quinta-feira, 22 de junho de 2017

Para onde fores, eu sei!





O Fernando Pedro Cachaço Marques sabe escolher bem as fotos e as mulheres com quem quer andar. As que são viúvas, carentes, divorciadas e aquelas que tem uma vida muito boa para lhe pagarem os seus luxos ou então lhe darem dinheiro.
Foi o que aconteceu comigo, consigo, com ela e com todas as outras. Nunca escolheu uma empregada de balcão, de restaurante ou doméstica. Não acreditem que é por " amor ". É por dinheiro e posição social. Gosta de grandezas e de exibir mulheres de um extrato social elevado. Recordo que ele se gabava para os colegas por andar comigo. Eles já me conheciam e diziam-lhe quando eu apanhava o comboio, a estação que frequentava ou que tinha chegado ao ponto onde ele marcava. Na altura não me apercebi disso. Estava " cega " como digo tantas vezes.
A mais patente tem sido a advogada Maria Armén****. Essa, ele não larga. Já a conheço com ele há largos anos. E, praticamente, sei sempre quando se encontram e onde. Afinal somos unidas e avisamo-nos umas às outras. Pedro, por onde andares, eu sei sempre. Até com a Milu. Se não digo aqui é porque não te quero perder de vista. Recorda-te que eu estou próximo de Benavente. E tenho lá amigas. Até sei quando saem e para onde. Seja a que parte do mundo tu fores com A ou B, eu sei. E não sou bruxa, como me chamaste. Se fosse " bruxa " tinha descoberto a peça que tu eras e o que me virias a fazer. Não nos apaixonamos por uma pessoa só por meia dúzia de e-mails que possamos trocar... Como tu me disseste e depois disseste à Dulcineia e a outras...

Quinta, 25 de Agosto de 2005

O dia está enevoado. Olho através da janela e vejo densas nuvens no céu. O calor faz-se sentir como fogo que queima as nossas entranhas. O meu corpo está húmido pelo calor da manhã.
Levanto-me e tomo banho. Desço e vou tomar o pequeno-almoço. Porém, em cima, tudo fica arrumado. A Glorinha vem, mas tenho brio em ter tudo no seu lugar. Ela só vem fazer limpeza.

Fico na cadeira de baloiço a examinar o céu, os passarinhos e as rolas que sobrevoam o meu jardim. Na árvore ao lado está um ninho que preservei e que serve de aconchego aos seus moradores. Sinto-me viva e feliz. Já não penso na dívida e nas Mónicas. É aqui, neste episódio, que vejo o que o Pedro quer de mim. Por um lado, vejo com clareza, o que anda a tramar, mas por outro gosto dele. Estou dividida, mas vou onde ele me chamar.

Estou eu, apreensiva, com toda esta trama que se abateu sobre a minha cabeça, quando o telefone começa a tocar.
Levanto-me de um salto e corro à sala. Levanto o auscultador e pergunto:

- Estou sim, por favor?
- Bom dia, amor de mi coração. Estás bem?
- Bom dia, Pedro. Já quase não é " bom dia " . Já viste as horas?
- É quase meio-dia... Mas ainda é bom dia, porque não?
- São, mais precisamente, 11h55m20s
- Ena! Que precisão. Vê lá se tens precisão com a minha dívida. O tempo está-se a esgotar...
- Ah, sim? Para quê?
- Não estás a brincar, pois não? Sabes que estou entre a espada e a parede e não encontro ninguém que me ajude.
- E os teus amigos? Não dizes que tens bons amigos!?
- Mas nestas alturas não aparecem e, depois, não ando a dizer a toda a gente, né?
- Claro que não. Estas coisas só se contam a pessoas íntimas, não é?
- Tu, por exemplo. Sabes mais da minha vida que lá em casa.
- Não acredito. E nem me faças de parva.
- Bem... Telefonei para te convidar a vires ter comigo.
- Agora?
- Hum! Era para ter telefonado mais cedo, mas o trabalho foi muito.
- Agora não posso ir. É tarde, não achas?
- Só é tarde quando nós queremos.
- Eu não quero que seja tarde. Dou tudo para estar contigo, mas hoje já não posso.
- Era só para falarmos...
- Assim também falamos.
- E uns beijinhos, umas carícias não gostavas?
- Hoje não posso.
- Bem, então, vou almoçar.
- Bom proveito. Telefonas ainda?
- Não. Não é dia da tua empregada?
- É. E amanhã, também...
- Beijokinhas doces, só nossas e que tu sabes dar.
- Beijinhos doces.
- Inté!

Desligo e penso que me está a levar. As coisas que eu sei, ele nem imagina. Vamos ver como isto se irá desenrolar.
A Glorinha chega e eu vou almoçar.

17h45m18s

< Amor meu eterno do coração vou sair tenho, trabalhado muito estou cansado. Vais ao MSN? Eu estou lá. Bjs só nossos. AMO-TE MUITO. >

À noite falamos no MSN. Lá vem a conversa do fisgo. Falamos e ele vê soluções. A salvadora posso ser eu. Pede muito e eu nem digo sim nem não.
Quando me vou deitar, estou cheia de sono... 





terça-feira, 20 de junho de 2017

Sonho com prisão!





E eis uma foto que não é minha. Esta foto é da Milu.
Tenho uma foto com uma hortênsia. Foi tirada nos Açores e por mim. Mas já a postei aqui.

Não sei, Pedro, que mentiras disseste à Milu a meu respeito. Nem sei o que disseste a tua mulher e filhas.... E eu sempre a má da fita. Serei eu? Não, Pedro. Já olhaste para o espelho? É a tua cara que vês lá refletida e não a minha. Cuidado, Pedro. Um dia queimas-te nas tuas mentiras ou enredas-te nas tuas teias. Tropeça-se sem darmos por isso.

Quarta, 24 de Agosto de 2005

Acordo um pouco aturdida. Acabo de sonhar com o Pedro e as suas mentiras do fisco. O sonho parece real. Vou vê-lo na prisão. Não nas Mónicas que conheço bem do meu estágio, mas numa outra que recordo de ver num filme.
Ele está magro e muito feioso. Vejo-lhe a barba grande, as faces encovadas e os olhos saídos das órbitas pela magreza. Abraço-o e ele repudia-me a dizer que eu não presto e não me quer ver. " Foste má para mim. Não me pagaste os 12.500€ ao fisco. Estou preso por tua causa. Guarda leve esta puta daqui para fora..."
Ajoelho a seus pés, a pedir perdão, e digo que vou ver o que posso fazer.
Sou arrastada por um homem possante e o Pedro ri à gargalhada louca e sem sentido.
Acordo banhada em suor. A camisa de dormir está ensopada e eu pareço um rio, a deitar água podrida, pelo lençol de linho. Levanto-me e vou para a casa de banho. Tiro a camisa e meto-me debaixo do chuveiro. A água corre pelo meu corpo como se deslizasse para um rio. Junto as minhas lágrimas à água fria e sem vida. Não sei quanto tempo estive assim. Ouço, de repente, o telemóvel com mensagem a entrar. Isto tira-me do torpor em que me encontro.

08h45m28s

< Amor estou na outra margem era dia do, nosso encontro mas não sei quando isto acaba. Dp digo. Beijokinhas só nossas de muito AMOR. >

Já não é a primeira vez que isto acontece. Venho a descobrir mais tarde que andava com outra fulana.

Faço a minha vida normal e não lhe conto o pesadelo que tive.

12h10m34s

< Amor vamos almoçar isto, está demorado. Amanhã combinamos. Bjs de AMOR ETERNO. >

Respondo calmamente e vou fazer o meu almoço.

Saio e vou até VF. O tempo está quente e eu fico no jardim onde atrás tinha sido feliz com ele.

17h45m30s

< Onde estás? Telefonei pa casa e não estavas. Bjs de mel.>

Respondo a dizer que estou naquele jardim a relembrar os nossos momentos.

17h56m49s

< Estás sozinha? pq não me dissestes? Bjs >

Lá explico toda a minha actividade desde manhã.
Não sei se acreditou. Não recebi resposta.


21h000m57s

< Estou no MSN. Bjs só nossos. >

Vou ao MSN e falamos do meu sonho, da minha estadia em VF e de coisas sem importância. Do sonho, respondeu que eu poderia remediar o caso pagando os 12.500€.

Depois, depois vou-me deitar com a certeza que me quer ludibriar....

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Porta-te bem!







Estou de volta. Tive saudades vossas. Também sei que tiveram saudades minhas devidos aos e-mails que recebi. Mas o tempo balneário fez-me ir, com as crianças desfavorecidas, uns dias para a praia.  Foi gratificante. Adorei e as crianças são maravilhosas. Eu não queria terminar o meu turno. Porém, em Julho, lá vou com outro grupo. Pertenço ao voluntariado  de várias partes de Portugal. Precisam de pessoas e, eu, adoro crianças e poder fazê-las felizes.


Cá volto eu para escrever um pouco das memórias guardadas no meu diário.

Terça, 23 de Agosto de 2005

A minha vida começa a ficar muito densa. Sei que me cheira a pantominice a conversa do fisco. Todavia, eu nem sei que pensar. Há algo no ar que me induz em erro. Mas duma coisa tenho certeza: - As Mónicas já não são prisão  e nunca foram para homens.
Estou na cama com os braços por baixo da minha cabeça e os olhos fixos no tecto. Penso mil e uma coisa e tudo recai na conversa fiada que o Pedro me anda a fazer. Mas com que direito quer mais dinheiro? Tanto! E, se fosse mais modesto, diria que poderia pagar faseado. Mas não. É tão ambicioso que quer levar o dinheiro de uma só vez. Isso não tem cabimento.

Mas lá me levanto com a certeza que vou ter um dia daqueles...

08h34m18s

- Estou sim, por favor?
- Amor sou eu. Bom dia...
- Bom dia. Que se passa? Parece que estás a falar do fundo do poço. Que vozita é essa?
-  Nada de especial. Ando muito cansado
- E não podes tirar férias? Um ou dois dias...
- Não. Já tirei as férias deste ano. Agora só para o ano!
- Tu é que sabes!
- E da minha vida sei eu, estás certa... ( Silêncio absoluto ).
- Ainda estás aí? Parece que te eclipsaste.
- Foi só um pensamento.
- E posso saber que pensamento foi esse? Ou tens segredos comigo?
- Não, não tenho. Sou um livro aberto para ti. Sabes tudo da minha vida. Melhor que lá em casa.
- Ei! Não te cortes. Não será bem assim...
- Tu sabes que é.
- Não, não sei. Às vezes nem sei se andas pela cabeça ou pelos pés.
- Eh,eh,eh... Que engraçadinha. Vê lá se te cai um dente. Já viste alguém andar com a cabeça no chão?
- Já, no circo. Quando era pequena e quando ia com os miúdos.
- Pois, mas eu não sou palhaço...
- Não eram os palhaços, Pedro. Era uma senhora que punha uma rodilha na cabeça e descia escadas assim.
- Tens sempre saída. És uma inventona. ( Esta palavra não existe. Mas ele disse-a. )
- Inventor és tu. Arranjas sempre uma saída airosa e os outros que se lixem.
- A conversa já esteve melhor. Vou trabalhar. É para isso que me pagam. Inté!
- Adeus e porta-te bem.
- Tu é que te deves portar bem. Se andares na linha, ando contigo, se não andares, deixo-te.
- Olha que simpático. Nunca me portei mal e tu sabes disso.
- Um dia acontece. Beijinhos...
- Beijinhos e vê lá se és mais cavalheiro. Isso não se diz a uma dama.
- E ela pode-nos pôr os cornos e a gente cala-se.
- Olha não tenho conversa para ti... ( E desliguei o telefone abruptamente e muito chateada.

Fico a chorar qual Madalena arrependida. Por o ter conhecido e por me ter envolvido desta maneira. Mas eu sinto que o amo muito. Nem pensar em deixá-lo.

A manhã decorre numa melancolia tremenda. Como pode ele pensar uma coisa dessas a meu respeito? Eu sou-lhe fiel e longe de mim tal pensamento quanto mais consumá-lo.

Não almoço. Sinto-me triste e desolada. Não me disse mais nada e eu nem sei que fazer.

A Glorinha chega e eu vou com ela para conversar e aprender mais umas orações. Escrevo-as no computador. Dou uma espreitadela no meu mail, mas não há nada do Pedro. O mail está vazio. Isto é, tem coisas antigas do Pedro. Nada de novo.

15h45m49s

< Tenho que ir para casa. Ela telefonou a dizer que querem falar comigo. Serão das finanças? Eu depois digo. Beijokinhas doces. >

Aí fico eu sem saber o que pensar. Mas ele anda a enfiar-me um barrete ou é mesmo verdade? Mas verdade como? Ninguém lhe pode dizer que vai para as Mónicas!!! Já não existem e os advogados sabem disso. Que raio de advogada é aquela que não sabe? Ou que amigo da judiciária que também não sabe isso? E aqui fico eu numa confusão tremenda. Mas acalmo-me e vou para a biblioteca ler o livro que ele me emprestou de Robin Coock.

A Glorinha despede-se e eu continuo a ler muito entusiasmada com a doença de Parkinson... A doença da minha mãe.

Meu marido chega e, eu, estou tão entusiasmada com a leitura que me assusto quando ele fala. Ponho o livro de lado e desço para o segundo andar onde ele vai tomar banho para depois irmos jantar.

20h10m32s

< Amor mio era um casal que queria a casa de Rio de Mouro. Mas ela queria a sala com xis m2. Deu-me vontade de a mandar pró bilhar grande. Dorme bem e descansa. AMO-TE MUITO e tu sabes disso. Bjs só nossos. >

Nem fala em irmos ao MSN. Eu respondo, também, melada e esqueço a conversa da manhã...






quinta-feira, 1 de junho de 2017

A advogada Luísa!





Vou estar alguns dias afastada deste blogue. Não vou de férias, ainda. Vou em serviço da Associação. Pratico voluntariado e faço estas ausências de vez em quando.

Segunda, 22 de Agosto de 2005

É o nosso dia de encontro. Penso que não sei como este dia irá decorrer. Tudo é uma incógnita depois da conversa do fisco. Estou na cadeira de baloiço à espera de um telefonema. Já deixei de ter vida própria. Tudo depende da vontade do Pedro. Ele, agora, comanda a minha vida, a minha vontade, os meus princípios, as minhas carências, as minhas finanças... Sinto uma revolta imensurável. Desde quando alguém me condiciona? Nem o meu marido fez, faz e, talvez, fará isso. Enfim, estou nas mãos dele. Já nada posso fazer. Quero e não consigo deixá-lo. Precisa de mim mais que nunca e não lhe posso voltar as costas nestas circunstâncias...
O telefone faz o seu trim, trim, trim... com um impulso espontâneo levanto-me de um salto e corro para a sala.
Atendo angustiada e com ansiedade.

09h10m31s

- Estou sim ,faz favor?
- Podes vir ter comigo?
- A coisa está assim tão má?
- Má é favor. Está tudo péssimo. Ela nem se preocupa. Nem pediu ajuda à mãe e diz que me desenmerde. ( Tal como disse ).
- Mas não és só tu. E a tua irmã e o teu cunhado? Eles fazem parte da sociedade, não?
- Aí é que está a merda toda. Eles são meus empregados.
- O quê? Mas não tinhas dito assim! Disseste-me que eram sócios...
- Pois, mas não. Já fui falar com a advogada do serviço e não está assim... Até nisso o meu cunhado me enganou.
- E tu assinas sem leres as coisas? Tu tão cuidadoso e inteligente? Nem acredito.
- Mas foi assim. Pensei que entre família as coisas eram sérias. E eu que gostava do meu cunhado como...
- Um irmão. ( cortei eu porque já sabia a lengalenga )
- Não gozes. Estou na merda e tu no gozo.
- Não estou no gozo... Estou pasma, surpreendida com um homem que diz que foi mais esperto que a psicóloga que lhe fez o exame para a refer e deixa-se enganar assim. Nem parece teu, Pedro.
- Enfim. Até o mais esperto cai na merda: Eu. E nem quero pensar nisso. Nunca ninguém me enganou...
- E queres falar disso? Pessoalmente?
- Sim. Contar a conversa com a advogada Luísa.
- A que horas vou? Estás a trabalhar?
- Agora tenho que trabalhar para ver se arranjo o dinheiro.  Senão, vou preso...
- Então a hora do almoço é pouco tempo?
- Não. Vem, vamos almoçar e depois fico contigo até às duas. O meu amigo segura as pontas.
- No sítio do costume?
- Sim. Beijokinhas e nem sei o que faria sem ti. Amo-te e ponto.
- Final. Lá estarei. Beijinhos.
- Inté!

Fico com o auscultador na mão a repensar a conversa. Se calhar é mesmo verdade.
Vejo que já estou vestida e pronta. É só tirar o carro vermelho da garagem.

E lá vou eu apanhar o comboio das 10h e 30m.
Já no comboio sinto uma tristeza incalculável. Se não for por fases, não tenho como o ajudar. Não tenho 12.500€ de uma vez só.
Mas lá vou eu com um pouco de esperança.

Chego mais cedo e dou uma volta pelo Centro. Vejo várias coisas que gosto, mas não compro nada. Nem sei se tenho mesmo que pagar por fases, só assim...

Perto das 12h estou no nosso sítio. Ele desce as escadas de cabeça baixa. Parece que tem um peso de cem kg nas costas. Olho para ele e tenho uma comiseração tão grande que tenho vontade de gritar. Apanho-me a ele, beijo-o e digo baixinho: - Tudo vai dar certo. Eu estou contigo. Não desesperes...
Olha-me nos olhos com muita tristeza e encolhe os ombros.

O almoço decorre num silêncio sepulcral. Não come muito e eu também não...

Já no nosso refúgio ele começa a tecer o seu rosário. Olho-o nos olhos e ouço-o com muita atenção.
De repente diz aquilo que vem dizendo desde o momento em que imaginou a dívida do fisco: ( Vou, se não pagar, para as Mónicas. )
- Mas quem diz isso?
- Isso, o quê?
- Que vais para as Mónicas?
- O meu amigo da judite e agora a advogada.
- A advogada diz isso? Que vais para as Mónicas?
- Sim. Porquê?
- Estranho vir isso de uma advogada.
- Então, eles lá sabem. Eles é que estudam as leis e sabem. Vou de certeza, disse a advogada sem papas na língua.
- Se ela o diz, eu não sou advogada para contradizer. ( Mas fiquei a pensar. Então uma advogada não sabe que as Mónicas já não são prisão e muito menos para homens? )
- Ficaste assim, porquê?
- Por nada. Fiquei inquieta. E pagar por fazes? Perguntaste?
- Perguntei.
- E...
- Nada a fazer. Eles querem o dinheiro todo.
- Tenho muita pena, mas não tenho disponível esse dinheiro todo.
- Não me ajudas?
- Pedro é muito difícil para mim.
- Mas disseste que me ajudavas!
- Certo! Mas se fosse por fases.
- Então vou mesmo para as Mónicas...
- Mas porquê as Mónicas?
- Ué!? Não é uma prisão? A advogada diz isso.
- Pronto!!!! Não digo mais nada.
- Vais pensar no assunto?
- Quando tens que pagar.
- Não sei. A advogada vai saber.
- A advogada Luísa?
- Sim. É ela que vai tratar do assunto. Não tenho dinheiro para outro e ela é da empresa.
- Então assim que souberes mais alguma coisa, vai dizendo. Mas às Mónicas não te vou ver, de certeza.
- Espero que não. Se me ajudares eu nem sei que te faço.
- Não fazes nada. Ou por outra, vais partir para outra vida melhor.
- A teu lado, escreve o que te digo.
- O vento leva a conversa e nunca mais será ouvida. Pedro, põe os pés na terra.
- Serás sempre a minha rainha salvadora.
- ( Em resposta dou uma gargalhada bem sonora. )

De mãos dadas, vamos para o Centro. Ele vai para o emprego e eu subo até à plataforma superior.
Até me esqueço das compras. E venho a pensar que tudo é uma aldrabice pegada.
Não há Mónicas, não há dívida nenhuma.

Chego a casa e vou fazer o jantar...

21h54m56s

< Vou ver se durmo. Já nem sei o que é dormir. Dorme bem e AJUDA-ME. Bjs loucos de eterno amor. >

Também desejo as boas noites e não volto a preocupar-me...


quarta-feira, 31 de maio de 2017

Gente na rua dele!



Domingo, 21 de Agosto de 2005


Neste dia volto a ter motivos de muita angústia. Parece que as coisas com o Fernando Pedro Cachaço se estão a descontrolar.


Acordo cedo. Deixo-me ficar na cama porque o alvor ainda não dá o seu sinal. Escuto o pintassilgo que fez ninho na árvore que tenho frente ao meu quarto. O seu trinar traz-me uma paz de alma que não sinto já a algum tempo. Fecho os olhos e saboreio o momento. Que quietude, que encanto, que deslumbramento...Lavo a alma e os pensamentos negativos dos últimos dias. Fico letárgica com o trinar que sai do bico de tão maravilhoso ser. A Mãe Natureza tem estes fenómenos que servem para nos deliciar e afastar qualquer sintoma de pesar.
O tempo passa qual seta que se desloca para o seu alvo.
Abro os olhos de mansinho e fico pasma. Já é dia. A minha alcova está iluminada e o meu marido não está a meu lado. Levanto-me de um salto e a energia desaparece do meu corpo débil por causa dos acontecimentos. Caio de joelhos no chão. Levanto os olhos e peço protecção divina. Não sei contabilizar o tempo que fico prostrada. Apenas sei que umas mãos maravilhosas, carinhosas, meigas, afáveis me envolvem e me puxam para cima. Não sei que dizer. Deixo-me envolver naquele abraço inesquecível que me enche de positividade e vigor. Choro copiosamente e sinto que as lágrimas queimam as minhas faces  sem cor. Nada dizemos. Nada fazemos. O meu espírito ganha a vitalidade de uma corsa. Não sei se quero desfazer aquele abraço de ternura. Mas tenho o dever de olhar nos olhos do meu marido e dizer " OBRIGADA ". Leva-me para a casa de banho e ajuda-me com aquela doçura que lhe é tão peculiar. A água corre pelo meu corpo qual cavalo na lezíria. Faz-me rejuvenescer. A alegria volta ao meu olhar esfumado e começo uma vida nova, penso eu.
Tudo se altera, tudo rejuvenesce. Limpo-me com a certeza que o dia vai correr bem.

Tomamos o pequeno-almoço numa tagarelice sem par. A magia volta como nos velhos tempos. Não faz menção ao acontecido anteriormente. Olha-me com ternura e envolve-me nesse olhar que só ele tem o saber sabido de o fazer.

10h12m45s

Primeira mensagem que me deixa sem folgo.

< Bom dia amor mio tenho gente a espreitar na minha rua gente, desconhecida e que ninguém viu por aqui. Estou c/ medo. Bjs doces. >

A magia terminou e os bons momentos também. Levanto-me da mesa e vou para a sala onde lhe respondo inquisidoramente.

10h18m34s

< Não sei até o meu carro viram, as minhas filhas foram, espreitar e ver se sabem mais. Dps digo. Bjs de AMOR ETERNO. >

Meu Deus como foi isto acontecer? Será verdade? Fico sem saber o que pensar. Espero pacientemente por mais informações. Ouço os passos do meu marido e deito-me no sofá. Ele mostra o seu ar preocupado. Pergunta, alarmado, se estou bem. Faço movimento com o braço e nem respondo. Corre a buscar o medidor da tensão e espera pelo diagnóstico: 15.7/9.2 com 75 de pulsações. Toma a iniciativa e quer levar-me ao hospital. Não quero, não posso. Estou dependente das informações do Pedro. E se o levam? E se é verdade? Bebo água com açúcar e o meu marido deixa-me a repousar. Baixo o som do telemóvel e deixo-o na vibração.


11h23m18s

< Continuam por aqui é hoje que me levam. nada se faz apenas esperamos. Bjs de AMOR ARDENTE. >

Pergunto se o prazo de pagar já terminou. Se a casa está no nome dele, se o carro vale muito...

11h38m23s

< A casa está no meu nome e no dela o prazo, não terminou e o carro vale algum. Beijokas e ñ te preocupes. >

Então não há razão para alarmismos. Peço que descanse e que na Segunda falamos melhor.
Eu também descanso e fico aliviada. Levanto-me do sofá e encaminho-me para o meu marido que está a fazer jardinagem no que resta de um jardim...
Mede-me a tensão e já desceu: 12.5/7.1, pulsações 65.

Vamos almoçar a Salvaterra. Estou mais calma e falamos da próxima Sexta-Feira...

18h01m58s

< Td calmo foram embora... Bjs só nossos. >

Fico tranquila e descontraio. Afinal que teria sido? Nem ponho hipóteses...

21h18m43s

< Estou no MSN. Vens? Bjs >

Não posso porque tenho uma colega em casa e o marido. Só responde:

21h28m12s

< dorme bem eu fico por aqui. Bjs de AMOR ETERNO... Inté >

Leio mais tarde quando já estou no quarto. Ficou zangado, mas  não tenho culpa. Também tenho vida própria...

terça-feira, 30 de maio de 2017

Um sonho mau!





Não receies! Não vou colocar aqui a tua gata e a cadela.

Sei que querem ler mais sobre a nossa história, Pedro. E isso vejo nos mails que recebo quando não publico nada. Porém, não posso escrever todos os dias. Tenho uma vida muito preenchida. Ora a dar consultas de psico, ora a dar aulas, ora no voluntariado, ora a ser avó, ora a ser mãe...Enfim, uma infinidade de coisas.

Sábado, 20 de Agosto de 2005

É Sábado. Dia do meu marido estar em casa. Acordo sobressaltada. Sonho que o Fernando Pedro Cachaço está preso. Grito de aflição. Meu marido fica em pânico sem saber o que tenho. Sento-me na cama e continuo a gritar. Meu marido dá-me água com açúcar. Os olhos saem das órbitas e digo " Foi preso, foi preso...
- Mas quem? Porquê? Quando foi preso?- Pergunta o meu marido.
É quando me dou conta do que disse. Estou em êxtase e fico com receio sem saber se mencionei o nome. Deixo de gritar e refiro que foi um sonho mau.
- E nesse sonho mau, quem foi preso?
- O meu cunhado João- É o que me vem à cabeça nesse momento e fico tranquila porque não mencionei nomes. O meu maior receio.
- Com as coisas que ele faz, não me admiro que um dia o seja.-Responde o meu marido mais aliviado e eu também o fico.
Deito-me para trás e começo a chorar.
Meu marido tenta acalmar-me e quer ir fazer um chá de verbena. Retenho-lhe as mãos nas minhas e beijo-as. " Como o meu marido é tão bom - penso eu. Não lhe sei dar valor. Ele não merece isto "
Ficamos ali encostados um ao outro e eu reflito no que ando a fazer. Tenho que terminar com tudo...

Já não adormecemos e levantamo-nos. Tomamos o pequeno-almoço e a magia volta.

09h45m27s

< Sinto-me mal não dormi nada e nem tenho vontade de falar estou, no lidl a fazer compras ela anda bem eu penso como pode um, dia posso deixar de ter esta liberdade enfim, coisas da vida. Bjs de AMOR ARDENTE. >

Fico imparcial. Pelo que me disseram das finanças, eu estou séptica.
Respondo para se acalmar e viver a vida. Não acrescento muita coisa. Não vale a pena...

Saio com o meu marido. Vamos almoçar à prensa e dar uma volta por Pragança. Lanchamos aqui e ficamos na serra de Montejunto.

18h35m32s

< Onde andas? Não dizes nada? Que se passa? Sabes que estou a sofrer e nem me ajudas a passar o tempo ela, está a trabalhar a Cla***** está com as amigas e a Ve**** Mó***** com o namorado. Queres vir ao MSN? beijokas que só te dou a ti. >

< Não estou em casa e não posso falar. >

18h40m15s

< O quê? andas a passear? Bonito. É assim que me amas? >

< Amo-te e tu sabes isso, mas, também, tenho marido... >

18h55m29s

< Pois pois engana-me que eu deixo. >

< Estás a duvidar de mim? Nunca te menti. Será que és sincero comigo? Eu sou contigo e estou preocupada. >

19h01m56s

< Não te zangues mas eu tenho ciúmes dele e ponto. Beijokas loucas de muito AMOR. >

22h09m08s

< Estou deitado na cama da Ve**** Mo**** ela não vem dormir a casa dorme, bem e ajuda-me. Beijos só nossos. > 

A minha resposta é animadora e muito amorosa.

O meu dia termina assim...



quinta-feira, 25 de maio de 2017

A Dúvida!!!!



Hoje arrependo-me do tempo em que me entreguei a um ser sem escrúpulos, insensível, pantomineiro, ambicioso, ingrato, fedífrago e caluniador. Além de outros adjetivos que lhe ficam tão bem...

Quem andou com ele, se apaixonou, o amou e lhe deu aquilo que ele não merecia, merece e merecerá, sabe do que estou falando. E, acreditem, ninguém o conhece melhor que eu. Nem a mulher que vive com ele há três décadas, mais coisa menos coisa. Não o conhece, não... Senão, não estaria com ele há muitos anos. Ele mostra-lhe a santidade e fidelidade que nunca teve.


Sexta, 19 de Agosto de 2005

É  dia de me ir encontrar com o Pedro. Ou talvez era. Não sei o que me espera hoje. Depois do que descobri, não sei como o olhar, não sei que lhe dizer, não sei se voltarei a acreditar nele...
Estou muito ansiosa e espero pacientemente ouvir o telefone.

09h01m34s

- Estou sim, quem fala?
- ( Silêncio ) Hum! Mudaste o disco?
- Como assim!? Não compreendo. Está tudo bem? Que falaste com o Senhor das finanças?
- Ena! Tanta pergunta e nem sei por onde começar...
- Começa pelo princípio.
- Ih! e qual é o princípio? Estás sempre enigmática...
- Será que sou eu? Que queres dizer com " mudaste o disco " ?
- Hoje atendeste de outra maneira... Estavas à espera de outra pessoa?
- Que pergunta tão estapafúrdia. Sabes que só falo contigo. Estou ansiosa e nem sei como atendi. Acho que é sempre da mesma maneira... Sei lá! Estou eu para aqui preocupada e tu com coisas sem importância.
- Para mim tem muita importância. Só quero que sejas minha.
- Estás a fugir às minhas questões? Sabes que sou tua para minha desgraça ou felicidade...
- Não és feliz comigo? Eu sou só teu... Eu amo-te mais que tudo...
( Corto bruscamente ) - Ouve. Eu só quero saber como correu a conversa de ontem. Se calhar não deveria estar tão preocupada... Que achas?
- Desculpa. Eu sei que te preocupas. Eu também me preocupo muito e nem sei que volta dar a este assunto tão delicado. Lá em casa nem há clima. Não falo à minha irmã e ao meu cunhado... Isto acabou com uma relação tão boa com eles. Eu até dizia que o meu cunhado era meu irmão.
- E era? ( Ainda hoje não sei se tem irmã e cunhado. Só sei que a dívida não se fez. ) Será que eram assim tão chegados? Confiavas nele? As aparências, iludem.
- Pois!!! ( silêncio )
- Ainda estás aí?
- Estou. O meu chefe vem aí.
- E não me contas nada.
- Nem posso. Pelo telefone, não...
- Queres que eu vá ter aí? Nem que seja só para almoçarmos.
- Não pode ser. Tenho trabalho na Casa Branca e Arraiolos.
( Estúpida de mim... Passava ali quase todos os meses, uma vez pelo menos e nem dera que a linha já tinha sido desativada. Ou estava em processo disso... )
- E fico sem saber nada? Vai ser fim-de-semana.
- Beijokinhas e logo falamos.
" Desliga e nem me despeço " :- Mal educado, digo enquanto pouso o auscultador.

Eu já não estou nem aí... Porém poderia ser verdade. Já nem sei em quem acreditar...

É dia de vir a Glorinha. Vou passar a tarde a conversar com ela, penso eu.

12h34m09s

< Nem temos onde almoçar. Estamos no meio do nada. Já almoçastes? Bjs que só te dou a ti. >

A minha mensagem é longa e muito sentida. Digo que, por solidariedade, não vou almoçar.

12h56m18s

< Não sejas parva. Almoça. Vamos para Arraiolos. Bjs doces para a tua sobremesa. >

E vou almoçar. Entretanto, a Glorinha já tinha chegado.
Passo a tarde atrás dela e ouço novas orações que vou assentando no meu caderninho.

18h23m46s

< Já estou em casa. Não vou ao MSN. Vou buscar a mãe Laura para falar com ela. Bjs de AMOR ETERNO. >

E eu preocupada. Mas não fico feliz. Eu sei que ele está a fugir ao assunto, mas porquê?
Eu sei a resposta, mas tenho receio de a assumir até ouvi-lo falar, abertamente, o que se passou com o senhor das finanças.

22h19m18s

< Já fui levar a mãe Laura. Tudo na mesma. Dorme bem. Eu não sei o que fazer... Bjs só nossos com muito AMOR. >

A dúvida paira no ar e é com ela que me vou deitar...



Um dia de mentiras!





Hoje, ao ler o meu diário, fico biursa. Como me pude envolver tanto com uma pessoa sem carácter?

Quinta, 18 de Agosto de 2005

Como na noite tudo se faz recordar, eu recordo uma série de coisas. Ouço-o dizer que vai para as Mónicas... " Mónicas ". Este nome não me é desconhecido. E escavo no mais longínquo do meu ser de onde conheço este nome. Até que se faz luz. As Mónicas já não são prisão. Foi até 1989. A última mulher que lá esteve, foi a Banqueira do Povo, Dona Branca. Eu estudei o Convento. Foi lá que fiz o meu estágio de psicologia.
Foi fundado em 1586 e era um recato de freiras e monges. Por ali passaram jesuítas. Depois foi destruído pelo terramoto de 1755. Mais tarde foi reconstruido, 1834, e passou a ser um Convento de freiras. Em 1916 passou a ser uma casa de correção primeiro para rapazes e mais tarde para raparigas. Em 1917 fez-se a prisão para mulheres e só mulheres. Tudo o que lá entrava eram mulheres, incluindo as carcereiras.
Eu fui para lá estagiar, mas antes tive que estudar a história da então prisão das Mónicas. Como é que o Fernando Pedro poderia ir para lá se não pagasse ao fisco? A prisão já não existia, pelo menos, há uma década.
Fiquei a magicar naquilo e adormeci com este pensamento.

Acordo com os primeiros raios do alvor. Meu marido já não está na cama. Passa para se despedir e dizer que é cedo. Pergunta-me se dormi bem de noite e eu digo que sim:- Lá se foi a magia do pequeno-almoço- diz o meu marido seguido de uma gargalhada.
Também me rio, mas não com a mesma vontade que o meu marido.

08h45m51s

- Estou sim, por favor?
- Que lindo começo de dia. Adoro ouvir a tua voz.
- Dizes isso tanta vez que eu, um dia, acredito.
- É verdade e tu sabes que sim. Quando é que tu começas a acreditar naquilo que digo!?
- Como estão as coisas? Já falaram mais alguma coisa sobre o assunto?
- Já não há mais nada para falar. É ter que pagar senão vou fazer uma visitinha às Mónicas.
- E não sabes o modo de pagar?
- Não tive tempo.
- Quem te disse que vais para as Mónicas?
- O meu amigo da Judite.
- A sério? Ele sabe? - Pergunto eu perplexa. Eu sei da história das Mónicas, mas nada digo. Estico a corda....
- Tem que saber. Ele é que me tem dito muita coisa..
- Mas isso já está assim?
- Assim como?
- Na " Judite " como tu dizes...
- Só sabe ele, mas tem que me ajudar para não me apanharem de surpresa.
- Mas quem?
- Mas quem, o quê?
- Quem te vai apanhar de surpresa? Não entendo. Isso não é com as finanças?
- É. Mas quando chegar a conta e eu não pagar, levam-me.
- Para as Mónicas?
- Certo!
- Por que não ficas na de Sintra? Moras no concelho...
- Não, porque tem a ver com as finanças.
- Não percebo. Ultrapassa os meus conhecimentos. Sou leiga.
- Não és nada. Até deste a ideia de se pagar por parcelas.
- Penso eu, de que... Nunca me vi nessas andanças.
- Não viste? Então quando foi do teu marido, não foi assim?
- Não. Não teve nada a ver com as finanças...
- Pois! Era com os bancos, não era?
- Claro que sim... ( Sinceramente que já nem me recordava do episódio. )
- Hoje tenho trabalho na ponte 25 de Abril.
- E quando vais perguntar?
- À tarde vou tirar umas horas e vou às finanças de Sintra.
- Mau! Então as finanças de Sintra, não são do teu concelho?
- São. Mas são só intermediárias.
- Ok! Sou leiga...
- Vá, acalma-te. Amanhã já te sei dizer qualquer coisa.
- E vê se vais para as Mónicas ou Sintra. Beijinho e não te debruces da ponte. Tens contas com o fisco.
- Olha, era da maneira que não pagava. Vou pensar nisso.
- Não sejas maluco.
- Sempre fui e sou. Sou maluco por ti. Amo-te e tu sabes disso...
- Talvez!!!
- Beijinhos. Inté!
- Já não telefonas hoje?
- Não sei. Talvez não.


Quando desliguei o telefone, fiquei a pensar, ainda, mais naquilo. Então o amigo que está na Judiciária não sabe que as Mónicas já não são prisão?
Hum! Cheira-me a esturro. Está a aldrabar-me. Só pode. Mas desta não me engana.

Durante a manhã já não penso mais no assunto. É pura mentira e quer o meu dinheiro. Mas eu vou descobrir...

15h22m19s

< Estou aqui em Sintra. Vamos ver como corre a coisa. Beijokinhas e AMO-TE MUITO. >

Quem me dera poder saber. Mas ocorre-me uma coisa. Telefonar para as finanças de Sintra e saber se ele lá está. Telefono. Atende-me uma Senhora. Eu peço que veja se Fernando Pedro Cachaço Marques, morador em Abrunheira, na rua tal, nº qualquer coisa se está ou esteve. É o meu marido e preciso falar com ele sobre o problema que lá o levou.
A Senhora vê no computador e diz que esse senhor não tem qualquer problema com as finanças, mas diz-me para esperar. Então ouço a Senhora a chamar por ele  e a perguntar aos colegas se está com algum deles para tratar de um assunto. Não está com ninguém. Peço desculpa à Senhora e digo que, se calhar, ele ainda não chegou.

Envio mensagem a perguntar se já falou...

15h32m54s

< Estou a falar. já te digo...>

Mas que aldrabão me saiu. É aqui que eu penso no acidente que nunca houve. No dinheiro que me pediu e nas pantominas que me contou...
Fico triste comigo própria por acreditar, piamente, nele.

17h23m56s

< Saí agora. Vão ver como se pode fazer, mas tem que vir a resposta de Lisboa. Beijokinhas doces, loucas, gulosas. AMO-TE. >

Nem ligo. É como se não fosse ele. Já estou desiludida.

Janto e nem sequer tenho a tal preocupação. O meu marido repara que estou bem disposta e faladora. Alvitro que foi impressão dele.

21h09m13s

< Estou no MSN. Inté... Bjs. >

A mensagem que envio é fria e digo que não posso.

21h15m19s

< Dorme bem e o teu marido que te deixe o computador para nós falarmos. Um dia vai ser assim. AMO-TE ETERNAMENTE. Bjs loucos. >

Desligo o telemóvel e esqueço tudo...