sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Mal me falaste!

Não falo sobre a foto. É um pôr do sol lindíssimo... Mas Pedro sabes onde a tiraste? Com a Nia ao lado, não é?




Segunda, 27 de Junho de 2005

Acordo suavemente e penso que, ainda, estou na minha terra.
Tanto silêncio que me perturba. Olho o relógio digital e são 07h23m18s.
A vida aqui também é pacata. Estou só. Meu marido saiu para o emprego. Reviro-me e fico no lugar dele. Adoro fazer isto. Dá-me aquela sensação de segurança, paz, tranquilidade. Não penso em nada. Tenho o pensamento vazio. Fico a saborear o momento agradável que estou sentindo. Deixo-me ficar naquela letargia. É um momento único.
O tempo passa e eu não dou por ele. Estou tão bem que desejaria prolongar a alegria que meu coração sente. Mas foi quebrado pelo ribombar do telefone.
Estendo-me e nem imagino quem possa ser. Apanho o auscultador e pergunto numa voz rouca:

- Estou sim, por favor?
- Não podes negar que estavas a dormir...
- E porque não? Que eu saiba não tenho contas a dar a ninguém. Estou reformada, a minha filha está longe e o meu marido no emprego.
- E eu? Não conto? Não faço parte da tua vida? Não pensas em mim?
- São perguntas sem resposta. O que achas? Às vezes penso que eu é que não faço parte da tua...
- Acordastes com os pés de fora?
- Não. Acordei sem estar tapada. Só com a camisa de dormir vestida. Com este calor!
- Bem, eu queria estar aí contigo. Não importa o calor. Temos o calor do nosso amor. Gostava que viesses ter comigo, mas vou para a linha de Sintra...
- Pois! Nem eu podia ir. Tenho a Glorinha amanhã e ainda não lavei a roupa.
- Pois! Há sempre qualquer coisa...
- Não, não há. Vou ter contigo desde que possa.
- Mas hoje eu não posso. E amanhã?
- Amanhã também não posso.
- Então quarta? Posso ir eu ter contigo. Queres? Sempre vejo a prenda que ele te deu.
- Ok! Fica combinado.
- Ontem mal me falaste. Passou-se alguma coisa?
- Não. Tudo normal e sossegado, como te disse.
- Ele esteve por aí?
- Sim. É a casa dele, também.
- Não mo faças lembrar. Tenho ciúmes. Mas um dia tudo muda. Eu é que serei o dono da casa.
- Não me parece. A casa está no meu e no nome do meu marido.
- E se eu casar contigo, como é?
- Não é. Nunca vamos casar. E tu sabes melhor que eu. Tenho um filling que me diz isso.
- Não sejas parva. Depois quero ver. Espera um cadinho...
( Silêncio )
- Ainda estás aí?
- Estou.
- Era o chefe. Tenho que ir. Beijokas. Hum que delícia... logo telefono.
- Beijinhos e até logo.

O dia decorreu normalmente. Enviei uma mensagem, mas não me respondeu. Eram 17h54m16s quando recebi o seguinte:

< Não posso falar ele já está em casa? Vais ao MSN?
É que quero falar contigo um cadinho estou xeio de saudades. Bjs quentes de amor. >

Falamos no MSN. Nada de especial. Tenho no meu diário que foram banalidades.
E assim terminou mais um dia...

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