terça-feira, 14 de março de 2017

Ninguém me conhece!





E estas coisas acontecem. Já tinha quase a postagem terminada, quando se apagou tudo. Provavelmente já não publico hoje. São 23h do dia 14 de Março de 2017.


É o coreto da Vila de Alvito. Esta vila tem coisas muito lindas e muita história. Não é por ser a terra Natal do Fernando Pedro Cachaço Marques. Mas tenho o livro da Vila de Alvito que comprei na Câmara Municipal desta vila alentejana. Gosto muito de ler e de história.


Pego no meu diário e começo a ler:


Quinta, 28 de Julho de 2005


O dia amanheceu mais fresco. O céu está coberto de nebulosidade. O sol está menos quente e o dia parece ser agradável. Estou na cama, ainda sonolenta, quando o telemóvel começa a tocar. Apanho-o e no ecrã aparece o nome do Pedro. Fico intrigada. É cedo. Telefona sempre a meio da manhã.


08h34m10s


- Estou sim, faz favor?
- Meu amor minha paixão que saudades tenho tuas. E tu também tens saudades minhas?
- Que te parece? Nem as sei medir. E tu sabes?
- Estou em São Sebastião mesmo em frente à casa onde nasci. Aquela que te mostrei quando te trouxe aqui. Sabes onde é?
- Sim, eu sei. Mas não respondeste à minha pergunta.
- Que pergunta? Sobre o Quê?
- Se mediste as saudades que dizes ter por mim.
- São muitas.. Vão daqui até ao céu.  Eles estão a dormir, a mãe Laura faz o pequeno-almoço e eu disse que vinha apanhar ar. Boa desculpa...  Hehehe...
- Eu sei como tu és capaz de arranjares essas desculpas. Conheço-te muito bem..
- Não digas que me conheces. Nem a minha mãe que me pariu me conhece. Ninguém, ouvistes?
- Não estejas tão bravo. Se foi para isto que me telefonaste, não valia a pena..
- Não quero discutir contigo. Isto são os nervos por estar longe de ti. Um dia NUNCA te vou deixar. Ouvistes? NUNCA...
- Falas isso tanta vez que até um Santo acredita em ti.
- Espera até eu arranjar as coisas lá em casa com ela e as minhas filhas.
- Até parece...
- E é. Bem tenho que ir. Não quero que ninguém descubra onde vim. Beijinhos só nossos.
- Beijinhos e até logo.
- Inté




Fico perplexa com este telefonema. Levanto-me e faço o habitual. Eu sei que poderia ter ficado mais um pouco na cama, mas não tenho clima.


Fico na cadeira de baloiço a ler o meu livro. O Pedro também o quer ler e emprestar-me um de Robin Coock que é muito científico. Fico ansiosa para acabar o meu e ler aquele. O meu está quase no fim.


12h43m09s




< Amor mio minha paixão vamos almoçar agora queria que tu, estivesses aqui. AMO-TE MUITO. Bjs só nossos. >


A Glorinha chega e falamos muito. É cedo e ensina-me mais umas orações que eu aponto no meu caderninho. Depois sigo-a e falo, falo para não pensar.


15h10m09s


< Amor do meu coração vou mostrar como eu passava os dias no campo. É mau exemplo mas é engraçado. Bjs muitos de amor eterno. >


Leio, mas disfarço para que a Glorinha não perceba. Não respondo logo. Apanho o pretexto de que tenho que ir buscar detergente e envio a mensagem a dizer que não é uma boa lição para o sobrinho e a filha.
Volto para junto da Glorinha e estou com ela até sair.
Estou só. O meu marido ainda não chegou e eu volto à  leitura.


21h56m54s


< Meu amor estou só no quarto. Estou cansado. O dia no campo foi cansativo. Bjs só nossos. Sonha comigo TE AMO.>


E com esta mensagem acaba mais um dia nas terras alentejanas...


 




1 comentário:

Rui Pires - Olhar d'Ouro disse...

Conheço mal o alentejo. Mas gostei desse coreto.
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