Pedro pede perdão!

Mais uma Segunda-feira, mais um dia em Alvito. Eu sempre acreditei ou não...

Hoje, lendo o meu diário, vi algo que será importante para reconhecerem este psicopata. Depois de algumas mensagens trocadas, começa a dizer que está a ficar " apaixonado ". Faz elogios e começa  a ganhar terreno. As mulheres, incluindo eu, começamos a ficar agradecidas, por alguém assim, que se interessa por nós que estamos  muito vulneráveis, desgastadas, sozinhas, tristes e até com a autoestima em baixo. Aí entregamo-nos com alma e coração. Não damos pela falsidade que há em tudo o que nos diz ou faz. Nas mentiras que diz é capaz de nos olhar nos olhos como se fosse  a maior verdade e única.

Também quer logo marcar um encontro. Aconteceu comigo, com a Dulcineia, a Etelvina, a Rosário, a Lika, a João, a Fernanda, Maria Henriques e outras senhoras que me têm contactado. Ele tem uma amiga que é uma menina muito pura. Conta-lhe tudo, se calhar, até lhe diz mentiras. Têm uma cumplicidade muito grande. Ela chama-se Luana e está no Algarve. Eu sei onde, mas não quero que ela perca a privacidade. Esta menina é de Cabo Verde.

Fernando Pedro um dia serás apanhado. És muito esperto. Porém darás com quem seja mais esperta que tu. Ao Sargento da GNR e até à advogada conseguiste enganar. Mas o que semeias hoje, irás colher amanhã.

Segunda, 25 de Julho de 2005

Confesso que estou muito melindrada. Ele mandou-me à "merda" e isso veio acelerar em mim a vontade de o mandar dar uma volta.

Não durmo e a minha mente trabalha o triplo a engendrar um motivo para acabar com este fulano.

Levanto-me com plena consciência que vou terminar tudo.
Ligo o telemóvel que estava desligado desde que recebi a última mensagem que me ofendeu profundamente.
Para meu espanto tenho uma mensagem dele enviada no dia anterior.


21h23m45s


< Sei que errei. Peço que me perdoes não leves à letra tudo o que digo, estava triste e sofrido devia ter acreditado em ti. Acredita q és a melhor coisa q me aconteceu. AMO-TE MUIIIIIIIITO. Bjs que desejava dar agora dorme bem. >


Fico sem reação. É preciso ser muito cara de pau para fazer uma coisa destas. Fico indignada, mas também sensibilizada. Nunca ninguém me tinha pedido " perdão ". Penso que é uma farsa, mas " és a melhor coisa que me aconteceu " atiçou em mim uma pontinha de lhe perdoar.
Tomo banho e faço o que sempre faço pela manhã.
Não minto por dizer que o meu coração pulsa e espera pela próxima mensagem dele e a primeira da manhã.
Ponho a cassete que ele gravou no karaoke. Ouço a sua voz e, quando chega aquela parte que me diz amar, nomeando o meu nome, eu fico a tremer de emoção.
Sou estúpida, mas o coração fala mais alto. Que tem ele que todas as mulheres ficam presas ao seu charme? Deve ter um pacto com o diabo, só pode.
A mensagem chega e muda tudo o que engendrei durante a noite que não dormi.


10h01m20s


< Meu Amor minha vida AMO-TE e te amarei sempre no resto das nossas vidas. Como estás? Triste? Meu irmão saiu ontem à noite e não dormi. Perdoa e envia msg pro meu coração descansar. Bjs  molhados, carinhosos, doces melados. >


Não sei quantas vezes leio aquela mensagem. Fico com o coração despedaçado por ver que ele diz aquilo. No meu coração nasce um novo amor. E tudo o que planeei fica pelo caminho.
De volta envio uma mensagem que derrete o coração de qualquer um.
Esqueço o que aconteceu e fico esperançada que as coisas voltem ao normal.


Volto a ouvir a cassete e ponho música romântica.


12h45m18s


< Amor amado querida eu AMO-TE TANTO que não posso viver sem ti. Vou almoçar a mãe Laurinda fez um almoço que irias, gostar um dia cosinho pa ti. Bjs que só tu sabes dar. >


O dia decorre normalmente. Eu estou radiante. Afinal ele pediu perdão...


18h39m05s


< Está calor vou há piscina com eles. Queres vir? Eu ensino-te a nadar e não te largo. AMO-TE como nunca amei ninguém nem a ela. Somos antagónicos contigo é diferente. és uma mulher que eu amo muito. >


Meu marido está a tomar banho e eu costumo estar com ele na conversa. Leio a mensagem e não ouço o resto da frase a que tenho que responder. Fico atrapalhada e peço que repita.


O amor volta a andar no ar. Eu estou nas nuvens e muito feliz.


22h12m19s


< Amor mio dorme bem e sonha comigo. Amanhã falo contigo. Bjs que gostamos de dar. >


Vou dormir com o coração a transbordar de amor por ele.

Falta de Educação!

Benavente! As cheias do rio Sorraia. Terra onde mora a Milu. Ela nem sonha com quem está a conviver.

Gostava de poder avisá-la ou de haver alguém que a avisasse. Creio que ficaria séptica, mas ficaria alerta dos sinais  e sem dar nas vistas iria verificando com quem se meteu. Mas tudo isto é relativo, uma utopia.

Domingo, 24 de Julho de 2005

Levanto-me cedo. O ar está pesado e sufoco ao respirar. Fico no jardim, na cadeira de baloiço, a imaginar o que se estará a passar com Fernando Pedro Cachaço. Não, não está em Alvito. Mas por que mentiria? Sem resposta.

Tomo o pequeno-almoço. Arrumo tudo e espero pelo meu marido. Vamos sair sem destino. Nem sei para onde.

Enquanto espero, leio o meu livro " Desesperadamente Giulia ". Sem dar por mais nada, o tempo passa. Olho o relógio e marca 09h45m12s. Fico aflita. O meu marido ainda não se levantou. Corro para o quarto e vejo o meu marido caído no chão. Grito tanto que a Margarida vem ver o que se passa. Chama a ambulância. Vamos para o hospital. Ele entra e eu fico com a Margarida à espera. Choro compulsivamente e ando no átrio para lá e para cá sem saber o que pensar. Nem levei o telemóvel. Mas não me recordo disso.

As horas parece que não passam. O tempo parou e eu numa angústia tremenda.

Vem uma enfermeira e diz que foi um pequeno desmaio pela tenção arterial ter baixado repentinamente. Vão-lhe dar alta, mas tem que repousar.

A Margarida chama o marido para  nos ir buscar. Eu estou um espectro. Não tenho força para nada.

Já em casa  quero preparar qualquer coisa para o almoço. Mas nem sei por onde começar. Ouço a campainha da porta e vou abrir. É a Margarida que vem dizer para irmos almoçar a sua casa.

Nem me recordo mais do Pedro. O susto foi enorme.

Voltamos para casa. Levo meu marido para o quarto e ele deita-se para repousar.

Desço as escadas e sento-me na cozinha. Olho ao redor e vejo o meu telemóvel em cima  da bancada. Vou buscá-lo e abro-o, mais por curiosidade do que por me recordar do Pedro.

Tenho quatro mensagens. Começo a ler pela primeira que enviou.

10h10m10s

< Meu Amor querido como estás? Andei com o meu irmão a recordar os nossos tempos de escola e tu sempre no meu coração. Diz alguma coisa. Bjs kentes. >

Vou ler a seguinte.

 11h01m09s

< Minha vida o que se passa? Estou aflito. Responde eu estou sem força não me deixes. Espero. Bjs Molhados. >

11h34m18s

< Não estou a gostar... Onde estás? estás com ele? foste sair? Porra fala. Bjs >

13h59m20s

< Não queres falar né? Vai à merda eu vivo bem sem ti. >

Esta última deixa-me com um sabor amargo na boca. Nunca me tinham mandado àquele sítio. Falta de ética, de personalidade, de educação, de sensibilidade...

Respondo e conto o que se passou.

17h09m01s

< Não gosto de mentiras. Não mintas e não sejas parva. >

Fico tão sensibilizada que choro copiosamente. Não respondo e desligo o telemóvel. Hoje não quero saber mais dele...

Alvito. Será?

Eis uma paisagem Alentejana perto de Alvito.

Vila onde o Fernando Pedro diz estar neste momento: Sábado, 23 de Julho de 2005.

Hoje sei que me mentiu como em tantas outras ocasiões. Mas, na altura, eu não tinha como provar as suas mentiras e era tão ingénua que não interpretava certas frases que ele dizia. " Tens que regar o caminho do amor ". " Achas que estás a regar o caminho do nosso amor? ". " O caminho do nosso amor não está a ser regado ". Enfim, eu não sabia o que ele queria dizer com isto. Eu afirmava que o amava e que não tinha mais ninguém senão ele. Reafirmava constantemente que o amava e que o caminho era regado com muito amor, carinho, ternura, compreensão... Mas ele voltava a dizer que eu tinha que o regar. As flores estavam a murchar. Pois é! O dinheiro e coisas que ele me pedia, eu não dava a não ser o perfume de Jean Paul Gaultier. É caro, mas mesmo assim não ficava contente.

Neste dia 23 de Julho não houve muito a acrescentar.

10h54m15s

< Meu amor querido hoje não vai haver muito para dizer o meu irmão está, cá e andamos sempre juntos mas AMO-TE MUITO e, serás sempre o meu AMOR GRANDE. Beijokas de mel. >

E acredito piamente. Até porque a casa é do irmão, segundo me dissera.

Nada espero mais neste dia que faz um calor de morrer. Vou a Sintra, a casa da minha irmã, e fico por lá até tarde. Vamos à praia das Maçãs onde o meu pai tem uma casa.

22h58m10s

< É tarde mas não durmo sem saber de ti. AMO-TE  mais que tudo e quero-te para sempre. Bjs molhados. >

Convicta que ele está em Alvito, respondo a contar o meu dia. O pior cego é aquele que não quer ver....

Saudades, saudades!

Eis a foto que a Milu tem na capa do seu face. Será, Fernando Pedro Cachaço Marques, que não receias aquilo que ela pensa? Semeias, colhes. E o que irás tu colher? Já pensaste nisso? Tens tanto para colher... Segundo aquilo que semeaste nestes anos todos, irás colher a dobrar. A semente foi lançada à terra de cada mulher com quem te enrolaste. Depois vem a colheita. Costuma-se dizer que " os pecados dos nossos avós, fizeram-nos eles e pagamo-los nós ". Pensa quem vai colher os teus horrorosos pecados. Elas não têm culpa, mas serão elas que pagarão tudo aquilo que foi feito por ti.

Um dia, expuseste a minha neta no teu Google+. Era a mim que querias atingir. A bebé, com três meses, não tinha culpa  da nossa desavença. Eu não utilizei golpes tão baixos e olha que tenho muitas fotos da tua neta... Mas a criança, que tem hoje quase nove anos, não tem culpa de ter um avô sem sentimentos. Se bem que não sejas um avô direto... Um avô substituto. Será por isso que és assim para todas as mulheres? Segundo disse o Manuel Lisboa na altura que te meteste com ele. Cuidado! Tenho isso gravado, a conversa entre ti e o tal Manuel Lisboa. Um destes dias ponho aqui essa conversa. É que é muito sério o que ele pôs na Google+ naquele dia. Mas se não tomaste medidas... Fico apreensiva!!! Mas eu não escrevo o teor da conversa. Não te quero frustrar mais que áquilo que tu estás.

Fui de Carnaval para a minha casa no Alentejo. Foi muito bom! Andei aqui e acolá a ver os corsos. Foram lindos! Aqui estou hoje para falar mais um pouco deste crápula que me chamou muitos nomes ordinários. Nomes esses que lhe pertencem a ele e não a mim.

Que bom é ter isto no meu diário... Assim, ponho, a nu, a tua insensibilidade, crueldade, maleficências,  brutalidade, egocentrismo, ambição e muitos outros adjetivos que te assentam que nem uma luva.

Sexta, 22 de Julho de 2005

É Sexta-feira. Dia em que vem a Glorinha. Meu marido sai cedo para trabalhar. O Pedro está em Alvito, penso eu que sim. E eu sinto-me muito só.

Fico a deambular com o meu pensamento. Nada para acrescentar ao meu diário. Os pensamentos são vagos por que nada faz sentido. Ele está a mentir-me. Mas estou cega e não quero enxergar o que está mesmo à minha frente.

09h23m06s

< Meu amor maior ainda é sexta só vou regressar a 30. São muitas as saudades tu vais de, férias logo a seguir e eu estou morrer por ti. Beijokinhas doces molhadas de saudades. >

Leio a mensagem sem a menor convicção. Ele mente, mas eu não tenho como provar. Respondo a dizer que as saudades também me sufocam.

13h12m50s

< Está calor aqui vamos, almoçar agora a, minha mãe fez gaspacho. Gostas? Vem almoçar comigo. Beijokas molhadas de saudades. AMO-TE... >

Gaspacho é um prato típico alentejano e que se faz no verão, normalmente. Eu gosto muito quando ele é feito com tomate e acompanha com batata frita.

Respondo a dizer qual é o meu almoço: Tomatada de frango com batatas fritas. Também é um parto alentejano.

A tarde decorre  normalmente. Ando atrás da Glorinha na conversa. Dá-me conselhos e receitas para tirar esta ou aquela nódoa. Ensina-me orações para encontrar coisas perdidas, para quando estou triste, para aliviar esta ou aquela dor... Escrevo algumas e outras decoro. Não acredito, mas pode dar resultado. É preciso Fé. Talvez seja por isto que o Pedro me chama " Bruxa ". Eu contei-lhe assim como contava tudo.


Meu marido regressa feliz por ser Sexta-feira. 
Eu estou feliz com ele e nem mais me recordo do Pedro. Mas vem outra mensagem para compensar a mentira que me está incutindo.


21h56m18s


< Nem sequer tenho net pra falar ctg. Dorme bem sonha, comigo e eu vou sonhar contigo. Beijokas molhadas. >


Fico a ver televisão e a falar com o meu marido.
Deito-me e nem penso nele...

Tenho que perguntar!

Acaso já viste a foto de capa da Milu? Não tens receio do que lá está escrito? Ela tem o sexto sentido apurado. Só precisa de um empurrãozinho. " Não olhes para o que colheste ontem, mas sim para as sementes que plantaste hoje. Essas, sim irás colher. Se forem boas sementes, terás uma boa colheita, mas cuidado com aquelas que andas plantando. " E olha que a tua plantação não tem sido nada boa desde há longa data. Cuidado, Pedro, o que plantamos, colhemos...

Quinta, 21 de Julho de 2005

Não é com boa perspetiva que olho para o dia de hoje. Ele vem a Rio de Mouro buscar a mãe. Mas será mesmo? Quantas interrogações eu faço com a estadia dele em Alvito... Espero com resignação alguma notícia dele. O dia queima e, no Alentejo, ainda queima mais.

Visualizo-o a andar de carro por esse Alentejo fora, mas não estou muito convicta.

O telefone toca e eu estendo o braço para o atender.

10h13m18s

- Estou sim, por favor?

- É bom voltar a ouvir a tua linda voz. Nem sei como vou passar lá o resto do tempo, mas eles estão a gostar.

- Mas... Tu estás mesmo em Alvito?

- Agora estou aqui na casa da minha mãe, em Rio de Mouro. Vim buscá-la. Vai me fazer companhia.

- Desculpa, mas tenho que perguntar...

- O quê? Algum disparate. É só o que fazes... Mas diz lá! Eu respondo conforme a pergunta e as " desculpas não se pedem, evitam-se ".

- Eu sei, mas há coisas que me deixam baralhada...

- Venha essa pergunta que deve ser um disparate...

- Ainda não a ouviste e eu preciso de saber: - Estás mesmo em Alvito com a tua filha e o teu sobrinho?

- Eu bem disse que era um disparate. Ainda não acreditas em mim?  Porra!!!.

- Fala bem. Eu só queria saber. Não me enviaste a fotografia que te pedi..

- Ah! É isso? Não tenho tempo. Aqueles dois levam-me o tempo todo. Preparar pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar e ainda fazer o trabalho da casa... Chego à noite estafado.

- Mas devias ter um tempinho para enviares uma foto. Em vez de escreveres, envia.

- Tás doidinha. Agora levo a minha mãe e, talvez, tenha mais tempo.

- Mas vais-te já embora? Com este calor?

- Não. Vou almoçar a casa com ela e parto lá para as

 18h. Chego pela fresquinha. Envio mensagem quando chegar.

- Eu espero. E durante o dia não vais enviar nada?

- Estou com ela e não quero que desconfie.

- Boa ideia...

- A minha mãe está a arranjar as coisas. Vou ajudá-la. Beijokinhas que eu gostaria de dar agora. Huuuuum! Tão bom!!!!

- Beijinhos e boa viagem.

Quando desligo, fico muito apreensiva e desconfiada. Nem sei o que pensar.

De cabisbaixa, fico assim um tempão sem nada fazer e dizer. Não sei se acredite nele. Será que me era capaz de mentir? Por que não?

O dia é complicado. Não recebo mesmo nada. Vejo os ponteiros do relógio a deslocarem-se lentamente.

O meu marido chega e tudo muda. Fico feliz e falamos animadamente enquanto bebemos o nosso drink. Nem dou razão da mensagem no meu telemóvel.

18h11m13s

< Amor mio vou sair agora qd chegar digo. Beijokinhas molhadas. >

Não respondo. Nem sei se é verdade...

22h34m59s

< Só no meu quarto estou cansado mas feliz. Com saudades tuas. AMO-TE MUITO. Bjs loucos. >

Desejo as boas noites e desligo dele. Será o melhor para mim...

Será mentira ou verdade?

E mais um dia nesta linda Vila de Alvito. Será? Pergunta que, ainda hoje, não sei responder. Mas as mentiras foram tantas que mais esta não me afetou e nem me afeta neste momento. Era um exemplo que as senhoras deveriam ter em atenção em relação ao Fernando Pedro Marques. Quanto gostava de avisar todas as mulheres para terem cuidado com este homem. Quem o conhece ou lê este blog, façam uso dele para avisar e chegar ao maior número de pessoas. Elas precisam de serem avisadas...

Quarta, 20 de Julho de 2005

É o nosso dia. Dia de nos encontrarmos no Centro Vasco da Gama. Mas não vou a encontro nenhum. Fico em casa a remoer o quanto desconfiada estou com a sua estadia na Vila que o viu nascer. Penso que será melhor acabar com esta farsa. Quando ele voltar, eu vou terminar. Nada nos liga. Não temos nada em comum.

Estou muito triste. Nem tenho vontade de ler a história da Giulia. Fico ali, sentada, a receber a brisa da manhã que vem do rio Tejo.

10h39m19s

< Meu Amor minha paixão minha vida está aqui muito calor eles estão na piscina e eu, a ver. Seria bom que estivesses aqui. Estás no meu coração Bjs que só tu sabes dar. >

Estou, estou aqui... Mas onde? Gosta tanto de enviar fotografias mas nem uma como lhe pedi no dia anterior. Fico apática e respondo com serenidade que não tenho.

Vou falar com a Margarida, minha colega. Ela nota a tristeza dos meus olhos e pergunta o que tenho. Respondo evasivamente. São dias que nós, mulheres, temos de quando em vez. Falamos sobre os filhos. A minha que está na Alemanha a trabalhar na Universidade e a dela que estuda em França. Neste momento está em Évora na casa dos avós A manhã passa a correr. Convida-me para almoçar e eu aceito.

As conversas vêm em catadupa. Rimo-nos de coisas do passado, do tempo dos estudos, de coisas de casadas e contamos anedotas.

O tempo passa e eu esqueço o Pedro.

O marido dela chega e vejo que já é tarde. O meu deve estar em casa e eu na casa da vizinha.

Quando eu chego o meu marido já tem tomado banho. Diz com satisfação:- Então, na conversa com a Margarida, não é? O vizinho disse-me quando cheguei e convidou-me a ir para lá também. Só que eu vinha uma lástima, cheio de calor e a transpirar....

Rimo-nos e digo que almocei com ela. Conto algumas anedotas e a animação é completa.

Ao menos não penso no Pedro e nas mentiras dele.

Jantamos animadamente e o meu marido diz que deve vir de férias na outra semana. É mesmo isto que não quero ouvir.

21h59m00s

< Amor mio vou buscar a minha mãe amanhã e volto, para aqui, os miúdos não vão. Dp telefono Bjs kentes dorme bem e sonha comigo. >

Fico sem perceber nada. Mas está lá ou não?  Como sou um pouco lerda e acredito em tudo o que me dizem, acredito mais uma vez....

Envia a foto daí !

Coreto da Vila de Alvito. É aqui que se faz a feira de Agosto.

É uma vila com muita história. Tem monumentos lindos para serem visitados. Uma linda Pousada com um serviço exemplar. Já lá estive um fim de semana. Foi muito bom.

Aqui é a terra natal de Fernando Pedro. Viveu no largo do Santo António. Quando me levou a conhecer a sua terra, disse-me que tinha vivido numa casa mesmo em frente à capela de São Sebastião. Mentiu-me nisso e em tudo. A vida dele é uma mentira. Nunca se encontrou e, duvido que alguma vez se encontre. Teve vergonha do local que era e é a capela de Santo António. Foi por isso que omitiu onde morou sempre, até vir para Lisboa.

Terça, 19 de Julho de 2005

É um dia muito quente. Lá fora está abafado. A respiração é entrescutada. O ar está pesado. Eu sinto-me só. Fico no baloiço a ler a Giulia. Um livro que empresto, mais tarde, ao Pedro.

Quando me embrenho na leitura, não dou pelo tempo passar. Assusto-me quando uma mensagem entra no meu telemóvel. Abro-o e leio a mensagem. É do Pedro

09h48m19s

<  Meu amor minha paixão minha vida tenho tantas mas tantas saudades tuas. Estou aqui no meio do nada com a Cláudia e o meu sobrinho. Eles brincam e divertem-se e eu penso em ti. AMO-TE MUITO. Bjs de muitas saudades. >

Sinto o coração a bater freneticamente e tenho uma vontade enorme de o ver. Mas ainda faltam tantos dias para ele vir... Como vai ser? Quando vou de férias? Meu marido não há forma de o saber. Apenas espero que seja com ele no Alentejo. Era fulcral que fosse ao mesmo tempo. Sinto um desejo enorme de chorar. Reprimo as lágrimas e não quero ser lamechas.

Ponho o livro de lado e escrevo uma mensagem muito sentida e cheia de saudades. Imagino-o naquele montado onde só há azinheiras e sobreiros. Onde os pássaros e as cigarras se fazem ouvir no meio do silêncio do campo. Mas um pensamento macabro pela minha mente:- Será que está mesmo em Alvito? Duas semanas é muito tempo para estar com a filha e o sobrinho...Abano a cabeça numa desilusão tremenda. Ele não me iria mentir, ou iria?

Dúvidas e mais dúvidas ensombram o meu pensamento.

Envio uma mensagem a pedir que me envie uma foto do sítio onde está. Nada chega. Nem uma resposta, nem um sinal. Choro copiosamente. O meu dia não foi assim que o imaginei.


No almoço não como nada. Não me apetece e fico de olho no telemóvel à espera do que não chega nunca.
A Glorinha aparece e diz que estou com um ar pálido e os olhos inchados de chorar. Respondo que é alergia e nada acrescento.


A tarde passa e eu ando atrás da Glorinha na conversa. Não quero pensar nele. Quero abstrair-me e viver o melhor que posso. Ele não merece as minhas lágrimas, as minhas dores, as minhas desilusões...


18h52m09s


< Amor mio não pude responder. Andei de fisga na mão a lembrar os tempos em que vivi aqui. O meu sobrinho tinha outra e a Cláudia tb quis. AMO-TE pensa nisso. Beijokinhas molhadas como tu gostas. >


Não respondo Não tenho nada para dizer. Ele está-me a mentir. Mas nunca cheguei a saber.


Vamos ao supermercado e ali esqueço todo o meu infortúnio.


21h12m12s


< Dorme bem e sonha comigo. AMO-TE e esta ausência deixa-me doido. Bjs só nossos. >


Respondo sem mostrar a menor desilusão.