sábado, 31 de outubro de 2015

Já pensaste?

Terça, 18 de Janeiro de 2005
 
Mais uma vista linda do Castelo dos Mouros em Sintra. Quem não conhece, eu recomendo uma visita a esta cidade linda, Concelho de habitação do nosso Fernando Pedro.
 
 
Ai Fernando Pedro, ai Fernando Pedro! Tu não prestas, mesmo. Porém, és fiel aos teus gostos desde que andámos juntos. Ainda ouves o " Porto Sentido ". Foi a primeira canção que me cantaste, ao telefone, de um bar qualquer onde ias fazer Karaoke. Tenho a certeza que lês o meu blog e sabes que eu não minto ao invés de ti que mentes constantemente. A tua boca só serve para mentir e para.... Não posso mencionar porque é obsceno. 
Tu sabes a que me refiro e creio que os meus leitores também.
 
 
Neste dia telefonou-me ainda cedo. Eu ainda estava a dormir. Mas atendi. Nessa altura, tinha o telefone na mesa de cabeceira. Hoje já não tenho. Modifiquei muita coisa para não me recordar dele.
Há muita coisa que foi apagada da minha memória. Só ficaram aquelas que registei no meu diário. Aquele que hoje me serve de guia para transcrever a tua maldade e como fazes para cativar uma mulher. Cativá-la até teres dela o que almejas. Foi assim comigo. És peixes e, como eles, gostas de andar no cimo da vida para filares as tuas presas.
 
 
O telefone tocou e eu, languidamente, apanhei o auscultador. Já adivinhava quem poderia ser o autor da chamada mas, certeza, não tinha:
 
08h20m45s
 
- Estou sim, por favor?
- Amor mio, sou eu. Bom dia. Dormiste bem? Eu dormi que nem uma pedra.
- Bom dia. Olha por falar em " pedra ", sonhei contigo....
- Sonhaste? E o que foi? Não me digas que te v******, no sonho!
- Não. Não foi um sonho erótico. Foi um sonho normal, mas falei alto. O meu amarido perguntou-me o que estava a sonhar porque tinha falado em pedra. Era a chamar por ti. Só que ele não percebeu.
- Eu bem te digo para teres cuidado! Um dia ainda és apanhada.
- E tu não? A tua mulher pode apanhar uma mensagem minha ou ver o meu nome no telemóvel.
- Ah, ah, ah. Isso não vai acontecer. Tenho o teu nome como José António.
- A sério?
- Sim. Eu sou muito cauteloso. É para veres. Olha já pensastes na minha proposta?
- Que proposta? Não me recordo! Desculpa.
- As desculpas não se pedem, evitam-se. De irmos para a p***** no dia que fores ao médico.
- Ainda não pensei. E como é só sexta, ainda tenho tempo para pensar...
- Eu tenho que saber, para reservar.
- Ao fim do dia já tenho uma resposta.
- Então, logo, diz-me, ok?
Ok! Combinado.
- Agora vou fazer qualquer coisinha para o homenzinho.
- Tens uma lata!!!
- Vá, até logo. Beijos docinhos. Hum! Do jeito que tu dás.
- Até logo gozão.
 
 
12h01m23s
 
< Vou almoçar. Já pensastes na minha proposta? Bjs para tua sobremesa. >
 
17h10m25s
 
- Estou sim, por favor?
- É essa maneira linda de atenderes o telefone que me cativa.
- Não gozes, está bem?
- Não estou a gozar. É verdade. Tens um charme que me arrepia todo.
- Tu e os teus arrepios.
- A sério. E já pensastes na minha proposta?
- Já e não.
- Mau! Como é afinal?
- Pensei que deveria ser bom, mas por outro lado, não sei se vou querer. Nunca estive nessa situação.
- Há sempre uma primeira vez para tudo. Nunca tinhas saltado a cerca e agora saltastes. ( Este tempo verbal era sempre dito e escrito da mesma maneira. )
- Pois! É um dos meus erros. Que nunca me venha a arrepender.
- Não, amor mio. Eu não deixo.
- Assim o esperemos no futuro.
- Bom, posso reservar?
- É cedo. Amanhã falamos disso.
- Cedo? Já vou sair e tu dizes que é cedo?
- Cedo para reservar. Basta de um dia para outro, penso eu...
- Pensas mal. Logo falamos no MSN?
- Não sei. O meu marido tem trabalho.
- Eu espero por ti. Beijokinhas só nossas.
- Beijinhos.
 
 
22h20m13s
 
< Foi bom falar contigo. Foi um cadinho, mas foi bom. Dorme bem. Bjs só nossos.>

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

De volta de novo!

Segunda, 17 de Janeiro de 2005
 
Quem não conhece esta entrada? Nem precisa referenciar. Este Castelo é perto da A********a, onde reside o Fernando Pedro.
 
Mais um dia que recorro ao meu diário. Já me tinha esquecido, mas hoje relembrei como tudo  se tivesse passado de novo.
 
09h19m29s
 
 
- Estou sim, faz favor?
- Bom dia, bom dia, meu Amor. Que saudades de te ouvir. Estou de volta, de novo, aos nossos telefonemas..
- Hum! Bom dia. Estás muito bem disposto! Passa-se alguma coisa que deveria saber?
- Sabes, estive a pensar numa coisa e assim guardo os dias para as nossas luas de mel.
- E posso saber o que vem aí desta vez?
- Estou a trabalhar em Entrecampos. Andei a fazer uns telefonemas. Um amigo meu deu-me alguns números.
- E do que se trata?
- Vens ter comigo e vamos a uma pe***o aqui perto. Tem banho e é muito asseada.
- ( Silêncio)
- Não dizes nada? Não gostastes da ideia?
- Deixa ver se percebi. Vamos a um sítio passar uma horas e pronto? Deixas de vir a casa?
- Não é bem isso. Vou ai também, mas é mais fácil vires tu ter comigo. Assim guardo dias para sair contigo.
- Estou a ver. E posso saber como se chama?
- Chama-se P****o L***s. É aqui na Avenida *********.
- Já lá foste com outras?
- Nãooooo! Que disparate. Foi um colega que me deu. Mas se não queres, tudo bem.
- E para quando?
- Não dissestes que vens ao médico no dia 21? Íamos só lá experimentar. Que achas?
- Vou pensar nisso.
- Vamos primeiro ver como é. Se gostarmos, vens ter comigo.
- Ok. Vou já processando a ideia.
- Espera um cadinho...
-..........................
- Estou de volta. Ainda estás ai?
- Estou, mas esse " cadinho " dava para eu ter ido a Lisboa e voltar.
- Desculpa, mas tive que resolver um assunto.
- Eu, por mim, não me importo. Tenho o dia todo...
- Como estava o teu marido?
- Estava bem. Recebeu-me lindamente. Aí em casa como foi?
- Como se viesse de um dia normal de trabalho. Só a C*****a é que ficou feliz por me ver.
- É sempre assim?
-É, lamentavelmente, é sempre assim.
- Deixa lá. Eu dou-te carinhos...
- Ainda bem que te encontrei. Não te quero perder. Mas agora tenho que te deixar. Vou trabalhar.
- Então, até logo? Não telefones depois das seis da tarde.
- Está bem. Beijokinhas só nossas.
- Beijos e tem um bom dia. ( desliguei )
 
 
17h54m18s
 
 
< Já não posso falar. Vai ao MSN. Beijokinhas doces. >
 
 
22h01m34s
 
< Dorme bem. Foi bom falar contigo. Hoje durmo melhor. Bjs só nossos. >

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Eu entendo!

Domingo, 16 de Janeiro de 2005
 
 
Um Castelo com identidade. Sintra, como sempre no seu melhor.
 
 
Neste dia o meu marido foi correr. Ia sempre para manter a linha. Foi futebolista e isso ficou-lhe para sempre. Fazia os seus treinos sempre que podia.
Eu aproveitei para enviar ao Fernando Pedro uma mensagem, via telemóvel, para ele ir ao pc.
Explicava porque não tinha respondido nem ido ao MSN.
Respondeu assim:
 
10h12m25s
 
< Meu Amor de ontem de hoje e de amanhã. Entendo o teu silêncio mas, era difícil para mim depois, de termos passado uma semana tão boa. Hoje já podes vir ao msn? Parece que não falo contigo há que tempos. Estou com fome dos teus beijos, carícias meiguices e tudo o que trocámos naquele quarto, percebes? Hoje sei ver que não posso ficar sem ti. Amo-te e deixo tudo para estar contigo. Meu docinho és a minha musa. Bjs que só tu sabes dar. > 
 
 
14h35m46s
 
< Amor mio estou no MSN à tua espera. Aparece. Eu entendo senão apareceres. Bjs doces. >
 
 
 
Não fui ao MSN. Meu marido estava comigo na sala e eu não o queria deixar sozinho. Enviei mensagem a dizer que não podia ir.
 
 
22h10m58s
 
 
< Dorme bem. Pensa que estás a meu lado. Amanhã falamos. Bjs só nossos. >
 
E foi assim que terminou mais um dia. Eu estava a ficar com medo do Fernando Pedro. Mas, por outro lado, ele era um amor.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Sábado solitário!

Sábado,  15 de Janeiro de 2005
 
Que linda é a Igreja de Alvito! Esta vila alentejana tem coisas muito lindas. Pena ter sido palco de dar à luz uma criança em 1955 que, mais tarde, se haveria de tornar um sociopata.... Isto acontece aos melhores. Nem todos os alentejanos são assim.
 
Neste Sábado acordei cedo. Estava já habituada àquele ritmo da Nazaré. Eis porque não gosto da rotina. O meu marido ainda dormia. Eu fiquei surpresa de ele estar a meu lado. Esperava encontrar o Fernando Pedro. Foi alívio num sentido. Estava na minha casa. A primeira abordagem que fiz no dia anterior com o meu marido tinha sido maravilhosa. Ele tinha-me enlaçado nos seus braços e eu senti-me protegida pela primeira vez na vida. Ele dava-me segurança e compreendia-me sem sessar. Tinha pedido ao Pedro para não me contactar na noite de Sexta. E ele cumpriu. Talvez, também, para conveniência dele.
Voltei a adormecer nos braços do meu marido e senti que nada me poderia prejudicar. Nem tinha o problema de ir ver se me faltava dinheiro. Adormeci tranquila.
 
Pelas 09h32m10s o meu telemóvel deu sinal de mensagem a chegar. O meu marido acordou e eu acordei também. Fiquei com receio de ser o Pedro e nem me sentia com coragem de ir ver.
O meu marido quebrou o silêncio e disse: - Não vais ver quem te quer desejar bom dia?
Respondi que estava tão bem nos seus braços que não me apetecia desfazer aquele abraço tão nobre.
Mas, languidamente, estendi o braço e apanhei o telemóvel.
Era, realmente, o Pedro. Dizia o seguinte: - Bom dia meu Amor. Dormiu bem? Eu não. Pensei em ti toda a noite. Vai ser um sábado solitário. Bjs só nossos.
 
Ao meu marido disse que era a minha filha e fiz uma mensagem imaginária. Tinha aprendido com o Pedro a mentir.
O meu marido agarrou-se a mim e disse que tinha sentido a minha falta. Senti tamanho peso na consciência que o abracei com força e disse que também tinha sentido o mesmo.
 
 
Estava eu a fazer o almoço quando o meu telemóvel tocou.
 
12h34m23s
 
< Meu Amor estou tão só que tenho vontade de chorar. Dia solitário sem ti. Hoje almoço só com a C*****a. Bjs molhados. >
 
Não respondi. Não me apeteceu. Eu nem sabia se aquilo era verdade... Pelas mentiras que dizia todas as noites à mulher e filhas fez com que  eu já não acreditasse nele.
 
15h20m45s
 
< Estou no MSN. Aparece. Tenho saudades. O sábado tem sido solitário. Bjs doces. >
 
 
17h45m56s
 
< Ela já veio do trabalho. Pq não vieste? Tenho ciúmes desse gajo. Beijokinhas molhadas. >
 
 
 
22h01m28s
 
 
< Hoje foi um sábado solitário. Bjs e nem sei como vou dormir. >
 
Eu não queria estar a enviar mensagens. Não queria que o meu marido desconfiasse. Nem fui ao pc. Estive todo o dia na brincadeira com o meu marido. O Sábado passou-se e eu estava feliz ao seu lado . Até o cheiro  dele me alegrava.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Último dia da nossa viagem!

Sexta, 14 de Janeiro de 2005
 
 
Quem não conhece o Parque de D. Carlos, nas Caldas da Rainha? É lindo! Tem um jardim maravilhoso, o museu Malhoa um lago e muitas outras coisas lindas.
 
Ainda na Nazaré era muito cedo quando acordei. O Fernando Pedro dormia e eu não. Estávamos os dois nos braços um do outro. Senti-me incomodada e cheguei-me para a beirinha da cama. Ah! Ainda não disse que o nosso amigo ressonava que nem uma locomotiva! Ele dizia que era por ter partido o nariz numa atividade que ele praticava em artes marciais. Mas nessa noite acordou-me com um ronco mais forte.
Fiquei acordada algum tempo. Pensei como estaria o meu marido quando eu chegasse a casa. É certo que todas as noites nos falávamos, mas isso não era suficiente. Também falava com a minha filha. Ela recordava-me que não tinha gostado dele e que, se calhar, não era boa ideia o que eu estava a fazer. Mas não me desencorajou. Só me disse para ter cuidado com ele. Eu já andava com o olho nele, mas ele fazia-me coisas que me faziam dissipar o medo. Era assim como um analgésico. Enquanto durava, eu não pensava nas coisas más.
Com pensamentos obscuros, acabei por adormecer até que ele me chamou. Eram horas de pular da cama e fazermo-nos à estrada. A nossa estadia pela Nazaré estava a terminar.
Tomámos banho como sempre, mas desta vez mais demorado. Trocámos beijos, carícias, meiguices e muitas outra coisas que nos puseram ao rubro. Tomámos o pequeno almoço e cada um arrumou as suas coisas nos tróleis.
Descemos e, enquanto eu fiquei a fazer o check out, o Fernando Pedro metia a bagagem no meu carro. Claro que fui eu que paguei. Era sempre eu e nunca ele. Foi aí que a dona do Solar me perguntou se tínhamos gostado das mini férias e se tudo tinha estado ao nosso agrado. Eu respondi que sim. Claro que recomendo a quem quiser ir lá passar uns dias. Para me passar o recibo precisou do BI. O Pedro estava na rua e perguntei se podia ser o meu. Ela aceitou, embora a reserva estivesse no nome do Pedro. Aí fez-me uma série de perguntas a que fui respondendo como pôde. Ela disse-me que tinha um filho e uma filha. Soube que a filha morreu com câncer há dois anos, talvez três. Enviei os meus pêsames  e ela agradeceu-me. Fui para lá nessa altura em que a filha estava em Lisboa internada. Ela vinha todos os dias a Lisboa estar com a filha e o filho tomava conta do Solar. Ela reconheceu-me, por incrível que pareça. Chamou-me logo Senhora Doutora Mas ficou muito séria a olhar para o meu marido. Por delicadeza, não me disse nada.
Voltando um pouco atrás, depois de saldar a nossa conta, despedimo-nos e sai ao encontro do Pedro que já estava ao volante do meu carro. Mas antes pedi desculpa pelo Pedro não se ter ido despedir.
Seguimos em direção às Caldas da Rainha. Antes do almoço, andámos pelo Jardim que é lindo. Sempre de mãos dadas ou com o braço do Pedro a enlaçar-me toda.
O carro ficou estacionado no paquímetro junto ao Jardim.
Á hora do almoço, fomos ao D. Piri-Piri que ficava em frente ao Jardim. Sinceramente que não sei se ainda existe. Quando vou às Caldas nem me recordo de reparar se ainda lá está.
Comemos frango assado com batata frita e arroz com salada à parte.
Eram 14h22m quando saímos das Caldas.
Rumámos em direção à minha casa.
Uma coisa que não sei se disse. Desta vez o Pedro trouxe o carro dele que ficou estacionado atrás do jardim da minha casa.
Ele partiu e eu fiquei em casa. Tinha terminado mais uma semana junta com o Fernando Pedro, desta vez na Nazaré.
 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Quarto dia na Nazaré

Quinta, 13 de Janeiro de 2005
 
A fotografia que hoje posto é o " Solar dos Carvalhos ". Foi aqui, no segundo andar, que passei os meus dias, na Nazaré, com o Fernando Pedro.
Ele continua aí, pelo face, com outro nome. Mantem sempre o " Pedro". O apelido é que varia. Mas não vou dizer o apelido. Não quero que ele fuja. E não quero colocar mal quem mo disse. Os outros já toda a gente conhece: Pedrokas; Pedro Sintra, Pedro Lisboa e uns milhentos que não vale a pena mencionar.
 
Neste dia, também, acordámos cedo. Ele não conseguia estar na cama depois daquela hora. Como já era hábito, tomámos banho juntos e ele fez sempre as mesmas coisas. Já se tornara numa rotina e eu estava a detestar. Mas não dizia nada para não o magoar. O pequeno almoço foi, ligeiramente, diferente. Eu assim o quis para quebrar a rotina.
Fomos ao mesmo café onde íamos todos os dias e onde eu dava pela falta do meu dinheiro. Enquanto ele estava ao balcão, eu via o que tinha acontecido enquanto eu dormia.
Os óculos do Fernando Pedro tinham as hastes soltas e ele foi a uma ourivesaria, ao cimo da rua, que tinha óculos de sol na montra, para o Senhor lhos apertar. O Senhor foi simpático e apertou-lhe as hastes.
Quando começámos a descer a rua em direção ao mar, ele deteve-se, mais uma vez, em frente à sapataria a ver os sapatos que continuavam ali à sua espera. Mas ainda não os comprou.
 
Neste dia andámos na praia. Mesmo na areia da praia. Eu não queria ir porque a areia entrava para dentro dos meus sapatos e fazia-me impressão. Ensinou-me a andar na areia sem que a mesma entrasse para os sapatos. Foi giro e aprendi. Percorremos a praia toda de mãos dadas. Ouvíamos o marulhar das ondas que batiam, de mansinho, na areia e desmaiavam no areal num embelezamento que fazia inveja. As ondas desfaziam-se de prazer e ele comparou-as com a maneira como fazia amor comigo. Dizia-me ao ouvido: - Amor é assim que me acontece quando me entrego a ti quando fazemos amor.  Eu chamei-o de " convencido " e ele riu com gargalhadas francas e desprendidas de satisfação. Apertou-me junto a ele e beijou-me com uma avidez que me fez desejar que ele não parasse. É exímio naquilo que faz:- Seduzir uma mulher mais velha. Ele sabe o que faz e sabe que o faz bem, quando quer e até querer. Quando deixa de querer, deixa de  "saber fazer ".
De volta para o apartamento, viemos pelo calçadão. Um casal dava de comer às gaivotas. Pela segurança das gaivotas, via-se que já estavam habituadas àquele ritual. Ficámos um montão de tempo a ver e a apreciar o momento.
O Fernando Pedro tirou uma fotografia. Ele andava sempre com a digital na mão.
Depois enveredámos por umas ruelas estreitas e fomos comer a uma tasca chamada " Vicente ". Tinham caldeirada neste dia. Como era o último passado na Nazaré, reservámos a caldeirada para este dia. Era o dia do Fernando Pedro pagar. Pagava com o meu dinheiro como se eu nunca tivesse dado conta que ele mexia na minha carteira.
A caldeirada foi muito pobre. Tinha muita batata e pouco peixe. Foi um fiasco. Comentámos o sucedido, mas já não havia nada a fazer.
Neste restaurante, tirou-me umas fotos que estive a rever antes de começar a escrever o que tenho no meu diário.
Depois do almoço, andámos pela marginal a ver as lojas. Eu comprei algumas coisas e ele também.
Regressámos ao apartamento para deixar os sacos. Era sempre à tarde que ele gostava de fazer amor. Era uma tarde de velinhas e muita farra. Hoje sinto-me envergonhada de o recordar, mas não posso modificar o passado. Como disse atrás, isto tudo faz parte da história que construi com ele. Nunca serei capaz de a apagar. Mesmo que queime o meu diário, a história continua.
Tomámos banho e saímos para a rua para ir comprar o jantar ao super da Lena.
Ao passarmos pela sapataria, os sapatos ainda lá continuavam. O Fernando Pedro disse que tinha mesmo que os comprar. Eram giros. Castanhos claros com uma tira ao meio e com atacadores. Mais tarde, tirou-lhe a tira, mas eu conheci-os logo.
 Ele estava à espera que ele lhos comprasse, mas eu desviei-me e comecei a ver as malas para senhora. Não comprei nenhuma, mas também não lhe comprei, diretamente, os sapatos. Eu sabia que ele já lá tinha o dinheiro para eles. E era meu.
O jantar foi à luz das velas e o romantismo pairava no ar.
Ficámos a ver televisão até tarde e fomos para a cama para dormirmos a última noite, muito agarradinhos, desta vez, na Nazaré.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Terceiro dia na Nazaré!

Quarta, 12 de Janeiro de 2005
 
Mais um dia passado no remanso da Nazaré. Pacata, nesta altura do ano. Via-se um ou outro turista, mas nada de especial. O tempo resplandecia de sol, embora o frio se fizesse sentir e até soprava uma leve brisa que fazia os meus cabelos andarem num rodopio constante.
Levantámo-nos cedo e, depois do banho a dois, vestimo-nos e fomos tomar o nosso pequeno almoço.
O Fernando Pedro arranjou um tabuleiro muito bonito e desencantou uma jarra que colocou com uma flor de plástico. Tomámos o pequeno almoço. Ele queria dar-me os flocos como se eu fosse uma criança. Mas eu não acedi a tal mariquice. Acho que era de mais. Era o romantismo dele a florescer, também. Eu fiquei estarrecida a olhar para aquilo. Só que não sabia que ele estava a preparar o caminho para outra coisa. Como o Fernando Pedro não funcionava sem café, fomos ao mesmo sítio para ele o beber. Eu sentei-me numa mesa e, enquanto ele bebia o café ao balcão, eu fui ver o dinheiro que tinha na carteira. Tinha deixado uma marca. Fiquei triste porque me faltava dinheiro. Pensei: - " Se ele quer dinheiro, que mo peça. Não mo tire ". Mas não tive coragem de lhe dizer nada. Não queria ferir a sensibilidade dele. Nem queria ouvir uma mentira. Saímos do café e eu vinha muito calada. Ele reparou e pôs o braço por cima de mim e disse que  me amava muito e não queria ver-me triste. Relevei mais uma vez e pensei que seria sempre assim.
Andámos pela Nazaré. Fomos para o lado das escolas do primeiro ciclo. Fernando Pedro relembrou-me do meu percurso profissional e se não tinha saudades.
 Claro que tinha. Ainda, nas minhas reminiscências, voltavam como pausas de uns dias que nunca iria esquecer. Mas o tempo passa e eu fui-me adaptando ao meu novo modo de vida.
Descemos pela estrada Nacional entrando em ruelas que pareciam que os telhados se tocavam uns nos outros. Era lindo e eu estava encantada.
Havia Nazarenas que nos ofereciam apartamentos como se nós andássemos à procura de um. Eu gosto de história e, naquelas ruas antigas, eu via a história da Nazaré.
O tempo voou e quando vimos as horas, eram horas de almoçar.
O Fernando Pedro alvitrou que fossemos comer ao " Borgas " novamente. Era ele sempre que escolhia os restaurantes.
Comemos peixe grelhado. Ele arranjou o meu com minúcia como se eu fosse uma criança.
Não comemos sobremesa. Qual não foi o meu espanto quando ele disse que pagava o almoço. Claro, com o dinheiro que me tinha tirado da carteira. Não fiz comentários, mas o meu eu interior, chorava baixinho. O príncipe tinha pés de barro. Recordei-me de uma vez ele me perguntar se eu não tinha medo de dormir com ele. Podia ser um ser diferente do que eu via. Nessa altura até brinquei com a situação. Mas hoje já punha as minhas dúvidas.
Como o restaurante ficava em frente ao Solar dos Carvalhos, fomos para casa descansar.
Deitámo-nos em cima da cama a conversar banalidades. De vez em quando, ele acariciava-me e daí ao resto foi um passo. As velinhas eram sempre acesas na altura certa e davam um ar de paz que nos entregávamos um ao outro como se fossemos velhos conhecidos.
Depois fomos tomar banho e lá nos dirigimos ao Super da Lena. Como sempre, paguei a conta. Já não fazia disso uma controvérsia. Passou a ser uma coisa banal.
Ainda passámos pela farmácia que ficava ao cimo da rua. Queria eu comprar um drenante. Sentia que fazia retenção de líquidos.
Mais umas voltinhas a ver as montras e o Fernando Pedro ficou preso à montra de uma sapataria. Queria aqueles sapatos. Eram lindos!
Mas não os comprou. Eu também não disse nada. Não estava nos meus planos comprar-lhos. Mas era disso que ele estava à espera.
Voltámos para o apartamento e fomos começar a preparar o jantar. Mais uma vez, ele acendeu as velas que pôs em cima do balcão da cozinha. A luz reluzia e fazia pequenas figuras que se assemelhavam a anjos. Ele relembrou que até os anjos nos estavam a proteger. A olho nu, eu não via nada, mas assenti com a cabeça. Numa ida à casa de banho, pus o sinal na minha carteira. Queria ter a certeza. Ainda falei com o meu marido e ele falou com a companheira e com as filhas. Depois desligámos os nossos telemóveis.
Ficámos a ver televisão até perto da uma da manhã. Eu já pestanejava e tinha dificuldade em abrir os olhos. Ele conduziu-me à cama e ajudou-me a deitar. Adormeci de imediato. Logo de seguida ele foi à minha carteira. Mais uma vez, ele me levara dinheiro. Era para os sapatos.