Quarta, 23 de Fevereiro de 2005
Ontem, por lapso, escrevi esta data. Hoje corrijo. Ontem já não me deu para o fazer. Apenas justificar.
É a estação dos comboios em Entrecampos. Era aqui que eu descia do comboio e esperava tempo sem fim pelo Pedro.
Era Quarta, o nosso dia, como o Pedro gostava de dizer.
Logo, pela manhã, eu recebi uma mensagem das minhas colegas a desmarcar. Uma delas não podia vir ter comigo. Então marcámos para quinta. Quando o Pedro telefonou, já eu tinha a "boa nova" como ele a apelidou.
Eram 09h01m43s quando o telefone silvou. Desta vez não me enganei. Sabia que era o Pedro e tinha que lhe dizer que as minhas colegas não vinham.
Atendi o telefone, mas não sabia o que me esperava.
- Estou sim, por favor?
- Amor mio, sou eu para mais uma converseta. Não nos podemos demorar. As tuas colegas podem chegar.
- Não. Podes estar à vontade. Elas enviaram uma mensagem a dizer que só vêm amanhã.
- Mas isso é óptimo. Eu vou agora para Entrecampos e tu podes lá ir ter comigo. Afinal é o "nosso dia".
- Sim. Mas não será apertado?
- Não estás pronta?
- Estou. Como as esperava, levantei-me mais cedo e despachei-me.
- Então corre para a estação e vai ter a Entrecampos.
- Está bem. Beijinho e até já.
- Beijinhos que vou dar daqui a pouco.
Desligámos o telefone e eu fui apanhar o comboio.
Cheguei a Entrecampos pouco passava das 11h da manhã. Desci e fiquei sentada num banco, frente para a Feira Popular. Estava muito frio. Eu bem me enrolava no meu casaco vermelho, mas o frio entrava-me pelos ossos.
Já passava do meio dia quando o Pedro apareceu, esbaforido e sem fôlego. Perguntou se eu já estava ali há muito tempo e eu respondi que sim. Ele disse que tinha estado a terminar um trabalho para poder ficar comigo.
Saímos e fomos na direção norte para a p****.
Na esquina da 5 de Outubro estava uma caixa de multibanco. Ele parou para levantar dinheiro. Quando o dinheiro saiu, olhou para o papel e, muito sério, disse-me: - É o último. Fico com a conta a zero até receber.
Fiquei aflita e sem saber o que dizer. Mas pensei pagar eu, como acontecia sempre. Ele já fez aquilo de propósito. Sabia que eu iria dar-lhe o dinheiro para pagar na recepção. e assim foi. Tirei dinheiro da minha carteira e quando me deu a mão, eu passei o dinheiro para a dele.
Vi que tinha ficado aliviado e pensei que fosse verdade. Eu não sabia o sabujo que ele era. Vim a descobrir mais tarde.
Ficámos no mesmo quarto, junto à cozinha e no segundo andar. Já descrevi o mobiliário e a disposição das camas.
Desta vez escolhemos a melhor. Ele deitou toda a roupa para trás e disse que estava tudo muito asseado. Foi dar uma espreitadela na casa de banho e disse o mesmo. Eu mantinha-me em pé sem saber o que fazer. Ainda me sentia muito mal com estas situações. Mas ele depressa me pôs à vontade. Foi tudo maravilhoso. Sabe como fazer para agradar a uma mulher.
Depois, depois ficámos na converseta, como ele dizia muitas vezes. Voltou-se a falar no dinheiro das finanças. Não sabia como arranjá-lo e eu também não. Sempre lhe mencionei que, se fosse uma quantia mais pequena, eu iria ajudá-lo. Ele disse sempre que me pagaria até ao último cêntimo.
Falou, também, na outra casa. Disse que uma senhora tinha ido vê-la na véspera e que tinha dito que se a sala tivesse x metros quadrados que ficava com ela. Chamou-lhe louca. Disse que a sala era muito boa e que as casas estavam remodeladas. Eu não a conhecia e não podia falar sobre ela. Não o poderia ajudar.
Perguntei-lhe à queima roupa se ele me amava. A resposta foi curta, concisa e sem valor sentimental. Respondeu-me com outra pergunta: - Amor, diz-me tu.
- Não sei- respondi eu com toda a franqueza.
Ficou muito sério a olhar para mim, olhos nos olhos, e entrou em mim até ao fundo da minha alma.
Senti-me pequenina e sem valor sentimental para ele. Tive vontade de lhe dar tabefes na cara até me saciar, mas fiquei muda e calada a olhar aqueles olhos cor de mel frios e distantes. Ele não tinha sentimentos, pensei eu. Mas não disse nada e desvalorizei o sucedido. Na altura não sei o que me passou pela cabeça. Apenas sei que lhe lancei os meus braços à volta do pescoço e beijei-o apaixonadamente e com eloquência.
Com jeitinho, separou-se de mim e disse que estava na hora de sairmos. Fomos tomar banho e eu trauteei uma canção brasileira para ele. Começa assim:- Tu és a criatura mais linda
Que os meus olhos já viram.
Tu tens a boca mais bela
Que a minha boca beijou.....
Ele ria a bandeiras despregadas e perguntou se que o que eu dizia, era verdade.
Só podia, dizia eu e continuava enquanto ele me lavava numa carícia sem fim.
Já na rua, fomos ao mesmo café. Ele pediu um pão por Deus com fiambre e eu um chá de camomila e uma sandes de queijo.
Fomos para a estação do comboio. Fizemos as despedidas e eu voltei para casa.
À noite falámos no msn.