quarta-feira, 15 de julho de 2015

Versos

Terça, 16 de Novembro de 2004
 
09h10m05s
 
 
< Meu Amor de ontem de hoje e de amanhã sei que não posso falar porque a tua irmã deve tar a chegar para trazer a tua mãe. Vão ser dias de solidão e tristeza. Mas a vida é ingrata. Andei na net à procura de uns versos para te enviar. Achei estes bonitos. ( Não os transcrevo porque são com linguagem obscena). Que achas? Eu não sei fazer versos mas vou experimentar.  Vou fazer uns para ti. Depois não te rias porque tu sabes fazer versos muito bonitos. Agora tb não vais estar disponível para mim. Mas quando puderes, telefona para este número 21******** ( Não colo aqui o número porque é falta de respeito e eu ainda o respeito, embora ele não me respeite ). Está mesmo aqui ao pé de mim. Bjs dos nossos e que só tu sabes dar. Quando puderes diz alguma coisa. >
 
 
16h25m46s
 
 
< Meu Amor acabei de receber os teus versos. Pegastes na frase que te disse "nasci do ventre de minha mãe no Alentejo" e fizestes uns versos tão bonitos. Estou feliz por te ter conhecido. Eu sei que a tua mãe dá muito trabalho. É pior que ter um bebé. Mas tem paciência. O tempo passa depressa e depois, tens a tua empregada que sempre te ajuda. De noite é que é pior. Quando tiveres acordada pensa, em mim. Vai sempre dizendo alguma coisa. Como a tua mãe está nem percebe com quem falas. Bjs dos nossos e que só tu sabes dar. Já sei que agora é difícil ires ao MSN. >
 
 
 
22h10m02s
 
 
< Meu Amor mesmo assim deu para falarmos um cadinho. Bjs molhados. Dorme bem. >

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Almoço

Segunda, 15 de Novembro de 2004
 
Mais um emblemático templo de Alvito. História e sabedoria.
 
11h45m45s
 
 
< Neste momento eu estava à porta do Centro Comercial à espera do Pedro. Chegou pouco depois das 12 horas. Beijámo-nos com intensidade. Já não nos importávamos com as pessoas que estavam. Fazíamo-lo com tanto à vontade que parecíamos um casal de namorados. E na gíria, eramos. Falámos do fim de semana longe um do outro. Falei do pack que não consegui abrir e ele explicou-me como fazer.
Almoçámos no sítio do costume. Ele com o tabuleiro à minha frente e eu já sabia o que isso queria dizer. Ele escolheu a mesa do canto. Estávamos mais protegidos dos olhares e nós encontrávamo-nos à vontade.
 Entregou-me uma cassete onde ele cantava canções em karaoke. Eu agradeci imenso. Fiquei feliz por se ter recordado de me cantar umas quantas canções. Disse-me que cantava assim porque tinha andado numa coisa de defesa pessoal que nunca entendi o nome, e lhe tinham dado uma pantufada no nariz ( cito o que me disse) que tinha ficado com o nariz partido e estava à espera de ser chamado para fazer operação. Eu não achava nada no nariz. Para mim tudo o que tinha era perfeito. Despedimo-nos até não sei quando. Eu iria ter a minha mãe em casa durante uns tempos e isso afastávamo-nos temporariamente. A minha mãe precisava de cuidados contínuos e estar eu presente durante 24h sobre 24h. Também iria ser muito trabalho e atenção da minha parte. A Glorinha ia-me ajudar, mas o maior trabalho era o meu. Não me arrependo nada do que fiz à minha mãe. Voltaria a fazer tudo de novo. Mas isso afastava-me do Pedro umas semanas ou um mês. Fosse o tempo que fosse preciso. Eu ficaria com a minha mãe até poder. Ele não gostou da ideia. Não podia ir almoçar com ele nem sairmos. Mas para mim era prioritário estar com a minha mãe. >

domingo, 12 de julho de 2015

Fotos

Domingo, 14 de Novembro de 2004
 
 
 
10h10m10s
 
 
<Bom dia Amor. Dormiu bem? Eu não. Pensei em ti e como era bom estar a teu lado. Beijinhos dos nossos. >
 
 
15h16m20s
 
 
< Meu Amor hoje não vamos ao MSN para ela não desconfiar. Envio as fotos quando ela sair. Bjs que só tu sabes dar. >
 
 
17h45m01s
 
 
< Meu Amor de ontem de hoje e de amanhã. De sempre. Aí vão as fotos. Estão lindas e vê-se que estás feliz. Eu tb estava. Foram os meus melhores dias. Com ela não sou feliz. um dia quero casar contigo. Os teus versos são lindos. Eu adoro-te, sabias? És TUDO para mim. Amo-te como NUNCA amei ninguém. Eu sei que tu tb me amas e isso dá-me coragem para deixar tudo e ir só contigo. Amanhã falamos. Queres ir almoçar comigo? Era bom. Depois vais ter a tua mãe e já não nos vimos. Pensa nisso. Bjs dos nossos, molhados e doces. Hum! Tão bom... não achas? Eu acho.... >
 
 
21h12m05s
 
 
< Meu Amor foi a foto dos pássaros, mas não era para ti. Foi a prenda dela no dia 7 deste mês. Desculpa. Hoje não falamos. Está a minha C****** comigo mas não é bom. Ela pode querer ver o que estou a fazer. É curiosa como tu. Hi..ih..ih.. Bjs muitos e molhados. Dorme bem. Até amanhã. >

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Acordar Triste

Sábado, 13 de Novembro de 2004
 
 
O Pedro enviou-me uma mensagem logo pela manhã que me deixou a pensar se seria verdade.
 
 
09h20m10s
 
 
< Meu Amor estou muito triste. Hoje acordei e tu não estavas a meu lado. Senti-me só. Bjs de quem te ama muito. >
 
 
 
12h36m02s
 
 
< Meu Amor tb não almoçamos juntos. Hoje é um dia muito triste para mim. E para ti? Bjs molhados. >
 
 
15h10m45s
 
 
<Os teus versos são lindos e fazem lembrar os nossos dia de ldm. Adoro-te, sabia? Bjs doces. >
 
 
22h10m13s
 
 
< Hoje não houve MSN. Sinto a tua falta. Depois envio as fotos que restaram. Bjs dos nossos. >

quinta-feira, 9 de julho de 2015

O adeus a Porto Covo

Sexta, 12 de Novembro de 2004
 
 
10h20m00s
 
 
Foi o adeus a Porto Covo e a umas férias de sonho, pensava eu.
 
 
 
Como sempre, o levantar foi por voltas das 8 horas da manhã. O ritual foi o mesmo dos dias anteriores. Mas mais tristes. Os dias tinham chegado ao fim. Porém, não saímos sem fazer amor pela última vez nesse fim de uma lua-de-mel que se tinha pronunciado muito boa.
Depois arrumámos as nossas coisas nas malas respetivas e eu telefonei ao Senhor para lhe dar a chave e pagar. Uma pontinha de esperança aflorava na minha mente. O Pedro iria pagar a sua parte, mas tal não aconteceu. Ele fez-se moço de recados e meteu a bagagem no carro enquanto o Senhor passava o recibo e recebia o dinheiro. Claro que dei um nome falso e uma morada também. Depois metemo-nos  no carro e viemo-nos embora. Falámos alguma coisa, mas pouco. Ambos vínhamos tristes por os dias terem passado tão depressa. Ele dizia que era isso, mas hoje ponho as minhas dúvidas.
Almoçámos em Alcácer do Sal num restaurante muito patusco. Ficava do lado esquerdo da foz do rio Sado. O Pedro conhecia-o muito bem. Era lá que almoçava quando ia a Alcácer ou quando vinha de Alvito, como me contou. Ele comeu ensopado de enguias e eu um peixe grelhado. Nunca vi uma pessoa com tanta minúcia a arranjar um peixe para eu não encontrar nenhuma espinha. Disse que o fazia às filhas e que estava habituado. Soube-me muito bem e tinha fome. Não comi sobremesa. Estava um bocado forte e o Pedro queria que eu emagrecesse. Por ele fazia tudo.
Ainda arranjámos tempo para dar uma voltinha por Alcácer. Andámos na ponte pedonal e tirámos algumas fotografias na máquina digital do Pedro. Foi aqui que ele viu que as fotos anteriores se tinham apagado todas quando ele quis apagar uma minha que tinha ficado tremida. Apostei naquele momento que el ainda não percebia muito bem a digital. Deveria ser mesmo nova.
Arrancámos de Alcácer depois das 15h rumo ao Parque das Nações.
Quando já se via a ponte, o Pedro ainda tirou uma foto que ficou muito bonita.
Deixei-o no Parque das Nações e foi com lágrimas nos olhos que me despedi dele. Foi um "até já" como ele referiu.
Já em casa, aguardei a chegada do meu marido. Foi com alegria que me abracei a ele. Não tinha pensado que o estar longe dele fosse tão amargo. Gostei dos seus beijos e das pedidas de desculpas de ambas as partes. Adorei ter-me envolvido no seu cheio tão inebriante que me deixava louca. Depois voltei à minha vida insignificante. > 

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Segundo Dia

Quinta, 11 de Novembro de 2004
 
 
Mais uma vez me servi do meu diário, embora ainda recorde muita coisa que se passou entre nós. Mas, assim, é mais fiável.
 
 
< Acordámos à mesma hora. Era o hábito. Aqui já acordei mais tranquila e sem perplexidade. Já tinha dormido com ele duas noites e isso já dera para haver mais confiança. Tomámos banho do mesmo jeito e eu, como sempre, demorei-me mais na casa de banho a secar o cabelo. Quando cheguei à cozinha, encontrava-se a mesa do mesmo modo que no dia anterior. Era novidade para mim, mas já não me senti de boca aberta e surpresa. Comemos pausadamente. Ninguém corria atrás de nós. Arrumámos tudo e, quando eu fui mexer na gaveta, os sacos de plástico desdobraram-se e foi uma confusão. Pedro tirou os sacos e ensinou-me a dobrá-los de um jeito que ocupavam pouco espaço e se mantinham bem arrumados. Ainda hoje os dobro assim e ficam bem arrumados. O meu marido perguntou-me um dia onde tinha eu aprendido a dobrar os sacos assim. Fiquei tão atrapalhada e corada que o meu marido notou o meu embaraço. Quis saber e eu, como sabia que ele não gostava do Goucha, respondi que tinha sido num programa dele. Não ripostou, apenas disse que lá tinha saído uma boa coisa dele da mente dele.
 Neste dia não saímos de Porto Covo. Ficámos na Vila a descobrir as praias e o muito que tinha para ver. Fomos até à marina piscatória. e descemos umas escadas. As rochas brilhavam muito e Pedro ia explicando o que eram aqueles pontos luminosos e brilhantes que se viam. Estava seguro de si, mas não me convenceu. Eu estudara mineralogia e sabia o que cada ponto daqueles representava na Mãe Natureza, mas não quis tirar-lhe o mérito. Assim se passou a manhã até que chegou a hora do almoço. Almoçámos no Restaurante " A Falésia ". O Pedro comeu bacalhau à Zé do Pipo e eu comi Peixe espada grelhado. Estava tudo muito saboroso e o Restaurante tinha muito bom aspeto. Falámos muito. Desta feita a conversa recaiu na descoberta do corpo humano e nas sensações maravilhosas que dele emanavam. Foi construtiva e quando demos por isso, só nós os dois estávamos no Restaurante. O tempo junto de Pedro não tinha barreiras e passava-se tão bem que nem dávamos por ele. Hoje vejo que caí numa ratoeira muito bem montada, mas não posso voltar atrás. Mais uma vez, paguei a conta. e nem ripostei ou pestanejei. Já se tinha tornado um hábito e, a pouco e pouco, já o fazia maquinalmente.
Fomos para casa, mas antes passámos pela Vendinha com coisas lindas. Eu comprei mais um postal e enviei-o à minha filha. O Pedro comprou pulseiras em tons de azul para levar de recordação para as filhas. Estas não paguei porque me fiz de parva escrevendo o postal para a minha filha. O Pedro foi muito amável. Colou-me os selos no envelope. Eram estas pequenas coisa que faziam a diferença e me faziam apaixonar por ele. Era só paixão. Amor é uma coisa diferente. Dura uma vida. Hoje sinto-me enojada pelo passo que dei. Já não sinto nada por ele, senão desprezo e ódio. Só não sabia que mais tarde, pagaria bem caro estes momentos de prazer. Falámos que era dia de São Martinho e que o dia estava esplendoroso.
A tarde foi maravilhosa. Pedro já me tinha habituado às tardes magníficas e de volúpia.
Depois de cometer os disparates é que queremos remediar, mas já é tarde e nunca as coisas voltam a ser o que eram.
Depois fomos tomar banho e já não saímos neste dia. Vestimos os pijamas e ficámos por casa. Um serão como os outros. Telefonemas e mentiras pejadas de cumplicidade.
Fomos para a cama por volta da meia noite e dormimos muito aconchegados um ao outro. Estava frio e o calor dos nossos corpos, acariciava a alma desnudada de preconceitos. Já não os havia entre nós. Éramos um casal. Passámos por isso em muitas situações e  eu não sentia prazer nisso. >

terça-feira, 7 de julho de 2015

Primeiro dia completo em Porto Covo

Quarta, 10 de Novembro de 2004
 
Mais uma vez me servi do meu diário para transcrever o que se passou em Porto Covo
 
 
8h10m00s
 
 
< Neste dia encontrava-me deitada e agarradinha ao Pedro quando acordei. Fiquei muito nervosa e olhei em redor para me certificar onde me encontrava. A janela tinha ficado mal fechada para os raios de sol nos avisarem que era dia. O Pedro já se encontrava acordado e sorria para mim ao ver a minha perplexidade perante tal cenário. De mansinho deu-me a saudação com um beijinho muito doce e meigo. " Estás aqui comigo. Não é sonho nenhum, mas pura realidade. Conseguimos realizar o nosso sonho. Amo-te mais que ontem e menos que amanhã. " Eu sorri meio envergonhado e rolei da cama para me levantar. Ele disse: - Espera. Onde vais já? Deixa-te ficar assim um cadinho com o teu corpo pegado ao meu. Eu adoro. E tu?
Respondi que também me sentia muito feliz, mas que estava envergonhada.
- Agora é que sentes vergonha? Passastes a noite comigo. Não há que haver tabús entre nós, percebes? E ria a bandeiras despregadas.
- Sim-Respondi eu menos à vontade que aquela que deveria ter.
Ele apertou-me muito e beijou os meus olhos, os meus cabelos e as minhas faces desprovidas de cor.
Passado algum tempo, levantámo-nos e fomos tomar banho. O banho foi como de costume. Ambos na banheira já desprovidos de roupa. Comecei a lavar-me com a minha luva, mas o Pedro tirou-ma e lavou-me ele com tanta meiguice que me arrepiei toda. Ele tomou banho com sabonete e disse-me que o gel de duche lhe deixava o corpo pegajoso. Em minha casa também era assim que tomava banho.
Limpou-me com o lençol de banho como se fosse um bebé. E ia, ao mesmo tempo, beijando o meu corpo desnudado.
Fiquei na casa de banho a secar o meu cabelo e ele saiu de mansinho. Quando cheguei à cozinha fiquei mais perplexa ainda e perscrutei à minha volta para ver que não estava enganada. A mesa estava posta com todas as iguarias necessárias a um bom pequeno almoço. Nunca ninguém me tinha feito semelhante surpresa. Ele era a personificação de um ser humano diferente e isso gradava-me. Hoje vejo o retrato de um sociopata que faz tudo para agradar à mulher até ter tudo o que deseja, mas na altura não pensava assim. Estava cega e não queria ver o óbvio.
Depois de termos tomado o pequeno almoço e arrumado a cozinha juntos, fomos até Odemira. Quando passámos pelo café da Susana ele foi tomar um café. Disse que só funcionava bem depois de tomar o seu cafezinho.
Fomos ao miradouro e o Pedro tirou fotografias. Tinha levado uma máquina digital. Fora a primeira vez que vira uma, mas não lhe disse. A minha ainda era de rolo. Mas não a levara.
Também fomos a Vila Nova de Mil Fontes. Lá comprei um postal para enviar à minha filha. Ia-lhe contar da minha relação com o Pedro. Estava um pouco apreensiva, mas calculava que a minha filha compreendesse derivado à minha relação com o pai.
Os correio em Vila Nova ficavam mesmo junto da casa onde comprei o postal. Quando o ia meter no correio, reparei que não tinha selo e que não podia comprar um devido os mesmos já se encontrarem fechados para almoço.
Regressámos a Porto Covo. Almoçámos no Vasco da Gama. Eu comi um bife com batata frita. Chamava-se "Bife à casa". O Pedro comeu enguias de ensopado. Quando a empregada trouxe a conta, entregou-a ao Pedro, mas ele, como já era hábito, empurrou-a para o meu lado. Paguei sem pestanejar. Não valia a pena estragar uma estadia que estava a ser tão boa.
A livraria da vila também servia de posto de correio. O carteiro ia buscar o correio perto das 16h e eu aproveitei e enviei o postal em correio azul dentro de um envelope já que continha informação confidencial.
Explorámos melhor Porto Covo e a seguir fomos para casa. Não vou descrever o que fizemos, mas podem calcular. Foi uma tarde sem paralelo. Cada dia era melhor que o anterior.
Já era noite quando saímos para fazer mais compras para o jantar. O Pedro não quis o jantar que eu trouxe e encomendou uma pizza. Mais uma vez, paguei a conta.
Jantámos os dois com muita satisfação e passámos o serão a ver televisão. O Pedro com a cabeça no meu regaço e a minha mantinha enrolada nele. O meu aquecedor, aquecia a casa. Ainda falámos às nossas caras metades e cada um mentia como podia. eu sentia-me mal por mentir ao meu marido, mas o Pedro confortava-me e dizia que não era o fim do mundo. " O teu casamento é uma mentira" dizia perentoriamente. Eu anuía, embora pouco convicta.
Por volta da meia-noite fomos deitar e ele ajudou-me a meter-me na cama com tanto carinho que os olhos se me encheram de lágrimas de alegria. Terminava, assim, o nosso primeiro dia em Porto Covo. >