sábado, 3 de dezembro de 2016

O nosso almoço!

Este é um tear que se encontra na ilha de São Jorge. É assim que muitas mulheres ganham o sustento para a família. Fazem trabalhos lindos que, depois, vendem aos turistas. Também exportam. Acreditem, são grandes maravilhas que saem destes teares e das mãos e gosto de grandes mulheres.

Nem sempre a vida é colorida. Por vezes é a preto e branco. Somos nós que pintamos as cores da nossa vida. Mas orgulhamo-nos quando ela sai a cores. Quando as cores são pinceladas de uma vivacidade que nos dão orgulho e alegria.
Eu nem sempre soube fazer o arco-íris da minha vida. Muitas vezes as pinceladas saiam desbotadas e com cores esbatidas. Hoje já não é assim. Tenho na mão a paleta e sei misturar as cores que dão vida ao meu mundo.

Sexta, 24 de Junho de 2005

Ora, aqui me encontro eu, neste dia, tendo uma conversa muito feliz com o Fernando Pedro. Ele tão depressa é amoroso, encantador, carinhoso como, de repente, é amargo, ofensivo, cruel, instável e irreverente, revoltado, às  vezes...

08h20m56s

- Estou sim...
-O meu amor dormiu bem? Está bem disposta? Quer vir almoçar comigo?
- Bom dia! Tantas perguntas que nem sei por onde começar. Mas vou responder na mesma sequência: 1º- Dormi bem, descansei e não me recordo de sonhar.
2º- Estou bem disposta. Basta dormir bem, para acordar com vitalidade, alegria e prazer de viver.
3º- Se me convidas para almoçar, eu aceito com muito gosto. Basta estar contigo para me sentir feliz.
- Ena! Hoje está inspirada... Sou eu que te inspiro, não é? Mas não sonhastes comigo?
- Não. Já disse que não me recordo. E sabes? às vezes tiras-me a inspiração. ÀS vezes fazes-me perder essa linda faculdade. Tens dias que nem sei por onde te trago...
- Êh! Não sou nenhum canalha... Temos os nossos dias. Tu tameim tens os teus...
- Se tenho, a ti os devo. Gostava de saber os teus pensamentos quando olhas o vazio.
- Não tenho...
- Não tens? Não tens o quê?
- Pensamentos. Fico a olhar para ti com muito amor. Tu é que tens segredos para mim..
- Desculpa, mas isso não é verdade. Eu conto-te tudo.
- Será? Eu descubro se tens ou não. Um dia vou-te dizer.
- Não tenho medo. Não tenho segredos.
- A ver vamos.. Vens almoçar comigo? Estou no Centro no sítio do costume.
- Está bem. Eu vou lá estar ao meio dia. Beijinhos e até logo.
- Inté. Beijocas que vamos dar...

A partir daqui fico com receio da imaginação fértil do Pedro. Faço tudo para não lhe dar azos a isso. Mas não dá resultado. E um dia vão ver porquê.

Vou ter com ele. Estou na entrada do Centro onde se encontra o Continente. Foi aqui onde nos encontrámos a primeira vez. Fico nervosa. Não sei como ele vem. Olho e vejo-o a descer as escadas. Vem como sempre: Senhor da situação. Mostra-se altivo. Parece que tem o rei na barriga. Eu fico pequenina qual grão de areia. Caminho na sua direção e sinto-me abraçada e beijada calorosamente.
Dá-me a mão e caminhamos em direção às escadas rolantes. Vamos lado a lado. Ninguém ao nosso redor. Só nos dois. É como se tudo se tivesse evaporado. Falamos em sussurro e trocamos os nossos beijos.
Almoçamos na comida a peso. Ele à frente e eu atrás de tabuleiros na mão. Nunca dá primazia às senhoras. Ele sabe que o último paga a conta.
Vamos para a mesa do canto que passa a ser a nossa mesa, o nosso cantinho.
Conversamos animadamente. Nada de relevante. Apenas banalidades.
O tempo passa. Chega a hora dele ir trabalhar.
Despedimo-nos. Logo, pelas 17h, estaremos juntos outra vez.
Vou ao cinema e esqueço que a minha vida está do avesso.

Saio e encaminho-me para o local do costume. Como um gelado. Está calor e sinto-me ruborescer.
Ao fim de algum tempo aparece o Pedro. Sempre com o mesmo porte, a dignidade  que não tem e o sorriso de quem é lascivo.
Damos alguns passos e subimos para a gare. Ali esperamos o comboio. Muita gente, mas ninguém conhecido. Fico tranquila e fazemos juras de amor eterno que nunca se cumprirão.
O comboio chega, fazemos as despedidas e ele põe a mão no vidro quando a porta se fecha. Sinto-me feliz e acho que essa felicidade nunca chegará ao fim.
Já no comboio, sento-me e penso como o dia foi bom. Leio o meu livro e fico alheada de tudo e de todos. Já perto da minha estação recebo uma  mensagem.

< AMOR foi pouco tempo, mas soube tão bem. Amo-te e não te quero perder. Bjs que não demos. >

Chego a casa e vou tomar banho. Deixo a água correr como se fosse um rio a desbravar o leito. Sinto-me feliz. Não dou pelo meu marido chegar. Ele sobe e surpreende-me com um ar muito feliz. Pergunta se estou assim por ele chegar. Deixo-me rir e digo: Convencido. Mas podes crer que sim. Beija-me e aperta-me contra ele. Sabe tão bem que me deixo ir na onda. Ele entra na banheira e tomamos banho juntos. Para mim é aquele momento que desejo ter com ele.

18h49m50s

< Amor vou fazer o jantar. Chegastes bem? Adorava estar contigo. Beijokas mil. >

Janto calorosamente com o meu marido. Sabe tão bem estar com ele. Sinto um aperto no coração e recordo que estou no caminho errado. Peço perdão em silêncio e olho embevecida para ele.

21h57m56s

< Amor dorme bem. Estou com saudades. Pensa em mim. Beijo ardente. >

Assim termina o dia. Um dia a mais para mim que decorreu lindamente. Durmo e fico em silêncio.


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