quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A ida ao médico!





Hoje sinto-me envergonhada pelo que fiz. Nunca me tinha envolvido com um homem. Eu que queria ser freira... Eu que estive para entrar  no Convento de Santa Clara, Coimbra. Eu que fora sempre recatada, caí numa armadilha destas. Saltei a cerca como me recordava o Fernando Pedro Cachaço a cada  momento.

Foi um momento de fraqueza. E quem não os tem? Deve-se pensar dez vezes, como dizia o meu tio padre, antes de tomar uma atitude quer seja de palavras ou de qualquer outra.

Segunda, 11 de Julho de 2005

É um dia muito quente. Pela manhã, faço todas as minhas atividades habituais. Tomo o comboio para o Oriente, onde o Fernando Pedro me espera com um sorriso rasgado. Ele é tão amoroso que ninguém dirá que é uma farsa. Todas as suas, palavras, gestos e sentimentos são, simplesmente, uma desilusão num futuro próximo.
Quando nos encontramos, os beijos e as carícias multiplicam-se.
Chegamos a acordo. Não almoçamos no Vasco da Gama. Vamos, já, para a Avenida da Igreja, onde se situa o consultório do médico.
Eu penso que vamos de metro, mas Pedro leva-me para o parque de estacionamento. Então vejo o seu Mercedes que, penso eu, tivera um acidente. Nada que aparentasse isso. Falo e ele diz que foi muito bem arranjado graças ao dinheiro que lhe emprestei. Fala que me irá pagar até ao último cêntimo. Isso nunca aconteceu até hoje.
Almoçamos no mesmo restaurante já nosso conhecido.
O carro é arrumado debaixo de um arbusto que raspa o tejadilho. Eu fico consternada e friso isso. Ele diz que não arranhou nada depois de ir ver.
A minha consulta era exclusivamente por causa do estado da minha mãe. Não que eu tivesse problemas de psiquiatria. Fiquei depois quando ele começou a arranjar problemas. Mas valeu para ele se servir quando fiz queixa dele por maus tratos físicos quando disse a Dulcineia M**** o que ele era. Um dia coloco as fotos das nódoas negras com que fiquei. Além disto arranjou provas falsas que me colocou num estado crítico em relação à queixa. Conseguiu enganar o Sargento Ga******.Retirei a queixa e fiquei com rótulos, pouco abonatórios, à minha pessoa. Hoje tenho pena de não ter continuado e desmascara-lo em pleno tribunal.

Retomando a minha narrativa, sou a acrescentar:
Depois do almoço vamos para o consultório do médico.
As consultas estão atrasadas. Pedro vem para fora fumar o seu cigarrinho. ( Fumou até Setembro, altura em que foi operado ao nariz. ) 
Eu sigo-o e ficamos ali trocando beijinhos entre uma fumaça e outra.
O médico chega e eu sou chamada. A consulta demora quase uma hora. O Pedro espera pacientemente, pelo menos parece. Mostro ao Pedro o atestado onde se lê que não estou em condições de tratar da minha mãe. Este atestado será apresentado na próxima reunião com as minhas irmãs. Ele sabe disto, mas distorce a seu favor, mais tarde.
Sinto-me feliz por ele ser tão compreensivo. Penso eu de que...
O relógio marca a hora da despedida. Leva-me ao metro de Alvalade. Despedimo-nos com muitos beijinhos e fica combinado o encontro no dia seguinte para irmos para S. Pedro de Moel.
Já não trocamos nada neste dia.

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