sábado, 14 de novembro de 2015

Recompensar!

Terça, 1 de Fevereiro de 2005
 
Neste dia tinha uma notícia para dar ao Fernando Pedro. Não era uma notícia agradável, mas era uma notícia que tinha que ser dada com alguma urgência. Na véspera tinha recebido um telefonema da minha irmã mais nova a dizer que estava de cama e que eu tinha que ir buscar a minha mãe. Foi recebido o telefonema já depois de me ter despedido dele. Para mim também não era agradável. Mas era a minha mãe e eu tinha que ir busca-la.
Como sempre, o telefone tocou pouco tempo antes das nove da manhã. Não vi as horas por que estava já na sala e não olhei para o vídeo.
Atendi o telefone sem saber se era ele ou a minha irmã. Ia tomar o pequeno-almoço para me deslocar a Sintra, local onde morava a minha irmã e mora.
 
- Estou sim, por favor?
- Bom dia minha Deusa Shakti. Dormiu bem? Eu dormi. Afinal amanhã estamos juntos. Vou fazer-te muito feliz e satisfazer os teus desejos todos.
- Estamos? Diz-me como...
- Então é o nosso dia e eu vou aí.
- Não vens.
- Não?
- Ontem depois de termos falado, a minha irmã telefonou a dizer que está de cama e que eu tenho que ir buscar a minha mãe. São, pelo menos, 15 dias.
- Não me digas!? É mesmo verdade?
- Apesar de me teres chamado " mentirosa" mas isto é verdade. Não ia mentir com uma coisa que me deixa, também, doente. É muito difícil tratar da minha mãe. Tem dias que é agressiva e eu nem sei lidar com isso.
- E quando te recompenso?
- Recompensar de quê? ( Eu bem sabia onde ele queria chegar, mas eu não estava com disposição de voltar a falar no assunto. )
- Recompenso-te depois. É do tempo que estamos longe- redarguiu ele.
- Pois, isso.
- Assim que ela melhorar, vou logo levá-la.
- Vai ser muito difícil estar este tempo todo longe de ti. Agora estava mesmo a precisar da tua companhia. Ontem houve discussão lá em casa.
- Paciência! A mim não me calha nada bem. Tenho que pedir a ajuda da Glorinha. Deitá-la ainda tenho o meu marido que me ajuda, mas para o resto, não tenho capacidade. Já passa mais tempo na cama, segundo diz a minha irmã. Mas eu vou ver se a mantenho levantada, Escuso de andar, constantemente para baixo e para cima.
- Vai ser bonito, lá isso vai. Tenho muita pena de ti, mas não te esforces muito.
- É um esforço sobrenatural. Eu bem digo que ela estava melhor na casa de Saúde em P**********. Ela tem dinheiro para isso. Mas as minhas irmãs não querem, ainda.
- E vais busca-la agora?
- Já estava de saída. A minha irmã tem uma consulta às duas horas da tarde.
- Então, vai lá. Não te atrases por minha culpa. E logo? Telefono?
- Não sei. Depois envio mensagem.
- Beijos para te ajudarem nesta luta. Muitos docinhos, molhados do jeito que tu gostas como e onde quiseres.
- Beijos também para ti.
- Posso enviar mensagem à hora do almoço?
- Não envies. Posso vir a conduzir. Ainda vamos dar o almoço lá, à minha mãe.
- Até logo e boa viagem.
- Obrigada e até logo.
 
O dia foi longo. Era eu, a minha irmã e o meu cunhado a meter a minha mãe no carro e não conseguíamos. Ela enrijeceu os músculos e parecia uma pedra. Por fim a minha irmã foi dar-lhe as gotas SOS e só assim conseguimos.
Cheguei a casa com os olhos inchados de tanto chorar. Fiz o caminho todo a chorar. Não era pela minha mãe, mas pela doença de que sofria. De facto que não merecíamos isto. Mas bate à porta de qualquer um.
Quando cheguei a casa já tinha a Glorinha que me tinha feito o jantar e arrumado o quarto com a cama feita de novo.
Depois enviei uma mensagem ao Pedro. Na volta enviou esta:
 
< Amor mio não te deixes ir abaixo. Eu estou contigo. Amo-te. Bjs molhados. >
 
21h43m24s
 
< Dorme bem na medida do possível. Bjs só nossos. >  
 
 
 

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