Sempre me preocupei por deixar passar uma boa imagem de uma esposa competente e dedicada. Contudo, o Fernando Pedro deu-me a volta à cabeça. Seria por ser meigo, carinhos, afável, prestável, adivinhar os meus pensamentos e mais um sem número de coisas, que me fez quebrar e "Pular a cerca" como ele costumava dizer? O certo é que descarrilei e vivi uma vida que não era a minha. Uma vida dupla, com perigos constantes, com receios, com calúnias... Uma vida que só me trouxe amargos, luxúria, dispêndio, remorsos e nem sei que mais... Isto não é ficção. É a pura realidade. Quantas mulheres terão histórias verídicas para contar como a minha? Muitas, eu sei...
O meu marido piorou. Neste dia fui com ele ao médico, logo pela manhã. Enviou-o para especialistas na matéria e receitou-lhe medicação até novo parecer.
Tinha desligado o telemóvel. Voltei a liga-lo e recebi um telefonema de um número desconhecido. Não atendi. Já não era a Zé Aguia**. Era outra pessoa. Tinha receio de quem poderia ser. Telefonei para o Pedro e disse o número. Era da Filha mais velha. Daquela que não era filha dele. Fiquei em pânico e disse que não sabia o que deveria fazer. Enquanto falava com ele, uma mensagem de voz ficou gravada no meu telemóvel. Dizia o seguinte: Olá Cetin***. Tudo bem? Fica bem. Eu voltei a falar com ele e transmiti-lha. Então ele alvitrou que eu mudasse de número. Mas como poderia fazê-lo se tinha o meu marido na cama e dependia de mim para tudo? Não podia ir à Vodafone e comprar um novo cartão. Não podia sem um motivo para dar a meu marido.
O meu marido adormeceu e eu desloquei-me a Vi***** Fra***** e comprei um novo cartão.
Enviei o novo número ao Pedro. Estava metida num imbróglio que ele me tinha arranjado. Assim que soube que eu lhe dava o dinheiro, a prioridade mais premente foi comprar um telemóvel e não teve as precauções necessárias. Quantas vezes o avisei para ter cuidado!
Fui arrastada para uma situação que poderia ter sido evitada.
Enviei uma mensagem para lhe dar a conhecer o novo número e perguntei se ela, a mulher dele, já lhe tinha dito alguma coisa. Enviou a seguinte mensagem:
17h23m02s
< Não sei e não me disse nada. Qd chegar a casa é q vejo como estão as coisas. Tem calma e deixa correr, dp eu digo como foi. Bj doce como os q gostamos.>
Não recebi nada de nada até à meia noite. Eu estava um farrapo. Tremia a dar a comida ao meu marido. Ele só me dizia para não me preocupar com a doença dele. Mas não era isso que me atormentava. Hoje digo isto com lágrimas no olhar, na alma e no coração.
Pelas 00h09m15s recebi a seguinte mensagem:
< Esta tudo como se nada acontecesse. Ela não falou nada. Dorme bem. ADORO-TE. Bjs doces. >