terça-feira, 16 de maio de 2017

A dívida ao fisco!





É uma fotografia emblemática do Centro Comercial Vasco Da Gama.

Aqui encontrei-me muitas vezes com o Fernando Pedro Cachaço Marques. Aqui fui feliz a seu lado e aqui conheci a pior desgraça ( de ser abandonada por ele como um animal ). Depois de tudo e de nada, esqueceu o AMOR que dizia, acerrimamente, ter por mim. Que amor? Que casamento? Que felicidade eterna? Nada, nadinha foi verdade...

E outras mulheres por aqui passaram com o mesmo propósito que eu. Exploração.
O pior é que continua a sua saga. Até quando não sei. Eu participei dele, mas ele foi mais esperto que tudo e todos. Até enganou o Sargento da GNR que hoje já não está tão convicto. Quer que eu reabra o processo. Não. Para ser vexada de novo? Não. A não ser que houvesse mais uma duas mulheres que se aliassem a mim. O segredo é a alma do negócio...

Segunda, 15 de Agosto de 2005


Não dormi toda a noite. Levanto-me muito debilitada. Tomo banho para me encorajar. Desço e espero o telefonema que  me irá apaziguar ou não.

08h45m29s

- Estou sim, por favor? ( o meu coração bate descompassadamente ).
- Bom dia meu grande e único amor. Dormiu bem?
- Como querias depois de todas aquelas mensagens de ontem? Afinal que aconteceu para tanto medo?
- Não posso falar pelo telefone. Podes vir ter comigo?
- Sim. Senão, matas-me de coração. Onde?
- Aqui no sítio do costume, onde nos conhecemos.
- A que horas? Estás a trabalhar?
- Como queres que trabalhe? Não tenho cabeça para nada. Vem assim que possas...
- É só ir tirar o carro e vou ver se ainda apanho este comboio.
- Está bem... Inté...

Saio o mais rápido que posso para apanhar o comboio a seguir.
A viagem parece não terminar.
Finalmente chego ao local combinado. Olho e vejo-o a caminhar para lá e para cá como coisa doida:- É mesmo para assustar. Que lhe aconteceu? Penso eu para com os meus botões. Chego e ele está muito comovido e a olhar para um lado e para o outro como se sentisse medo de ser perseguido.
Beija-me muito, agarra-me o braço e leva-me para o Jardim que tem uma ponte e um lago. Sentamo-nos num banco e ele começa a falar.
Fala e conta-me que tem um negócio paralelo com a irmã e o cunhado.
Uma loja de matérias elétricos onde a irmã vende e o cunhado faz a escrita. Digo que não sabia da irmã e do cunhado. Pede desculpa e diz que nunca calhou. Eu digo o que ele me diz quando eu peço " Desculpa "  : - As desculpas não se pedem, evitam-se, não é?
Então começa o rosário a ser tecido. Tem os olhos marejados de lágrimas e mostra muito medo. Apanha-se a mim como uma lapa.
Conta-me que o cunhado não pagou ao fisco e que chegou um telefonema de um amigo a dizer que a dívida do fisco é de €12.500. Fico arrepiada e pergunto por que ele nunca quis saber das contas. Responde que fez sempre confiança na irmã e no cunhado. Que ele, o cunhado, era como um irmão para ele, Pedro. Não sei que dizer. Fico sem palavras. Ele continua e diz que nem a mãe o pode ajudar nem o irmão a quem, ainda, não pagou o resto da casa onde vive, na Abrunheira.
Penso que é muito dinheiro e não tenho forma de o ajudar. Não lhe digo o que penso. Mas ele sabe que está a dizer aquilo para eu o ajudar. A pensar que lhe dou o dinheiro, ele continua a fazer a coisa tão negra que eu fico com comiseração de ambos. Por mim porque é muito dinheiro e por ele por que vejo que ele não tem um cêntimo. Olho para a roupa que ele veste e penso que é sempre a mesma, embora lavada e passada. Está mesmo em apuros e eu sem o poder ajudar. É muito dinheiro. Não o posso tirar sem o meu marido saber. Além que devo à Credima o dinheiro que lhe emprestei para pagar o carro e comprar o autorrádio que lhe dei pelos anos. Enfim, também fico muito entristecida.

Vamos almoçar perto das 14h. Almoçamos no " só peso ". Ele leva muito pouca comida e eu idem. Pago e penso que é para deitar ao lixo. Eu sei que há tanta gente que está com fome e nós a estraga-lo assim.
O almoço decorre num silêncio sepulcral. Não tenho conversa e ele nada diz. Põe os olhos no prato ainda com comida que não foi tragada.

As horas passam e o horário do comboio chega. Caminhamos de mãos dadas. Ele aperta-as e pede-me, muito baixinho, uma ajuda breve. Olho-o nos olhos e as minhas lágrimas rolam em turbilhão. Nada pronuncio. Não sei como o poderei ajudar.
Despedimo-nos e ele pede que não o esqueça naquela aflição. Diz que não vai ao MSN. Não tem pachorra, como menciona...


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