segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Estou errada?





A vida começa no momento em que nós lhe damos mais importância e nos valorizamos. A autoestima é muito importante para que uma mulher se sinta em forma. Isto descreve melhor a minha existência na altura em que andei com o Fernando Pedro Cachaço Marques. O mesmo aconteceu com a Rosário, a Maria João, a Lika, a Marta, a Luana, Henriqueta, Fernanda, a Etelvina, a Maria Arménia ( Nia como ele lhe chama, ainda hoje. ) e tantas outras  com quem ele andou, que nem caberiam aqui. Não anda só com uma mulher de cada vez. Anda com mais ao mesmo tempo, mas faz-se muito "santinho". E quem o conhece sabe que nunca irá preso. Um dia será canonizado. Não por mim, claro que não. Conheço-o por dentro e por fora. Quando a mulher dele vem a saber de algum envolvimento que tem na altura, culpa-me a mim. E ela acredita, piamente, nele. Eu também acreditei e todas as outras acreditaram e acreditam. Ele é muito astuto. Mais astuto e inteligente que uma raposa...

Segunda, 18 de Julho de 2005

Mais um dia em Alvito. Um dia igual a tantos outros. Um dia que não esqueço. Um dia que me deixa, completamente, a imaginar que eu estou errada e ele está certo.

09h09m10s

< Meu Amor de ontem de hoje, e de amanhã hoje vamos a Beja. Quero falar contigo estás só? Beijokinhas de muito amor. Fica bem. Amo-te mais que ontem e menos que amanhã desejo-te. >

Leio e releio cada palavras. Soletro para interiorizar tudo aquilo no meu coração.
Respondo que o meu marido está a trabalhar.

09h23m54s

< Falo mais tarde venho a almoçar a Alvito. És o meu respirar a vida sem ti não, tem sentido. Tu és a outra parte de mim que, sempre me faltou. Beijinhos  e adoro-te. >

 Fico sem folgo. Aquilo vem desfazer os pensamentos negativos que tenho contra ele.  " Afinal fala a sério. Eu sou mesmo importante para ele ", penso eu com o coração a ritmar a uma velocidade nunca antes experimentada.

Passo a manhã à espera do telefonema dele. O crochet não rende e a música não me distrai.

Não sou capaz de comer. Não engulo e deixo tudo no prato. Espero, espero impaciente.

15h23m57s

- Estou sim, por favor?
- Ó meu amor querido quaaaantas saudades tuas. Não via a hora de ouvir a tua maravilhosa voz. Amo-te e estar longe fez-me ver isso.
- A sério? Não me digas que andaste comigo  este tempo todo e só agora viste isso??!!!
- Não amor. Quero voltar aqui e estar casado contigo. Poder mostrar-te às pessoas sem medo e andar agarradinho aqui nestas ruas de Alvito. Todos vão dizer que tenho a mulher mais linda do Alentejo.
- Dizes isso só por dizeres ou amas de verdade...
- Amo-te mais do que tu pensas. Depois de tudo, ainda dúvidas? Por isso quero casar contigo para te mostrar que falo sério.
- Fazes com que eu acredite. Só que te esqueces duma coisa. Sou casada e tu tens mulher e filhas.
- Mas eu vou sair de casa e tenho o apartamento de Rio de Mouro. Ainda não o vendi por alguma razão.
- Vende-o, Pedro. Nem eu quero casar contigo nem tu queres viver comigo.
- Teimosa. Daqui a uns tempos vai ver que tenho razão.
- Daqui a um tempo já me tens largado.
- Nunnnnnnnca. Isso não vai acontecer e vais ver. Depois tapo-te a boca com beijos.
- Eu digo " sim" para que penses que eu acredito.
- Amor amo-te e ponto.
- Final!
- O quê? Não entendi...
- Não disseste " ponto "' eu acrescento " final ".
- Olha tenho que desligar. A minha Cláudia vem aí....Beijos loucos de sonho.
- Beijinhos muitos


E cismo naquelas palavras. Será que é verdade? Mas eu não quero deixar o meu marido. Amo-o muito. E fico sem raciocínio.

O meu marido chega com o semblante cansado. Faço-lhe uma limonada e levo-lha à cadeira de baloiço.
Falamos sobre o trabalho dele, sobre as nossas férias e sobre nós.

18h41m48s

< Amor mio estou a fazer o jantar eles divertem-se e eu estou feliz mas, estaria mais se tu estivesses aqui eu cozinhava para, ti estes pratos alentejanos que são só, nossos e sabem tão bem. Fica bem. Pensa em mim. Amo-te mais que tudo na vida. Bjs >


21h50m59s

< Amor vou dormir eles acordam cedo sonha, comigo que eu sonho contigo. Beijokinhas molhadas. >

Fico a ver televisão. O meu marido vai-se deitar e o dia acaba muito baralhado na minha cabeça...



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Alvito, penso eu!





O dia dos namorados levou-me para longe. Fui para Leiria.
Andei por lá e só regressei ontem. Tínhamos que fazer hoje e logo vem a minha filha passar o fim de semana.

A foto em cima é de uma vila bem do outro lado do Tejo. Ali mora a Mil***** Bar******, a nova conquista do Pedro.
Há bem pouco tempo ele veio de não sei onde, mas passou a Estremoz. " Que sejas benvindo " Comentou ela na postagem que ele fez pelas 10h e pouco da manhã. Ali daquele lado não sei de onde vinha. A linha do leste já terminou há muito. Talvez viesse de outra lua-de-mel com outro amor. Era sexta e tinha que regressar a casa. Se eu o não conhecesse tão bem, não saberia como ele age em certas circunstâncias da vida. Ou o comentário servisse apenas para despistar. Ela há muito que não posta nada e gosta muito de o fazer... Enfim, eu só tenho compaixão dela. Um dia a desilusão é tamanha que ela fica arruinada. E assim ficam todas as mulheres que andam com ele. Que o digam as senhoras que me têm escrito e, ao qual, muito agradeço pelas vossas mensagens.

Domingo, 17 de Julho de 2005

Eu penso, que neste dia, ele está em Alvito com a filha e o sobrinho, na casa do irmão. Hoje já ponho as minhas dúvidas. Fui vítima de tantas mentiras que já nem acredito nada do que ele me dizia e eu escrevi. Mas suponhamos que ele ali se encontra.

Meu marido sai cedo e vai trabalhar. Eu fico na cama a dormitar. Não estou lá nem cá, mas sinto-me a relaxar. Olho o relógio e são 09h32m43s. Penso que já deveria ter chegado uma mensagem dele. Mas olho o telemóvel e continua mudo.
Levanto-me e faço a minha vida. Quero ir à missa. Ela é às 12h na Igreja de São Francisco.
Quando vou para sair, vejo o telemóvel. Não ouvi nada, logo não tenho nada. Mas surpresa. Estava uma mensagem do Pedro chegada há algum tempo.

< Bom dia amor mio. Hoje estamos aqui na barragem onde fomos qd viemos de Santo André. Penso eu que foi. Eles estão tão contentes q me sinto rapazola com 13 anos. Bjs de mel. >

Respondo à pressa, pois estou em cima da hora de começar a missa.

Almoço tranquilamente com a certeza que ele também está a almoçar com a filha e o sobrinho.
 Meu marido telefona para ir ter com ele e irmos ao cinema e a jantar fora. Fico radiante. Eu amo o meu marido, disso tenho a certeza. Quanto áquilo que sinto pelo Pedro não sei decifrar.

15h09m01s

< Amor da minha alma está muito calor eles dormem a sexta e eu estou a ler. O livro é lindo depois empresto. Beijokinhas molhadas. >

17h09m41s

< Amor onde estás? Ele está contigo? Tenho saudades de te ouvir Bjs de amor eterno. >

Respondo que ele está comigo. Não digo que vou ao cinema e a jantar fora.

22h18m09s

< Estou deitado a pensar que seria bom estares aqui comigo. Hum até me derreto. Dorme bem pensa em mim. AMO-TE muito. Bjs molhados. >

Eu respondo com uma mensagem lacónica. O dia para nós dois termina aqui.

Hoje penso que ele vai mudando o seu discurso de falar e de escrever. Nunca se vai desmascarar. Chama a todas de  " amor " para não se enganar nos nomes. Quando toma mais confiança, começa a dizer o nome de quando em vez. Mas é tão, tão melado que nós julgamos genuíno. Com ele engana tão bem...






sábado, 11 de fevereiro de 2017

O primeiro dia já passou!





E é nesta linda vila Alentejana que o Fernando Pedro passa as suas férias com a filha e o sobrinho.
Hoje ponho as minhas dúvidas. Ele é tão mentiroso que não acredito nem tenho confiança nele.
Enfim, coisas da vida. Mas suponhamos que assim é. Encontra-se aqui de férias na sua terra Natal.

Sábado, 16 de Julho de 2005

É cedo. Remexo-me na cama sem saber como irá correr o dia. Penso no Pedro. Ele estará, ainda, a dormir? Penso eu em silêncio, ouvindo o respirar tranquilo do meu marido. Olho o relógio e são 05h45m56s. Ainda é cedo, mas é costume ele acordar, de madrugada, para ir trabalhar. Bem, não deve ser nada. A distância não implica no nosso relacionamento. Fico de costas a olhar as figurinhas que se formam no teto com a entrada da luz  pelas frinchas da janela.
Não sei quanto tempo passo assim. Só sei que acordo e já são 09h10m21s. Neste ínterim, o telemóvel dá sinal de mensagem. Olho para ver se o meu marido ainda dorme. Não me recordo que vai trabalhar hoje. Fico intrigada e vou ver a mensagem. Só pode ser do Pedro, penso eu. Ninguém me iria enviar nada tão cedo, num Sábado de Julho.
A mensagem reza assim:

Amor mio estou a preparar o pequeno-almoço para nós és servida?. Com todo o prazer do mundo te tinha aqui ninguém a conhece a ela e não falavam. Beijokinhas muito doces.>

Leio e releio a mensagem. Parece tudo tão bonito e romântico que fico feliz. Respondo toda melada.

Levanto-me e desço as escadas para ver se o meu marido está na cozinha. Não o vejo. Só depois de ver que a bolsa dele não está no sítio do costume, me recordo que ele me tinha dito que iria trabalhar no fim de semana. Sento-me na cadeira de baloiço e sonho que estou no Alentejo com o Pedro. Fantasio, nada mais.
Faço o trabalho de sempre e fico a ouvir música...

12h45m59s

< Estou a terminar o almoço. Já fomos à piscina queres almoçar com a gente? Até sabia melhor bom, almoço e AMO-TE mais que tudo. Beijinhos hum muitos daqueles que só tu sabes dar.>

Leio e deixo-me rir com a face tão radiante que transmite luz à minha volta. Mas que grande utopia. No entanto, penso que pode ser possível.

O dia decorre normalmente. Faço croché e o tempo passa rápido.
O meu marido chega e vem muito esgotado. Quer uma limonada fresca e fica na cadeira de baloiço. Eu sento-me na outra e falamos do dia complicado que foi para ele e que já podia estar de férias.
Enquanto ele toma banho, eu faço o jantar. Jantamos e falamos muito. Estou feliz com o meu marido. Penso, para os meus alfinetes, que não sei de quem gosto mais. Mas a balança pesa para o lado do meu marido. Franzo a testa e fico baralhada.

21h59m45s

< O primeiro dia já passou brevemente, estaremos juntos. Dorme bem eu finjo que estás ao meu lado, Bjs de mel. >

Vou-me deitar com a certeza que estamos muito unidos, embora a distância física que nos separa neste momento...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Cuidado!



Penso sempre que a minha vida, agora, está fluindo muito bem. Mas acontecem peripécias de que não estamos à espera. Houve uma recaída na minha doença. Plasma e restantes componentes do sangue, deixaram-me em perigo. Mas, graças a Deus, recuperei com uma transfusão de sangue e alguns dias de internamento. Volto, hoje, a escrever no meu blog.

O que acima está a fazer de introdução, é como se caracteriza o carácter do Pedro. Ele trata muito bem as  mulheres até ter aquilo que quer. E, tanto eu como as senhoras que me têm contactado, somos o exemplo disso. Quando deixamos de dar aquilo que ele quer, arranja-nos rótulos e problemas várias.

Sexta, 15 de Julho de 2005

Estou na cama a repensar a minha vida com o Pedro. Meu marido deve entrar hoje de férias. Também sei que o Pedro vai passar oito dias a Alvito. Vai para casa do irmão. Leva a filha mais nova e o seu sobrinho. Não espero nenhuma mensagem ou telefonema dele. Hoje tem que tratar do problema da Clá**** e rumar até Alvito. Depois de regressar, terá mais oito dias com a mulher e a Ver*** Mó****. Penso que não tenho futuro com ele. Lógico que a sua família está primeiro. A minha também. Mas não faz jus áquilo que ele diz constantemente:-Quero casar contigo e ficar para sempre a teu lado...
Repasso a minha vida com o Pedro como se fosse um filme. Não vejo sequência nenhuma. Tudo bate naquilo que eu posso ou não dar-lhe. Pela primeira vez penso no dinheiro que lhe emprestei e que ele fala, constantemente, em pagar-me até ao último cêntimo. " Não paga ", penso eu com uma certa tristeza.
Não pelo valor do dinheiro, mas pela falta de consideração dele. Claro que dinheiro é dinheiro e ele estava a custar-me caro. Juros que eu não devia pagar. Como disse, foi o primeiro empréstimo que fiz na vida. A Credima havia-me emprestado 2.000.00€. Hoje, essa banca de empréstimo fácil, já não existe, é certo, mas existe o papel da transferência que foi feita para a conta dele e, também, o extrato do BES onde depositei o dinheiro para não ser detetado pelo meu marido. Temos contas em conjunto. Não posso tirar dinheiro sem que seja registado.
Estou eu nestas cogitações, quando ouço o telemóvel. Atendo. É o meu marido a dizer que já não vem de férias. Temos que adiá-las.  Fico triste. Estaria de férias ao mesmo tempo do Pedro.
Mas não posso reclamar.  Levanto-me e faço o habitual. Nestes momentos não penso em nada. Faço tudo como uma autómata.
O dia decorre normalmente. Nada do Pedro. Pelas 17h45m14s recebo uma mensagem dele.

< Meu Amor maior, já tratei de tudo da Clá**** vamos, agora para Alvito. Envio mensagem qd chegar Bjs doces e molhados.>

Respondo a desejar uma boa viagem.
A chegada do meu marido faz-se anunciar. Falamos das férias e da consequência das mesmas. Como já tínhamos reservado o Inatel, temos que pagar uma percentagem. Voltamos a reservar.

Tudo decorre passivamente. Falo com o meu marido as coisas do dia. Jantamos e vamos para a sala.

21h32m43s

< Amor cheguei há pouco. Já jantámos e amanhã vamos passear dorme, bem eu penso em ti. Beijokas molhadas. AMO-TE. >

Vou dormir e fico acordada algum tempo...

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Haverá uma próxima?



A nossa felicidade está naquilo que acreditamos. Eis por que é tão efémera. Acreditei que a minha vida com o Pedro tinha pernas para andar. Mas não tinha. Era a questão que os € que tinha levado de mim, ainda estavam fresquinhos e, ele, tinha que fazer render o peixe até haver uma maquia maior. Porém, não houve. E eu comecei a ter rótulos postos e arranjados por ele.
Aqui as coisas ainda eram cor-de-rosa.

Quinta, 14 de Julho de 2005

Como sempre, acordamos cedo. Tomamos o banho matinal e descemos para tomar o pequeno-almoço. A sala é toda nossa. Chamo a atenção para esse facto. Na época alta não haver pessoas ali alojadas. Ele não comenta. Eu volto à carga. Não havia outro lugar melhor, Pedro? pergunto eu com a melhor das intenções. Mas ele manda-me calar e diz que na próxima, marco eu. ( Será que haverá uma próxima? Penso eu para os meus botões. )
Voltamos ao quarto para arrumarmos  as malas. Ele amuado. Eu não mostro que vejo isso. Vou tagarelando alegremente.
Descemos para fazer o chek out. Ele desvia-se para ir meter as malas no carro. Logo sou eu que tenho que pagar. A menina da receção fica a olhar para mim com um ar de surpresa. Eu noto e acrescento:- Pagar eu ou ele  dá a mesma coisa. A menina responde: Mas o Senhor é que fez a reserva...
Deixo-me rir e pago a quantia que a menina pede. Despeço-me e junto-me a ele que está no parqueamento da residencial.
Saímos e vamos até ao grande hotel que está na ponta norte da residencial. Lamento não ter ido para ali. Mas não digo nada. Ficou mais barato e a estadia foi boa. Alvitro que devemos almoçar no restaurante do hotel. Ele responde que tem que estar em casa cedo.
Iniciamos o nosso regresso para casa.
A conversa não é muita porque ele coloca o CD do grupo de cantares de Alvito. Bate no volante para fazer o ritmo e cantarola.
Já na minha casa, ele retira o troile, despede-se e encaminha-se para o seu mercedes  que ficou na rua paralela à minha. Encaminho-me para a minha casa e fico a pensar que não foi assim tão mau.
Almoço e do Pedro não sei mais nada.
Fico irritada, mas não demonstro ao meu marido que me recebe com muito amor, carinho e saudade.
A consciência fica pesada como tantas vezes...


domingo, 29 de janeiro de 2017

Os traumas de crinaça.





Sempre que voltamos ao passado e revivemos aqueles momentos que já esquecemos, sentimo-nos como se estivéssemos fora desse quadro repugnante. Foi o que aconteceu, hoje, quanto abri o meu diário.
Esta postagem poderia ter muitos títulos, mas escolho este. Não sei porquê, mas está implícito no texto.

Quarta, 12 de Julho de 2005

Acordo cedo. Olho e o Fernando Pedro já se esgueirada da cama. Está a olhar para mim com um sorriso maroto. - Adoro ver-te dormir. Estás linda. Essa camisa cheia de flores e tão fresca, fica-te bem.
Pergunto se está bem e ele responde que sim. Diz que já resolveu o problema da filha. Mas vai fazê-la sofrer até começar o ano escolar. Não quero saber como é. Tenho tanto receio da sua mente!!! Mas ele continua a dizer que vai fazer com que a filha pense que caminhará todo o tempo para Lisboa até finalizar o ano que chumbara. Eu acho uma tirania, mas ele diz que ela tem que aprender para estudar mais. Ele é o pai e eu não riposto.
Tomamos banho muito animados.
Descemos ao rés-do-chão para tomarmos o pequeno-almoço.
Penso que a sala deve estar cheia, mas a minha surpresa é grande. Ninguém a não sermos nós. Silêncio profundo. Nem ele nem eu falamos.
Saímos para a rua e entramos no carro. Ele sobe a rua. A retunda é logo ali, já que a residencial é a primeira  casa da rua. Na retunda está a GNR que o manda parar. Fico aflita. O carro é do meu marido. O guarda aproxima-se e pergunta se ele não viu o sinal. Qual sinal, Senhor guarda? Isto é uma retunda... Diz o Pedro com uma ingenuidade que parece ser genuína. O guarda aponta para uma placa que está em frente à residencial. É proibido subir a rua. Eu estou cheia de medo. O Pedro nem por isso. Está confiante e diz que chegou já de noite e não viu o sinal. Pede desculpa e diz que não volta a acontecer. O guarda bate a pala e manda-nos seguir. É aí que eu penso, pela primeira vez, que ele tem um pacto com o diabo.
Mas não articulo palavra.
De repente, dá-me uma vontade de falar nos traumas da minha infância. Ainda hoje me pergunto por que o fiz. Não tinha razão para isso. Eles estavam adormecidos em mim.
Mas falo, falo, falo. No fim sinto-me arrependida, mas o mal está feito. Espero a reação dele.
O Pedro entra na floresta densa e caminhamos ao acaso enquanto ele me ouve. No final, pára o carro, apanha as minhas mãos e diz para eu não ter medo porque ele está comigo. Nunca me irá deixar, acrescenta. Diz o quanto me ama, me quer e me deseja.

Voltamos para São Pedro e vamos almoçar num restaurante no meio da rua que dá para a praia. Ficamos ali até perto das quinze horas.
Saímos e damos uma volta por São Pedro sem entrar na praia.
Está calor e ele alvitra regressarmos à residencial. Eu aceito sem mais delongas. Afinal ele é que manda.
No quarto está muito fresco. Ele despe-se e pede para eu fazer o mesmo. Não preciso de dizer mais nada. É isso mesmo que estão a pensar.
Vamos tomar banho. Vestimo-nos e saímos para a rua. São 18h.
Andamos pela beira do mar, num caminho feito de madeira que nos leva à outra ponta da praia.
Tira-me muitas fotos nesse passadiço. Eu estou muito alegre.
Vamos jantar ao restaurante junto da praia. Dali vemos o pôr do sol.  Digo que gosto muito de, andar  descalça, na praia molhada e sem ninguém a olhar para mim.
Encaminhamo-nos para lá.
Tiro os sapatos e ando descalça ao longo da praia. Parece que ganho o meu primeiro brinquedo de criança. Ora ando pela areia molhada ora pela seca Ele acompanha-me muito feliz e de mãos dadas comigo. Já é escuro e retiramo-nos.
Os meus pés estão cheios de areia. Tento retirá-la, mas não consigo. O Pedro coloca o cigarro no canto da boca e começa a retirar, com muita calma, as areias todas. Nesta altura ainda fuma. Eu pergunto onde aprendeu a fazer isso. Ele responde que teve crianças e tinha que lhes tirar a areia quando vinham da praia. Eu rio muito e nem dou pelas poucas pessoas que passam por nós e olham admirados e surpresos.
Regressamos à residencial. Tomamos banho e brincamos, animadamente, durante o mesmo.
Vestimos os pijamas, dizemos adeus aos nossos cônjuges e ficamos a ver televisão.
Termina, assim, mais um dia em São Pedro de Moel. 



sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Problema com a filha!





As Sextas-feiras são muito difíceis para mim. É dia de aulas na UTI. O dia está preenchido Chego a casa esgotada. Contudo, irei ver se arranjo um bocadinho para escrever neste blog.

Terça-12, de Julho de 2005

Estou muito entusiasmada com a ida para São Pedro de Moel.

Pelas 09h da manhã estou na porta da minha casa de mala feita e um sorriso brilhante.
Vejo o Fernando Pedro vir na minha direção. Vem, ou parece, muito feliz.
O carro dele fica na rua paralela à minha. Traz o troile e eu pego na minha mala.
Mas antes deixo uma mensagem ao meu marido a dizer que vou estar uns dias fora para me restabelecer.
Entrego as chaves do meu carro ao Pedro. Arrumamos a bagagem e entramos muito felizes.
Conversamos animadamente e  traçamos as coordenadas para os três dias que ali vamos ficar.
Tudo parece um sonho até que se ouve o telemóvel do Pedro tocar freneticamente.
Diz que é a filha mais nova. Atende e a conversa começa a ficar muito azeda. Pára o carro na berma da estrada.
Sigo a conversa em silêncio, mas registo tudo na minha mente.
Então é o seguinte:
A Clá**** fez 16 anos em Maio, dia 5. Está a  matricular-se  para ficar na mesma escola. Ela chumbou o ano e, como já tem 16 anos não pode, segundo a lei, ficar ali.
O Pedro reclama que está com um volante nas mãos e que não pode resolver nada. Mas fica muito nervoso. Eu penso que as minhas miniférias estão em risco. 
Coloca o carro a trabalhar e fazemo-nos à estrada. Fica mudo e calado. Pouco fala ou nada. Alvitro que será melhor voltarmos para trás, mas ele diz que não o pode fazer porque disse que ia fazer uma Ação de Formação. Fico com receio daquilo que poderá acontecer nos próximos dias.
Chegamos a São Pedro de Moel e vamos diretamente para a pensão que o Pedro tinha arranjado na net.
Vejo que é a Pensão " São Pedro ". Muito linda. Hoje já não existe. Tudo a vermelho escuro com móveis do século passado. Fazemos o chek in. O Pedro dera o seu nome quando fez a reserva. Somos conduzidos ao quarto que tem o mesmo estilo. Fico fã. As malas são levadas por uma rapariguinha franzina. Tenho pena dela e dou-lhe uma gorjeta de cinco €. Penso, automaticamente, que era impensável dar mil escudos de gorjeta há uns anos  atrás. Mas não me arrependo. Ela merece...


Fomos almoçar. O Pedro muito calado e pouco come. Está introspecto. Voltamos para a residencial e passamos ali a tarde. Ele deita-se na cama e fixa os olhos no teto. Tento meter conversa, mas nada. Não dá saída. A hora do jantar chega e vamos comer umas sandes ao parque que fica ao cimo da rua. Nada de conversação. Tento animar, mas não dá resultado. Há um momento que me pede para me calar. Ele precisa de pensar como resolver o caso da filha.
Tomamos banho. Cada um per si. Vamos para a cama e resolvemos dormir.
Eu sinto que tudo vai correr mal...