Não me podes deixar. Eu não deixo. Eu amo-te, ouvistes? Tu és minha vida, meu pilar... Mas que tolice... Como podes pensar isso. Tu és como eu quero. Minha e de mais ninguém. Não digas isso, por favor. Esquece que tivemos esta conversa. Amo-te muito. És minha e de mais ninguém, percebes?
Fico triste e beijo-o apaixonadamente. Mas continuo com essa vontade intrínseca no meu coração.
Caminhamos de mãos dadas e conversamos animadamente.
Para fazermos a hora do comboio, ficamos em baixo, junto aos pilares, naquele cantinho a beijarmo-nos e a acariciarmo-nos.
Na hora da despedida colocamos as mãos no vidro e eu penso que não vou voltar a vê-lo.

Enquanto faço o caminho de regresso, ele envia uma mensagem.

17h34m10s

< Amo-te muito e não sei viver sem ti a vida não, tem mais sentido e eu deixarei de viver. Bjs que não demos e que nunca são demais. >

Fico impressionada mas não deixo de pensar no assunto.

21h229m45s

< Dorme bem meu AMOR único e jamais te deixarei. Sonha comigo. Bjs de amor eterno. >

Porém, a essa hora já tinha enviado uma mensagem em que dizia que queria terminar a nossa relação....




Sem comentários: