domingo, 20 de dezembro de 2015

Regar o Amor!

Sexta, 25 de Fevereiro de 2005

Por aqui passei muitas vezes com o Pedro. Hoje não quero recordar esses dias e esses momentos nefastos na minha vida tão pacata que tinha antes do conhecer. Mas era eu e depois passei a ser outra pessoa que me fazia ser diferente, sensível, apaixonada e acreditar em cada palavra que vinha da sua boca nojenta e  sem qualquer brio que o levasse a ser diferente para comigo. Ele era o demónio. Eram chifres que ele carregava na cabeça em vez daqueles cabelos pintados de preto e com aquele corte à rapazola. 
Mais uma vez, estou diante do meu diário e mais uma vez, eu vejo o quanto ele era hipócrita e desonesto.

08h56m37s

- Estou sim, por favor?
- E eu também estou aqui para falar um cadinho contigo. Pode ser?
- Claro que pode. Por que não?
- Sei lá. Diz-me tu. Estás sozinha?
- Sim. Porquê? Deveria estar mais alguém aqui? Que eu saiba, não. O meu marido já está a trabalhar, a minha filha está na A****** e a Glorinha só vem à 1h da tarde.
- As tuas colegas podiam ter dormido aí.
- Vá lá, não sejas infantil. Elas foram embora.
- É que ontem tinhas o telemóvel desligado e não aparecestes no msn.
- Ah! É só isso?
- E achas pouco? Ou só elas é que contam para ti?
- Não. Tu contas mais. Mas eu não posso arriscar. Queres estragar tudo? Temos que ter cautela.
- Pois, isso. Ontem era bom falarmos. Ela estava a trabalhar.
- Mas eu tenho o meu marido todos os serões comigo. Ele já só me pergunta quem envia mensagens tão tarde. Temos que ser mais comedidos. 
- E eu a sofrer o teu silêncio. A sofrer à espera que apareças e a ficar destroçado quando não apareces. Nem durmo de noite.
- A sério? Coitadinho. E eu é que durmo mal.
- Bem. Amanhã como é que é! Vens ter comigo?
-  Estava a pensar nisso. O meu marido já disse que vai à minha sogra e que janta lá.
- É bom. Vamos até Setúbal comer peixinho fresco.
- A sério? Mas isso é bom. Há uns restaurantes à beira rio muito bons.
- Ei, pera lá... Quem vais escolher, sou eu. Não quero ir onde já fostes com o teu marido. Isso dá-me voltas ao estômago.
- Está bem. Nem vou dizer nada. Tu é que orientas tudo. Para quê eu. Para que sirvo? Eu sei para que sirvo.
- Bem, fica combinado. Amanhã vem cedo. Vens ter comigo. Está aqui às 10 horas. 
- Até nas horas mandas. Mas está bem. Eu estou aí.
- Assim, digo em casa que venho trabalhar e digo que vou para Setúbal.
- Eu nem digo nada. Ele escusa de saber que saí.
- É melhor. Eu trago-te sã e salva. Agora deixamos de tanta converseta. Tenho que ir trabalhar.
- Até logo, depois das 5.
- Só depois das 5?
- Sim. É quando a Glorinha sai.
- Vá, beijokinhas onde e como quiseres. Onde? Diz lá...
- Onde é hábito. Nos lábios.
- Pois... Já tenho beijado outras coisas.
- Não sejas ordinário. Esquece.
- Hum! Aqueles beijinhos naquele sítio tão quentinho e delicioso?
- Beijinhos e até logo.
- Beijinhos e fica bem.

17h12m31s

- Quem fala, por favor?
- Daqui planeta Vénus, chama terra. 
- Que espiritualista! Sabes o que é Vénus para os apaixonados?
- Sei. É a Deusa do Amor. E o nosso Amor precisa de ser abençoado por ela. De vez em quando precisamos de apimentar e regar o nosso amor.
- Eu rego com carinho, afecto, amor, ternura...
- Pois, mas isso não chega.
- Então que tenho que fazer para ser mais regado?
- Puxa pela cabeça.
- Não sei. Não sei onde queres chegar.
- Um dia vais perceber, mas pode ser tarde.
- Lá para a noitinha? Já é tarde da noite.
- Não me refiro a "essa tarde".
- Terás que me explicar melhor. Eu não entendo e depois fico em baixo por que não sei onde queres chegar. Não sei o que fazer com "esse regar o Amor"
- Bem, amanhã aqui às 10 horas. Logo vais ao msn?
- Não posso arriscar, mas vou ver o que posso fazer.
- Vá, fica bem. Beijikonhas só nossas, do jeito que tu dás. Hum! Tão gostoso. Amanhã vamos dar muitas.
Beijinhos de mel.
- Inté amanhã.

21h42m43s

< Estou no msn. Bjs, >

Fui ao msn e falámos pouco. O meu marido vinha cansado e foi deitar-se ao mesmo tempo que eu. Como tinha o computador na saleta, ele via que eu estava a falar com alguém. Mas combinámos o nosso encontro.



sábado, 19 de dezembro de 2015

Comparar!

Quinta, 24 de Fevereiro de 2005

É uma foto do grupo de cantares de Alvito. Terra que viu nascer o sociopata de que falo agora.

Estive a ler o meu diário e vi quanta coisa desagradável e repugnante me fez o Pedro. Nada fica impune. Um dia irá pagar por tudo o que já fez a tanta mulher e continua a fazer. O Juiz Supremo dá de volta o que fazemos quer ser bom ou mau.
Nesta Quinta eu tinha as minhas colegas a passarem o dia comigo. Nada me deu mais gozo na vida. Foi um dia em que esqueci que andava com o Pedro e um dia para recordar de tanta coisa boa. Porém, logo cedo, tive-o a chatear-me. Mas a partir daí, o dia foi para mim e para dedicar àquelas que me ajudaram em tempos difíceis.
Como sempre, o telefone tocou. Eu vinha a sair da casa de banho já pronta e alegre. Mas aquele toque fez-me arrepiar e descer à terra.
Eram 08h32m20s

- Estou sim, por favor?
- Amor mio, sou eu. Ainda estás sozinha?
- Vê-se, não. É que hoje já não voltamos a falar. Elas devem estar a chegar.
- Então vai ser um dia em grande, né?
- Vai ser um dia maravilhoso. Não vou esquecer.
- Com essa converseta estás a querer dizer que comigo não é maravilhoso?
- Nada disso. Tu é que pões palavras na minha boca que eu não disse.
- Então os nossos dias são mais maravilhosos?
- Cada um tem a sua beleza e sentidos diferentes. Nada de comparar.
- Ok! Eu não comparo, prontos.
- É melhor. Estás sempre a desdizer o que eu digo. Sempre contrapões. Não é bonito.
- Não te zangues ´mor. E não posso enviar mensagens?
- É melhor não. 
- Prontos, já sei que não te vais lembrar de mim.
- Nada te leva a pensar assim. És tão desconfiado que me deixa triste. Bolas!
- Vá. Diverte-te. Fica bem. Beijinhos onde e como quiseres, minha Shakti.
- Beijinhos para ti também.
- Ouve, posso esperar por ti no msn? ( Eu ouvi-o, mas fingi que já estava a desligar ).
- Já não me ouviu. A pressa de desligar. Porra...

Neste dia ficámos por aqui, eu e o Pedro. Quando o meu marido chegou, elas ainda estavam cá. Cumprimentaram-no e disseram que tinha sido um dia muito agradável. O meu marido foi para a cozinha e nós ainda ficámos nas despedidas e nas promessas de mais dias assim. À noite contei ao meu marido como o dia tinha sido divertido. Deitei-me muito feliz e satisfeita. O dia não poderia ter corrido melhor.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Uma converseta!

Quarta, 23 de Fevereiro de 2005

Ontem, por lapso, escrevi esta data. Hoje corrijo. Ontem já não me deu para o fazer. Apenas justificar.

É a estação dos comboios em Entrecampos. Era aqui que eu descia do comboio e esperava tempo sem fim pelo Pedro. 
Era Quarta, o nosso dia, como o Pedro gostava de dizer.
Logo, pela manhã, eu recebi uma mensagem das minhas colegas a desmarcar. Uma delas não podia vir ter comigo. Então marcámos para quinta.  Quando o Pedro telefonou, já eu tinha a "boa nova" como ele a apelidou.
Eram 09h01m43s quando o telefone silvou. Desta vez não me enganei. Sabia que era o Pedro e tinha que lhe dizer que as minhas colegas não vinham.
Atendi o telefone, mas não sabia o que me esperava.

- Estou sim, por favor?
- Amor mio, sou eu para mais uma converseta. Não nos podemos demorar. As tuas colegas podem chegar.
- Não. Podes estar à vontade. Elas enviaram uma mensagem a dizer que só vêm amanhã.
- Mas isso é óptimo. Eu vou agora para Entrecampos e tu podes lá ir ter comigo. Afinal é o "nosso dia".
- Sim. Mas não será apertado?
- Não estás pronta?
- Estou. Como as esperava, levantei-me mais cedo e despachei-me.
- Então corre para a estação e vai ter a Entrecampos.
- Está bem. Beijinho e até já.
- Beijinhos que vou dar daqui a pouco.

Desligámos o telefone e eu fui apanhar o comboio. 
Cheguei a Entrecampos pouco passava das 11h da manhã. Desci e fiquei sentada num banco, frente para a Feira Popular. Estava muito frio. Eu bem me enrolava no meu casaco vermelho, mas o frio entrava-me pelos ossos.
Já passava do meio dia quando o Pedro apareceu, esbaforido e sem fôlego. Perguntou se eu já estava ali há muito tempo e eu respondi que sim. Ele disse que tinha estado a terminar um trabalho para poder ficar comigo.
Saímos e fomos na direção  norte para a p****.
Na esquina da 5 de Outubro estava uma caixa de multibanco. Ele parou para levantar dinheiro. Quando o dinheiro saiu, olhou para o papel e, muito sério, disse-me: - É o último. Fico com a conta a zero até receber.
Fiquei aflita e sem saber o que dizer. Mas pensei pagar eu, como acontecia sempre. Ele já fez aquilo de propósito. Sabia que eu iria dar-lhe o dinheiro para pagar na recepção. e assim foi. Tirei dinheiro da minha carteira e quando me deu a mão, eu passei o dinheiro para a dele.
Vi que tinha ficado aliviado e pensei que fosse verdade. Eu não sabia o sabujo que ele era. Vim a descobrir mais tarde.
Ficámos no mesmo quarto, junto à cozinha e no segundo andar. Já descrevi o mobiliário e a disposição das camas.
Desta vez escolhemos a melhor. Ele deitou toda a roupa para trás e disse que estava tudo muito asseado. Foi dar uma espreitadela na casa de banho e disse o mesmo. Eu mantinha-me em pé sem saber o que fazer. Ainda me sentia muito mal com estas situações. Mas ele depressa me pôs à vontade. Foi tudo maravilhoso. Sabe como fazer para agradar a uma mulher.
Depois, depois ficámos na converseta, como ele dizia muitas vezes. Voltou-se a falar no dinheiro das finanças. Não sabia como arranjá-lo e eu também não. Sempre lhe mencionei que, se fosse uma quantia mais pequena, eu iria ajudá-lo. Ele disse sempre que me pagaria até ao último cêntimo.
Falou, também, na outra casa. Disse que uma senhora tinha ido vê-la na véspera e que tinha dito que se a sala tivesse x metros quadrados que ficava com ela. Chamou-lhe louca. Disse que a sala era muito boa e que as casas estavam remodeladas. Eu não a conhecia e não podia falar sobre ela. Não o poderia ajudar. 
Perguntei-lhe à queima roupa se ele me amava. A resposta foi curta, concisa e sem valor sentimental. Respondeu-me com outra pergunta: - Amor, diz-me tu.
- Não sei- respondi eu com toda a franqueza. 
Ficou muito sério a olhar para mim, olhos nos olhos, e entrou em mim até ao fundo da minha alma. 
Senti-me pequenina e sem valor sentimental para ele. Tive vontade de lhe dar tabefes na cara até me saciar, mas fiquei muda e calada a olhar aqueles olhos cor de mel frios e distantes. Ele não tinha sentimentos, pensei eu. Mas não disse nada e desvalorizei o sucedido. Na altura não sei o que me passou pela cabeça. Apenas sei  que lhe lancei os meus braços à volta do pescoço e beijei-o apaixonadamente e com eloquência.
Com jeitinho, separou-se de mim e disse que estava na hora de sairmos. Fomos tomar banho e eu trauteei uma canção brasileira para ele. Começa assim:- Tu és a criatura mais linda
Que os meus olhos já viram.
Tu tens a boca mais bela 
Que a minha boca beijou.....
Ele ria a bandeiras despregadas e perguntou se que o que eu dizia, era verdade.
Só podia, dizia eu e continuava enquanto ele me lavava numa carícia sem fim.
Já na rua, fomos ao mesmo café. Ele pediu um pão por Deus com fiambre e eu um chá de camomila e uma sandes de queijo.
  Fomos para a estação do comboio. Fizemos as despedidas e eu voltei para casa.
À noite falámos no msn.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A Flor mais bela!

Quarta, 23 de Fevereiro de 2005

Por lapso, escrevi mal a data.

Sempre me orientei na minha vida. Mas, infelizmente, chegou o Pedro para me desviar do caminho correto e digno que sempre percorri. Sinto-me envergonhada e indigna de mim mesmo. Sou um sol envergonhado num dia de Inverno. Mas, agora, já não vivo com medo dele. Posso dizer com toda a segurança: - Cuidado, Pedro, que um dia posso voltar a desvendar todas as mentiras que inventaste para te safares. Tenho tudo arrumado e catalogado. Sabes onde estão? É o Sargento a quem mentiste que tem tudo. E verificou com as operadoras as mensagens que tu e a Dulcineia trocaram comigo. Também tem a mensagem que te deixei no Skype.  Basta uma palavra minha para tudo andar para a frente. Não o convenceste e ele não parou com a investigação. Tem-te seguido e sabe com quem te envolves. Cuidado, não me faças  sair do sério. Não basta teres o teu perfil fechado. Isso não chega. Um dia pagarás tudo a dobrar e com juros.
Vim só para escrever mais umas palermices  que me disseste.

Estava no remanso do meu quarto, quando o telefone começou a tocar. Não atendi. Mas tu, também, não desististe. Passado pouco tempo, voltaste a ligar e o telefone voltou a tocar ainda com mais estridência.
Peguei no auscultador com muita vagarosidade. Não tinha pressa de ouvir a tua voz esganiçada e a sair pelo nariz por tu terem partido aquando da luta que travaste com o teu rival.
Olhei o relógio e marcava 08h31m59s.

- Estou sim, faz favor?
- Ora, bom dia para a flor mais bela do meu jardim.
- Sim, e deves ter muitas agora no Inverno. Devem estar engelhadas com a geada, queimadas e sem brilho.
- Até tenho lá algumas e são lindas. Envio uma foto.
- Não precisa. Até poderia ser de um jardim público que eu não ia notar.
- Já me estás a dar para o azar?
- Não. Mas estamos no Inverno e há poucas flores. Quem é que tu queres enganar?
- Estás deitada? Acordei-te?
- Porquê? Não me digas que me estás a ver?
- Mas não atendestes quando eu te telefonei a primeira vez.
- Ah! Eras tu? Pensei que não fosses...
- Até parece que não ligo logo de manhã. Não atendestes por isso ou por outra coisa?
- Não sei. Diz-me tu.
- Tu é que tens que responder. Fostes tu que não atendestes. 
- Pois. Nem sempre estou ao lado do telefone à espera que sejas tu. Também tenho vida própria. E pode ser outra pessoa.
- Tens muitos telefonemas iguais aos meus?
- Porquê? Deveria ter? Estava impedido?
- Não. Mas não me atendestes.
- Já te disse. Nunca sei quando podes telefonar. E até pode ser o meu marido a pedir-me alguma coisa. Tenho que ter muito cuidado. Não posso estragar tudo. Certo?
- Certo. Queres vir almoçar comigo?
- Não posso.
- Nem se eu te dissesse  que preciso do teu apoio?
- Para quê? Para te mudar a fralda?
- Não. Ando outra vez com o pensamento no meu irmão. Já me ajudastes uma vez.
- Pois, mas hoje não posso. 
- Porquê?
- O meu marido está na serra de Mon******** e vem almoçar a casa com outro colega.
- Está bem. E amanhã? É o nosso dia...
- Mas não vai ser. Amanhã vêm cá as minhas colegas de V***********. Vêm passar o dia comigo.
- Está bem. Agora vou ter uma reunião. Tenho que sair já. Beijoquinhas onde e como quiseres. Amo-te muito.
- Até logo. Beijinhos.
- Ouve... Posso ligar logo?
- Não. Não sei a que horas vem o meu marido. Envia mensagem.
- Se puder. 
- Vais à reunião, eu sei... ( Desliguei )


17h20m35s

< Posso ligar? <

Disse que o meu marido já estava em casa. Não falei com ele no msn e nem enviou mensagem.


-

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Pergunta sem resposta!

Terça , 22 de Fevereiro de 2005

Sempre que me disponho a ir buscar o meu diário e reescrever o que ele contém, sinto que a minha vida se quedou num abismo sem fim. Num labirinto de celas perdidas e que, por muito que eu queira, não consigo sair delas. São celas obscurecidas pelo tempo que me prenderam num passado tão distante que nem consigo enxergar a parede que as separa. Mas dando largas ao meu coração, sinto que estou livre e posso respirar o ar puro que circula à minha volta. Ar redescoberto depois de um passado tão devastador que me prendeu a um ser que não tem alma, coração e sensibilidade. Hoje sinto que sou eu e não a mulher amedrontada, despojada da sua dignidade, do seu coração imaculado e da sua vida com sentido. Mais umas quantas frases ditas sem sentido, sensibilidade e sem nada que nos prendesse um ao outro.
Parece que tinha um programador. Mais cinco, menos cinco, a hora era sempre a mesma e a lamuria do costume.

08h34m48s

- Estou sim. Quem fala, por favor?
- Estou farto de dizer que a esta hora, sou eu, ´mor.
- Nem sempre. E não posso arriscar sem saber a certeza. Achas  que deva arriscar a dizer "olá Pedro, como estás?"
- Seria o dia mais feliz da minha vida. Era porque já estávamos juntos e sem preconceitos e tabus.
- Nem sei como te hei de responder.
- Da maneira mais simples. " Quero ficar contigo para todo o sempre ".
- Calma. Parece que já estás a bater na mesma tecla outra vez.
- Não querias? Não me amas? Esta pergunta ficou sem responder ontem. Queres dar a reposta hoje?
- Pedro, isto é muito bonito por que estamos a viver longe e só nos encontramos de quando em vez. Se vivêssemos juntos, isto não durava nem uma semana. Olha o que aconteceu contigo? Comigo? Porquê? Por que estamos a viver com a mesma pessoa há muitos anos. É natural que sature. Mas também temos dias bons. Eu, pelo menos, tenho. E não os esqueço. São poucos mas servem para alimentar a relação.
- Eu nem sei o que isso é. 
- A sério? Não acredito. Olha a linda prenda que lhe deste no dia que ela fez anos! Até te enganaste e enviaste a foto para mim. Ou era para eu saber como a mimas? Para me fazeres ciúmes? Não, nada disso. Foi por que ela desejou isso e tu mataste-lhe o desejo. Fizeste-a feliz. E tu também ficaste feliz por que lhe deste uma coisa que ela gostava.
- Chi! Do que te foste lembrar.
- É só para veres que sei pesar os prós e os contras.
- Mas a pergunta, fica sem resposta. Vá responde...
- Já dei a minha resposta. Se não a entendes, é porque não queres. E ontem saíste-te muito bem. Deves estar habituado a situações dessas, não?
- Nem por isso. Já te disse que tenho que saber lidar com estas situações. O que ia dizer? Tinha que inventar, né?
- Pois. Se fosse comigo, ficava engasgada e não sabia que fazer. Ainda me chamas " mentirosa. "
- Porra! Isso nunca mais passa?
- Quando há oportunidade, é que é bom relembrar.
- Bem. Vou para Setúbal. Hoje vamos para lá trabalhar.
- E não vais engatar uma gata qualquer?
- Nem vou responder. Trabalho, é trabalho. Beijinhos onde e como quiseres.
- Bom trabalho e até logo.
- Ouve! Não me dás beijinhos?
- Está bem. Beijinhos, beijinhos, beijinhos.


17h10m43s

Estava a Glorinha a fechar a porta quando o telefone se começou a ouvir tocar. Dei graças a Deus. Despedi-me dela e fui atender.

- Por favor, quem fala?
- ´Mor sabes onde estou?
- Não. O telefone ainda não tem televisão...
- Estou ainda em Setúbal em cima de um placard aqui na estação. Nem sei quando nos vamos embora. Isto está demorado.
- Não posso saber. Como disse, o telefone ainda não tem televisão.
- Não acreditas? Queres ouvir um colega meu?
- Ouve! Quem pensas que sou? Não o quero ouvir a ele nem a ti. Beijinhos e até logo.
- Não fiques zangada. beijinhos só nossos. Vais ao msn?
- Não. Com licença. ( e desliguei o telefone. )

Não fui ao msn e o telemóvel esteve desligado.





terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Serás capaz de me deixar?

Segunda, 21 de Fevereiro de 2005

Mais uma foto do Freeport, local que visitei no Sábado, dia 19 / 2 com o Fernando Pedro C****** Marques.
Nesta Segunda as coisas não mudaram muito de sentido. O Pedro estava obcecado com o que eu lhe tinha dito. A pergunta era sempre a mesma " Seria eu capaz de o deixar"?
Já tinha pensado nisso tantas vezes, que não me custava nada deixá-lo, embora eu pensasse que o amava. Mas não era amor verdadeiro. Esse dura uma vida e o que eu tive com o Pedro durou pouco mais que nada.
Já estava acordada quando o telefone começou a tocar. Estava a pensar que seria brevemente tirada do meu sossego para me embrenhar numa conversa com ele que não levaria a lado nenhum. E assim aconteceu.
Antes de apanhar o auscultador, olhei para o relógio. Gostava de frisar as horas no meu diário. Hoje, ainda, faço isso. É para saber a hora de determinado acontecimento e deleitar-me ou não com ela. Entrar numa simbiose e percepção que me levem a um determinado momento. Se esse momento foi bom, alheio-me de tudo e entro de mansinho para me aconchegar e reviver o que me deixou tão feliz, mas se o assunto me eriçou os cabelos, reajo de maneira diferente e desligo absolutamente do assunto em questão.

08h34m29s

- Estou sim, por favor? ( Não iria arriscar e falar " olá Pedro, como estás"?para não ter um dissabor. E eu sabia que não poderia ser mais ninguém ).
- Bom dia, amor mio. Como dormistes? Eu tive  que repor as minhas energias. A outra noite nem preguei olho.
- Por que não quiseste. Ninguém te mandou ficar acordado, se acaso ficaste.
- E não fiquei? Nem imaginas como a passei. Até ela me perguntou o que eu tinha para não dormir e não a deixar dormir a ela...
- Hum! Vinhas dormir para o sofá.
- Não gozes, está bem? Fizestes-me passar um mau bocado. Nem penses deixar-me... E serias capaz de me deixar? Pergunto mais uma vez e todas as que forem preciso.
- Talvez sim e talvez não.
- Mau! Ainda não te decidiste? Ainda pensas nisso? Não estou a gostar nada disto.
- Sinceramente, não sei. As coisas aconteceram depressa de mais. Eu não estava preparada. E nem sei se estou.
- Mas eras capaz de me deixar assim sem mais quê nem p´ra quê? Não me faças isto...
- Isto o quê?
- Deixares-me. Abandonares-me, não te lembrares de mim, não teres pena de mim?
- Quem tem pena é a galinha.
- Não tem graça nenhuma. Estou a falar a sério...
- E eu também.
- De seres capaz de me deixares?
- Não. Isso são águas passadas. Não se fala mais sobre esse assunto. Ficou esclarecido.
- E não me vais deixar?
- Olha vamos mudar de assunto. Hoje ficas por aí?
- Nem sei. Estou à espera do chefe.
- Bem... Vê lá não venha ele e estejas a falar comigo...
- Se ele vier, faz de conta que estava a falar com um colega.
- Tu lá sabes. Já conheces muito bem como te deves safar. Já estás  habituado?
- Mas que raio de pergunta. Desconfias de mim agora?
- Não. Era para desconfiar?
- Tu amas-me?
- O quê? Que pergunta...
- Tem reposta... E já sabes se isso continuar avariado, telefona para aqui. Até logo. ( O chefe tinha entrado)
- Beijinhos e até logo. ( Desliguei e safei-me de responder. )

12h09m12s

< Vou almoçar. Bom almoço. Estou só e triste. Beijinhos para tua sobremesa. >

17h09m10s

< Tenho o chefe no meu gabinete. Estou triste porque não posso ouvir a tua voz. Logo vai ao msn para falarmos um cadinho. Ainda quero ter a certeza que não me vais deixar. Tu não podes fazer isso. És tudo para mim. Lembras da princesa Shakti? Tu és a minha princesa Shakti. Não me deixes e diz que me amas como eu te amo a ti. Sem ti morria. Deixa-me ser o teu princepe e serei tudo o que tu quiseres mas, não voltes a falar em me deixares. Bjs onde e como quiseres. Fica bem. Até logo amor. >

22h08m56s

< Sonha  comigo. Dorme bem. Foi bom falar contigo. Adoro-te sabia. Bjs só nossos. >







segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Domingo, 20 de Fevereiro de 2005

Uma foto muito original. É uma escola. Quem conhece, saberá que fica muito perto da casa do Fernando Pedro.

Neste Domingo o Pedro enviou-me um e-mail logo de manhã. Era um e-mail cheio de amor e de promessas que ele não conseguiria pagar. Promessas falsas e com um acre a sabor a mentira. Ele escrevia com muitos erros e eu sou fiel a escrever tal qual o que ele me dizia e o que se passava entre nós. Para isso, tenho o meu diário que me guia nesta regressão ao passado.Rezava assim:

10h10m23s

< Meu Amor de ontem de hoje e de amanhã. Ontem foi um dia maravilhoso mas, tenho que falar numa coisa que me deixou muito triste e nem sei como aceitá-la. Foi o teres dito que já me tinhas  pensado em deixar. Como podes pensar uma coisa dessas. Nem dormi. Pensei nisso a noite toda. Serás mesmo capas de me deixares assim do nada? Eu não acredito que tu penses nisso. Eu amo-te e és tudo para mim. Quero-te muito. És a minha princesa, a minha rainha, a minha flor do meu jardim, o sol que brilha para mim mesmo num dia de chuva, o meu respirar, a minha vida e ficava aqui, a dizer tudo o que tu representas para mim que não acabava nunca. Não penses em deixar-me eu, não aceito nunca. Vou atrás de ti sempre. Diz que não voltas a pensar o mesmo. Dá-me essa certesa e eu acredito. Não tenhas tais pensamentos pq eu não quero. Fazem mal ao nosso amor. Responde mas, não me deixes nunca. Sou teu para sempre. Bjs que só tu sabes dar e são tão gostozos que eu nem sei explicar. Teu Para sempre Pedro. >

Respondi muito evasiva e disse que não podia escrever muito por que o meu marido precisava do computador. Depois enviou mensagem, via telemóvel a dizer o seguinte.

16h45m43s

< Estou no msn. Podes vir? bjs. >

21h34m46s

< Que se passa? Vens falar um cadinho? bjs. >

22h10m57s

< Obrigado. Hoje durmo bem. Bjs só nossos. >