sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A vida cobra o que fazemos aos outros!

Neste fim de noite venho recordar mais um dia de vivência com o Pedro.


 O que diz Joana de Ângelis, é verdade. Se pensas que não vais pagar o que tens feito a todas as mulheres, enganas-te. A vida dá o retorno daquilo que fazemos aos outros. Espera que um dia  vais receber a tua parte. Todos colhemos o que semeamos. Quem semeia ventos, colhe tempestades.

Não é agradável relembrar tudo o que passei com este execrável.
É, portanto, um alerta para as mulheres não se envolverem com homens desta laia.
Já fiz o diagnóstico de pessoas desta estirpe.

Sexta, 08 de Junho de 2005

É um dia escaldante. Levanto-me cedo para apreciar o fresco da manhã.
Estou na minha cozinha e recordo o dia em que o Pedro aqui almoçou.
Já era Outono. O frio já se fazia sentir.
Olho e vejo-o sentado no lugar reservado ao meu marido. Está de olhos esbugalhados e receoso. Foi a única vez que o vi neste estado. Depois cria arrogância, vaidade, petulância, superioridade e um sem fim de adjetivos que lhe assentam lindamente.

Estou parada no tempo. Parece que estou no dia 13 de Outubro de 2004. Como o tempo passa, penso eu.
Estou descontrolada com os acontecimentos que vieram depois deste dia. Fecho os olhos e não quero ver. Levanto-me, silenciosamente, e venho para a sala. Isto não poderia ter acontecido. Agora ele tem-me na mão. É tarde para voltar atrás.
Já não sei se quero ir com ele para São Pedro de Muel. Sinto medo e cheiro-o no meu corpo.
O telefone toca e eu levo uma eternidade para ir atender. Sinto o corpo pesado, exalando o meu medo.

- Estou sim, faz favor?
- Bom dia amor mio. Estou com saudades tuas e quando ouço essa voz maravilhosa, tenho arrepios na espinha.
- Bom dia Pedro. És sempre assim tão romântico ou isso só sai pela boca?
- Sou assim para o meu amor que és tu. Nunca fui assim com ela. Já não nos suportamos. É só por causa das minhas filhas. Principalmente da Cláu******.
- A outra não é tua.
- Mas é o mesmo que seja. Quando comecei a ficar com ela, a V**** M***** ainda era bebé. Era linda. E, como te disse, apaixonei-me primeiro pela bebé e só depois decidi ficar com as duas.
- Tens um bom coração. És sempre assim?
- Não. Quando me enganam, sou um leão.
- Leão do Sporting, não é?
- Isso também. Mudemos de conversa. Já estive a ver a Residencial. Tem bons quartos e é sossegada.
- Isso é bom. E quando partimos?
- Dia 11 entro de férias, mas digo a ela que vou trabalhar para fora. Vamos Segunda. Ainda falamos melhor para acertar os detalhes.
- Hum, hum... Não pode ser. Tenho consulta para renovar o atestado de médico. Senão cai-me tudo em cima.
- Mas precisas mesmo?
- Já tenho a consulta marcada. É às 16h em Lisboa.
- O teu marido vai contigo?
- Não. Vou sozinha.
- O médico conhece o teu marido?
- Não. Tenho ido sempre sozinha.
- Eu posso-te acompanhar? Passo por teu marido.
- Não. O meu marido, é o meu marido. Tu és tu.
- Ainda não metestes na cabeça que vamos casar? Eu sou solteiro.
- E eu sou casada. Tu nunca virás a ficar comigo... Um dia partes e eu sou esquecida.
- És mesmo negativa e não acreditas em nada do que digo.
- Acredito até certo ponto. O resto é utopia.
- Então posso ir contigo?
- Tu é que sabes. Se já disseste que vais trabalhar para fora logo na Segunda, como vais emendar as coisas?
- Não te preocupes. Eu cá me arranjo.
- Tens  uma imaginação fértil, lá isso tens...
- Logo posso telefonar?
- Não. Está cá a Glorinha.
- Vai ao MSN para combinarmos  as coisas.
-Ok!
 - E não faltes. Temos muito que conversar  e acertar agulhas.
- Isso de " acertar agulhas " faz-se nos comboios.
- Agora é tudo automático. Beijinhos molhados. Porta-te bem.
- Eu sempre me porto bem. E tu?
- Não sejas parva. Até logo.
- Até logo e beijinhos.

Quando desligo, fico a magicar em tudo o que se falou. Ele tem imaginação que me mete medo. Um medo de morte.
Olho o relógio  e são 09h45m10s

O dia decorre normalmente. Continuo a fazer a minha vida. À tarde vou ao Intermarché.
Quando chego a casa a Glorinha fala que tinham telefonado, mas não tinham falado. Diz-me para ter cuidado por causa dos roubos. Eu digo que não tenho receio, mas calculo que fosse o Pedro. Deixo-me rir. Foi para me expiar, penso.

18h09m08s

< Amor telefonei. Estavas em casa? Quem foi que atendeu? Beijokinhas molhadas. >

Respondo que tinha ido ao Intermarché e quem atendeu foi a Glorinha. Conto a conversa que ela me fez.

< Hihihi... Eu já a roubei e a ti tb até logo no MSN. Bjs e fica bem. >

À noite falamos no MSN. Confirma que já disse  em casa que na Segunda ainda vai trabalhar.
O meu marido pergunta o que estou a fazer no computador. Eu respondo que faço pesquisas...



1 comentário:

Rui Pires - Olhar d'Ouro disse...

Refletiva mensagem de Joanna Angelis.
Bom fim de semana