quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Estou desconsolado!

Sábado, 5 de Fevereiro de 2005
 
Uma foto do Oriente. E Esta foi tirada de onde? Só eu sei.
 
São dias de angústia estes que eu passo com a minha mãe. Outros virão, mas estes foram um pesadelo. Pensei em contratar uma enfermeira, mas não consegui. Também o Fernando Pedro não gostou da ideia. Nunca me disse porquê.
Como sempre, levantei-me, ainda, com o meu marido em casa. Tenho que o honrar por isso. Não se ia embora para o emprego  ou para a mãe, sem que eu ficasse já de banho dado e pronta para receber a minha mãe. Fora uma noite tranquila. Afinal a minha mãe precisava de se sentir acompanhada. Quando isso acontecia, dormia a noite toda sem dar problemas e nós descansávamos.
A Glorinha passou a vir mais cedo para ajudar a dar banho à minha mãe ainda na cama. Era mais fácil e seguro. Apesar de ser Sábado, mas ela disponibilizou-se para me vir ajudar. O meu marido tinha que sair.
Faltava só vesti-la quando o telefone deu o seu primeiro apito. Não fui atender. Tinha que vesti-la primeiro.
Eu não sabia se era o Pedro. Era Sábado e não me tinha dito que ia trabalhar. Fosse quem fosse, tinha que compreender que a minha mãe estava primeiro. ( Afinal era o Pedro e ficou um bocado aborrecido por isso ).
Depois trouxemos a minha mãe para lhe dar o pequeno-almoço. Sentámo-la na cadeira e a Glorinha começou a árdua tarefa. Eu fui atender o telefone, novamente, sem saber  quem estava do outro lado. Eram 09h20m10s
 
- Estou sim, faz favor?
- Então hoje não me atendes?
- Bom dia para ti, também. Para já não me disseste que vinhas trabalhar. Hoje é sábado...
- Eu ontem disse " até amanhã ".
- Pois, mas o "até amanhã" não me dizia que vinhas trabalhar.
- Estás sozinha?
- Não.
- E estás a falar comigo?
- Só está a Glorinha e ela está na cozinha a dar o pequeno-almoço à minha mãe.
- Caramba! Tanta gente para tratar só de uma pessoa...
- Pedro a minha mãe está doente e temos que cuidar dela. Onde está o homem compreensivo de ont....(interrompeu-me abruptamente).
- Esse homem hoje tem ciúmes e está desconsolado.
- Por vires trabalhar?
- Não. Tive problemas em casa. Ela entrou a ralhar ontem à noite e ralhou até hoje de manhã. Não a suporto...
- Mas ela é a tua mulher.
- Não me é nada. Eu não sou casado.
- Pronto, é a tua companheira que vai dar ao mesmo.
- Estou farto dela. Hoje preciso de miminhos.
- Mas eu também.
- Precisamos os dois. Ele foi para casa da mãe? Era para estarmos juntos hoje.
- Pois, mas não dá e tenho cá a Glorinha.
- Posso telefonar logo?
- Fazemos como é hábito.
- Ok! Beijokinhas e até logo.
- Beijinhos.
 
Desliguei e fiquei com a sensação que ele me estava a mentir. Soube mais tarde que saiu com outra mulher. O trabalho era só fachada para mim e para a mulher dele.
Ainda mais admirada fiquei quando não me enviou a mensagem do almoço. Para quem precisava de "miminhos", estava muito calado. Mas eu também não enviei nada.
 
17h09m42s
 
- Estou sim, por favor?
- Sou eu.
- Hum, para quem precisava de "miminhos" estiveste muito calado durante o dia.
- Estás sozinha?
- Não.
- Então como podes falar assim comigo?
- A Glorinha anda a dar uns passinhos com a minha mãe. Sabes, pensei em contratar uma enfermeira.
- Para quê? Não dás conta do recado?
- Não. Eu e a Glorinha já andamos cansadas.
- Vais gastar dinheiro sem necessidade. Mas tu é que sabes..
- Só que não consigo encontrar nenhuma. Não respondeste. Estiveste muito calado durante o dia!
 - Tive muito trabalho. Com o vento caiu um placard e tivemos que o colocar no sítio. Foi muito trabalho.
- Está bem. Olha elas vêm aí. Beijos e até logo.
- Vais ao MSN?
- Logo vejo se posso ir, mas não garanto.
- Beijokinhas doces como e onde quiseres.
 
22h01m09s
 
< Amor obrigado por teres vindo falar um cadinho. Bjs de boa noite. >
 
 
 
 

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