segunda-feira, 7 de maio de 2018

Letargia!



Uma foto da Cidade de Viena. Gosto desta cidade com uma beleza incalculável. Estive lá uma segunda vez e tanta coisa mudou.
 
 
Domingo, 11 de Setembro de 2005
 
É Domingo! Quando acordo já o meu marido não está na cama.
Deixo-me ficar, preguiçosamente, envolta no lençol a cheirar a jasmim.
Esvazio o meu pensamento e, de olhos fechados, abandono-me a uma paz nunca antes experimentada. Não ouço nada a não ser o palpitar do meu coração onde me concentro com todas as minhas forças. É nesta letargia que o meu marido me encontra. Não sabe se me pode chamar ou se me deixa ficar, naquela contemplação, a sentir a minha paz.
 
Não quero pensar em nada. Tudo me causa constrangimento desde o dia anterior. Eu bem digo que o Fernando Pedro Cachaço é bipolar. Como pode mudar de humor num piscar de olhos?
 
O meu marido beija-me suavemente enquanto eu estou no meu ciclo de imunidade a tudo.
Acordo com uma certa estranheza. Onde estou, quem me beija, o que se passou ali?...
Ao abrir os olhos vejo o rosto tisnado, pelo sol do verão, que o meu marido mostra com algum orgulho.
Rimo-nos os dois e ele diz que me dará um cêntimo pelos meus pensamentos. Respondo que é pouco e que, os meus pensamentos, valem uma fortuna.
 
Ali digo o que ele já sabe de outras vezes que ele me encontra assim naquela paz indescritível.
 
O tabuleiro com o pequeno-almoço está na cómoda. Ele vai buscá-lo enquanto eu me sento com uma resma de almofadas atrás.
 
Como sem vontade. Volto à triste realidade que não quero enxergar.
O meu marido senta-se na beira da cama e começa a falar da minha filha. Por vezes, não o ouço. Estou " noutra " como ele costuma dizer.
Olho de soslaio para o relógio e marca 09h 45m 50s. Penso que não é tarde para uma mensagem do Fernando Pedro. E não é mesmo por  que o meu telemóvel dá sinal de uma mensagem a entrar na caixa do correio. É do Pedro, mas quando o meu marido me pergunta  de quem é, respondo que é de uma minha colega.
 
Não a abro logo. Dou o tabuleiro ao meu marido e ele sai do quarto sem dizer  uma palavra. Então leio com alguma expectativa.
 
 
< Bom dia meu queridinho AMOR AMO-TE e não sei viver sem ti. Não te vou pedir desculpa tu tb errastes e não foste ao  MSN. Assim que puderes vai Ela está a trabalhar e não temos a mãe dela XPTO. Bjs doces que só tu sabes dar. >
 
 
- " É mesmo bipolar ", digo eu em voz tremula e disforme.
 
Levanto-me e faço o habitual. Meu marido vai ao Clube ter com alguns amigos. Eu vou ao MSN e falamos das patetices do dia anterior. Nada fica resolvido, mas ele mostra-se otimista.
O dia decorre impávido e sereno.
Não recebo mais nada dele. Vai à praia com a Clà*****.
 
 
21h 12m 11s
 
 
< Não posso ir ao MSN ela, veio mal disposta e só está a mandar vir como, de costume. Dorme bem Meu AMOR e amanhã falamos. Bjs quentes de AMOR eterno. >
 
Fico de olhos em bico a olhar para aquela mensagem. A minha vida estava a tomar um rumo que eu não queria para mim. As lágrimas bailam nos meus olhos...

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Conheces Fernando Pedro? Natural!
 
Estou de volta depois de duas semana no estrangeiro. Precisava mesmo de descansar. Foi muito gratificante para mim. Revi locais que já não via há muito tempo. A evolução chega a todo o lado. Fiquei de queixo caído. Havia muitas modificações. Andorra no seu melhor. Tempo maravilhoso, mas muita neve por lá. Bordéus, onde estive aquando da minha doença e na qual fiz o meu transplante de medula, Paris, cidade romântica, Zagreb, Budapeste, Viana de Áustria ( Estava aqui quando me comecei a escrever com o Fernando Pedro Cachaço ). Enfim, lugares muito bonito e de descanso.
 
 
Mas vamos a mais uma narrativa da minha triste experiência com o Pedro. Abro o meu diário e começo a ler...
 
 
Sábado, 10 de Setembro de 2005
 
 
Acordo com uma dor de cabeça enorme pelo que se tinha passado no dia anterior. Estou triste e abatida. O meu coração sangra qual rio em época de chuvas intensas.
Volteio-me na cama. Aperto a minha cabeça que parece que vai explodir a qualquer momento. Ouço o telefone tocar e nem um milímetro me movo para o atender. Meu marido atende. Acaba de chegar depois de ter tomado banho.
 
Pela conversa sei que é a minha filha. Quero falar com ela, mas a minha cabeça não deixa. Não a posso levantar da almofada e um vómito seco sai da minha garganta...
 
Meu marido fica aflito e diz a minha filha que eu estou doente.
Não consigo ouvir a conversa que se desenrola entre o meu marido e a minha filha querida. Desmaio!
 
Não sei o que se passou. Apenas acordo com um pano muito fresco na testa.
 
Meu marido quer levar-me ao hospital, mas eu digo que só tenho dor de cabeça  e preciso descansar.
Com os olhos fechados ouço a narrativa da conversa da minha filha com o meu marido.
Fico triste! Não posso ir a Alemanha para a visitar. Ela tem conferências em Frankfurt e que acabam no final do mês. Agora só no Natal.
 
Depois, depois apago completamente num sono tão profundo que aflige o meu marido...
 
É já tarde quando abro os olhos. Meu marido continua ali ao meu lado com as minhas mãos entre as dele. Fica feliz e pergunta se estou melhor. Claro que sim! Aquele sono foi tão reparador que me deu uma alma nova.
Levanto-me, dou um beijinho ao meu marido e vou tomar banho.
 
Quando desço, já  o meu marido está a preparar o almoço.
Entretanto dou uma olhada no telemóvel.
 
10h 23m 59s
 
< Bom dia amor desculpa, o que se passou ontem. AMO-TE muito e tu sabes disso. beijokinhas doces. >
 
 
Respondo que as desculpa "evitam-se " como ele me costuma dizer. Fica zangado e só sei dele mais tarde.
 
21h 10m 31s
 
< Vai ao MSN quero falar contigo. Bjs >
 
Respondo que não posso, mas não lhe digo que estive com dor de cabeça.
 
< Dorme bem e até amanhã. Bjs >
 
E é assim que termina mais um dia, horrendo, que o Fernando Pedro Cachaço me faz passar...
 


sexta-feira, 20 de abril de 2018

Ausência!

Com este pôr do sol, muito lindo, venho dizer-vos que, por uma semana, não estarei por aqui.
 
Adoro as vossas visitas e os comentários que enviam para o e-mail com medo de represálias. Não tenhais medo. Eu dou a cara e sei que, o Fernando Pedro Cachaço, vem visitar a minha página. Ele sabe que não é mentira o que escrevo. Eu disse-lhe que ia escrevendo tudo o que se ia passando connosco...
 
Até breve!

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Um encontro para esquecer!

É nestas alturas que eu fico confusa em relação ao Pedro.
Na véspera, no MSN, combinámos encontrarmo-nos em Entrecampo. Ele ainda ia para aí a trabalhar.
 
Sexta, 09 de Setembro de 2005
 
Na hora do costume eu estou em Entrecampos à sua espera.
Fico ali ,sentada, uma infinidade de tempo.
O sol faz o obséquio de aparecer. Está quente lá fora, mas ali, debaixo do alpendre, está mais fresco.
Penso até que ele já não apareça, mas heis que o vejo vir, do meu lado esquerdo, de uma porta estreita e que mostra o interior de onde se vê um túnel...
Levanto-me e vou ao seu encontro na esperança de ser beijada e abraçada por ele.
Nada disto acontece. Dá-me um empurrão e distancia-se de mim.
Com os olhos fora das órbitas, quero saber o que se passa.
Diz-me que está muito transpirado e que só quer tomar banho. " Mas onde? " Pergunto eu muito estupefacta.
Responde que vamos à pensão e que lá toma banho. Não estava à espera disto. O nosso encontro era para irmos ao Campo Pequeno.
Mas aceito, um bocado contrafeita e sem o demonstrar.
Seguimos e entramos na pensão. Já o conhecem e sempre o conheceram, coisa que era um quebra cabeça para mim. Hoje sei porquê. Não fui a primeira nem a última a levar-me lá.
Pago o quarto e somos encaminhados para  um já nosso conhecido. Casualidade.
Segue para tomar banho, mas apenas deixa a água correr pelo seu corpo. Não põe sabonete.
 
Começamos o nosso jogo de amor. Fico agoniada. Cheira muito a transpiração e a xixi, mas continuo, embora queira que tudo acabe num ápice. Foi muito desenxabido.
 
Vamos tomar banho e, então, lava-se com todo o esmero como se quisesse apagar qualquer vestígio daquele encontro. Fico  triste, mas cantarolo a canção que já vem sendo um apanágio dos nossos encontros.
 
Saímos e vamos almoçar à Feira Popular. O costume: " Nos Lobos do Mar ".
 
É um almoço muito em silêncio. Falamos pouco. Uma vez é para me criticar. Não quer que eu coma uma sobremesa deliciosa.
Não és meu dono. Não mandas em mim. E, além do mais, há muito tempo que não como um doce. Por outro lado, sou que vou pagar o almoço. Ou hoje é a tua vez?
- Não. Tu já sabes que eu não tenho dinheiro!
- No princípio do mês! E queres que eu acredite, não?
- Faz como queiras.
E a conversa morre ali.
 
De regresso à estação, diz que tem que apanhar aquele comboio. Dá-me um beijo e segue sem olhar para trás. Eu fico muito desiludida. Foi  um encontro para esquecer.
 
 
Fico sem saber se chegou bem. Nada mais sei, embora lhe tenha dito que não gostei da atitude dele...
 
 


quarta-feira, 18 de abril de 2018

Trabalho em Entrecampos!



Às vezes temos sonhos que não são realizáveis. Mas outros que se realizam e basta sonhar acordada.
É o que me acontece neste dia em que o sol está um pouco escondido.
Estou a pensar que seria bom ir ter com o Pedro amanhã, Sexta-Feira. É que depois é a operação dele e o tempo de convalescença vai ser demorado.
 
O telefone toca e eu fico excitada.
 
 
Quinta, 08 de Setembro de 2005
 
 
08h 12m 15s
 
 
- Estou sim, por favor?
- Bom dia minha flor. Dormiste bem?
- Bom dia. Estás muito bem disposto.Eu dormi muito bem.
- Quanto a estar bem disposto, não é o caso. Hoje vou para Entrecampos trabalhar. Fico lá naquele buraco sem se ver o sol.
- Mas hoje não há sol! Pelo menos aqui.
- Aqui também não, mas não dá gozo...
- O trabalho não é gozo. Serve para muitas coisas e uma delas é fazer coisas úteis e distracção.
- Por isso é que trabalhas... Eu vou-me reformar. Tenho quase 40 anos de caixa e vou para casa descansar.
- Com cinquenta anos? Vais para casa tão novo?
- Isto é um desabafo. Não quero ir senão tenho que a ouvir a dar ordens para eu fazer isto e aquilo.
- Também eras útil! Ela trabalha e quando chega a casa vem cansada...
- Qual cansada quais quê!? Ela gosta de implicar, ou por que o tapete não está no lugar, ou por que estou no computador, ou por outra coisa qualquer... Ela é assim. Somos antagónicos e eu já te disse isso.
- De facto! Mas uma mulher não pode ser assim tão má depois de lhe teres aperfilhado a filha.
- Não foi por ela e eu já te contei a história...
- Sim, sei... Apaixonaste-te primeiro pela bebé! Mas tem que ter isso em consideração, não?
- Ouve, não quero falar dela e tenho que  ir trabalhar, essa é que é essa...
- Amanhã posso me encontrar contigo? Mete-se o fim de semana, depois a operação, a convalescença...
- Calma. A operação é só para a outra semana...
- Eu sei. Mas se não posso, fica para a semana.
- Não. Amanhã vem ter comigo à hora do costume. É verdade! Como reagiu o teu marido ontem?
- Então não falámos depois disso no MSN? Já sabes como foi.
- Pois! Aquele idiota pensa que sabe tudo. Diz lá que não te amo? Ainda tens aquela porcaria que ele te deu pelos anos aí no hall?
- Tenho e não o posso tirar. Também é uma prova de amor.
- Não é nada. É só para se armar ao pingarelho. Bom, amanhã fica assim. Vamos almoçar juntos. Hoje não sei se te posso enviar mensagem ou telefonar. Mas vais ao MSN, não vais?
- Penso que sim. Tudo depende.
- Vá não te faças cara. Tu também gostas, né?
- Gosto e muito.
- Pera um cadinho...
( ouço-o a falar com alguém, mas não percebo nada. )
- Ainda estás aí?
- Claro. Disseste-me para esperar, não foi?
- Mas tenho que ir. Os homens já têm tudo arranjado e vamos agora para  Entrecampos.
- Bom trabalho e até logo. Beijinhos muitos.
- Beijinhos loucos de amor. Inté!
 
 
 
 Fico a pensar que a nossa relação, afinal, está a ir muito bem.
 
O dia passa com alguma lentidão. A Glorinha veio e está lá em cima. Quando ela desce, falamos um pouco e ela sai.
 
 
 
21h 09m 51s
 
 
< Amor mio estou no MSN. vem. Beijokinhas. >
 
 
Falamos muito no MSN. Coisas banais e sem importância. Principalmente do seu trabalho. Deseja-me boa noite e despedimo-nos...
 
Fico empolgada para o dia seguinte.
-

terça-feira, 17 de abril de 2018

O Sporting!

O Sporting é o meu clube de eleição. Fico feliz quando ele ganha. E posso ter esperança, ainda. Nada está perdido. Há muito futebol para jogar e os azares
batem à porta de qualquer um. Um dia, falando com o Fernando Pedro Cachaço Marques, disse que gostava do Sporting. Ele ficou muito contente. Também era, e julgo que seja ainda, do Sporting.
Puxou por um cartão e deu-mo. Era o seu cartão de sócio.
Fiquei a olhar para ele e fiquei surpresa com a fotografia. Não parecia ele. Tinha bigode. " Mas este és tu? " Perguntei estupefacta... " Sim, sou eu. Usei bigode. Que achas? Mais bonito aí ou agora sem bigode? " Eu só disse: - " Não gosto de homens com bigode e, se o tivesses agora, nunca teria olhado para ti. És muito mais bonito sem ele. "
Analisei o cartão e recordo perfeitamente o que vi nele.
 
A fotografia a preto e branco, do meu lado esquerdo. Por baixo dizia " Efectivo " Ao lado estava a data de 1993 e o número de sócio era o " 029239 ". Por baixo o nome completo.
Fernando Pedro Cachaço Marques... Tenho isto no meu diário. Agora se ainda é sócio e se tem o cartão, gostava de saber. Isto foi em Outubro de 2004. Será que ainda é sócio efectivo? Será que tem a mesma fotografia de bigode? Quem sabe? Nunca  mais vi esse cartão. E não mais falámos dele. Ficava muito zangado quando eu dizia que o meu marido era Benfiquista assumido. Uma vez fomos a Alvalade e, na loja, comprei um cachecol para ele dar à Cl****** R****.
Disse que ia dizer que o tinha comprado ele.  Mas não foi. Fui eu que o comprei. Eu é que pagava em todos os lados.
Curiosa pelo cartão dele. Alguém sabe se ele ainda o tem? Gostava de saber por pura curiosidade. Relembro cada coisa??? Porque está escrito no meu diário, só isso. Mas gostava de saber, e muito, se ele ainda tem esse cartão...
 

segunda-feira, 16 de abril de 2018

A ajuda do Pedro!

Hoje é um dia igual a tantos outros.
 
Fico na cama a relembrar todo o meu passado com o Pedro. Revejo cada momento e, alguns, fazem-me aquiescer quanto ao amor que ele sente por mim. Vejo-o sempre muito amável, simpático, presente, amoroso e solícito... Mas outros chegam a provocar-me calafrios. Tem humores variados, diz asneiras, provoca-me, leva-me à loucura e tem que ter sempre razão...
 
São estes momentos que me fazem confusa, exasperada, insegura e receosa. Nunca sei se está de bom humor. Implica por tudo e por nada. Chego a sentir que não valho nada e que sou um verme na sua vida. Não sei se, na verdade, me ama. Ou, por outro lado, se anda comigo só para me sacar dinheiro. Quando recordo que disse à Cl***** que se pusesse por  trás da avó para lhe dar o almoço, e eu saber que isso nunca poderia ser, aquando do improvisado acidente, fico biursa. Levou-me por estúpida e eu cai como uma tontinha. Mas, na altura, achei normal ou, não pensei suficientemente, com clareza, para ver que isso era impossível. E quando me disse que me pagaria até ao último cêntimo? Eu acreditei religiosamente que isso poderia acontecer.  "Era um homem de palavra ", pensava eu. Mas qual palavra, qual carapuça? Nunca fez tenção de me pagar...
 
Quarta, 07 de Setembro de 2005
 
08h 30m 58s
 
Estou eu neste redemoinho de pensamentos, quando ouço o telefone. Assusto-me. dou um salto na cama e volto à realidade. Só pode ser o Fernando Cachaço Marques...
 
- Estou sim, faz favor? ( Digo isto com um tremor na voz. Não sei qual é o seu estado de espírito. )
- Amor, sou eu. Como dormiste? Estás bem disposta? Eu dormi que nem um rapazola. Fui sereno para a cama e estou bem disposto.
- Bom dia para ti também. Eu estou bem disposta e dormi que nem um Anjo. ( Mas não lhe contei dos meus receios e das análises que tinha feito. Ficavam para outra ocasião, se isso se proporcionasse. )
- Hoje  era dia de nos encontrarmos para almoçar. Se quiseres vir, eu tenho que almoçar e tu  também, né?
- Mas não posso ir. Tenho assuntos para tratar no C***********. E não podem passar d´hoje.
- Estivemos ontem e o dia foi melhor que bom! Não achastes?
- Achei. Eu penso que sim... Mas tudo depende ta tua perspectiva.
- Também achei. Foi o nosso primeiro ano juntos e não te quero perder, Ouvistes?
- Ouvi. Só não sei se isso será verdade...
- Isso, o quê?
- " O não me quereres perder ". Para já não tenciono deixar o meu marido e tu, muito menos. Têm a casa em nome dos dois e não são casados.
- Mais depressa a deixo. Faço um papel e a casa fica para as minhas filhas.
- E a casa de Rio de Mouro? Já a vendeste?
- Não. Foi lá uma fulana, mas queria uma sala com não sei quantos metros quadrados... Isso não há num andar.
- E se calhar queria piscina e tudo, não?
- Pois! Vem aí o chefe. beijinhos...
- Beijinhos...
 
Fico com o auscultador na mão e  nem sei que dizer.
Permaneço mais um tempo na cama e acabo por adormecer.
Sonho que o Fernando Pedro me atira pedras e me  chama todos os nomes impossíveis de escrever aqui. Ando numa correria para me esconder dele, mas acaba, sempre, por me encontrar...
Acordo com as pernas pesadas e a cabeça a latejar. Desvio o pensamento e levanto-me com a sensação de ter um sonho real, mas de Pedro nem sombra.
Meto-me na banheira e deixo a água correr como uma levada. Sacudo-me para  tirar aquele peso de cima de mim. Limpo-me, visto-me e desço para tomar o pequeno-almoço. Não tenho fome, mas como os meus flocos com fruta. Estou de dieta e faço-a há já algum tempo. Até o Pedro diz que estou melhor. Eu também sinto.
 
 
11h 59m 56s
 
< Vou almoçar. Não tenho fome e estou triste por não estares comigo amanhã, também não só sexta. Bjs de AMOR eterno. >
 
A Glorinha acaba de chegar e falamos muito sobre isto e aquilo. Lá me ensina mais umas rezas antigas e eu escrevo-as num caderno.
 
Pelas 14h saio para ir tratar dos assuntos inadiáveis.
Ando numa afogadilha a correr de um lado para o outro.
Quando tudo fica tratado, venho para casa. Ao entrar na estrada nacional, o meu carro pára e dou à chave, mas nada. Telefono para o meu marido a perguntar o que devo fazer, pois há muitos carros atrás de mim. Responde que  devo esperar até ele chegar. Um senhor gentil, ajuda-me  a levar o carro para a berma da estrada. Nisto recordo-me do Fernando Pedro e telefono-lhe. Digo nas circunstâncias em que estou e ele ajuda-me a ver o número do seguro para telefonar a pedir um reboque. Faço direitinho o que ele me vai dizendo. Após alguns minutos, tenho o reboque ali. Leva-me para a oficina que trata dos nossos carros. Quando o meu marido chega, estou em casa. Diz, zangado, que andou a ver de mim e que não  me encontrou...
Rio-me e respondo que tratei tudo pelo número do seguro e que  o carro está na oficina. " Então como soubeste? "
" Foi um senhor que me ajudou, mas não o conheço. " ( respondo eu. )
Penso que foi bom ter falado com o Pedro e agradeço a ajuda que me deu. Riu-me muito e digo que era muito fácil. " Para a próxima, se houver, nem te digo nada. Não me desenrascaste. Ou não sabias? "
Encolhe os ombros e não retruca.
 
Jantamos e, depois de arrumar a cozinha, vou para a sala.
 
20h 45m19s
 
 
< Vai ao MSN. Bjs >
 
É cedo e tenho que esperar até quase às 22h.
Falo com o Pedro e ele diz que o meu marido não presta para nada. Não gosto, mas não lho demonstro. A conversa prolonga-se. A Zé está a trabalhar...