quarta-feira, 17 de maio de 2017

Encontro sem ser marcado!



Este Jardim é muito bonito. Aqui estive com o Fernando Pedro Cachaço Marques no dia 16 de Agosto de 2005
Não foi agradável, mas também não foi triste.

Terça, 16 de Agosto de 2005

O dia amanhece quente. Eu estou na cama com os braços atrás da cabeça, as pernas estendidas e os pés pendidos para os lados. Não sinto nada. Não penso. Não quero voltar à realidade. Os meus pensamentos e hipóteses estão esgotados. Sinto-me fraca e sem energia para me mexer. Olho ao redor e penso no que posso fazer para vender algo que não dê nas vistas e valha o dinheiro que faz falta ao Pedro. Não vejo nada que eu possa vender sem que o meu marido venha a saber. Tudo parece um pesadelo e eu quero sair deste torpor em que me encontro.
De repente o telemóvel dá um toque. Não me mexo. Acho que é muito cedo, ainda, e que aquela mensagem não me interessa.
Fico nesta prostração e nem sei contar o tempo.
A campainha toca e eu saio da letargia em que me encontro. Levanto-me e visto o robe. Abro a janela e é o carteiro. Fico perplexa. O dia já vai alto.
Falo com o Sr. Gabriel e tenho que descer para assinar uma carta para o meu marido. Ele fica admirado e pergunta-me se estou doente. Respondo que não me encontro bem. - Pois! Nunca a tinha visto de robe. E a esta hora é de calcular...
Assino, apanho o correio e despeço-me. Porém, antes de ir embora, deseja-me as melhoras... Olho com um olhar triste, agradeço. Não tenho " melhoras " para o problema que me aflige neste momento, penso eu.
É quando me dou conta que são 10h12m34s.
Regresso a casa como se fosse um relâmpago e subo para ver a mensagem.

09h29m10s

< Amor mio paixão eterna estou em V.F. queres vir ter comigo? Bejokinhas e inté...

Num ápice, respondo e digo que já estou a sair. Pergunto onde me dirijo.

10h23m45s

< Pensei que não quisesses vir que estava chateada comigo por causa do dia dontem. Estou na estação. Bjs de AMOR ETERNO. >

Tomo um duche rápido e ponho-me a caminho de V. F.

Quando chego à estação, o Pedro está à porta. Espera-me.
Fico admirada de ele estar ali. Responde que veio em trabalho, mas um colega foi buscar material porque não havia.
Beija-me muito e pergunta se não tenho medo que me reconheçam. Respondo que não. Estou preocupada com ele e passo, à queima roupa, para a conversa do dia anterior.
É evasivo. Apenas comenta que teve uma conversa muito séria com a irmã e o cunhado. Não quer falar no assunto.
Comento que estou preocupada e já vi as minhas hipóteses. Contudo não comento que não tenho saída. Os olhos dele brilham de alegria e leva-me para o jardim.
Falamos de tudo menos do sucedido. É tão amoroso que até me dói o coração por saber que está em tão alto risco e, mesmo assim, é atencioso comigo.
Vamos almoçar ao " Comboio ". Pede peixe e diz ter saudade de quando fez a tropa na marinha ali mesmo no quartel da marinha. Até lhe chamavam " os marinheiros de água doce " . Nunca tinha ouvido a expressão. Rio-me e ele conta coisas dessa altura.

Peço a conta e pago.
Saímos e vamos para o jardim, novamente. De repente recebe uma chamada. Desvia-se para eu não ouvir o conteúdo. Não desconfio de nada. Estou cega por ele e acredito piamente em tudo o que me diz.
- Vem aí o meu colega. É bom que não nos veja juntos. Hoje já não dizemos mais nada. Vou ter uma reunião com toda a família.

Beija-me muito e afasta-se apressadamente. Olho para todo o lado e não o vejo. Evaporou-se
completamente.
Fico sentada do banco a examinar cada gesto seu e sua conversa . Fico confusa. Ainda mais que ontem. Levanto-me e venho para casa.
O meu marido já tinha chegado. Digo que fui a V.F. Não minto e descontraio....