quinta-feira, 16 de julho de 2015

Tristeza

Quarta,17 de Novembro de 2004
 
 
10h00m00s
 
 
- Estou.
- Pedro sou eu. Posso falar? Como disseste que podia falar para este número eu tomei a liberdade.
- Ó meu Amor ainda bem que telefonaste. Como estão as coisas? Estava com uma tristeza tão grande que nem me apetecia trabalhar.
- As coisas estão na mesma. Já tratei a minha mãe e agora está a olhar para a televisão. Nem me conhece. Umas vezes chama-me prima, outras vizinha. Enfim, é um quadro muito triste.
- Mas que doença! Já pensaram em metê-la num lar?
- Pedro enquanto ela não cair à cama, vamos tratando dela. Depois metemo-la numa casa de saúde que há em P****** muito boa.
- Mas um lar é mais barato.
- Ela tem bem para pagar bons serviços e tem enfermeiros constantes, médicos e assistentes. Temos que zelar por ela. Ela também zelou por nós.
- Pois, vocês é que sabem.
- Vim só para te ouvir um bocadinho.
- E foi bom, Amor. Telefona sempre. Eu agora nunca sei quando estás disponível!
- Pois! Quando eu puder, telefono. Beijinhos doces e até logo.
- Beijinhos molhados e foi um momento muito bom. Obrigado.
- Até logo e não tens que agradecer.
- Até logo, Amor.
 
 
 
17h45m10s
 
 
< Meu Amor de sempre agora é difícil falar contigo. Mas vou sempre escrevendo para estar mais perto de ti. Não sei como foi o teu dia, mas deve ser muito complicado. Estou sempre, contigo no coração e no pensamento. Tem calma que o tempo passa depressa. Eu sei que não é assim, mas é para te dar força. Falo por mim. Os dias parecem anos e nunca mais acabam. Amanhã fico em Santa Apolónia. O telefone é 21********. Vai mesmo ter ao meu gabinete. Mais ninguém atende.
Beijinhos molhados doces como o mel e meigos e suaves. Bjs...bjs..bjs. >
 
 
21h55m20s
 
< Estive à tua espera mas, não aparecestes. Dorme bem. Bjs dos nossos. >

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