terça-feira, 7 de julho de 2015

Primeiro dia completo em Porto Covo

Quarta, 10 de Novembro de 2004
 
Mais uma vez me servi do meu diário para transcrever o que se passou em Porto Covo
 
 
8h10m00s
 
 
< Neste dia encontrava-me deitada e agarradinha ao Pedro quando acordei. Fiquei muito nervosa e olhei em redor para me certificar onde me encontrava. A janela tinha ficado mal fechada para os raios de sol nos avisarem que era dia. O Pedro já se encontrava acordado e sorria para mim ao ver a minha perplexidade perante tal cenário. De mansinho deu-me a saudação com um beijinho muito doce e meigo. " Estás aqui comigo. Não é sonho nenhum, mas pura realidade. Conseguimos realizar o nosso sonho. Amo-te mais que ontem e menos que amanhã. " Eu sorri meio envergonhado e rolei da cama para me levantar. Ele disse: - Espera. Onde vais já? Deixa-te ficar assim um cadinho com o teu corpo pegado ao meu. Eu adoro. E tu?
Respondi que também me sentia muito feliz, mas que estava envergonhada.
- Agora é que sentes vergonha? Passastes a noite comigo. Não há que haver tabús entre nós, percebes? E ria a bandeiras despregadas.
- Sim-Respondi eu menos à vontade que aquela que deveria ter.
Ele apertou-me muito e beijou os meus olhos, os meus cabelos e as minhas faces desprovidas de cor.
Passado algum tempo, levantámo-nos e fomos tomar banho. O banho foi como de costume. Ambos na banheira já desprovidos de roupa. Comecei a lavar-me com a minha luva, mas o Pedro tirou-ma e lavou-me ele com tanta meiguice que me arrepiei toda. Ele tomou banho com sabonete e disse-me que o gel de duche lhe deixava o corpo pegajoso. Em minha casa também era assim que tomava banho.
Limpou-me com o lençol de banho como se fosse um bebé. E ia, ao mesmo tempo, beijando o meu corpo desnudado.
Fiquei na casa de banho a secar o meu cabelo e ele saiu de mansinho. Quando cheguei à cozinha fiquei mais perplexa ainda e perscrutei à minha volta para ver que não estava enganada. A mesa estava posta com todas as iguarias necessárias a um bom pequeno almoço. Nunca ninguém me tinha feito semelhante surpresa. Ele era a personificação de um ser humano diferente e isso gradava-me. Hoje vejo o retrato de um sociopata que faz tudo para agradar à mulher até ter tudo o que deseja, mas na altura não pensava assim. Estava cega e não queria ver o óbvio.
Depois de termos tomado o pequeno almoço e arrumado a cozinha juntos, fomos até Odemira. Quando passámos pelo café da Susana ele foi tomar um café. Disse que só funcionava bem depois de tomar o seu cafezinho.
Fomos ao miradouro e o Pedro tirou fotografias. Tinha levado uma máquina digital. Fora a primeira vez que vira uma, mas não lhe disse. A minha ainda era de rolo. Mas não a levara.
Também fomos a Vila Nova de Mil Fontes. Lá comprei um postal para enviar à minha filha. Ia-lhe contar da minha relação com o Pedro. Estava um pouco apreensiva, mas calculava que a minha filha compreendesse derivado à minha relação com o pai.
Os correio em Vila Nova ficavam mesmo junto da casa onde comprei o postal. Quando o ia meter no correio, reparei que não tinha selo e que não podia comprar um devido os mesmos já se encontrarem fechados para almoço.
Regressámos a Porto Covo. Almoçámos no Vasco da Gama. Eu comi um bife com batata frita. Chamava-se "Bife à casa". O Pedro comeu enguias de ensopado. Quando a empregada trouxe a conta, entregou-a ao Pedro, mas ele, como já era hábito, empurrou-a para o meu lado. Paguei sem pestanejar. Não valia a pena estragar uma estadia que estava a ser tão boa.
A livraria da vila também servia de posto de correio. O carteiro ia buscar o correio perto das 16h e eu aproveitei e enviei o postal em correio azul dentro de um envelope já que continha informação confidencial.
Explorámos melhor Porto Covo e a seguir fomos para casa. Não vou descrever o que fizemos, mas podem calcular. Foi uma tarde sem paralelo. Cada dia era melhor que o anterior.
Já era noite quando saímos para fazer mais compras para o jantar. O Pedro não quis o jantar que eu trouxe e encomendou uma pizza. Mais uma vez, paguei a conta.
Jantámos os dois com muita satisfação e passámos o serão a ver televisão. O Pedro com a cabeça no meu regaço e a minha mantinha enrolada nele. O meu aquecedor, aquecia a casa. Ainda falámos às nossas caras metades e cada um mentia como podia. eu sentia-me mal por mentir ao meu marido, mas o Pedro confortava-me e dizia que não era o fim do mundo. " O teu casamento é uma mentira" dizia perentoriamente. Eu anuía, embora pouco convicta.
Por volta da meia-noite fomos deitar e ele ajudou-me a meter-me na cama com tanto carinho que os olhos se me encheram de lágrimas de alegria. Terminava, assim, o nosso primeiro dia em Porto Covo. > 

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