sábado, 14 de novembro de 2015

Recompensar!

Terça, 1 de Fevereiro de 2005
 
Neste dia tinha uma notícia para dar ao Fernando Pedro. Não era uma notícia agradável, mas era uma notícia que tinha que ser dada com alguma urgência. Na véspera tinha recebido um telefonema da minha irmã mais nova a dizer que estava de cama e que eu tinha que ir buscar a minha mãe. Foi recebido o telefonema já depois de me ter despedido dele. Para mim também não era agradável. Mas era a minha mãe e eu tinha que ir busca-la.
Como sempre, o telefone tocou pouco tempo antes das nove da manhã. Não vi as horas por que estava já na sala e não olhei para o vídeo.
Atendi o telefone sem saber se era ele ou a minha irmã. Ia tomar o pequeno-almoço para me deslocar a Sintra, local onde morava a minha irmã e mora.
 
- Estou sim, por favor?
- Bom dia minha Deusa Shakti. Dormiu bem? Eu dormi. Afinal amanhã estamos juntos. Vou fazer-te muito feliz e satisfazer os teus desejos todos.
- Estamos? Diz-me como...
- Então é o nosso dia e eu vou aí.
- Não vens.
- Não?
- Ontem depois de termos falado, a minha irmã telefonou a dizer que está de cama e que eu tenho que ir buscar a minha mãe. São, pelo menos, 15 dias.
- Não me digas!? É mesmo verdade?
- Apesar de me teres chamado " mentirosa" mas isto é verdade. Não ia mentir com uma coisa que me deixa, também, doente. É muito difícil tratar da minha mãe. Tem dias que é agressiva e eu nem sei lidar com isso.
- E quando te recompenso?
- Recompensar de quê? ( Eu bem sabia onde ele queria chegar, mas eu não estava com disposição de voltar a falar no assunto. )
- Recompenso-te depois. É do tempo que estamos longe- redarguiu ele.
- Pois, isso.
- Assim que ela melhorar, vou logo levá-la.
- Vai ser muito difícil estar este tempo todo longe de ti. Agora estava mesmo a precisar da tua companhia. Ontem houve discussão lá em casa.
- Paciência! A mim não me calha nada bem. Tenho que pedir a ajuda da Glorinha. Deitá-la ainda tenho o meu marido que me ajuda, mas para o resto, não tenho capacidade. Já passa mais tempo na cama, segundo diz a minha irmã. Mas eu vou ver se a mantenho levantada, Escuso de andar, constantemente para baixo e para cima.
- Vai ser bonito, lá isso vai. Tenho muita pena de ti, mas não te esforces muito.
- É um esforço sobrenatural. Eu bem digo que ela estava melhor na casa de Saúde em P**********. Ela tem dinheiro para isso. Mas as minhas irmãs não querem, ainda.
- E vais busca-la agora?
- Já estava de saída. A minha irmã tem uma consulta às duas horas da tarde.
- Então, vai lá. Não te atrases por minha culpa. E logo? Telefono?
- Não sei. Depois envio mensagem.
- Beijos para te ajudarem nesta luta. Muitos docinhos, molhados do jeito que tu gostas como e onde quiseres.
- Beijos também para ti.
- Posso enviar mensagem à hora do almoço?
- Não envies. Posso vir a conduzir. Ainda vamos dar o almoço lá, à minha mãe.
- Até logo e boa viagem.
- Obrigada e até logo.
 
O dia foi longo. Era eu, a minha irmã e o meu cunhado a meter a minha mãe no carro e não conseguíamos. Ela enrijeceu os músculos e parecia uma pedra. Por fim a minha irmã foi dar-lhe as gotas SOS e só assim conseguimos.
Cheguei a casa com os olhos inchados de tanto chorar. Fiz o caminho todo a chorar. Não era pela minha mãe, mas pela doença de que sofria. De facto que não merecíamos isto. Mas bate à porta de qualquer um.
Quando cheguei a casa já tinha a Glorinha que me tinha feito o jantar e arrumado o quarto com a cama feita de novo.
Depois enviei uma mensagem ao Pedro. Na volta enviou esta:
 
< Amor mio não te deixes ir abaixo. Eu estou contigo. Amo-te. Bjs molhados. >
 
21h43m24s
 
< Dorme bem na medida do possível. Bjs só nossos. >  
 
 
 

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Desconfianças!


Segunda, 31 de Janeiro de 2005
 
Mais uma foto que referencia onde habita o Fernando Pedro ou muito perto.
 
Era um dia igual a tantos outros. Eu estava a abrir a janela do meu quarto para arejar até eu ir tomar banho. De dentro veio um estridente som que me tirou da minha apatia de sempre. Não me apetecia ouvir ninguém e muito menos o Pedro. Ainda estava magoada com ele. No remanso da minha casa, pensei cuidadamente, sobre o que se tinha passado no Sábado. Tinha ficado muito triste por ele me ter agraciado com tantos defeitos. Eu tinha sido generosa, embora me apetecesse dizer que ele era um oportunista. Mas não o fiz para não ferir a sensibilidade dele.
Laconicamente  deixei-me estar na janela. Não iria atender. Ele tinha que pensar que me tinha magoado muito. 
De repente o telefone deixou de se ouvir e eu respirei de alívio. Fizera uma coisa que eu pensava não ser capaz de fazer. Mas fi-lo e senti-me bem. Só que foi alívio de pouca dura. O telefone voltou a ouvir-se. Lá tive que atender. Ao certo, não sabia quem estava para lá da linha.
 
08h56m34s
 
- Estou sim, por favor?
- Amor sou eu. Bom dia para a flor mais linda do meu jardim.
- Ah! És tu?
- Estavas à espera que fosse outra pessoa? A esta hora sou eu sempre. Ou não?
- Podes não ser. O meu marido já me telefonou a dizer que vem almoçar. Vai à Serra de M********* com um colega e pediu-me para fazer almoço a contar com dois. Como vês, pode ser qualquer pessoa.
- Ainda dizes que andas só comigo...
- Calma lá! No Sábado já me ofendeste que chegue. ( Cortei eu azedamente. ) Se vens com a mesma conversa, é melhor desligares já. Não estou com pachorra de ouvir as tuas desconfianças.
- Calma, Amor. Eu não penso nada.
- Ai não? Então por que me atormentas sempre com a mesma conversa? Já chega, Pedro. Estou farta por não teres confiança em mim.
- Eu tenho confiança, mas tenho muitos ciúmes...
- Os ciúmes são doentios e não trazem nada de bom a uma relação. Pára de  seres  infantil. Eu não aguento.
- Pronto! Já cá não está quem falou. És brava quando queres.
- Não é "quando quero", é quando tu me provocas.
- Pronto! Só não te quero perder...
- A comportares-te assim, um dia mando-te passear.
- Desculpa, prontos.
- Olha agora digo como tu me dizes às vezes, As desculpas não se pedem, evitam-se. E esta conversa era desnecessária. Bem basta que a tivesse que ouvir no Sábado. Foste mesmo desagradável e és quando queres.
- Perdoa. Julgava que estava a ser uma conversa de circunstância.
- Achas que eu acredito nisso?
- Vá lá Amor, fazemos as pazes? Ainda ontem tive que levar com a mãe dela mais aquele homenzinho insignificante.
- É a tua obrigação. Não estás a viver com ela? Tens que receber a sogrinha também.
- Olha, sabes? Na quarta posso ir a tua casa. Vamos ser felizes e eu compenso-te de todo o mal.
- Vamos ver se podes vir. Se o meu marido não acabar o trabalho na Serra, vai vir aqui almoçar.
- Ai não me faças isto. Preciso de estar contigo. Quero estar contigo o tempo que puder.
- Só logo sei. E hoje não me podes telefonar à tarde. Ele pode vir mais cedo.
- Ainda mais essa..
- Nada de anormal. Amanhã falamos.
- E logo não vais ao MSN?
- Logo se vê.
- Adoro-te, sabias?
- Sei lá se adoras... Às vezes tens atitudes que deixam muito a desejar.
- Tenho ciúmes, prontos...
- Os ciúmes não levam a lado nenhum.
- Vou-me controlar.
- Espero bem que sim.
- Beijokinhas doces, meigas, molhadas e saborosas. Hum! Que bom!
- Beijinhos e até logo.

12h09m10s

< Vou almoçar agora. Penso em ti com todo o meu Amor. Bjs para tua sobremesa. >


17h15m34s

< Meu Amor de ontem de hoje e de amanhã amo-te muito, e por isso tenho medo de, te perder. Não me deixes e ama-me como eu te amo a ti. És o sol da minha vida cinzenta e triste. Não sabes como é a minha vida lá em casa. Às vezes só a C****** R***** me compreende. Mas é muito jovem para perceber. Tu percebes. Eu confio em ti. Quero-te para SEMPRE. Amo-te. Bjs molhados e ternos. >


21h59m58s

< Dorme bem. Foi bom falar contigo. Bjs só nossos. >
 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Desencontro!

Domingo, 30 de Janeiro de 2005
 
Castelo dos Mouros, em Sintra.
 
Neste dia foram poucas as mensagens do Fernando Pedro para mim. Talvez tivesse feito uma análise ao que tinha acontecido no dia anterior. Porém, a desculpa que me deu, é que tinha lá a sogra toda XPTO, como ele a mencionava. Estava junta com um Senhor da marinha ou coisa do género. Nunca quis aprofundar o que o Senhor fazia. Ele referia-se a este Senhor muito vagamente. Todavia, enviou-me esta mensagem.
 
10h25m24s
 
< Amor mio tenho cá a mãe dela. Hoje não falamos à tarde. Bjs só nossos. >
 
Depois, já à noite, enviou-me outra.
 
20h45m10s
 
<Amor ela já saiu. Estou no msn. Bjs e até já. >
 
Não fui ao msn. Estava a ver um filme com o meu marido e não quis que desconfiasse.
 
21h10m52s
 
< Eu compreendo. Dorme bem. Beijokinhas doces. >
 

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Encontro No Centro Vasco da Gama!

Sábado, 29 de Janeiro de 2004
 
 
Esta linda fonte está inserida perto da casa do Fernando Pedro. É linda! A pia faz lembrar uma pia batismal.
 
 
Mais um encontro que tivemos no Centro Vasco da Gama. Disse ao meu marido que ia desanuviar. Não queria passar um dia tão bonito, em casa. Estava muito frio e eu levava o meu casaco comprido vermelho. Ele levava as calças claras e uma parka bege. Andava sempre com ela. Sempre lha conheci. Hoje é que anda todo galã. Mas não com o dinheiro dele.
 
Eram onze horas e 10 minutos, mais ou menos, quando o comboio chegou. Eu entrei nele e sentei-me junto da janela, na primeira carruagem. Ia ansiosa e cheia de comiseração. Não tinha escolhido aquela vida de ânimo leve. Mas agora era tarde para voltar para trás. Muitas vezes sentia-me impelida a acabar com tudo, mas o seu charme, a sua acuidade para comigo, o seu carinho, a sua meiguice e os atributos que eu achava que eram sinceros, fizeram-me andar com ele tempo de mais.
 
 
Para minha surpresa, ele estava na gare à minha espera. Foi mais um peso que se juntou aos outros todos em que eu o classificava, na altura.
Fiquei extasiada e tão contente que me lancei nos seus braços como se ele fosse, realmente, só meu. Não me importei com os passageiros que passavam ao nosso redor. Beijámo-nos e esquecemos onde nos encontrávamos.
Descemos os degraus de mãos dadas e, de vez em quando, o Pedro passava o braço em redor dos meus ombros.
Percorremos o Centro e fomos para o jardim, perto do rio, que já conhecia os nossos segredos.
Relembrei que eram 12h e que, se calhar, íamos almoçar primeiro e, depois, para o nosso jardim. Mas o Pedro mostrou estar sedento da minha companhia e quis ir para logo me começar a beijar. Quase não respirava com tantos beijos e carícias. Eu sentia que a minha vida tinha parado naquele momento. Para mim só contava ele e eu. Esqueci todo o resto.
 
Depois de nos saciarmos, começámos a andar à beira do rio, na direção de Lisboa. Parámos no lago rodeado de canas de bambu e que tem a roda da nora. Sentámo-nos aí de mãos dadas. E começámos a conversar descontraidamente. De repente, voltou a perguntar-me o que eu achava quanto à sua personalidade.
Fiquei um bocado calada e respondi: - Amor, já falámos sobre isso, uma vez.
- Mas eu quero saber o que achas de mim. Depois deste tempo em que andamos juntos muita coisa mudou.
- Acho que o que mudou foi o estarmos mais tempo juntos e unirmos esforços nesse sentido.
- Mas diz lá de tua justiça. Quero ouvir.
Puxei da minha inteligência de galinha, sim porque nessa altura, era essa a minha inteligência. Eu quase falava pela boca dele e agarrava, de bom grado, todas as coisas que vinham da parte dele sem questionar se seriam boas ou más.
- És uma pessoa incrível. Tens um coração de ouro, bom amante, bom ouvinte, muito introvertido na tua vida privada, pois pouco falas dela. Vou apanhando uma ponta aqui e outra ali, se quero saber alguma coisa. Bom pai. Não és bom marido. Mentes para te protegeres. És bom naquilo que fazes. Eu até arriscava a dizer  que és perfeccionista. Estou enganada? ( Queria falar mais dos pontos negativos que lhe tinha encontrado, mas tive receio que ele não acatasse bem. )
- Então agora começo eu. És muito mentirosa, desonesta, enganadora, vaidosa, avalias os outros por aquilo que têm e não por aquilo que são, não sabes cozinhar, enganas o teu marido, enganas-me a mim, és boa mãe e, segundo tenho apurado, foste uma excelente profissional.
- Ena! Só pontos negativos. Achas que te engano? Então aponta aí uma falha minha como te tivesse enganado.
- Deves ter outros homens. Não sou único.
- Espera lá! Onde foste buscar essa ideia maluca? Apenas te tenho a ti e ao meu marido...
-Ah! Também és uma valente mentirosa. Só falas mentiras. E és um bom garfo...
- Bem, se temos uma relação na base da desconfiança, então, é melhor acabar tudo. Se sou agora mentirosa, aprendi contigo. Depressa arranjas uma mentira para te protegeres. Mas eu não as tenho na ponta da língua como tu. Tenho que pensá-las e, às vezes, parecem tão descabidas que tenho receio de ser descoberta. Não sei arranjar mentiras assim do pé para a mão como tu.
- Não faças uma tempestade num copo de água.
- Ai faço, faço. Não és tu que vens avaliar as minhas capacidades. Sou mais honesta que tu. Olha, e para terminar esta conversa absurda, vou dizer-te que só comecei a mentir depois de te conhecer.
- Eu também.
- Não acredito. Quem tem uma facilidade de mentir tão apurada, é porque mente há muito tempo. Algumas mentiras que tenho dito, foste tu que mas arranjaste. Lembraste? Dizes que é para minha defesa, para eu ser cautelosa, para eu me proteger. E agora vens com essa? Por acaso já me apanhaste nalguma mentira?
- Não. Amor não quero estragar o nosso dia.
- Então não fales do que não sabes. Conto-te tudo com os detalhes todos. Ás vezes sou sincera de mais e digo coisas que são só minhas e do meu marido.
 
Posto isto, fiquei amuada e tirei as minhas mãos da dele. Desviei-me e comecei a levantar-me.
Ele veio ao meu encontro e fechou a minha boca com um beijo dado com sabedoria. Fez-me amolecer e esquecer o que tinha sido dito ali.
Depois desta discussão acesa, fomos almoçar à Portugália. O Fernando Pedro tinha gostos requintados.
Eu comi uma salada de espargos ( Para lhe recordar que sabia cuidar da minha linha ) e ele um bife à Portugália com um ovo. Relembrei que tinha sido o que tinha comido quando lá fomos com a minha filha. Ele disse que gostava, particularmente, daquele bife.
A conta, quando veio, empurrou-a para o meu lado. Já me habituara a isso. Não seria de estranhar tal atitude da parte dele.
Mais uma vez, estivemos ali até perto das 16h e 30m.
Era hora de regressar a casa. Tinha acabado mais um dia juntos. Não tinha corrido tão bem quanto ele me tinha prometido.
Foi comigo para a estação. Comprei o bilhete de volta e ele continuou a acariciar-me com beijinhos doces  de mel. E foi assim que esqueci o incidente do dia.
 
 
 

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Alegras o meu dia!

Sexta, 28 de Janeiro de 2005
 
Por vezes ponho-me a pensar porque continuo a escrever todas as coisas que passei com o Fernando Pedro. Mas chego à conclusão que escrevendo o bom, brevemente chego a descrever o lado mau e, através disso, vão notar como é um sociopata na realidade.
Mais um dia de conversação, via telefone. Era sexta e, ele, lembrou-se que o meu marido ia para casa da minha sogra, no sábado. Pois, eu já me tinha esquecido.
O telefone tocou. Eu estava ainda deitada, embora a ler. Gostava de ficar na cama a ler e ainda hoje o faço.
O relógio marcava 08h34m57s
Ao meu lado, repousava o meu diário. Gostava de escrever logo aquilo que falávamos para não perder pitada. Nem me esquecer de algum detalhe importante.
Poisei o livro na mesa de cabeceira e atendi o telefone sem entusiamo nenhum. Não era porque me tivesse esquecido da doçura e meiguice do Pedro, mas porque eu estava a pensar em sair desta relação. As coisas estavam a tornar-se sérias para o meu lado e, eu, não queria perder a minha identidade.
 
- Sim, por favor?
- Minha doce princesa, como alegras logo o meu dia com a tua voz doce e de uma meiguice que até fico arrepiado.
- Sempre arrepiado. De facto que está frio, mas deves estar no gabinete de ar condicionado ligado. Certo?
- Sim, mas tu até me levantas os cabelos dos braços quando falo contigo. Tal é a loucura em que me pões.
- Isso já não sei. Não faço nada para te provocar isso.
- Fazes. Só de me lembrar dos nossos momentos, me deixas assim.
- Gostava de ver.
- Amanhã podes ver. O teu marido não vai para a casa da mãe?
- Deve ir. É sábado e acho que já falou disso.
- Queres vir ter comigo ao Vasco? Passamos o dia juntos.
- Se ele for trabalhar, pode ser.
- Vamos para o nosso refúgio. Ali ninguém nos vê.
- Logo, no MSN, eu digo se ele vai.
- Estou já com água na boca de pensar que nos vamos beijar.
- E que vais dizer em casa?
- Que venho trabalhar. É o costume quando saio contigo.
- Tu lá arranjas essas desculpas...
- E tu não? É que vens para o Vasco.
- Mas não preciso de mentir. Vou passar o dia já que estou sozinha.
- Então ,fica combinado?
- Só logo é que posso dizer se vou ou não.
- Faz uma forcinha para  isso acontecer.
- Até que gostava, mas não sei.
- Logo vais ao msn?
- Vou. Só para confirmar.
- Então até logo, minha doce Shakti.
- Agora mudei de nome, foi?
- Para mim, és a minha Deusa Shakti. És o ar que respiro, o sol que me ilumina e aquece e o sussurrar das ondas do mar.
- Olha, tu para mim, és tudo isso e muito mais. Ah! logo vem a Glorinha.
- Tá bem. Eu não telefono, né?
- É melhor. Tantas vezes a dizer que é engano que ela, um dia, pode desconfiar de alguma coisa.
- O seguro morreu de velho.
- Olha, vês como tu sabes! Isso mesmo.
- Bem, até logo no MSN.
- Beijinhos para alegrar o teu dia.
- Beijokinhas onde e queiras ser beijada.
 
11h59m20s
 
< Amanhã almoçamos juntos. Hum.. que bom. Bjs para tua sobremesa. >
 
17h15m47s
 
< Meu amor de ontem de hoje e de amanhã. Quero uma notícia boa. Entretanto já digo em casa que venho trabalhar. Espera para veres como vai ser um mais que bom. Vou alegrar o teu dia. E tu o meu. Sem ti a minha, vida era vasia e sem sentido. Estava perdido e tu destes sentido ao que é viver com todo este Amor, tão bom e saboroso. Adoro-te sabia? Bjs molhados como tu gostas. >
 
 
22h09m43s
 
< A notícia não podia ser melhor. Amanhã vimo-nos. Bjs só nossos. Dorme bem. > 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Deusa Shakti

Quinta, 27 de Janeiro de 2005
 
Não sei como classificar o Pedro numa escala de 1 a 10. Talvez o classifique de zero. Hoje não vale nada. É um verme que se serviu da minha pessoa para atingir os seus fins. Este homem foi o diabo que entrou na minha vida.
E, pelo que vejo, continua a sua atividade enganando uma e outra e após outra. Também mente a sua mulher quando lhe diz que vai trabalhar para um determinado lugar. Era o que fazia comigo e continua a fazer.
Eu estava tão embevecida com ele que não via o quanto  ele era um canalha. Sabia cativar tão bem que eu nem dava pelo novelo que me estava a embrenhar. Era um novelo sem possibilidade de desenrolar.
Neste dia, e como todos os dias, foi atencioso comigo. Mimava-me e dizia coisas que me prendiam cada vez mais a ele.
O telefone tocou. Eu ia tomar banho nesse momento. Olhei o relógio digital e vi que eram 08h54m38s. Pensei em não atender e ir fazer a minha vida. Mas eu estava de cabeça perdida e gostava de o ouvir falar. Tinha uma voz nasalada, mas doce e meiga.
Como sempre, não pude adiar para mais tarde. Ele fascinava-me e punha-me ao rubro.
 
- Estou sim, por favor?
- Bom dia minha Deusa Shakti. Recordastes da história que te contei sobre ela?
- Sim, recordo.
- Pois tu iluminas os meus dias com um poder tal que sinto que não te quero perder NUNCA. Conduzes-me a um êxtase e a uma iluminação que não sei descrever. Contigo, o sol brilha através das nuvens...
- Hoje estás muito inspirado, não?
- Não é só hoje. Tu és a minha Shakti e inspiras-me sempre.
-  Tão melado que me fazes sentir mal por não saber retribuir com palavras tão lindas!
- Não precisas. Só a tua figura e a tua voz fazem o resto.
- Amor, que declaração logo pela manhã!?
- Assim começa o meu dia contigo e só contigo sempre. Até tu quereres. E sei que tu queres. A maneira como me olhas e acaricias, dizem o resto que te vai na alma.
- Tens razão, mas não estava à espera disto.
- Comigo são só surpresas. Acreditas?
- Não tenho como duvidar. Também brilhas para mim e fazes os meus dias mais alegres.
- Ontem foste uma fera...
- Vá lá, não me envergonhes...
- Não, não te quero envergonhar. Só quero que saibas que eu reparo que adoras estar comigo. Eu sei o quanto te excito. Ficas doida comigo. É assim que eu gosto de fazer para tu te sentires feliz.
- ........
- Então, ficastes muda?
- Pela primeira vez na vida, não sei o que dizer.
- Diz que me amas e desejas e eu fico feliz.
- Até parece que adivinhas os meus pensamentos.
- E adivinho. Sei o que te faz feliz e eu sei como fazer-te feliz.
- Ontem foste espetacular. Aliás, como sempre.
- Minha Shakti linda! Serás sempre a minha Deusa Shakti. Eu também sou muito feliz contigo.
- A sério?
- Bem basta o celibato que tive tanto tempo. Agora tenho que ganhar o meu tempo, o nosso tempo.
- Sim, " o nosso tempo ".
- Sabes, agora vou trabalhar. Vai lá tomar banho e olha a mosquinha no teto a espreitar.
- Como sabes que vou tomar banho?
- Estou a ver-te a caminho da casa de banho. Já está quentinha?
- Já. Enquanto arejei o quarto, pus o aquecimento a funcionar. Depois vou arrumar o quarto. Hoje vem a Glorinha.
- Então não posso telefonar à tarde?
- Não.
- Envio mensagem, pode ser? E vais ao MSN?
- Hoje vou. Quero falar contigo. Sinto-me mais segura.
Então até logo, minha Deusa Shakti. Beijokinhas como e onde quiseres.
- Beijinhos doces para ti, também.
 
 
12h09m23s
 
< Vou almoçar. Bjs doces para tua sobremesa. Amo-te minha Deusa. >
 
17h10m45s
 
< Meu amor de ontem de hoje e de amanhã sinto muito a tua falta. Hoje e sempre quero estar contigo. Foste a melhor coisa que, aconteceu na minha vida desencantada. És o rastilho que faz funcionar a minha vida. Sem ti andava por, aqui perdido e sem rumo. Encontrei-te. o beijo virtual e a rosa uniram os nossos corações para, sempre.
Amo-te e não te quero perder. Beijokinhas molhadas deste teu Pedro. >
 
22h08m57s
 
< Dorme bem, minha amada. Breve estaremos juntos outra, vez. Bjs molhados. >

domingo, 8 de novembro de 2015

O nosso dia


Quarta, 26 de Janeiro de 2005
 
Esta foto foi tirada do Castelo em Sintra.
Não posso deixar de referenciar esta cidade. É neste conselho que vive o Pedro.
Vou entrar em mais um capítulo que marcou uma época da minha vida. A época em que andei, tontinha, com ele. Fiz coisas que nem lembra ao diabo, mas fi-las e hoje não posso voltar atrás, como muitas vezes, tenho narrado.
As minhas narrativas são verídicas. Tenho um diário onde escrevia todas as coisas  que dissessem respeito ao Pedro ou a nós dois. Inclusivamente, até escrevia as mensagens, via telemóvel, que ele me enviava.
 
Mais um dia passado na minha casa. Era " o nosso dia " como ele mencionava muitas vezes. e eu comecei a mencioná-lo também.
O comboio aparecia, mais ou menos, à mesma hora. E, neste dia, não foi exceção.
Eram 09h12m25s quando ouvi o apito do comboio a entrar na estação. Eu estava, no meu carro vermelho, à sua espera. Tinha um misto de sentimentos no meu coração. Uns que me diziam que o dia ia ser bom. Outros que, pelo contrário, me alertavam para a maneira conspurcada que geria a minha vida. Outros, ainda, que me acusavam de falta de senso e bom comportamento. Nunca tinha saído do caminho reto a que me dedicara desde muito nova.
Fui uma menina exemplar. Era muito religiosa. Até tive tudo marcado para entrar no convento de Santa Clara, em Coimbra. Porém, na véspera da minha partida, o meu tio padre disse à minha mãe que estava prestes a perder-me. Até já tinha a minha mala em casa de outra freira para partir no dia seguinte rumo a Coimbra onde ingressaria como noviça.
 A minha mãe, embora muito religiosa, mas desfez tudo e proibiu-me de fazer essa loucura.
Não tive namorados de jeito senão um arranjado pelos meus pais. Já tinham marcado o casamento e eu pensei que não amava essa pessoa. Fui pelo caminho mais curto: o suicídio. Não deu certo. Claro, senão não estava aqui a contar a história da minha vida.
Depois de conhecer o Fernando Pedro tentei o suicídio mais duas vezes. Ele provocou-me problemas que, provavelmente, chegará o dia para os contar.
 
Como ia narrando, o comboio silvou e eu dei conta disso. Pulei de susto pois estava embrenhada  noutros pensamentos, como atrás descrevo.
Ele desceu as escadas majestosamente com aquele porte de gente fina e bem ciente do que queria. Eu olhei para ele com receio dos meus pensamentos. Mas abri-me em sorrisos, de orelha a orelha, e abri a porta do carro para lhe dar as boas vindas. Abraçámo-nos e beijámo-nos efusivamente. Ele entrou para o carro e eu comecei a conduzir rumo à minha casa. Pelo caminho, ele mexia e remexia aqui e ali. Eu tinha medo de me desconcentrar. Mas ele fazia-o com o intuito de me fazer querer que ele estava sedento.
Em casa, assim que abria a porta, ele era um abusador e fazia-me esquecer de todos os pensamentos que povoavam o meu cérebro. Eu esquecia tudo e entregava-me a ele com uma volúpia que nunca tinha sentido com mais ninguém, apesar de esse " ninguém " ser o meu marido.
Neste dia foi, também, assim. Ele tem um fetiche para fazer amor que eu não sabia que dava resultado. Era colocar-me na beira da cama e fazermos amor assim. De facto que dava resultado. Mas quando ele já tinha o que queria de mim, este fetiche deixou de ter resultado. Já não me trabalhava e a relação não resultava.
Ele era muito assedo. Depois do coito, íamos sempre tomar banho. Tomávamos banho juntos e ele lavava-me com a minha luva de algodão e com o gel de banho. Muitas vezes fazia-me tantas carícias que eu acabava por ter um orgasmo. Ele adorava e dizia que era muito bom a excitar as mulheres. Eu desconfiava quando ele dizia isto e perguntava, sempre, se ele andava com alguém. Perentoriamente respondia que era assim que tratava a mulher. Um dia até me contou que a sogra era toda XPTO e que apanhou uma conversa dela com a filha sobre os homens não serem bons na cama. Contou-me que, nessa noite, após a conversa, fez a mulher dele ir às nuvens para lhe mostrar que ainda era um jovem e sabia confortar as mulheres.
Depois do banho, vestimo-nos e fomos almoçar ao C*******. Fomos ao restaurante "Central ", no primeiro piso.
Entretanto viemos para casa e chegou a hora da despedida. Contudo, e se ainda houvesse tempo, ficávamos na minha casa, sentados no sofá, a fazer horas para o comboio das 17h. Neste período em que estávamos em casa a fazer horas para o levar à estação, dizia-me para lhe fazer o que eu achasse que me dava prazer para não ficar a pensar que não tinha aproveitado, ao máximo, a sua estadia.
Depois era o " adeus " e aguardar mais um dia em que ele pudesse vir ou eu ir ter com ele ao Oriente.