segunda-feira, 20 de julho de 2015

Surpresa

Sábado, 20 de Novembro de 2004
 
 
10h30m e alguns segundos
 
 
< Era sábado. Dia da minha consulta. Meu marido não se disponibilizou para me acompanhar e ajudar na tarefa espinhosa com a minha mãe. Foi, sim, para casa da minha sogra como acontecia há já vários sábados. Eu tive que me desembaraçar sozinha não obstante o meu receio de dar uma crise à minha mãe.
 A consulta decorreu na normalidade e o médico, embora não fosse a sua especialidade, mas fez o obséquio de fazer uma consulta a minha mãe. Como as gotas S.O.S já estavam a faltar, ele receitou-me outro frasco para uma crise mais proeminente.
Saí do consultório com a minha mãe pela mão e dirigi-me ao balcão para marcar exames que o médico me tinha pedido para fazer. Sentei a minha mãe numa cadeira e pedi a uma empregada, muito simpática, que estivesse com a minha mãe até eu marcar os exames. A minha mãe alheada de tudo, mas foi submissa.
Quando acabei de marcar os exames, dirigi-me para a empregada e agradeci encarecidamente, dando-lhe uma gorjeta simbólica. Voltei-me e nem queria acreditar no que os meus olhos viam. O Pedro estava atrás de mim com um sorriso de orelha a orelha. Eu fiquei estupefacta e pensei se não seria uma visão que estava a ter. Nunca pensei que ele fosse ter comigo à Clínica. Estava fora da minha imaginação vê-lo ali. Com a minha mãe pela mão, fui ter com ele e dei-lhe dois beijinhos nas faces. Apresentei-o à minha mãe como se fosse um colega meu. Mas ela não deu importância. Recebeu o cumprimento e ficou no seu casulo. Eu agradeci ao Pedro a grande e linda surpresa que me tinha feito. Ele disse que já tinha muitas saudades minhas e salientou que não aguentava se não fosse ter comigo. Acompanhou-me até ao carro e falei que a F******** ir aposentar-se e que faria uma almoço de despedida como eu tinha feito. Para a minha mãe pensar que era verdade, não estivesse ela nos raros momentos de lucidez, perguntei ao Pedro se queria ir ao almoço. Seria depois da minha mãe se ir embora. Ela esperava por mim. Éramos muito amigas.
Quando cheguei ao carro, meti a minha mãe no banco e pus-lhe o cinto para ela não sair e vim com o Pedro para a traseira do carro darmos beijinhos, abraços e carícias. Ficámos assim durante algum tempo, mas sempre com o olho na minha mãe. Estava impávida e serena como se não estivesse ali.
Depois de algum tempo, despedi-me do Pedro. Fora uma manhã  maravilhosa com aquela surpresa que estava longe de ter.
Quando entrei para o carro, a minha mãe perguntou-me se era algum médico e o que tinha dito. Eu disse-lhe que era um colega e ela ficou calada a olhar para mim.
 A tarde decorreu normal. O Pedro enviou-me uns versos referentes a Porto Covo. Eram lindos e até chorei de alegria.
 
< Amor mio hoje tb me deu, para fazer uns versos para ti. Gostei de matar saudades tuas. Estavas linda.
 
Não me chames de lamechas
Pelo que te vou dizer
Amor não me deixes
Eu não te posso esquecer.
 
 
Uma mosquinha eu queria ser
No teu tecto a espreitar
Para Amor eu te ver
Quando te estás a banhar
 
 
Saborear os momentos
De te ver ali deitada
Estás em meus pensamentos
E tu és a minha amada
 
Ver o teu corpo de seda
Com o paninho amarelo
a lavares o teu corpinho
Que é todo o meu desvelo
 
Vou andar atrás de ti
Todo o dia a espreitar
Eu já não vivo sem ti
Eu só te sei amar
 
Uma mosquinha queria ser
E para ti só olhar
Eu não vou desaparecer
No teu tecto a espreitar.
 
 
Ora diz lá senão sei fazer versos!?
Foram feitos a pensar em Porto Covo quando tu tomavas banho com o teu peninho e eu te lavava com meiguice. Amo-te e prontos. E sei que tu tb me amas. Os teus olhos até brilham quando me vês. Bjs doces molhados e meigos e suaves com amor. Teu Pedro. >
 
 
21h56m38s
 
< Amor os teus versos em resposta tb tão bonitos. Já não falei contigo, mas amo-te, sabias? Bjs dos nossos. Dorme bem. >

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