domingo, 15 de novembro de 2015

Apoio incondicional!


Quarta, 2 de Fevereiro de 2005
 
Começava aqui mais uma temporada de muito trabalho para mim e, também, alguns dias longe do Pedro. Todavia, ele continuava a dar-me um apoio incondicional. Ele sabia fazer as coisas e fazia-as bem, quando queria algo que eu tinha.
De facto que tinha que demonstrar que valia o que me iria pedir mais tarde. Teria que mostrar que estava à altura de merecer o prémio final. Eu estava agradecida pela sua generosidade. Dava-me bons conselhos e estava sempre lá quando eu precisava. Mas eu não sabia quão caro me ia ficar esse "apoio incondicional" Não pensava que me iria cobrar cada segundo que passou a ajudar-me.
Já eu estava na sala com a minha mãe e a dar-lhe o pequeno-almoço, quando tocou o telefone. Calculei que fosse o Pedro, mas também podia ser o meu marido. Ele telefonava amiúde para saber como estava tudo a correr. " Se precisares de mim, é só chamares" dizia antes de sair de casa e quando me dava o beijinho de um até logo.
Tinha a Glorinha que vinha todos os dias para me ajudar, mas só vinha mais tarde.
Levantei-me e fui atender. O número não era do meu marido, mas também não era o de costume do Pedro. Fiquei na dúvida e atendi a medo.
 
- Estou sim, faz favor?
- Posso falar?
- Acabei agora de dar o pequeno-almoço à minha mãe. Foi difícil. Ela quer apanhar a colher e eu só tenho duas mãos.
- Olha, uma dica. Quando lhe estiveres a dar o comer, põe-lhe um lenço comprido ao pescoço e enfia o braço direito dela. Assim fica apanhado e já não te incomoda. Ou uma ligadura forte. Há à venda nas farmácias. Dizes para que a queres e eles dão-ta.
- Uma boa ideia. Obrigada. Não sei o que fazia sem ti.
- Estou aqui para te ajudar. Não posso ir aí a casa, mas posso ajudar-te de outras maneiras. Estive a ver na net como cuidar dessas pessoas.
- Nem tenho palavras. És um Amor grande que eu tive a sorte de encontrar.
- E eu a ti. Se não consegues dar-lhe banho na banheira, rola-a na cama e vai lavando de um lado e depois fazes ao contrário. Outra dica.
- Obrigada, Amor. Tenho a Glorinha, mas nem sempre é fácil. Também a minha mãe faz anos hoje e as minhas irmãs devem telefonar. O meu marido também me disse, que se me visse atrapalhada, para o chamar. Mas foi trabalhar.
- Hoje estou na linha de Cascais. Telefonei de outro número.
- Pois! Fiquei na dúvida quem seria. Não conhecia o número.
- Hoje vai ser um dia longo. A que horas posso ligar?
- Hoje não sei. Tenho cá a Glorinha.
- Fazemos assim. Faz de conta que é uma colega tua a perguntar pela tua mãe. Eu telefono pelas cinco, pode ser? Vai ser este número.
- Está bem. Vamos fazer assim. Mas tu lá arranjaste uma desculpa. Depois....
- Não é uma mentira. É uma maneira para falar contigo. Agora vou trabalhar e deve estar a chegar a tua empregada...
- Sim, são horas disso.
- Beijokinhas só nossas e estou sempre para te ajudar. Eu amo-te, sabias?
- Sim, eu sei disso. Obrigada.
- Até logo, então.
- Até logo.
 
 
12h45m20s
 
< Só vamos almoçar agora. Como correu o almoço? Fizestes como eu disse? Bjs só nossos. >
 
 
17h09m20s
 
 Estávamos a dar o lanche à minha mãe. Eu tinha que lhe dar dois comprimidos. Ela não os engolia e deitava fora. Deixei a Glorinha na difícil tarefa e fui atender o telefone.
 
- Estou sim, por favor?
- Amor posso falar? Fazemos assim como eu disse. Certo?
- Olá! Estou a dar o lanche à minha mãe. Tenho que lhe dar dois comprimidos, mas ela não os engole. Nem sabemos como fazer. Tu sabes, Lucina?
- Não sei, mas amanhã já te digo como hás de fazer. Estive todo o dia a pensar em ti. Amo-te e o teu problema também é meu.
- Obrigada. Vão ser uns dias muito difíceis. A dar-lhe o comer, já arranjei solução, mas com a medicação, estou aflita.
- Amor, amanhã já te digo como. É só ir ver à net.
- Obrigada pela tua atenção. Isto está a ser muito difícil.
- Não vais ao MSN?
- Não. Hoje faço uma caminha ao lado da dela e vou dormir assim. Talvez durma mais descansada.
- Não tens o aparelho que te levei da outra vez?
- Sim, tenho um aparelho, mas acho que durmo mais descansada.
- Amor até amanhã. Estou aqui para te ajudar sempre que precises. Beijokinhas só nossas.
. Obrigada pela atenção. Um beijo também para ti.
 
Desliguei, mas tinha receio se a Glorinha tinha ouvido a voz dele. Porém, fiquei mais tranquila quando ela me disse que tinha colegas boas.
Pensei:- Vou ficar em dívida com ele.
 
 
 
  
 

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