sábado, 23 de janeiro de 2016

Ida ao médico!

Segunda, 21 de Março de 2005

Neste dia eu tinha uma consulta em Lisboa. O Fernando Pedro tirou o dia para ir comigo e estar a meu lado, como o mencionou várias vezes.
Esperou por mim na gare do Oriente. Quando o comboio parou e eu desci, vi-o logo. Dirigi-me a ele que me beijou com carinho e desejo. Era o que parecia transparecer, mas era tudo uma verdadeira mentira. Mentira, também, é o que a menina Florbela me enviou. Uma foto do Pedro ao lado de uma senhora e disse-me que era a sua última aquisição. Mas não é verdade. A foto foi tirada numa festa da Reffer no Natal de 2009 ou 2010. É uma colega dele. Esta menina que deixou de me enviar ou receber os meus e-mails, disse-me muita coisa que não é verdade. Disse ser da protecção de mulheres maltratadas e ultrajadas por homens iguais ao Pedro. Talvez eu venha a saber quem é a Florbela, com nome fictício, que me encheu a caixa de correio com mentiras. Tenho uma pessoa amiga que me pode ajudar. Não é uma ameaça, é um aviso. Tanto era mulher como se intitulava homem. É mais uma mulher que foi maltratada e ultrajada pelo Pedro e cujo coração ainda lhe pertence  emocionalmente. O meu já não o tem há muito tempo. Hoje vejo-o como o maior biltre que já existiu. Um dia chamei-lhe "Capitão Robin" e quem não se recorda deste senhor que vivia enganando as mulheres? Só que foi preso e o Pedro ainda está em liberdade. Mas, e já agora menina Florbela, se quiser unir forças comigo, venha que ambas e mais um punhado delas, damos fim ao Pedro Sintra, Pedro Lisboa, Pedrokas50 ou Pedro S****, este último utilizado agora. 
Mas voltando ao dia 21 de Março sou a dizer que depois dos beijos e carícias trocadas naquela gare ao chegar do comboio, descemos e fomos apanhar o metro para Alvalade.
Aqui fomos ao Centro e fizemos comparações com o Vasco da Gama. Não havia comparação possível.
Depois fomos almoçar ao restaurante que fica do lado esquerdo quando se sobe a Avenida da Igreja.
Era de ferro verde e lá dentro tinha um quiosque. Não sei se ainda existe, mas era assim. A foto de cima assemelha-se a esse restaurante.
Comemos sopa de espinafre com grão e arroz de pato. Estava bem confeccionado e ele gostou muito. Também fui eu que paguei. Já se tornara num hábito que eu já nem questionava.
O tempo estava chuvoso e o Pedro segurava o meu chapéu de chuva grená. Íamos de braço dado e ele, de vez em quando, beijava a minha mão. Para fazermos tempo para a consulta fomos beber o café ele e eu uma vidago de limão na pastelaria do lado oposto do restaurante.
Enquanto isso, ele falou no dia de anos e disse-me que só eu e a mãe dele nos tínhamos lembrado disso. Que tinha sido um dia triste e que sempre recordaria os seus 50 anos como uma meta que não tinha querido atingir.
Na altura acreditei e nem pus em causa que isso não fosse verdade, devido ao semblante triste que me mostrou na altura. Era e é um verdadeiro artista. Muda de humor mais rápido que um colibri mexe as asas. Não é só um sociopata. Também é um bipolar.
Quando chegámos ao consultório, o médico ia a sair e disse-me que ia almoçar naquele momento. Pensámos ambos que seria uma hora, o máximo, mas passaram muitas horas e do médico nada. A empregada telefonou para o telemóvel do médico, mas este tinha-o desligado. Eu fiz um escabeche  muito grande. Bem sei que a empregada não tinha culpa, mas eu tinha que descarregar em cima de alguém. Entretanto o Fernando Pedro tentava acalmar-me e fazia-me festinhas. Eu estava mesmo exaltada com a falta de profissionalismo do médico. E da consideração para com os doentes que lhe davam o sustento. Disse à empregada que agradecia, mas que eu ia embora e que relembrasse ao médico em questão que os doentes são pessoas que merecem uma certa atenção. Se ali vão, é porque precisam dele, mas a trabalhar assim, não saberia se lá voltava eu ou se as outras doentes, que também lá se encontravam, voltariam. Todas nos viemos embora. Segundaram-me e o consultório ficou vazio.
Já na rua comecei a chorar compulsivamente. O Pedro secou-me as lágrimas com a costa da mão e acariciou-me.
Voltámos de metro para o Oriente. No metro, o Pedro deu-me razão e disse-me que se fosse com ele que já tinha dado o "pinote" há muito tempo. E não voltaria a esse médico, assim como não o recomendaria.
Falou-se, ainda, da minha mãe e que viria para minha casa nessa quarta-feira. Ele mostrou-se triste e disse-me que não estava preparado para outra separação. Agora que eu fazia tanta falta na vida dele. Achei-o genuíno e não redargui. 
No Oriente fizemos as despedidas como sempre. Sentidas e tristes. A mão no vidro da janela. Eram assim as nossas despedidas.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Anos do Fernando Pedro!

Domingo, 20 de Março de 2005

Dia dos anos do Fernando Pedro Cacha** Marques
Dissera-me um dia que tinha nascido pelas 2h da manhã e 3om em Alvito. Então, eu, nesse momento, estava a enviar-lhe uma mensagem de parabéns. Queria ser a primeira a dar-lhe os parabéns. Recebi um muito obrigado cheio de amor e ternura.

< Meu Amor de ontem, de hoje e de amanhã. Muito obrigado. Mesmo à h que nasci. És a minha muza e amo-te pelo que és. Foste a 1ª a dar-me os parabéns. Fiquei muito feliz. Até vou dormir melhor. Adoro-te sabia? Bjs de sonho. >

Eu voltei a deitar-me e adormeci com tranquilidade. Tinha mudado. Estava feliz por ser o dia de anos dele.
De manhã e ainda estava deitada, recebi a seguinte mensagem:

08h37m45s

< Minha doce Shakti Foi um enorme prazer q recebi os teus parabéns. Ainda ninguém se lembrou. Tu és espectacular.. Te amo com todo o meu coração. >

Durante o dia recebi mais algumas.

12h32m12s

< Fui buscar a minha mãe. Não festejamos hoje. Só no próximo fim-de-semana. A Vera Mónic*** faz anos no dia 23 e juntamos os dois. Bjs doces e quentes. >

17h12m12s


< Meu Amor vai ao msn para falar contigo. Te amo muito. >


Falámos algum tempo. Disse-me que não tinha recebido presentes a não ser da mãe. Receberia no fim-de-semana seguinte. Também me disse que não tinha tido bolo de aniversário. Por isso coloquei este para festejar com ele os seus 50 anos. Se bem que este tivesse sido o que teve o ano passado. (A menina Florbela enganou-se em muita coisa ou quis gozar comigo. Amanhã falarei sobre isso). Disse-me que a mulher não queria lá a mãe dele e que tinha brigado com ela. Não sei se foi verdade. Hoje não acredito nisso.
Disse-me que eu era a única em seu coração e que me preocupava com ele. Falou-me no azedume da mulher que nem no dia dos anos dele tinha mostrado um pouco de carinho. só lhe deu os parabéns depois da mãe dele lhos dar e que nem um beijo lhe deu. Estava muito triste, mas existia eu para o ajudar a passar um dia mais alegre, pois pensava muito em mim. Depois foi levar a mãe e já não falámos mais. Disse-me que passaria o serão com a mãe. Para mim, não foi nada disso. Foi um jantar em família e o partir do bolo. Não estava disponível para mim.
ele é um argucioso mentiroso e muito compulsivo nessa área. Sabe como mentir e que essa mentira pareça tão verídica que acreditamos sem pestanejar e sem meditar no que acabámos de ouvir.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Véspera dos anos!

Sábado, 19 de Março de 2005

Foi um dia longo. Quando cheguei a A******, tive uma surpresa. Ia muito compenetrada nos meus pensamentos quando alguém se sentou ao meu lado. Não olhei. Não queria saber quem era e estava longe de adivinhar quem fosse. Como não reagi, alguém disse " Bom dia, minha flor de verde pinho". Voltei-me incrédula. Não esperava mesmo, mas ele queria impressionar-me e fazer-me crer que ele estava ali porque me amava. Fiquei estupefacta a olhar ainda sem acreditar no que os meus olhos viam. Pensei para os meus botões " ou é louco ou quer fazer de mim parva ou, ainda, fazer ver que me ama". Saudei-o com dois beijinhos na face e disse que não esperava aquela surpresa. Ele respondeu-me que me amava muito e que as saudades fizeram com que ele me viesse esperar para estar mais tempo comigo. Se acreditei, não sei. Porém, ele estava a fazer um enorme filme. Apanhou as minhas mãos e fizemos a viagem de mãos dadas.
Já no Oriente fomos tomar o pequeno-almoço. Ele disse que só tinha tomado café, pois sem café, logo de manhã, não funcionava. Mas isso já eu sabia. Eu tomei uma meia de leite e comi um crepe. Ainda hoje, adoro crepes. Mas não foi por ter começado a andar com ele. Eu já os fazia na minha casa com uma receita de uma vizinha minha que tinha vindo de Angola aquando da independência.
A conversa ainda não tinha pés nem cabeça. Eram coisas banais e sem sentido. Ele falava de outro casal que estava noutra mesa e que era seu colega. Também tinha arranjado outra pessoa e ambos tinham vindo trabalhar. Ainda havia outro que tinha ido para o Colombo. Se acreditei, não sei. O facto é que o outro senhor nem reparou em nós e continuou a sua conversa com a senhora que parecia estar mais à vontade que eu.
Eu sentia-me bem ali sentada e não me apetecia mexer. Ali estava mais tranquila e não tinha que fingir o que não sentia. Mas ele estava impaciente e queria ir embora. Queria ir à Worten para expiar e escolher o seu auto-rádio. 
Relembrei-lhe que era cedo e que tinha que andar com ele na mão. Respondeu que íamos vê-lo e ficava guardado até à hora de nos irmos embora.
Como tinha que ser e eu não tinha voto na matéria, lá nos dirigimos para a Worten. Andou a rondar este e aquele. Mas ele já tinha escolhido. Notei no seu semblante. Escolheu o mais caro. Passou dos 500€. Eu tinha pedido um empréstimo na Credial, como já mencionei. Também tinha aberto uma conta no BES que não era o meu banco, mas passou a ser para ter lá dinheiro para o que desse e viesse. Sempre pensei que não ficaria por aí, mas nunca pensei que fosse tanto dinheiro que me pedisse nem que fosse só uma vez.
Perguntei-lhe o que iria dizer em casa quando aparecesse com ele. Respondeu que já tinha estudado uma maneira. Tinha passado pela feira da ladra e que o tinha comprado por uma pechincha. Ri-me e mencionei que afinal não era a única mentirosa. Ele ganhava-me aos pontos. Ele riu-se e disse que a partir de me ter conhecido que a vida dele lá em casa passou a ser uma mentira. Mas na minha não, disse eu sem reservas. Ele questionou-me sobre isso. Respondi que não mentia. Dizia sempre onde ia, apenas não dizia com quem e também não me era perguntado. Logo, eu não mentia. Riu-se mais uma vez e disse que já me tinha arranjado algumas saídas airosas para eu me desenrascar.
Enfim, ele tinha que ficar sempre a ganhar. Não retorqui e perguntei o que tencionava fazer. Pagar e ficar lá ou pedir para reservar.  -Peço para reservar e que vimos buscá-lo pelas 4  e meia. Parece-te bem?
Encolhi os ombros e não respondi. Então chamou um assistente e reservou. Tive que dar um sinal. Paguei 220€ e ficou o resto para pagar na altura do levantamento. Foi a quantia que me foi pedida para reservar.
Dali fomos para o jardim. Ainda era cedo para o almoço.
Falei que a minha mãe viria, novamente, para minha casa. Talvez na semana seguinte, mas não sabia o dia porque eu tinha uma consulta na segunda-feira em Lisboa. Ofereceu-se para me acompanhar. Eu disse que não era preciso, mas ele fez questão e até se melindrou por eu dizer que queria ir sozinha.
Também me disse que metesse a minha mãe num lar sem dizer nada a minhas irmãs. Respondi que não iria fazer isso e que iria tratar da minha mãe até poder. Se bem que já fosse muito complicado para mim, mas tinha a Glorinha que me ajudava. Ficou carrancudo e redarguiu que eu iria ter menos tempo para ele. "Tinha ciúmes", mencionou. E eu mencionei que não havia razão para isso. Era natural as filhas cuidarem das mães. Relembrou que a minha filha nunca me iria fazer isso a mim. Que me meteria no lar dos P***ess**es onde eu já me havia associado. Fingi não ouvir e olhei para o relógio. Já eram horas de almoçar.
Fomos almoçar ao terceiro andar no restaurante de comida a peso. Eu levei muita salada. Andava na clínica de emagrecimento e tinha um certo regime. Ele escolheu picanha e várias saladas. Não comi sobremesa. Paguei, como sempre pagava. Nem neste dia, sua excelência, se dignou pagar. Enfim, mais um nó na garganta.
Dali fomos logo buscar o auto-rádio. Ele queria ir para casa. Paguei o restante e ele apanhou o pacote com tanta alegria que parecia uma criança. Disse-me obrigado, mas mais nada. Nem um beijo nem uma carícia nem um sinal de amor. Nada. Como se tivesse sido uma obrigação.
Já na rua perguntei como era a mulher dele. Disse-me que era muito bonita, mas não sentia amor por ela. Só me disse que eu tinha confundido amor com atracção física e que ele tinha confundido caridade com amor. Eu disse que gostava de a conhecer para ver a sua beleza e a poder estudar como psicóloga. Ele mostrou-me uma foto e, realmente, a senhora era linda. Até me questionei por que ele andava comigo tendo uma mulher tão linda, elegante, magra, com gosto no vestir e um olhar doce. Mas ele voltou a dizer o mesmo. Depois disse-me que não ficasse a  pensar nisso por que o meu interior era mais bonito que o dela. Isso, às vezes, não chega. Tive comiseração de mim própria. Ele andava comigo pelo dinheiro e para poder fazer as passeatas aonde ele nunca tinha ido.
Despedimo-nos na gare do Oriente. Fui para me sentar junto a uma janela e ele colocou a mão como era hábito. Primeiro fiquei aturdida. Já não me recordava o que aquilo queria dizer, mas depois fez-se luz e coloquei a minha. O comboio arrancou e eu vinha mais pobre em todos os sentidos.
Naquele dia não apareceu no msn nem enviou mensagem. Fiquei triste e chorei por ter sido enganada.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Saber ser ordinário!

Sexta, 18 de Março de 2005

Mais um dia em que não me apetecia falar com o Pedro. Mas mais um dia que cedi e deixei que ele comandasse a minha vida. Foi sempre assim até ao momento do "adeus" definitivo. Porém, um "adeus" em que eu é que fiquei prejudicada e ele saiu airoso e com o orgulho em cima por me ter ganho sempre. É mais mentiroso que o pinóquio. Não sei porque não lhe cresce o nariz. Todavia, a menina Flo***** Pe****a (nome falso) assim como falso foi dizer que pertencia à protecção de mulheres ultrajadas e maltratadas assim como o Fernando Pedro faz com as mulheres, me açoitar com fotos e pequenos enxertos de frases que tirava de outros perfis, com falsas esperanças que ele iria pagar pelo que tinha feito a tantas mulheres iguais a mim. Onde se meteu esta mulher que eu achava que era uma guerreira? Era uma falhada como eu e como falhada deu o fora e deixou de aparecer. Não tenha medo. Eu não tive e fiz queixa dele. Mas ele é muito esperto e até enganou um sargento da GNR. A união faz a força e se se juntasse a mim, ambas ganhávamos e ele perdia. Mas a vida está feita de gente falhada e medrosa. Eu não tenho medo. Por isso continuo a escrever, na esperança que ele venha a pagar mais tarde.
Voltando ao dia acima citado, estava ainda deitada e com receio que o telefone tocasse. Não se fez esperar muito que ele não me assustasse com aquele barulho que até rebenta os tímpanos de quem não quer ser incomodada.

08h34m13s

- Estou sim? ( Foi como atendi o telefonema. Estava cansada e não me apetecia ouvi-lo.)
- Ena! Hoje há trovoada aí para esses lados. Que tens?
- Nada, mas já sabia que eras tu e tu não precisas de salamaleques para falar contigo. Já és um da casa, não é assim?
- Se tu o dizes, fico contente por pertencer à casa, mas sem o teu marido.
- Isso é que não pode ser. Ele mora aqui e um dia que eu morra a casa vai para ele.
- Grande filho da...
- Cuidado com o que dizes. Eu nunca ofendi nem ofenderei a tua mulher. Ela é "a tua mulher". Eu só sou a "outra".
- Não digas isso. Eu quero casar contigo. Sou solteiro e posso casar com quem eu quero...
- E com quem queira casar contigo, não é assim?
- E tu não queres?
- Estou farta de dizer que Não quero. Nem tu deixas a tua mulher nem eu deixo o meu marido. E ponto assente, Ok? 
- Bem, hoje não estás bem. Não me queres contar o que se passou?
- Não tenho nada para contar. Não se passou nada. Apenas sou realista e tu és fantasioso.
- Ei, que nome me chamaste. Eu não fantasio.
- Então sonhas que é a mesma coisa.
- Bem, vamos falar, correto?
- Correto. Então diz lá coisas.
- Amanhã vens ter comigo? É que faço anos no Domingo. E quero festejar contigo.
- Posso dar-te a resposta logo?
- Mau! Então não me compras a prenda?
- É que dar prenda no dia antes dos anos, dá azar.
- Não venhas com essas coisas. Eu não acredito.
- Mas acredito eu. Posso dar-ta na segunda...
- Eu quero estar contigo. Já me estou a...
- Não digas mais nada. Quando queres, também sabes ser ordinário.
- Claro. Aprendi muito quando vim para Lisboa.
- Eu sei que sim. Mas vou passar o dia contigo.
- Ainda bem. O meu coração quase que parou. Um dia dá-me um fanico.
- Que engraçado!
- Eu sou "engraçado". E tu sabes isso. Mas agora vou trabalhar. Beijinho molhado, meigo... Hum! Gostoso.
- E com isso me despachas. Beijinho e até logo.


Neste dia só falei com ele no msn. Ele não me telefonou. Enviou mensagem.

18h02m20s

< Meu amor só terminei agora. Logo vai ao msn. Bjs doces. >

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Serás sempre a minha Shakti!

Quinta, 17 de Março de 2005

Estive ausente porque fui passar uns dias ao Algarve, à minha casa. Estava a precisar de descansar da minha escrita e de recordar, mesmo que não queira, os maus momentos que o Fernando Pedro me fez passar.

Estava triste, muito triste a pensar que o telefone tocaria daí a nada. 
De facto não demorou muito. Eram 08h24m36s
Muito infeliz, atendi sem grande entusiasmo. Apetecia-me mais deixar tocar e ignorar aquele telefonema, mas não resisti e estendi a minha mão tremula para o auscultador.

- Estou sim, por favor?
- O meu Amor hoje não está bem? Estás pior? Querida eu amo-te e isso chega para te animar. Força! Vem pra cima. Eu estou muito feliz.
- E posso saber o que te faz tão feliz?
- Amor faço anos. Já são 50, mas bem vividos.
- Sim? Não me digas? E com quem foram tão bem vividos?
- Hei! Lá vem o ciúme ao de cima...
- Não é "ciúme". É curiosidade.
- Bem vividos porque vivo-os à minha maneira. Faço o que gosto e agora até te tenho a ti a meu lado.
- Tens resposta para tudo.
- É a verdade, Amor mio.
- Pois!
- Queres vir almoçar comigo?
- Não posso.
- Eu também não, mas era para ver se estavas disponível. Para mim, nunca estás.
- Tem dias. Nem sempre posso ir a correr quando tu queres. Esqueces que sou casada?
- Não, mas um dia vais casar comigo. Eu quero.
- Pois, tu queres e eu vou logo a correr. E já agora para onde vais?
- Vou prá linha de Cascais e levo alguns homens. Se fosse sozinho, podias ir.
- Vai em paz e trabalha que é para isso que te pagam.
- Já me estás a despachar?
- Não. Se tens que ir, não faças esperar ninguém. Eu não gosto que me façam isso e tu estás sempre a fazê-lo.
- Prontos amorzinho. Vou embora. Posso telefonar?
- Se for depois das cinco...
- Ok! Beijinho e até logo. Bom almoço e pensa em mim.
- Bom almoço. Beijinho e até logo.

Não houve mensagem à hora do almoço. Ele estava a sair com outra mulher. Vim a saber mais tarde.

17h20m10s

- Estou sim, faz favor?
- Depois de um dia de trabalho, é o melhor que me pode acontecer. Ouvir a tua voz doce e meiga.
- Hum! Que romântico. Até parece que não tens coisas melhores.
- Não, não tenho. Tu foste o que melhor me aconteceu na vida. És a minha Shakti. 
- Podia ser outra coisa pior. Um dia, quem sabe...
- Serás sempre a minha Shakti. Amo-te mais que ontem...(interrompi)
- Essa já tem barbas. Vê se escolhes coisas melhores. Isso diz toda a gente.
- Mas eu não sou toda a gente. Eu sou o teu príncipe que te salvará um dia.
- Deixa-me rir como diz o Jorge Palma.
- Gostas dele?
- Gosto muito de o ouvir cantar.
- Hum! Muito me dizes. E não gostas de me ouvir cantar a mim?
- Também. Mas ele é profissional...
- Um dia também serei. Mas não bêbado como ele.
- Não sei se é ou não. Sei que gosto muito dele. A minha filha até costuma dizer que quanto mais bêbedo, melhor canta.
- Bem, vou embora. Logo vais ao msn?
- Não sei.
- Nunca sabes nada. Eu espero. Beijinhos doces, molhados, meigos e carinhosos. Inté..
- Beijinhos e dorme bem.

Não fui ao msn. Recebi a seguinte mensagem:
21h58m45s

< Estive há espera mas não aparecestes. Dorme bem. Bjs doces. Adoro-te sabia? >







quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Fazer anos daqui a 4 dias!

Quarta, 16 de Março de 2005

A minha vida começava aqui a desmoronar-se. Era como um baralho de cartas. Ao ruir uma as outras vão todas atrás. Assim começou a minha vida. Uma vez a tropeçar e ia tudo ao mesmo ritmo.
Já não podia descansar pela manhã. Nem podia ocupar o meu tempo com coisas que me davam prazer. Tinha que obedecer a tudo o que o Fernando Pedro quisesse. Eu deixei de ter vontade própria e a vida também já não era a minha.
Como de costume o telefone tocou logo pela manhã. Eram 08h20m12s.
Com pouca vontade e depois de este ter tocado até quase ao voicemail, atendi com as lágrimas a correrem-me pela minha cara abaixo.

- Estou sim, faz favor?
- Bom dia, bom dia para quem é a flor mais bonita do meu jardim.
- Agora já começam a despontar. A Primavera vem aí e eu já tenho flores. Provavelmente também tens, mas não sou a mais bonita.
- Para mim és a mulher mais bonita que conheci. É contigo que quero ficar para o resto das nossas vidas.
- E conheceste muitas?
- Lá estás tu a dizer essas coisas. Foste a primeira mulher com quem pulei a cerca.
- Ai sim? Um dia vou descobrir e chamar-te "mentiroso". Deixo eu de ser para passares a ser tu. ( mal sabia eu que faltava pouco tempo para descobrir. )
- Hoje estou muito bem disposto. Vou fazer anos daqui a quatro dias e tu vais-me dar o presente que eu quero.
- E o que é que tu queres?
- Então não é o auto-rádio?
- Provavelmente.  
- Não mo vais dar? Já andei a ver na Worten e já vi um que gosto muito.
- Está bem. Depois combinamos.
- Que tens? Parece que estás a chorar?
- Impressão tua. É a minha alergia.
- Bem, meu Amor, vou trabalhar para a linha de Sintra. Não sei se volto a tempo de falar contigo. Vais ao msn?
- Não devo ir. Não esperes. O meu marido tem trazido trabalho para adiantar por ter estado comigo em casa.
- Beijocas bem molhadas, doces, meigas e onde e como tu quiseres. Amo-te muito. Inté. 
- Beijos e até logo, se puderes.


Já não nos falámos e não fui ao msn. Ele enviou uma mensagem a desejar "boa noite".

< Meu Amor de ontem de hoje e de amanhã q tenhas uma boa noite. Sonha comigo. Adoro-te, sabia? Beijocas doces. >

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Encontro em Entrecampos!

Terça, 15 de Março de 2005

Neste dia, e como combinado na véspera, fui encontrar-me com o Fernando Pedro em Entrecampos. Ele estava lá a trabalhar. Esperei demasiado tempo que ele chegasse. Sentia-me enojada e com um pouco de culpa. Poderia estar livre, mas já estava, novamente, presa a ele. Fazia tudo o que ele dissesse. Era como se eu não tivesse vontade própria.
Sentei-me no banco e via passar as pessoas que saiam da estação com uma certa pressa de chegar ao destino. Eu tinha ganhado raízes à espera dele. Já me doía tudo e o que mais me doía era o coração. Sangrava por estar naquela situação.
De repente, e quando estava embrenhada nos meus pensamentos, um toque no ombro chamou-me à realidade. Levantei-me de um salto e ele, gracejando, disse que não era nenhum ladrão. Ladrão daqueles que roubam as carteiras da senhoras, mas ladrão porque me tinha roubado o coração e agora pertencia-lhe.
Envolveu-me em beijos e abraços e passou um dos braços pelos meus ombros e começámos a andar pela Avenida acima. Era o caminho da P******. Eu ia encolhida e sem vontade que o caminho se fizesse. Ele falou que tinha reservado o quarto que tínhamos tido na nossa primeira vez. Era o 306. Já era familiar.
Mas para mim nada me era familiar. Sentia-me encurralada e triste. Ele olhou para mim com aqueles dentes muito brancos a mostrar um sorriso que me encantou. Puxou-me para ele e perguntou o que ensombrava o meu olhar triste e sem vida. "Nada" respondi sem convicção. Mas no fundo do meu ser e se ele pudesse ler veria o quanto eu sofria nesse momento.
Entrámos e fomos à recepção. Eu passei o dinheiro por entre as suas mãos que estavam entrelaçadas nas minhas à espera da dádiva.
Pagou e a chave foi-lhe entregue como se ele fosse o dono daquilo tudo.
Subimos de mãos dadas. Já no quarto ele procurou o canal que já era tão conhecido com música francesa.
Depois, depois entregámo-nos um ao outro sem reservas e sem tabus. Não foi bom nem mau. Nem eu consegui chegar ao clímax nem ele se aguentou para que eu conseguisse. Talvez por que não estava com o mínimo de atenção à minha pessoa. 
Ficámos a conversar agarrados um ao outro. Ele cheirava a transpiração e eu comecei a ficar enjoada com aquele cheiro. Deitei-me de costas para fugir àquele cheiro. Por vezes ele tomava banho antes e dizia que era por ter trabalhado muito e o tempo estar a aquecer, mas desta vez não o fez.
 Falou muito da sua infância. Do tempo em que fugia à escola para andar de fisga na mão perto da capela de São Sebastião. Disse-me que morava aí, mas vim a descobrir mais tarde que não era verdade e que tinha vivido no largo de Santo António onde, ainda hoje se nota pobreza. É um largo em decadência e por detrás da igreja há um imensurável campo de cultivo e não só.
Eu ouvia com a paciência de Jó, mas desejosa que o tempo passasse depressa. De vez em quando tinha um telefonema do serviço, mas ele acrescentava que estava em um outro lugar a trabalhar.
Por fim lá íamos tomar o nosso banho. Ele lavava-me com tanto amor que eu acreditava nesse amor que nunca chegou a ser nada. Sabia fingir tão bem que eu até tinha pena dele e do tempo em que ele era criança com o pai em França e a mãe a trabalhar no duro para que todos tivessem pão.
Depois ele desligava a televisão e nós saíamos para a rua onde o sol de Março é quente à tarde.
Passávamos pela mesma pastelaria e o ritual era o mesmo.
Levava-me à estação. Os seus olhos cor de mel suplicavam por mais um tempinho com ele, mas eu não arriscava. Apanhava o primeiro comboio que aparecia.
A despedida era feita e eu vinha cheia de remorsos pelo que tinha acabado de fazer.