quarta-feira, 8 de março de 2017

Falta de Educação!





Benavente! As cheias do rio Sorraia. Terra onde mora a Milu. Ela nem sonha com quem está a conviver.
Gostava de poder avisá-la ou de haver alguém que a avisasse. Creio que ficaria séptica, mas ficaria alerta dos sinais  e sem dar nas vistas iria verificando com quem se meteu. Mas tudo isto é relativo, uma utopia.

Domingo, 24 de Julho de 2005

Levanto-me cedo. O ar está pesado e sufoco ao respirar. Fico no jardim, na cadeira de baloiço, a imaginar o que se estará a passar com Fernando Pedro Cachaço. Não, não está em Alvito. Mas por que mentiria? Sem resposta.
Tomo o pequeno-almoço. Arrumo tudo e espero pelo meu marido. Vamos sair sem destino. Nem sei para onde.
Enquanto espero, leio o meu livro " Desesperadamente Giulia ". Sem dar por mais nada, o tempo passa. Olho o relógio e marca 09h45m12s. Fico aflita. O meu marido ainda não se levantou. Corro para o quarto e vejo o meu marido caído no chão. Grito tanto que a Margarida vem ver o que se passa. Chama a ambulância. Vamos para o hospital. Ele entra e eu fico com a Margarida à espera. Choro compulsivamente e ando no átrio para lá e para cá sem saber o que pensar. Nem levei o telemóvel. Mas não me recordo disso.
As horas parece que não passam. O tempo parou e eu numa angústia tremenda.
Vem uma enfermeira e diz que foi um pequeno desmaio pela tenção arterial ter baixado repentinamente. Vão-lhe dar alta, mas tem que repousar.
A Margarida chama o marido para  nos ir buscar. Eu estou um espectro. Não tenho força para nada.
Já em casa  quero preparar qualquer coisa para o almoço. Mas nem sei por onde começar. Ouço a campainha da porta e vou abrir. É a Margarida que vem dizer para irmos almoçar a sua casa.
Nem me recordo mais do Pedro. O susto foi enorme.
Voltamos para casa. Levo meu marido para o quarto e ele deita-se para repousar.
Desço as escadas e sento-me na cozinha. Olho ao redor e vejo o meu telemóvel em cima  da bancada. Vou buscá-lo e abro-o, mais por curiosidade do que por me recordar do Pedro.
Tenho quatro mensagens. Começo a ler pela primeira que enviou.

10h10m10s

< Meu Amor querido como estás? Andei com o meu irmão a recordar os nossos tempos de escola e tu sempre no meu coração. Diz alguma coisa. Bjs kentes. >

Vou ler a seguinte.

 11h01m09s

< Minha vida o que se passa? Estou aflito. Responde eu estou sem força não me deixes. Espero. Bjs Molhados. >

11h34m18s

< Não estou a gostar... Onde estás? estás com ele? foste sair? Porra fala. Bjs >

13h59m20s

< Não queres falar né? Vai à merda eu vivo bem sem ti. >

Esta última deixa-me com um sabor amargo na boca. Nunca me tinham mandado àquele sítio. Falta de ética, de personalidade, de educação, de sensibilidade...
Respondo e conto o que se passou.

17h09m01s

< Não gosto de mentiras. Não mintas e não sejas parva. >

Fico tão sensibilizada que choro copiosamente. Não respondo e desligo o telemóvel. Hoje não quero saber mais dele...

2 comentários:

Rui Pires - Olhar d'Ouro disse...

Neste dia em especial, mas como em todos, um feliz dia da mulher!
Beijo

Unknown disse...

Obrigada. Beijinho e um resto de semana muito feliz