domingo, 15 de janeiro de 2017

As voltas da vida!

É a vida que nos dá as voltas ou somos nós que damos as voltas à vida?
Creio que somos nós que damos as voltas à vida.

A minha vida não  seria tão complicada se eu não lhe tivesse trocado as voltas.

Terça, 05 de Julho de 2005

Estou na cama numa letargia tremenda. Sinto-me só. A angústia toma conta de mim. Não sei o que é certo e errado. Não consigo discernir o que faço e se o faço com consciência.
Não falo, não penso, não ouço...
Deambulo por entre as trevas da vida e não tenho saída para lá do túnel da escuridão.
Estou neste estado de espírito, quando algo de estranho entra no meu consciente.
Ouço o telefone a tocar. Não sei se estou na minha casa, na minha cama... É estranho o que sinto. Estendo, languidamente, o meu braço que apanha, com a mão, o auscultador do telefone. Pergunto com uma voz rouca:

- Estou sim, faz favor?
- Ainda estás a dormir? Com essa voz...
- Não estava bem a dormir, mas quase.
- É bom ouvir-te. Já tinha saudades tuas. Não quero perder-te nunca. És parte de mim...
- Hum! Hoje estás muito romântico. É para compensar o dia de ontem?
- Passou-se alguma coisa ontem que eu deva saber?
- Não me digas que já te esqueceste como me trataste ontem.
- Como foi? Tratei-te mal? O que se passou que eu não sei?
- Já não te recordas? Só duas mensagens muito curtas e fiquei todo o dia sem saber de ti.
- Hum! Teve saudades minhas? Que bom! Vá lá, não sejas assim... Tive tanto trabalho que nem tive tempo para comer. Tens que ver que ainda estou a trabalhar. Não sou como certas pessoas...
- Tu tens sempre razão. Desculpa...
- As desculpas não se pedem, evitam-se. Tanta converseta para nada. Vou-te fazer um convite. Queres vir almoçar comigo? Estou em Entrecampos.
- Mas não tinhas dito que, amanhã, vinhas tu ter comigo? É Quarta-feira!
- Pois! Já me tinha esquecido que amanhã é Quarta. Vê lá que nem sei às quantas ando... É o trabalho ou és tu que me põe assim?
- Deve ser o trabalho. Eu não tenho esse poder.
- Tens pois! Eu sou doido por ti e tu sabes isso. Não venhas agora com tretas.
- Para ti são tretas?
- Não desconverses. Posso telefonar logo?
- Não. Tenho cá a Glorinha.
- Dá-lhe dinheiro para ir comprar rebuçados. Era assim que faziam aos gaiatos antigamente.
- Tens sempre uma maneira airosa de dizer as coisas.
- Vou trabalhar. Tenho que fazer alguma coisa ao homenzinho. Os homens estão à minha espera. Vais ao MSN?
- Não sei. Tudo depende.
- Vá, vai lá para falarmos um cadinho. Vamos falar da nossa lua-de-mel.
- Mas não vais entrar de férias?
- E depois! Eu digo que vou trabalhar para fora como digo sempre.
- Está bem. Tu é que sabes. Vou ver se posso ir ao MSN.
- Então até logo. Beijinhos daqueles que só tu sabes dar. Hummm! Tão bom. Amanhã damos muitos desses.
- Até logo e beijinhos...





Foi assim que nos despedimos. Eu sabia que não fazia parte da vida dele, mas enganava-me a mim própria. Era uma maneira de fugir ao sofrimento. O relógio marca 09h20n12s.

Levanto-me e tomo banho. Faço as mesmíssimas coisas de todos os dias. É meu apanágio ter tudo limpinho e arrumado.
O tempo passa a correr.


12h56m20s


< Só agora vou almoçar. És servida? Beijokas grandes. >


Respondo que já tinha almoçado e desejo-lhe bom almoço.


A tarde decorre normalmente. A Glorinha aparece sempre à mesma hora e sai já depois do tempo.


18h12m01s


< Vou sair. Vou pa casa tomar banho e descansar. Até logo no MSN. Beijokas doces. >




Na hora de sempre eu estou no MSN. Falamos de muita coisa, do dia seguinte e da tal lua-de-mel. Combinamos as coisas para  termos um dia aprazível.

 

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