quarta-feira, 13 de abril de 2016

Telemóvel bloqueado!

Terça, 26 de Abril de 2005


Levantei-me cedo. Tinha tudo por arrumar e a Glorinha vinha à tarde. Sentia-me com medo do que a aí vinha. Eu tremia e esperava que as horas não passassem. Era  mais um dia. Mais uma prova a ferro e fogo.
De repente ouvi o telefone fixo a chamar-me à realidade. Corri para atender e mal eu sabia que ele tinha já perpetrado mais uma saída. Desta vez para Santo André.


08h45m17s

- Estou sim, faz favor?
- Quanta saudade já tinha de ouvir a tua voz! Está tudo bem? O fim de  semana foi bom?
- Bom dia para ti também. O fim de semana foi muito bom. Gosto, particularmente, da Figueira. E o teu?
- Nada de especial. Tive muitas saudades tuas. Senti-me fora da carroça. E estava?
- Não. Quando saio com ele tenho que ter muito cuidado. E tu também devias ter. Um dia ainda vais ser apanhado e eu vou ser descoberta pela tua mulher.
- Isso não vai acontecer. Eu apago as tuas mensagens. Eh!Eh!Eh! E tenho o teu nome como "José António".
- Um dia ainda nos lixamos. Escreve o que estou dizendo. (E fomos apanhados ao fim de uns dias). Que ideia essa do telemóvel? Não entendi.
- No Sábado comprei um telemóvel na Feira da Ladra e não funciona.
- Vai lá e troca.
- A Feira é só de oito em oito dias. E eles não trocam. São telemóveis que eles robam.
- Ah! E tu andas com um telemóvel roubado? Não tens medo?
- Não. Já fiz coisas piores e não tenho medo. Ninguém me apanha. Sou muito esperto para isso.
- Eu sei. E tenho medo de ti...
- Medo? (gargalhadas) Eu não faço mal a ninguém. Sou boa pessoa. Não te dei razão p´ra isso?
- Sei lá...
- Olha sabes? Até tenho uma surpresa p´ra ti. Vamos passar três dias a Santo André.
- Vamos? Primeiro pergunta se eu posso.
- Tu podes sempre, denos que queiras.
- É quando?
- No princípio de Maio. Vai preparando o terreno.
- Vou ver como posso fazer.
- Agora vou trabalhar. Logo posso ligar?
- Não. A Glorinha está cá.
- Beijocas que tenho saudades de dar.
- Beijinhos...


Fiquei preocupada. Tinha saído com o meu marido no fim de semana e já tinha que arranjar outra saída.
Pelas 16h38m19s enviei uma mensagem com multimédia. Ele não recebeu. Mas hoje pergunto como não recebeu e sabia que eu tinha enviado? Só agora percebo as sus mentiras tão flagrantes.

17h06m41s

< O tlmv bloqueou. Não recebi nada. Beijoca grande.>

Enviei uma mensagem a dizer para ele ligar para o 16912 a pedir para desbloquearem o telemóvel. Respondeu:

17h49m251s

< Amor o tlmv está mesmo bloqueado. Nem chamadas faz à rede. Beij doces e obrigado. >

21h38m34s

< Dorme bem e sonha comigo. Bjs de quem TE ADORA MUITO. >




terça-feira, 12 de abril de 2016

Comprei um telemóvel!

                Segunda, 25 de Abril de 2005


Eu estava na Figueira. Era o dia da partida. Meu marido iria trabalhar no dia seguinte. Eu, eu voltaria a ter que enfrentar, novamente, as lamechices do Pedro. Mal sabia eu que estava a chegar o dia D. Neste dia houve poucas mensagens. Mas as suficientes para eu ficar de orelha espetada.

09h20m15s

< Amor mio comprei um telemóvel na feira da ladra e não dá nada. Beijocas de saudade. Adoro-te. >

Fiquei abismada e sem folego. Não sabia que estava a preparar o golpe de misericórdia.
Não ripostei, mas fiquei sem saber o que se estava a passar.

118h35m57s

< Já chegastes? Estou ansioso que chegue o dia de amanhã para falarmos. Beijocas saudosas. Vai ao MSN. >

Não fui. Tinha acabado de chegar e não queria que o meu marido me perguntasse nada. Depois recebi outra com uma  lamúria que me deixou admirada.

21h12m11s

< Estou com medo que me tenhas esquecido. Será? Diz alg coisa para dormir descansado. Bjs doces de mel. >

Respondi que não o tinha esquecido, mas que estava cautelosa. Tinha que compreender.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Saudades de ti!

             Domingo, 24 de Abril de 2005
Esta  paisagem é da Pousada de Alvito. É muito bonita e servem muito bem. Eu sei porque já lá  estive. A Luana também lá esteve. Escreveu, um dia, no mural do Pedro. São amigos inseparáveis, segundo disse o Manuel Lisboa ( nome fictício) mas o Pedro sabe quem é. E a menina Florbela sabe quem é este Manuel Lisboa? Pergunte-me e eu digo-lhe. Apareça. Tenho saudades suas




Fui passar o Domingo e o feriado de 25 de Abril à Figueira. Não queria estar a enviar mensagens porque o meu marido estava constantemente comigo. Mas recebi umas dele.

10h28m52s

< Bom dia Amor. Beijocas doces  para adoçar o teu dia. >

12h33m21s

< Amor mio como está a correr o teu dia? Tenho saudades de te ouvir. Beijocas saudosas. >

18h26m04s

< AMOR não penso no carro. O pior é não poder falar contigo. Tenho saudades tuas. Bjs doces. TE AMO. >

Eu só respondi a esta última para lhe pedir que não enviasse mais mensagens. O meu marido tinha-me dito que nem em férias me deixavam em paz. Um dia ia destruir o telemóvel.

sábado, 9 de abril de 2016

O seu Mimo tinha defeitos!

               Sábado, 23 de Abril de 2005


Este grupo de cantares populares é de Alvito.  Fernando Pedro adora este grupo. Andava sempre a cantar " Ó Laurindinha". Eu tenho um CD deste grupo que ele me deu. Com o dinheiro que me sacou, dava para comprar muitos CDs.

Era Sábado e só podíamos comunicar através de mensagens, via telemóvel. A primeira mensagem do dia rezava assim:

10h29m49s

< Bom dia Amor. Embora já tenha o carro, estou como o dia: triste e cinzento. O carro não ficou bem a meu gosto. Bjs doces com muita saudade de ti. ADORO-TE muito. >

Eu enviei outra a perguntar o que tinha o seu Mimo. Ele respondeu

11h47m55s

< AMOR o carro ficou com defeito. Agora tenho que o levar a um bate chapa para afinar as peças q levou novas pq está feio assim. De resto estou contente. Bjs doces. >

Aqui deixou cair a farsa. O bate chapa não afina peças. E foi isso que eu lhe disse em resposta. Ele, porém, ripostou:

11h58m02s

< As peças novas estão com muita folga. Bate chapa tb afina isso. É tudo ext sim por isso é que fica feio ao olhar, mas de resto está bem. Beijoca grande. >

Eu não estava conformada. Ele estava a mentir. Perguntei ao meu marido e também me respondeu que o bate chapa não afina peças. Depois perguntei ao Sr. Manuel, que nos arranjava os carros, se era verdade. Ele respondeu que o bate chapa só bate chapa. Aí fiquei mais segura. Ele mentia.  Mas enviei uma mensagem a dizer que eles tinham que arranjar o que não tinha ficado bem. Respondeu o seguinte:

12h24m23s

< Qd puderes telefona para eu explicar pq assim é difícil. Beijocas meu Amor. Não te preocupes mais. >

Eu estava de partida para a Figueira da Foz. Ia lá passar o fim de semana prolongado, mas o meu marido recebeu uma mensagem do primo a relembrar que tinha a festa dos seus 50 anos nessa noite. Era como um irmão para o meu marido. Morreu há dois anos. Foi uma perda muito grande. Estávamos  a seu lado, no hospital, quando ele morreu. Enviei uma mensagem ao Pedro a dizer que íamos para a festa dos anos do Mário. Ele respondeu:

15h43m36s

< AMOR estou mais conformado. Ñ estejas preocupada. Posso telefonar agora? Bjs muitos. >

Claro que não podia telefonar. Eu estava com o meu marido. Pelas 22h12m00s enviou-me o seguinte:

< Também TE AMO MUITO. Dorme bem e sonha comigo. Até amanhã. Bjoca grande.


sexta-feira, 8 de abril de 2016

Já tenho o carro!

                  Sexta, 22 de Abril de 2005


A noite foi reparadora. Quando acordei, estava mais tranquila e já tinha esquecido o sucedido. Fora uma loucura aquilo que tinha feito. Nenhum homem merece que nós tenhamos tal atitude. Muito menos o Fernando Pedro. Ele nem merece que eu esteja a escrever estas linhas. Faço-o pelas mulheres que podem ter acesso ao meu blog. Faço-o para que elas fiquem alertadas com tipos como o Fernando Pedro Cachaç**** Marques. Minhas amigas passem palavra e leiam aquilo que eu passei com ele. Não caiam no mesmo buraco que eu. Vós tendes quem as  alerte. Eu não tive e, quando o fizeram, já foi depois de ter dado com a cabeça.
O telefone fixo voltou a tocar. Era ele com a mesma simpatia de sempre. Parecia que eu era o seu sol.

09h10m13s

- Estou sim, por favor?
- Amor mio hoje já gosto de te ouvir. Afinal que foi aquilo ontem? Nem resposta destes às minhas mensagens. Estava a pensar que já te tinha perdido. Não te perdi, pois não?
- Não, não me perdeste. Ontem estava muito cansada e fiquei o dia todo a dormir. Não te preocupes mais. Estou aqui, não estou?
- Amor não foi nada por aquilo de quarta, pois não?
- Não. Esquece esse dia que eu também já esqueci.
- Sabes? Já me dão o carro hoje. Estou desejoso de chegar a casa.
- Não fiques ansioso. O teu carro volta para ti.
- Vamos ver como vou pagar. Ainda não me deram a conta.
- Pagas com dinheiro ou cheque, não é verdade?
- Pois! Logo posso telefonar? Não vá a tua empregada atender...
- Não podes. Ela vai ficar até às 18h.
- Assim que chegar a casa dou-te notícias.
- Está bem. Depois dizes como está o carro...
- Bem, Amor mio, vou trabalhar. Fica bem. Beijocas doces e saudosas.
- Beijinhos.
- Desculpa! Logo vais ao MSN?
- Não sei.
- Ok! Eu espero.

Pelas 19h03m15s enviou-me a seguinte  mensagem:

< Amor estou a dar os últimos retoques no carro. De resto reina a saudade de TE ouvir pelo menos. Bjs doces. Q o tempo passe rápido. >

Não fui ao MSN. E ele já não disse nada. O pior para mim, estava para vir...

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Regresso a casa!

    
Quinta, 21 de Abril de 2005


Estava em casa havia pouco mais de duas horas. Tinha feito uma lavagem estomacal. Eu só deveria estar louca. Estava exausta e só me apetecia dormir. Era como se tivesse morrido. Encontrava-me de vigília no limbo à espera que me recebessem na quarta ou quinta dimensão. Meu marido pediu à Glorinha para vir para meu lado. Pediu, também, que não me deixasse sozinha. Tinha ido buscá-la a casa. Eu dormitava. Sentia dores na garganta e no  estômago. Era onde tinham enfiado a sonda. De repente o telefone começou a tocar. Não me apetecia mexer. Não tinha forças para me movimentar. Não sabia onde estava nem sequer o que ouvia. Com alguma coragem, estendi o braço e apanhei no auscultador. Não sabia as horas e não via o relógio digital que piscava as suas luzes como se me embalasse. Com alguma dificuldade, articulei as palavras mal percebidas.


- Estou sim, por favor?
- Parece que estás no fundo do poço. Que se passa?
- Nada. Apenas estou muito cansada.
- E esse cansaço deve-se a quê?
- Nada de especial. Apenas tenho que descansar. Custa-me falar.
- Nesse caso deixo-te descansar. Até logo. Beijokas que queria dar-te.
- Beijinhos.


Não tive forças para colocar o auscultador no devido sítio. Fiquei prostrada na cama e adormeci de imediato.
O dia não me recordo como passou. Nem sei onde estive, nem o que fiz até tarde. Já o meu marido tinha jantado quando chamei numa vozinha muito sumida. Ainda me doía a garganta e o estômago. Meu marido deu-me um comprimido, levou-me um prato de sopa e esperou, paciente, que eu engolisse, a custo, metade do conteúdo da sopa.
A noite foi reparadora. No dia seguinte dei com as seguintes mensagens:


11h22m19s


< Meu Amor de ontem de hoje e de amanhã o que se passa contigo? responde que estou em pulgas. Beijokas doces. >


17h23m34s


< Telefonei e respondeu a tua empregada. Desliguei. Vai ao MSN para falarmos um cadinho. Bjs de quem te ama. >


21h54m36s


< Não foste ao MSN nem me repondes. Diz o que se passa. Bjs de amor e saudade. Teu Pedro >

terça-feira, 5 de abril de 2016

Um dia para esquecer!

                 Quarta, 20 de Abril de 2005

Em primeiro lugar, quero dizer que estive ausente por que estive no Algarve. Agora vou sair muito. Aproveito a minha neta mais velha ainda não estar na escola do 1º ciclo. A outra está sempre disponível.
Senti a falta de escrever. Porém, não posso levar o meu diário quando saio. É complicado e as minhas netas consomem muito do meu tempo. Fico muito feliz quando estou com elas. Parece que voltei ao meu tempo no ativo.

Mais uma narrativa de um dia que passei com o Fernando Pedro.
Pela manhã, levantei-me cedo e fui para Entrecampos. Tínhamos combinado encontrarmo-nos pelas 11h da manhã. Pelo horário do comboio, eu cheguei um pouco mais cedo. Esperei na saída para a Avenida 5 de Outubro, aquela da qual se vê a Feira Popular, ou pelo menos, se via.
Quando o Fernando Pedro chegou, conduziu-me para o L******. O quarto era muito bonito e tinha muito sol. Tinha uma colcha com fundo azul e rosas amarelas. Os cortinados eram de um branco transparente que ofuscava o nossos olhos com a luz que recebia do sol. Tinha uma cómoda de género antigo. A televisão encontrava-se num mutismo que parecia sepulcral. Todavia, o Pedro canalizou-a para o canal francês com canções da época. Depois foi um delírio. Ele estava interessado em me agradar.
Quando nos encontrávamos já saciados ele meteu conversa comigo. Falou-me que a mulher lhe tinha pedido sexo na noite anterior. Contudo ele perguntou "que é isto? Tenho que me levantar às 6 da manhã para ir trabalhar. Não estou com disposição." Não estava interessado nisso e que ela era apenas a "outra". Se bem que a "outra" era eu. Reparei que deitou pouco esperma e referenciei isso. Ele desculpou-se, mas eu sabia que ele estava a mentir. A vida tem destas coisas. Ele mentia e eu consentia. Calei as minhas suspeitas.
Já na rua, vi outra R************* com aquecimento. Tirei o número de telefone. Se pagava eu, queria estar mais aconchegada no Inverno e fresca no verão. Ele não gostou embora eu lhe tivesse explicado.
Fomos comer à Feira Popular. Nessa altura ainda tinha uns quantos restaurantes a funcionar. Comemos peixe com uma salada e batatas fritas. Eu não comi sobremesa. Encontrava-me num tratamento numa clínica de Lisboa. Na altura de pagar, a conta foi empurrada para o meu lado. Já estava habituada e não ripostei.
Depois levou-me ao comboio e lá dissemos adeus num gesto habitual.
Já em casa enviei um mail ao Pedro a referir o percalço. Ele jurou, por tudo o que era mais sagrado, que não tinha havido nada entre ele e a mulher. Mas eu fiquei com a certeza que ele me estava a mentir. Então bebi uns quantos comprimidos e deitei-me à espera do meu fim com a certeza que terminava o meu tormento.
Só que meu marido chegou a casa e ficou admirado de eu estar deitada. Quis falar comigo, mas eu já não falei com ele. Chamou os bombeiros e levou-me para uma clínica em Lisboa, que estava associada ao seu emprego, para eu ser assistida. Lembro-me de ver a placa na bata de uma enfermeira, muito desfocada, que dizia " Enfermeira Aurora". Ela disse-me que estivera muito mal e que me tinham feito uma lavagem estomacal. Pelas 5 da manhã, deram-me alta. Não respondi ao questionário do meu marido. Apenas queria descansar. Estava muito exausta.