sábado, 30 de abril de 2016

Envio do NIB!

Segunda, 9 de Maio de 2005


A escada estava lançada. O Pedro tinha o dinheiro garantido. Faltava enviar o NIB da sua conta bancária da CGD. Neste dia fui à Clínica de Santo António fazer exames para sabermos o que tinha o meu marido. Estava a caminho para a Clínica quando recebi a seguinte mensagem.

08h25m21s

< Bom dia MEU AMOR. Ta td bem? Como tá o teu m? Ainda está em casa? Ñ posso telef fixo? Beijoca GRANDE para alegrar o teu dia. >

Quando o meu marido foi chamado para fazer o primeiro exame, eu fiquei cá fora do gabinete. Então enviei uma mensagem a dizer  onde estava.
Levei o dia na Clínica. Regressei a casa já passava das 16h. Com uma mensagem, via telemóvel, avisei o Pedro.
Recebi, de volta, a seguinte mensagem:

17h22m10s

<00350786000636277307* C.G.D. Amor a condição é devolver logo q possa. Fico muito agradecido do fundo do coração. Beij GRANDE meu AMOR. >

Era evidente que eu jamais veria o meu dinheiro. Porém, tive a ilusão que ele falava verdade. Acreditei nas palavras dele. Parecia sentido e emocionado. O tempo tem coisas que o tempo não pode realizar porque o tempo é ilimitado. Mas como tinha jeito para ator!?
Enviei uma mensagem a dizer que no dia seguinte, iria, logo de manhã, fazer a dita transferência. Enviei os parabéns para ele por ir levantar o seu Mimo. Ele retorquiu. Não sei para que escrevia com letras maiúsculas. Seria para dar ênfase a coisas que eu consideraria que o amor andava no ar?

23h31m26s

< Obrigado. Parabéns para TI tb. Até amanhã. Dorme bem. Beijoca GRANDE. >

Ainda não estava concluída a transferência, mas ele já sabia que seria feita no dia seguinte de manhã.
Escusado será dizer que não dormi nada. Estava preocupada. Como tinha que ir buscar a enfermeira para vir dar a injeção ao meu marido, aproveitava o ensejo para fazer a transferência.


sexta-feira, 29 de abril de 2016

Pediu Tranferência de mil €!

 
Domingo, 8 de Abril de 2005


Sempre na dúvida. Não sabia o que vinha aí. Programei a minha vida. Com o meu marido doente, não tinha uma vida fácil. Era Domingo. Um Domingo que poderia ser igual a tantos outros não fossem as adversidades. Todavia, estava consciente que, mais tarde ou mais cedo, as coisas mudariam. O Pedro estava condicionado e eu também. Mas ele estava a ver fugir a oportunidade de levar o meu dinheiro. Andava preocupado. Queria que as coisas fossem mais fiáveis e que eu atenderia o seu pedido.
Pela manhã recebi uma mensagem dele:

10h45m13s

< Meu Amor de ontem de hoje e de amanhã como tá o teu m? Podemos falar hoje? Preciso de ti. Bom dia. Bjs doces molhados quentes. ADORO-TE. >

Evidentemente que eu sabia o que ele queria. Só não sabia que estava desesperado e que antes que eu desse o dito por não dito, andava-me a apressar. Nem lhe respondi. Tinha mais em que pensar.

14h05m21s

< AMOR já sei como aconteceu elas saberem o número do teu tlmvl. Bom dia boa tarde bom tudo para TI meu AMOR. Bj grande doce molhado longo. ADORO-TE. >

14h32m19s

< Quando poderes liga-me. >

Liguei e falámos. Contou-me como elas souberam o meu número. Foi como a mulher dele, a Zé, me tinha dito. Depois fiz-lhe umas críticas. Claro que ele tinha sido o culpado. Assumiu e disse que as desculpas não se pedem, mas evitam-se e ele não tinha evitado. Ia arranjar uma maneira para se libertar do conceito que a mulher fazia dele e para eu ficar ilibada. Que não me preocupasse por que tudo ia ficar esclarecido. Disse-me que precisava de 1000€ e se ainda lhos emprestava. Eu disse que sim. Não queria cheque. Seria uma transferência. Pensava ele que eu não ficaria com registo por ser "uma Transferência". Depois na Segunda, dava-me o NIB da conta dele. Desejou-me boa noite e que não pensasse mais no assunto. Como se mil € fossem um cêntimo.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Compras!

Sábado, 7 de Maio de 2005


Era Sábado. O Fernando Pedro andava às compras no Feira Nova com a sua mulher. Eu estava ansiosa por saber o que se passava. Mas não havia nem uma mensagem para me tranquilizar. O tempo passava e eu estava uma pilha de nervos. No quarto estava o meu marido com a sua crise de vertigens. Não se podia mexer e dizia constantemente que o quarto estava a andar. Eu amenizava-o e falava com ele. De quando em vez, olhava o meu telemóvel que estava no silêncio. Até que apareceu a notificação de uma mensagem a entrar.

10h33m27s

< Andamos às compras no feira nova. Ela não disse nada de nada. Qd estiveres só, telefona-me. Bom dia MEU AMOR. Bjs doces. >

Porém, eu não podia dizer nada. Não sabia quando o Pedro estava sozinho. Enviei uma mensagem de agradecimento e pedi que me avisasse quando estivesse só.

12h43m47s

< Estou só. Ela foi trabalhar. >

Mas eu não estava só. A minha sogra tinha vindo ver o seu menino. Estaria aqui toda a tarde. Estava ocupada com o lanche e o jantar.

18h49m26s

< Senti o desejo de te dar um beijinho. Como estamos longe, só posso enviar um GRANDE beijinho quente, longo, molhado como nós gostamos. Até amanhã. ADORO-TE, sabia? >

Não podíamos falar muito. Ele não podia demonstrar que se estava a comunicar com alguém. 

terça-feira, 26 de abril de 2016

A filha dele telefonou!

Sexta, 6 de Maio de 2005


Sempre me preocupei por deixar passar uma boa imagem de uma esposa competente e dedicada. Contudo, o Fernando Pedro deu-me a volta à cabeça. Seria por ser meigo, carinhos, afável, prestável, adivinhar os meus pensamentos e mais um sem número de coisas, que me fez quebrar e "Pular a cerca" como ele costumava dizer? O certo é que descarrilei e vivi uma vida que não era a minha. Uma vida dupla, com perigos constantes, com receios, com calúnias... Uma vida que só me trouxe amargos, luxúria, dispêndio, remorsos e nem sei que mais... Isto não é ficção. É a pura realidade. Quantas mulheres terão histórias verídicas para contar como a minha? Muitas, eu sei...
O meu marido piorou. Neste dia fui com ele ao médico, logo pela manhã. Enviou-o para especialistas na matéria e receitou-lhe medicação até novo parecer.
Tinha desligado o telemóvel. Voltei a liga-lo e recebi um telefonema de um número desconhecido. Não atendi. Já não era a Zé Aguia**. Era outra pessoa. Tinha receio de quem poderia ser. Telefonei para o Pedro e disse o número. Era da Filha mais velha. Daquela que não era filha dele. Fiquei em pânico e disse que não sabia o que deveria fazer. Enquanto falava com ele, uma mensagem de voz ficou gravada no meu telemóvel. Dizia o seguinte: Olá Cetin***. Tudo bem? Fica bem. Eu voltei a falar com ele e transmiti-lha. Então ele alvitrou que eu mudasse de número. Mas como poderia fazê-lo se tinha o meu marido na cama e dependia de mim para tudo? Não podia ir à Vodafone e comprar um novo cartão. Não podia sem um motivo para dar a meu marido.
O meu marido adormeceu e eu desloquei-me a Vi***** Fra***** e comprei um novo cartão.
Enviei o novo número ao Pedro. Estava metida num imbróglio que ele me tinha arranjado. Assim que soube que eu lhe dava o dinheiro, a prioridade mais premente foi comprar um telemóvel e não teve as precauções necessárias. Quantas vezes o avisei para ter cuidado!
Fui arrastada para uma situação que poderia ter sido evitada.
Enviei uma mensagem para lhe dar a conhecer o novo número e perguntei se ela, a mulher dele, já lhe tinha dito alguma coisa. Enviou a seguinte mensagem:

17h23m02s

< Não sei e não me disse nada. Qd chegar a casa é q vejo como estão as coisas. Tem calma e deixa correr, dp eu digo como foi. Bj doce como os q gostamos.>

Não recebi nada de nada até à meia noite. Eu estava um farrapo. Tremia a dar a comida ao meu marido. Ele só me dizia para não me preocupar com a doença dele. Mas não era isso que me atormentava. Hoje digo isto com lágrimas no olhar, na alma e no coração. 
Pelas 00h09m15s recebi a seguinte mensagem:

< Esta tudo como se nada acontecesse. Ela não falou nada. Dorme bem. ADORO-TE. Bjs doces. >

domingo, 24 de abril de 2016

A mulher dele descobriu!

                    Quinta, 5 de Maio de 2005

Era  Quinta Feira de Ascensão. Feriado em muitos concelhos. No meu e no do trabalho do meu marido também era. Meu marido tinha ficado em casa. Porém não se sentiu bem. Tinha desequilíbrio e ficou na cama. Levantei-me para lhe dar o pequeno almoço. Enviei uma mensagem ao Fernando Pedro a dizer o que se estava a passar. Também disse, que se o meu marido não melhorasse que ia com ele ao médico na empresa onde trabalhava. Respondeu-me:

10h23m18s

< Mas afinal que tem ele? Vai-nos estragar os nossos planos. (Referia-se ao dinheiro). Bjs de quem te ama muito. >

Por volta do meio dia, recebi um telefonema dum número que não conhecia. Disse-me a voz de uma mulher:
< Sabe, o meu marido deu-me este telemóvel e tem aqui uma mensagem arrojada e vem desse úmero. É uma mulher. Que tem a dizer? >
Muito nervosa, respondi:
< Minha senhora este número é do telemóvel do meu marido. Ele está doente e eu fiquei de tomar conta dos recados. Entenda-se com o seu marido, que eu vou entender-me com o meu. >
A mulher do Pedro continuou:
< Sabe como é. Temos que ter muito cuidado e não precisa de estar nervosa. Agora já fico mais descansada. Mas vou esclarecer isto. Com licença. >
Desligou sem mais demoras. Eu fiquei em pânico. A mulher dele, a Zé, tinha descoberto. Mas por que raio já tinha comprado um telemóvel e não me disse nada? Tinha-o deixado, na véspera, no Parque das Nações. Já com a certeza que eu lhe daria o dinheiro, foi logo comprar um brinquedo novo. Telefonei para ele e disse o número que me tinha ligado. O Pedro confirmou que era da sua mulher e pediu para eu  desligar o meu até às duas da tarde. Assim fiz. Mas esqueci-me que tinha o voice mail ativo. A dita senhora deixou de me atormentar.
À tarde telefonou a perguntar se me tinham telefonado. Eu disse que não. Ele disse-me que ia ver como estavam as coisas em casa, mas que nesse dia já não me dizia nada e não íamos ao MSN. Assim foi. Ficámos em silêncio. O meu marido piorou.
Aqui começava um novo capítulo da minha vida. Aconteceu o que eu mais temia.


sábado, 23 de abril de 2016

Finalmente pediu-me dinheiro!

                  Quarta, 4 de Maio de 2005


No dia 4 de Maio era a nossa saída do hotel Al Tarik. Levantámo-nos cedo. O Fernando Pedro disse  que não tinha vontade de sair dali, mas  que não havia outra saída. Ia começar um capítulo novo
 na minha vida. Tomámos banho, arrumámos as nossas roupas e comemos um  pequeno almoço com alguma animação. Saímos e fiz o checkout. Enquanto ele arrumou as malas no carro, eu paguei a nossa conta. Reparei que tinha reservado no nome dele. Mas quem pagou, fui eu. Saímos dali e fomos ver esta capelinha cuja foto está nesta postagem.  Eu não estava preparada e fiquei muito triste com o sucedido. À porta desta Igreja, o Fernando Pedro, perguntou-me se ele estivesse com dificuldades de dinheiro, se eu o ajudava. Fiquei perplexa e não respondi de imediato. Olhei para ele muito séria e quis saber que género de ajuda. Foi quando falou pela primeira vez no empréstimo. Disse que me pagava até ao último cêntimo. Mas que precisava dele para levantar o mercedes. Ainda não o tinha feito porque não tinha o dinheiro. Estava com ele no meio do nada. Tinha apenas uma igreja que não me podia proteger. Respondi que, se não fosse muito dinheiro, podia contar comigo. Disse que não queria cheques. Queria uma transferência. Depois enviar-me-ia o número da conta. A quantia eram 1000 €. Estava feito. Já não podia voltar com a minha palavra atrás.
Daqui rumámos até Alcácer do Sal onde almoçámos. Tenho uma pen, que ele me deu, com fotos tiradas aqui e no regresso a Lisboa. Só não sei como passa-las para aqui.
Fui levá-lo ao Parque das Nações para ele apanhar o comboio no Oriente para casa. Chorei, de facto, mas porque não sabia como sair daquela embrulhada. Ele só dizia para eu ter calma por que logo, logo estaríamos juntos.
Cheguei a casa ainda antes do meu marido. Mas estava destroçada. Meu marido não compreendia o meu nervosismo se ainda há pouco tinha regressado de umas mini férias.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Nunca teve coração!

                           Terça, 3 de Maio de 2005


Um aspeto da praia da Lagoa de Santo André. 
Neste segundo dia, levantámo-nos cedo. O Pedro acordou primeiro que eu. Diz que ficou a olhar para mim, extasiado, a ver-me dormir com tanta serenidade. Não tinha e nunca mais teria. Ele roubou-me toda a dignidade que me restava. Receava ir ver à minha carteira os vinte€ que me faltavam. Estava implícito, de vezes anteriores, que ele me tirava o dinheiro para pagar o almoço. Tomámos banho e o pequeno almoço. Depois sentei-me na cama e quis falar com ele. Eu estava, indubitavelmente, certa que ele não acreditaria em mim. Porém comecei a narrativa da tentativa do suicídio em Abril. Ele escutava atentamente e bebia cada palavra que saia da minha boca. Vi que tinha sido um balde de água fria que lhe tinha caído em cima, mas não abrandei. Continuei até ao fim cada pormenor e detalhe sem vacilar. Quando eu acabei, ele falou, muito consternado: Já viste como eu ficava?
Respondi que nunca chegaria a saber. O telefone tocava e como ninguém respondia, ele desistiria.
- Engano teu. Tua filha teria que me explicar e eu iria a tua casa para saber o que se tinha passado.
Abraçou-me e beijou os meus olhos com sentimento. Pensei que estava a ser sincero. Todavia, hoje reparo o quanto me enganei a seu respeito. Ele nunca teve nem tem coração. Apenas ganância por dinheiro e viver acima das suas possibilidades.
Fomos almoçar ao Chez Daniel. Um almoço de peixe. Foi arroz de marisco. Não comi muito. Estava perturbada com o assunto do suicídio. Paguei eu, o que já se tornara um hábito.
Andámos a visitar os arredores. Tudo era bonito e eu comecei a ficar encantada e soltei-me. No regresso, deixámos o carro à beira da praia e caminhámos, descalços,  até bem perto da água. Havia muitas dunas. Numa delas, o Pedro, embrulhou-se comigo e ambos caímos. Beijámo-nos com sofreguidão. Era como se não nos beijássemos há décadas. Ele acariciou-me e disse que seria bom fazer amor ali mesmo. Eu nunca me dei bem com a areia. Portanto, não quis. Ficámos ali a ver o pôr do sol. Sempre adorei e ele mimava-me com isso.
Os meus pés vinham cheios de areia e eu sentia-me incomodada. Sentei-me para tirá-las, mas ele, com paciência, apanhou nos pés com carinho e  removeu as areias todas calçando-me em seguida. Fiquei sensibilizada e agradeci quanta gentileza. Mal sabia eu que ele estava a preparar o caminho para me pedir dinheiro. Mas não falou nisso. Por vária vezes tentei saber o porquê de não levantar o seu "Mimo" da oficina, mas ele desviava a conversa para coisas mais agradáveis.
Quando chegámos a casa fizemos amor e tomámos o nosso banho em conjunto. Ele acariciava o meu corpo ao passar por ele a minha luva de banho cheia de espuma. A banheira era um cume de espuma e nós enterrávamos o nosso corpo nela e  sentíamo-nos possuídos de uma melancolia que nos elevava ao êxtase.
À noite jantámos o que restava. No dia seguinte já era hora da partida.
Vimos televisão no canal Odisseia. Ele adorava ver um programa sobre inspetores que desvendavam crimes. Comentava comigo e ia seguindo o raciocínio da lógica. Contudo nunca era o desfecho da série.
Mais tarde telefonámos para os nossos apêndices. Ele falava sempre com as filhas.
Lavámos os dentes e fomos para a cama dormir. Era assim que terminava mais um dia.