sábado, 21 de novembro de 2015

Amor, sinto-me só e abandonado!

Segunda, 7 de Fevereiro de 2005
 
Segunda de sol de Inverno. Fazia muito frio e o vento era bastante forte. Não sei por que registei isto no meu diário.
A minha mãe continuava comigo. A minha irmã ainda continuava doente e eu, perdida, monopolizava a minha atenção toda na minha mãe.
O Fernando Pedro dizia que, também, se sentia só, abandonado e triste com esta situação. Queria que eu deixasse a minha mãe com a Glorinha e que fosse ter com ele.
Mas, por muito que gostasse dele, não iria fazer uma coisa dessas.
O telefone tocou. Já tinha a minha mãe de banho dado e estava a Glorinha a dar-lhe o pequeno-almoço. Eu fui atender, mas dei uma olhadela no vídeo para ver as horas. Eram 09h23m18s
 
- Estou sim, por favor?
- Podes falar?
- Posso. A Glorinha está a dar o pequeno-almoço à minha mãe.
- Quando é que vens ter comigo?
- Não sei. A minha irmã continua doente.
- Não se estará a fazer de doente?
- Pedro como te atreves a insinuar isso?
- Sei lá... Há muita maneira de te enganarem.
- Mas aqui não há engano nenhum...
- Pensas tu. Sabes que eu preciso muito de ti? Sinto que fui abandonado. Sinto-me só e muito triste. Preciso de ti. Vem ter comigo e deixa a tua empregada com a tua mãe.
- Mas que pensas tu que eu sou? Não vou deixar a minha mãe só com a Glorinha... Ela é minha mãe. Sabes disso, não sabes?
- Mas eu preciso de ti. Estou a ficar para trás. Eu só queria almoçar contigo. Estar um cadinho a ter os teus carinhos...
- Não posso, Pedro. Também não saberia arranjar uma desculpa.
- Queres vir ter comigo? Eu arranjo uma desculpa. Vais ver.
- Não, não me peças isso. Eu não vou sair daqui. Só depois da minha mãe ir para a minha irmã.
- Mas eu sinto-me só e abandonado. Preciso de ti.
- Agora não, Pedro.
- Então quando? Quando eu já tiver cabelos brancos?
- Já tens. Não se veem por que os pintas.
- Deixo de pintar.
- Olha, a conversa já está em contornos que não me agradam. Tenho que ir ver se está tudo bem.
- E lá fico eu sem nada, né?
- Sabes que eu te amo muito e assim que a minha mãe se for embora, eu vou logo ter contigo.
- Pois, pois, conversa.
- Olha, até logo e beijinhos.
- Beijokinhas doces, molhadas onde e como quiseres.
 
 
12h01m35s
 
< Vou almoçar sozinho. Bjs para tua sobremesa. >
 
17h20m18s
 
- Estou sim. Quem fala?
- Hoje mudastes a maneira de atenderes?
- Saiu-me.
- Posso falar?
- Se quiseres.
- Estás sozinha?
- Estou eu e a minha mãe.
- A tua empregada?
- Foi ao médico.
- Estou mesmo só. Preciso muito de ti. Lá em casa nem conversamos.
- Porquê? Não têm assunto?
- Estamos zangados. Ela só sabe ralhar e estraga o ambiente.
- Já tinhas dito. Não ligues.
- E o que achas que eu faço? Qualquer dia vamos dormir em quartos separados. Só quero ir viver contigo para o resto das nossas vidas.
- Sabes que isso não vai acontecer.
- Porquê? Não queres?
- Não. Além disso tens uma filha com 15 anos que precisa de um pai presente.
- Mas eu não deixaria as minhas filhas...
- Olha, a minha mãe está a querer levantar-se e eu tenho que ir para a ajudar.
- Fico sempre para trás.
- Não ficas. Eu amo-te muito. Até amanhã. Não vou ao MSN. Vou aproveitar e descansar. Beijinhos, amor.
- Até amanhã. Beijokinhas que só tu sabes dar.
 
 
21h10m02s
 
< Dorme bem. Bjs molhados e bons sonhos. Adoro-te sabia? > 
 

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