terça-feira, 3 de novembro de 2015

Encontro preverso!

Sexta, 21 de Janeiro de 2005
 
 
Uma linda vista da Pousada de Alvito. Como se vê, está situada nas muralhas do Castelo. É linda! Podem comprovar.
 
Nesta Sexta levantei-me muito cedo. O meu marido sabia da consulta. Fui com ele até à  estação, perto do emprego dele. Aqui apanhei o comboio para Entrecampos.
Tinha combinado com o Fernando Pedro encontrarmo-nos lá. Dali, íamos para o médico. Ele levou o carro dele.
Fui consultada enquanto ele esperava na sala. Eu ia pedir um atestado para que me  facultasse um tempo sem a minha mãe em casa.
Foi errado, mas eu queria sair ou ter o Pedro na minha casa.  Queria ter liberdade. E, com a minha mãe, isso era impensável.
Mau grado o meu. A minha mãe, sempre seria a minha mãe, e este biltre seria, apenas, uma passagem na minha vida. Só que eu andava enfeitiçada por ele. Ele era tão gentil, meigo, atencioso, carinhoso, compreensivo que me deu a volta à cabeça.
Mas o mal foi feito. E, por muito que eu queira, não posso apagar esse passado longínquo, mas tão próximo na minha vida.
Magoa-me muito ter feito o que fiz em prol de um homem que não vale nada, absolutamente nada, na vida em termos gerais..
 
Da consulta fomos para Entrecampos. Era aí, perto da estação, que ficava o quarto que iríamos partilhar nas próximas duas horas.
Eu ia muito apreensiva e macambúzia. Tinha tanto receio que alguém me visse para lá entrar que tremia como uma vara num vendaval.
O Pedro agarrou a minha mão e deu-me segurança. Disse palavras de conforto e carinho. Mas eu ia metida no meu casulo.
Foi aí, no segundo andar, que estava uma moça muito jovem que nos recebeu com simpatia e algum brilho no olhar. Perguntou se era o Senhor Fernando Pedro Marques. Também perguntou se era com banho. Ele assentiu e fez-se o check in. Eu colocava-me por detrás dele para que a moça não me olhasse. Parecia que ela adivinhava o que nós íamos fazer.
Para minha surpresa, ele puxou do dinheiro e pagou.
Fomos conduzidos ao terceiro andar. O quarto era o número *** do lado direito de um corredor muito comprido. Tinha uma passadeira vermelha e eu caminhava como se fosse direita ao cadafalso.
Entrámos e o Pedro foi logo abrir a cama. Eu fiquei em transe. Não sabia o que fazer. Ele movia-se com um à vontade invulgar.
Os lençóis eram de fantasia cor-de-rosa. A colcha era de um vermelho carregado e os cortinados a condizer.
Tinha televisão por cabo. O Pedro apanhou o comando e foi direito a um canal com música francesa. Ele conhecia. Eu não.
Um bocado encabulada, perguntei se era a sua primeira vez que estava naquelas circunstâncias. Dava que pensar. Mas ele jurou e disse que o canal já era seu conhecido em casa. Logo saber procurá-lo. Ninguém pode saber quão mesquinha me senti...
Mas o Pedro soube dar a volta à situação. Começou com as suas carícias e eu consegui relaxar um pouco.
Se foi bom, não sei. Ainda hoje me pergunto como dei um passo desses que se tornou rotineiro.
Ficámos na cama durante algum tempo a falar sobre a minha decisão de ter ido pedir um atestado. Na altura, pareceu-me uma ideia excelente, mas, depois, veio o amargo de boca.
Ele tomou banho. Eu, apenas me lavei superficialmente.
Saímos dali e fomos ao primeiro café que encontrámos na direção da estação dos comboios.
O Fernando Pedro pediu um pão por Deus com fiambre e eu, apenas, um chá de camomila para me acalmar.
Já na estação, fizemos as despedidas. " Foi muito bom " disse ele. Mas para mim, tinha sido um pesadelo.
Combinámos que nesse dia não haveria mensagens nem MSN.
Para mal dos meus pecados, voltei muitas vezes a esse lugar.
Quando cheguei a casa, fui direita à banheira.  Tomei um banho demorado para tirar a sujeira que sentia em cima. Queria apagar aquele cheiro do quarto, que me impregnava, como um perfume barato.
 
 


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