sábado, 20 de fevereiro de 2016

Contas bancárias!

Sexta, 8 de Abril de 2005

E afinal estava pronta para outra. Já me encontrava bem. A maleita tinha passado e estava com uma vontade louca de estar com o Pedro. Tinha muito receio. Não sabia o que ele me iria dizer a respeito de eu ser " a sua estabilidade". Já calculava, mas não queria aceitar. Porém, pensei em algo que bem poderia ser verídico e muito constrangedor para mim. A minha defesa estava lançada, mas não resultou, de todo. Neste dia voltou à carga, mas não disse o que queria.
Como sempre, o telefone começou a tocar quando eu me encaminhava para a salle de bain. Ia tomar o meu duche matinal. Recuei e atendi. Eram 09h12m01s.

- Estou sim, por favor?
- Bom dia minha amada.
- Bom dia. Mas que grande entrada...
- Amo-te. Tu sabes disso. E tu também me amas?
- Sim, muito. Porquê?
- A pontos de fazeres o que te pedisse?
- Como assim? O que me queres pedir? Já andas há uns dias nisto. Desembucha..
- Ainda não sei, mas farias qualquer coisa para me ajudares?
- Qualquer coisa, não sei, mas ajudava se me fosse possível. 
- Só queria saber.
- Andas muito enigmático nestes últimos dias. Não gosto disso. Já pareces o meu marido. Ontem pediu-me que assinasse um papel para enviar para a minha filha. ( Lancei o isco. Mordeu, mas não resultou. ) Parece que enquanto estive doente, ela precisou de dinheiro e eu não estava em condições. Foi ele a tratar disso.
- Mas têm contas conjuntas?
- Temos. Qualquer casal tem. Tu não?
- Tenho, mas quem trata de tudo, sou eu. E não tens outra conta? Sozinha?
- Tenho uma no BES, mas tenho pouco dinheiro. É um mealheiro que faço. Porquê? ( Logo no segundo a seguir, senti-me estúpida. Por um lado estava a dizer que o meu marido me tinha pedido que assinasse um papel e no outro estava a dizer que tinha uma conta só minha. Foi mesmo estupidez, mas já estava. )
- Nada... Era só para saber...Como me compraste a prenda de anos...
- Hum! Isso não me soa bem. Que queres, ao certo? A prenda foi da conta do BES.
- Nada. Olha, se já estás melhor, queres vir almoçar comigo hoje?
- Hoje, não, mas Segunda pode ser?
- Então vamos estar juntos. Vens ter ao Centro, como de costume?
- Pode  ser. 
- O dia até me vai correr melhor. Estás bem e vamos estar juntos. Já tenho saudades tuas. Tantas que nem fazes ideia!
- Se forem como as minhas, faço ideia, sim senhor.
- Logo posso telefonar? A tua empregada está aí?
- Sai às cinco da tarde.
- Então, até logo. Beijinhos nesses lábios vermelhinhos. Hum! Tão bom... Até me estou a...
- Vá não digas asneiras. Ainda sou pequenina.
- Vê-se. Tão pequena que anda a sair com um gajo qualquer...
- Não sejas ordinário. Não gosto quando tu tocas na ferida que tenho por fazer isso.
- Pronto, minha linda, já cá não está quem falou.
- Porquê? Foi-se embora?
- Vai agora. Beijokinhas doces.
- Beijinhos

Passei o dia a pensar no que tinha dito. Se calhar não resultaria, mas a tentativa tinha sido boa.
Pelas 17h21m13s o telefone começou a tocar. Só poderia ser ele. Fui atender.

- Estou sim, faz favor?
- A tua voz enlouquece-me. És tão meiga que fico todo arrepiado.
- E lá vens tu com os teus arrepios. Não sei se me convences.
- Claro que convenço. É verdade. Olha, é  pena não poderes passar com a tua mão para veres.
- Ver ou sentir? É uma grande diferença...
- Lá vem a Senhora Professora a fazer-me sentir mal.
- Não digas isso. Não me faças sentir mal a mim, também.
- Então não és Professora!? Serás sempre. Isso ninguém to tira.
- Sim. Estás bem disposto. Deve-se a alguma coisa?
- Não. Ou talvez sim. Tu estás melhor e isso tem muito que se lhe diga.
- Pois, tem. Estou melhor. Estou outra.
- Podes ir ao msn?
- Não. O meu marido vai achar estranho.
- Bem, vou embora. Vais pensar em mim?
- Claro que sim.
- Nem tenho vontade de chegar a casa.
- Mas ela não está a trabalhar?
- Está, mas vem pra casa, né?
- Pois. E ainda bem. Ficavas viúvo. 
- Quem me dera!!!
- Não digas isso. Ela é a mãe das tuas filhas.
- Da Raq****. Já trazia a outra.
- Mas és pai. Não lhe deste o teu nome?
- Dei e gosto muito dela. Foi por ela que eu fiquei com a Z****.
- Tudo tem um princípio.
- Mas agora vamos ter o fim da nossa converseta. Vou embora fazer o jantar.
- Beijinhos e até amanhã. 
- Beijinhos minha doce Cet******. Fica bem...

Neste dia já não nos comunicámos. Mas eu fiquei a pensar na conversa das contas bancárias.


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