sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Outra vez "regar o caminho"!

É a capela da Misericórdia de Angra do Heroísmo. Antigo hospital. Foi aqui que morreu o irmão de Vasco da Gama, Paulo Gama.
Em frente à capela está a imagem de Vasco da Gama a caminhar. Angra está cheia de história.

Quero dizer que não consigo entrar nos blogues que estou seguindo. Coisas novas, de certo, mas longe do meu olhar. Parabéns a todos. Sei que, pelas postagens  antigas, têm grande manancial de nos deliciarem. Pena que não consiga ver.

Quinta, 23 de Junho de 2005

A minha filha telefona todos os dias. Hoje não é exceção. Logo pela manhã falamos. Diz que eu devo ter cuidado com o Pedro. Para me pedir dinheiro não deve ser boa rês. À noite vai jantar com os professores da Universidade. Ela é assistente de um deles.
O Pedro liga, mas o telefone está impedido. Estou tão embevecida com a minha filha que até me esqueço dele.
Quando desligo fico a pensar no que acabo de ouvir da minha filha e ponho-me a magicar no sucedido. Deverei dar ouvidos à minha filha? Uma pergunta sem resposta.
Estou eu nestas cogitações quando o telefone toca.

09h01m45s

- Estou sim, por favor?
- Conversa muito animada. Com quem estavas a falar? Posso saber?
- Devo-te explicações? Não sabia!
- É assim tão importante que não possas partilhar comigo?
- Tem muita importância. É uma parte de mim. Devo atender cada vez que ela telefonar.
- Ah! Era a tua filha? Como está?
- Perfeitamente, obrigada. Eu não te pergunto nada quando tu não dás logo a resposta! Espero até teres oportunidade de o fazer. Espero que respeites, também, isso em mim.
- Pronto, pronto... Não te zangues.
- Parece que quem estava ontem zangado eras tu. Nem uma carícia, nem um sorriso... Que bicho te mordeu?
- Não mordeu. Apenas fiquei triste.
- Com o quê?
- Contigo...
- Comigo? Porquê?
Parece que ficastes indiferente quando eu disse que não tinha dinheiro na conta...
- Pedro isso não é verdade! Fiquei pensativa, só isso e quis animar o ambiente.
- Hum! Ok! Não me ajudastes, mas eu já estou com dinheiro. Pedi à minha mãe. Não gosto de fazer isso. Mas não te esqueças de regar o caminho do nosso amor.
- Pois... Eu tento regar. No caminho, as flores não vão murchar, se depender de mim.
- Espero que não te esqueças. Hoje vou para a linha de Sintra e já não venho aqui. Se puder, telefono de lá. Senão, só mensagem e falamos no MSN. Queres?
- Quero o que for melhor para ti.
- Mas vais ao MSN?
- Não, Pedro. Não quero dar nas vistas. O meu marido pode desconfiar e a Zé também. Foi à cerca de um mês e meio que se passou aquela embrulhada toda. Não quero falar com a Zé outra vez. É desconfortante.
- Lá tenho que eu arranjar outra desculpa. O meu colega ajuda-me.
- Mas eu não quero. É muito desagradável.
- Ok! Bem, tenho que ir. Os homens estão à espera. Beijoca doce.
- Beijinhos...

É a conversa do dia. Mais uma vez fico de alerta. "O caminho tem que ser regado". Mas como? Penso eu. Ingénua...

17h21m43s

< Amor já estou perto de casa. Gostava de te ouvir beijar e amar. Amanhã fazemos isso. Eu telefono. Beijokas muitas.>

21h45m32s

< Vou dormir para o tempo passar depressa. Dorme bem. Beijokinhas de amor. >

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Será que levaste outras mulheres ao nosso sítio?

 


Eis a manta de retalho, como lhe chamou o nosso guia, que bordam as terras da ilha Terceira.
Foram dias maravilhosos. Inesquecíveis até. No próximo verão vamos lá passar um mês. Ainda não decidimos onde alugamos a casa. Numa das ilhas centrais para podermos ir a todas as nove ilhas que compõem os Açores.

Mas não vim aqui para falar do meu passeio em Setembro passado ou para falar dos nossos projetos futuros
O meu propósito é outro. Venho relatar o meu triste envolvimento com o Fernando Pedro Cachaço Marques.
Digo "triste" porque foi isso mesmo. Andei sempre numa pressão muito grande. Se me perguntarem se fui feliz, eu não o sei decifrar. Era um misto de muitas emoções. Era receio, frustração, tristeza profunda, medo do seu pensamento perverso e da maneira como me tratava muitas vezes. Ora era doce ora era agreste. Por vezes dizia que eu não era sincera nem honesta comigo mesma. Dizia que eu era mentirosa e de coração vazio. Sentia-me muito triste nestas ocasiões e regressava a casa com o objetivo de não mais lhe falar. Deixá-lo simplesmente. Mas ele insistia e eu ficava hipnotizada.


Neste dia, Quarta, 22 de Junho de  2005, vou ter com ele a Entrecampos. Ultimamente é aqui que nos encontramos.
Chego à estação por volta das 11h da manhã. Dele, nem sinal. Sento-me no banco que está virado para a antiga Feira Popular. Espero pacientemente. Estou ali plantada até cerca do  meio-dia e meio. Já cansada, e pensando que ele me tinha ludibriado, olho ao meu redor. Estou há muito à espera e levanto-me para fazer o regresso. Porém, vejo-o a sair de uma porta que fica debaixo da estação. Vem a mostrar muito cansaço. Todo a transpirar. Nem sequer me quer beijar. -Tenho que tomar banho primeiro, diz ele com a cara muito franzida. Cheira a transpiração. Tenho compaixão e agarro-me ao seu braço e caminhamos em direção ao nosso sítio. Hoje pergunto:- Será que levas para lá as tuas conquistas? Que levaste antes de mim? São perguntas que ficam sem resposta. Talvez as leves para hotéis. Hoje estás muito fino. Claro, extorques dinheiro às tuas vítimas. Recordo que na nossa primeira vez, fiquei muito surpreendida quando te conheceram e disseram o teu nome. Preguntei se ela te conhecia. A resposta foi tão rápida e tão sincera que fiquei convencida com a tua explicação. Contudo, mais tarde, venho a descobrir, pela Rosário, que era o vosso ninho, assim como na casa de Benfica.
Chegamos ao prédio. Subimos as escadas e vamos para aquele quarto que já nos é familiar. Vais direto ao poliban. Tomas um banho rápido e vens para junto de mim. Cheiras a transpiração, mas nada digo para não te constranger.
O tempo passa e ficamos a conversar lado a lado. A conversa é sempre a mesma. Hoje dizes que já não tens dinheiro do ordenado e que só recebes no final do mês. É para me impressionares e eu ir a correr meter-te algum dinheiro na tua conta. Mas não olhas para mim e, como tu dizes do meu marido, eu vejo mentira quando não me olham olhos nos olhos. Nem respondo e mudo de assunto relembrando que são horas do almoço. Vamos tomar banho juntos. Certamente fazes isso com todas as outras mulheres antes e depois de mim. A menina Florbela deve dizer de sua justiça... Dê o ar da sua graça e juntas deitamos este homem  pela pia abaixo.  Contacte-me. Eu tenho o processo. Sozinha não, consigo tenho a solução.
Saímos daquele antro de devassidão. Dirigimo-nos para a Feira Popular onde almoçamos nos Lobos do Mar. Escolhes a tua ementa e ficas a olhar para mim. Já sei. Tenho que pedir a minha. Estou no regime de emagrecimento.
Comemos calados. Para quebrar o gelo, eu falo bobagens. Tu estás muito circunspecto. Eu sei porquê, mas finjo não perceber. O teu mutismo é por eu não te dizer que te dou dinheiro. Tu não reages. Ficas a olhar o vazio. E eu faço de bobo da corte. Quando vem a conta, envias a bandeja para o meu lado. Nem digo nada. Vou ao balcão e pago. Saímos dali. Eu dou-te o braço. Seguimos até à estação mudos e calados. Já não espero nada de ti. Subimos as escadas até à plataforma. Nem uma palavra. Sorrio para ti mas recebo um olhar vazio. Vem o comboio. Despedimo-nos com frieza. Nem sequer pões as mãos no vidro como é costume. Viajo com a sensação que foi o nosso adeus. Mas fico aliviada. Será melhor para nós, penso eu com os meus botões.
Chego a casa com a certeza de termos terminado a nossa caminhada.
O tempo passa. Chega a noite e vou ao MSN. Não apareces e nem envias mensagem.
Deito-me aliviada e durmo toda a noite. Consciência tranquila. O pesadelo terminou.


quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Conversa fiada!

Quando tirei esta foto estava muito feliz.
Representa o Pico na ilha do mesmo nome. Estava um dia maravilhoso. Até se via o piquinho. Nada a perturbar a nossa estadia. Foram dias e dias maravilhosos.

Terça, 21 de Junho de 2005

08h20m10s

- Estou sim, faz favor!
- Tens uma maneira linda de atender o telefone. A esta hora já sabes que sou eu. Bom dia, amor.
- Bom dia senhor Pedro. Dormiu bem? Nem sempre és tu a esta hora. Há dias telefonou-me o meu marido.
- Já estiveste a falar melhor. Esquece esse fulano. Não me fales nele. Não gosto de pessoas que olham por baixo.
- Como sabes isso? Nunca o viste, que eu saiba.
- Vi-o em fotografia na tua casa e chega.
- Mas eu tenho que falar nele assim como tu falas na Zé. E não fico assim. Não nos podemos esquecer dos nossos apêndices. Hão de andar sempre connosco.
- Nem sempre. Quando nos casarmos, eles, ficam de fora.
- Sonha, sonha....Isso nunca vai acontecer. E tu sabes disso.
- Só sei que quero casar contigo e estarmos juntos para sempre.
- Que ilusão, Pedro! Sabes tão bem como eu ou melhor ainda, que nunca vai acontecer. És peixes e os peixes nunca ficam no mesmo lugar. Ora andam ao cimo da água ora mergulham nas profundezas do oceano. 
- És mesmo pessimista e desconfiada . Escreve o que eu digo. Vamos casar e ponto final.
- Ok! Mais tarde falaremos e verás quem tem razão. Hoje dormi muito mal. Tenho a minha cabeça muito confusa com todas estas coisas.
- Eu também dormi mal. Pensava que eras tu que estava ao pé de mim e era ela.
- Vamos bater sempre na mesma tecla...
- Tu é que não queres ouvir o meu coração. Muda-se de assunto. Queres vir amanhã ter comigo a Entrecampos?
- Está bem. Hoje vou ao cabeleireiro e fazer a depilação e amanhã vou ter contigo.
- Posso telefonar à tarde? Já estás em casa?
- É melhor não. Vou demorar.
- Então  fica combinado?
- Sim. Eu vou!
- Vais ao MSN?
- Não. O meu marido pode desconfiar. E a Zé também.
- Gostava de falar contigo um cadinho...
- Amanhã falamos tudo. Vai trabalhar.
- Estás a despedir-me?
- Não.
- Tá bem. Envio mensagem.
- Beijinhos, então.
- Hummmmmmmm! Beijocas doces para o meu amor.

Esta conversa não teve razão de se fazer. Ele sabia que nós nunca iríamos ficar juntos. Mas tentava, tentava engodar-me. Hoje, e olhando para trás, vejo que ele nunca teve intenção de casar comigo coisa nenhuma. Só queria dinheiro e bens materiais. Isso vim a descobrir mais tarde. Eu era ingénua e nunca pensei que ele fosse um prostituto...
 


terça-feira, 29 de novembro de 2016

Encontro em Alcântara Terra!



Esta foto é de um restaurante da terra Natal de Fernando Pedro Cachaço. Estive aqui na altura da semana de gastronomia.

Segunda, 20 de Junho de 2005

Era o primeiro dia da semana. Um dia que acordou escaldante, cheio de vida e muito emotivo.

08h01m29s

< Amor vem ter comigo a Alcântara. Estou aqui de serviço quero estar contigo. Beijoca docinha. >

Fico surpresa com o convite. Não  estava marcado. Porém, saio da cama e tomo banho. Visto-me com roupas leves. O dia está quente. Não sei o que se vai passar. Mas lá vou no comboio da manhã. Este vem atrasado, mas não me incomodo. Chega bem o tempo que estou com ele. Continuo com reticências a respeito do Pedro. Há algo nele que me deixa confusa.
Chego a Alcântara perto das 10h e 30m. Ele está ali à minha espera. Como sempre, mostra-se muito seguro do seu "eu".  Pelo contrário, não me sinto à vontade. Estou deslocada e com receio.
Uma receção muito aparatosa e eloquente. Fico apreensiva. O Pedro pergunta-me o que ensombra o meu espírito. Digo-lhe que tenho receio destes encontros. Que ele nunca mais me irá querer num futuro próximo. Ele insiste que eu sou masoquista. Gosto de sofrer por coisas que não existem. Aperta-me contra o seu peito e beija-me euforicamente. Fico presa ao seu olhar, ao seu sorriso conquistador e à sua prepotência sobre os outros, em mim, principalmente.
< Nada nos irá separar. Estaremos juntos para sempre. Eu amo-te e não te quero perder. Rega bem o caminho do nosso amor e nada nos vai separar: Diz ele com uma segurança que me deixa perplexa. Hoje sei que " o regar do caminho do nosso amor" nada mais era do que lhe dar sempre o que ele quisesse. Neste dia não percebo e digo com toda a minha inocência:- Mas eu rego com muito carinho e amor.
- Então não te esqueças disso. Rega e terás sempre o meu amor.
Neste dia não entendo o que ele quer dizer, mas fico com mais receio, ainda.
Entretanto chega a hora do almoço. Vamos almoçar num restaurantezito ali perto. Olho e vejo que é " Flor da estação".
Já no restaurante, sentamo-nos numa mesa ao canto. Isolada e só nossa. Ele diz que é "o nosso cantinho" visto termos estado aqui no dia dos meus anos.
Eu peço, apenas uma sopa. Vem caldo verde. Eu não tenho fome e a comida custa a ir para baixo. Ao invés, ele pede uma grelhada mista e come com apetite, gozando-me. Eu não ligo e fico, ainda, mais nervosa.
Volta, outra vez, a falar no casamento. Ele quer envolver-me numa mentira que não tem pernas para andar. Claro que não acredito numa única palavra. Até me alheio e penetro nos meus pensamentos de medo e rejeição que ele me fará num período próximo. Eu sinto isso. E ainda mais quando ele afirma categoricamente:- Apenas há uma coisa que me fará afastar de ti.
Fico de olhos esbugalhados a olhar para ele e pregunto com a maior ingenuidade:- Que é? As tuas filhas?
- Não! A presença de outro homem entre nós dois.
Rio com um rizo amarelo e respondo:- Mas tu sabes que isso não vai acontecer!!! Jamais me envolverei com mais ninguém! Dei um mau passo contigo a não volto a dar outro. Nem vestido a ouro. Jamais isso vai acontecer.
- Então não te esqueças disso e rega o caminho do nosso amor.
Pois, ainda, mais confusa fiquei. Só percebi mais tarde quando me impôs um amante que nem sequer eu o conhecia. Vim a saber, mais tarde, que a mulher do dito senhor era natural de uma terra próximo da minha. Mas isto fica para mais tarde. Afinal deixei de lhe dar dinheiro ou bens materiais e ele achou, por bem, arranjar-me um amante para ter um motivo para me deixar.
Neste momento fico muito receosa. Ele é muito astuto e inteligente para arranjar seja o que for. Penso no que ele engendrou aquando da mensagem deixada no telemóvel que deu à mulher.
Fico receosa e os meus olhos começam a deixar cair lágrimas de desilusão. Tenta acalmar-me e dizer que isso não vai acontecer por que ele acredita muito em mim.
Limpo as lágrimas. Saio para a rua e ele acompanha-me. Damos umas voltas por ali. Ele mostra-me algumas ruas de Alcântara. O meu coração está muito negro e magoado. Não tenho olhos para o encarar. Beija muito os meus lábios e tenta apagar a má impressão que os meus olhos mostram.
Quando ele fala, intensamente, no nosso casamento, eu digo que nunca mais vou à minha terra. Tenho vergonha! Ele remata que quer conhecer as minhas origens e passear comigo para que toda a gente perceba o quanto me ama. Eu penso:- Grande mentira. Jamais casarás comigo. Eu não quero deixar o meu marido e tu não queres deixar a  tua mulher e as tuas filhas.
Deixo-me rir com a grande imaginação que ele tem. Ele é sumptuoso a arranjar mentiras e calúnias em milionésimos de segundo.
O tempo passa tão lentamente que me confunde. Quero sair dali. Esquecer aquela palhaçada e começar uma vida nova. Ele continua a divagar nos seus sonhos imbuídos de uma falta de princípios para com o próximo, eu.
Chega, então, a hora por mim tão esperada. Ele faz questão de me acompanhar até ao Areeiro. Ei digo que não vale a pena. Vou bem sozinha. Mas ele explica que será melhor apanhar o comboio aí. Depois eu pergunto:- Mas afinal que estiveste a fazer aqui, se passaste o dia comigo?
- Trabalhei desde cedo e acabei por acabar o serviço para estar contigo. Ora diz-me lá se eu não te amo?
Não tem respondo. Não faz sentido. Fico calada enquanto ele me acaricia e me beija como se, realmente, fosse um grande, grande amor.
Chegamos ao Areeiro. Levanta-se e beija-me com muito entusiasmo. Volta-se para mim e diz com uma grande lata:- Não vou jantar. O serviço vai ser longo. Beijinho e fica bem. Boa viagem.
Olho com olhos que não veem. As portas abrem-se e ele sai para o meu da multidão.
Faço a viagem em silêncio. Não penso nada. Não tenho coragem de pensar naquilo que foi uma grande banhada para mim.
Chego a casa antes do meu marido. Neste dia não houve nenhuma mensagem nem MSN.








sábado, 26 de novembro de 2016

Uma visita!

            Domingo, 19 de Junho de 2005


Esta é uma imagem da grande falésia que se vê quando vamos do Faial para São Jorge. A visita aqui fi-la de barco. Pleno Atlântico. A bombordo vi baleias encantadoras. Fizeram um espetáculo.


É  um Domingo cheio de calor. Eu tomo banho e visto-me a preceito. Vou visitar a minha sogra e o almoço é lá.
Quando vamos no caminho, oiço o tocar de uma mensagem a chegar. Percebo que é do Pedro. Aquele toque só podia ser dele. Eu não recebo mensagens de mais ninguém. A minha filha telefona todos os dias, mas fá-lo à noite e naquele dia sabia que o almoço era em casa da avó paterna.
Não vejo logo para não chamar a atenção do meu marido, mas fico empolgada. O que será que me quer transmitir? Pensei que fosse um desabafo magoado por eu não ter ido ao pc no dia anterior. Quando estamos quase a chegar eu sei que vou ficar sem rede, por isso vejo a mensagem.

10h17m12s

< Bom dia meu AMOR. Tenho SAUDADES  tuas. Beijinho para o dia passar mais depressa. >

Respondo à pressa e deixo o telemóvel no silêncio. Sei que daqui a pouco deixo de ter rede e ele não me incomoda mais. Naquele momento sinto-me tão culpabilizada que nem quero olhar para o meu marido. Neste tempo, o meu marido, não me dá muita importância e eu vivo na sombra. Talvez por isso me envolvo com o Fernando Pedro pois nele encontro o carinho e a atenção que não tenho em casa.
Se bem que isso não serve de desculpa para o que estou a fazer. Mas baseio-me nisso para não sentir a consciência pesada. Olho para o pinhal, com uma sombra luxuriante, e digo como se nada se tivesse passado:- Nestes dias até dá gozo passar uma tarde debaixo desta sombra frondosa. Não achas? >
Meu marido responde um lacónico "sim" e embrenha-se nos seus pensamentos.
O dia decorre normalmente.

Pelas 18h horas estamos a lanchar com a maior calma do mundo. Eu em silêncio e o meu marido e o meu sogro falam de bola e outras coisas que não oiço. A minha sogra pergunta-me se eu estou bem. Aceno com a cabeça e não falo por que estou  triste.

Vamo-nos embora e fazemos as despedidas.
Já no regresso, o telemóvel dá sinal a dizer que tenho rede. Não faço o menor esforço para olhar para ele. Chegou ao mesmo tempo uma mensagem do Pedro Marques.

Já em casa, subo ao primeiro andar para dar uma espreitadela. A curiosidade é mais forte que eu. A mensagem foi enviada às

17h00m36s

< Como está o meu AMOR? Ela está de folga hoje. Tenho muit SAUDADES TUAS. Parece que o tempo parou, nunca + chega o dia de amanhã. beij doces ADORO-TE. AMO-TE MUITO. >

À noite não me envia nada e nem vamos ao MSN.




quarta-feira, 23 de novembro de 2016

A consciência Grita de dor!



Esta é uma foto tirada do santuário Da cidade Praia de Vitória.

É muita linda esta cidade e encerra muita história da nossa navegação e não só.

Sábado, 18 de Junho de 2005

É um Sábado muito quente. Meu marido foi trabalhar. Estou só. Fico na cama a pensar na minha situação. Por um lado, tenho a minha consciência a ferver de indignação e por outro, tenho o Pedro que se tem mostrado tão amoroso que eu não sei por qual optar. Faço uma breve introspeção e vejo que ando por caminhos errados nunca antes pisados por mim. É uma caminhada sinuosa, uma caminhada perigosa que eu não quero continuar. Mas no outro prato da balança estão momentos maravilhosos, momentos únicos que o Pedro me fez passar. Estou indecisa. Meu coração bate fortemente. Estou agitada. Mexo e remexo-me na cama com uma inquietude que me faz  vómitos. Corro para a casa de banho e debruço-me. Não vomito e tenho uma reação de repulsa que começo a chorar compulsivamente. As lágrimas caem em turbilhão pelas minhas faces sem cor. Nisto oiço uma mensagem a entrar no meu telemóvel. Fico em silêncio com receio que alguém oiça as minhas lágrimas a cair. Tenho algum alento e levanto-me devagar. Como uma autónoma, sigo em direção ao quarto. Pego o telemóvel e vejo no monitor uma mensagem do Pedro. Olho o relógio que marca 09h02m43s. Leio com receio e muito intuspecta a mensagem do Pedro.


  Meu Grande Amor bom dia. Dormistes bem? Tenho saudades dos teus Bjs. Estás só? Os meus Bjs vão adoçar o teu pequeno almoço.>

Ali fico, com o telemóvel na mão, a olhar para o nada. Não sei como reagir. Ele ataca a minha vulnerabilidade. Não sei se hei de responder ou ficar em silêncio. As minhas pernas tremem, o meu corpo parece uma vara em que o vento bate e a faz mover com violência. Sento-me na cama e coloco a cabeça entre as minhas mãos. Continuo a chorar baixinho com receio que ele oiça para lá do telemóvel. Tomo uma resolução. Não é a mais apropriada, mas aquela que grita um coração que se contorce com dores. Vou responder- Penso eu. Vou tomar banho e deixo que a água percorra o meu corpo como um animal solto que vagueia pelo campo  e se sente aliviado. Sinto que foi a decisão mais adequada para a ocasião. Ele fazia parte da minha vida e não, não o podia deixar.

Mais tarde, eram 16h02m20s o telemóvel volta a vibrar.

< Tenho muitas saudades tuas dos teus Bjs e da tua doce companhia. Vai ao pc. Bjs. >

Fui ao MSN. Falámos muito e disse-lhe que tinha a consciência pesada pelo que estava a acontecer. Mas ele alardeou para outros caminhos. Falou, novamente, no casamento. Disse que casávamos logo que ele tivesse as contas arrumadas do apartamento que tinha à venda em Rio de Mouro. Era um sétimo andar. Fiquei sem argumentos. Todavia, sabia perfeitamente que NUNCA haveria casamento. Saí mais confusa do que os fios que põem a televisão a trabalhar.

O meu marido chegou e eu esqueci as minhas dúvidas.

Eram 17h45m12s quando o meu telemóvel tocou. Fui para o primeiro andar. Ele estava a queimar o resto da mobília da cozinha antiga. Nada era para apaziguar o meu espírito. Estava tão perturbada que esqueci todo o conteúdo da nossa converseta ( como ele costumava dizer ).

23h11m37s

< Dorme bem meu AMOR. Até amanhã. Sonha comigo. Bjs doces de mel. >







terça-feira, 22 de novembro de 2016

Desconfiança!



Eis a foto que retrata a entrada de Angra do Heroísmo. É conhecida pelas suas touradas de corda. 

Sexta,17 de Junho de 2005

Mais um dia que venho relatar o quanto enganada eu estava em relação ao Fernando Pedro Cachaço Marques.
Depois de um dia maravilhoso que me dera no dia dos meus anos, eu nem queria pensar que ele era calculista. Tinha sido um dia maravilhoso e proporcionara-me ter uma visão diferente a respeito do comportamento do Pedro.
Afinal estava muito longe da realidade, mas continuei cega e só enxergava o que ele queria que eu visse.

Pela manhã, como hábito, lá estava o telefone a tocar:

08h34m12s

- Faz favor!?
- Sou eu, Meu Amor. Nem dormi a pensar no dia maravilhoso que tivemos.
- Bom dia!!! Dormiste bem? Pelo visto, não...
- Acordava a pensar que estavas nos meus braços. Era cá um mal estar...Ela até notou e perguntou se eu estava bem. Claro que não lhe ia dizer o que tinha, né!?
- Eu dormi. Estava cansada.
- Como? O que te fez ele? Fizeram amor? Não respondas. Não quero saber para não sofrer...
- Mas eu vou dizer. Nada de mal. Deu-me  uma placa com uma frase muito bem concebida. Fomos jantar fora e nada mais...
- Estás a falar a sério?
- Nunca te menti. Com ele não faço amor faz tempo.
- É que eu quero casar contigo e ser eu o senhor de tudo o que é teu..
- De tudo o que é meu? Como assim? Não entendi.
- Não é isso que estás a pensar. A tua filha é tua herdeira. Certo? Eu só te quero a ti, a ti como pessoa maravilhosa que és.
- Ah! Não compreendi.
- Não ando contigo pelo que tens.
- Pois! É que neste momento não tenho nada. Olha, já agora uma pergunta!  ( Agora que estou quase pobre, tu ainda gostas de mim? )
- Isso nem tem resposta, mas vou responder... Quando te conheci, não sabia que eras rica e o que é teu, em bens materiais, continua a ser teu e da tua filha. Eu amo-te pela pessoa que és e não pelo que possas ter ou não ter. Se eu fosse um canalha, já tinha dado o golpe do baú e isso está fora da minha pessoa. O dinheiro que te pedi, vou-te pagar até ao último cêntimo.
- Já tinhas dito a última parte. Um dia perguntaste-me se eu não tinha medo de andar com um homem que não conhecia de lado nenhum! Respondi que o tempo o diria. E, sendo assim, esperemos até ver.
- Não sou nenhum canalha. Também tenho sentimentos e amo-te. Acreditas?
- Até agora, não tenho razão para ter medo...
- És mesmo desconfiada... Eu quero casar contiiiiiiiiiiiiiigo. Acabou a conversa.
- Ok! A ver vamos, como dizem os cegos.
- Espero que isto fique bem claro. Ponto final.
- Hum! Não precisa de fazer beicinho!
- É que a tua desconfiança faz-me mal... Pensa como seremos felizes daqui a um tempo...
- Pronto. Já cá não está quem falou.
- Ficas bem disposta?
- Fico. Já viste ao tempo que estamos a conversar?
- Pois e eu tenho os homens à espera para irmos para Alcântara. Beijoquinhas muito doces. Posso falar logo?
- Não... Tenho cá a Glorinha.
- Falamos no MSN.
- Até logo. Beijinhos.

13h20m10s

< Meu AMOR. Já almoçou? Eu estou a acabar de almoçar. Logo falamos no MSN. Beijocas de mel. >

18h09m01s

< Meu AMOR vou pa casa. Estou muito cansado. Beijocas e inté...>

21h56m45s

< Não vieste ao MSN. Ele está contigo? Beijocas e sonha comigo. AMO-TE. >

E assim terminou mais um dia em que ele disse uma série de mentiras. Só que eu não ouvia nem via....