sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

És a minha estabilidade!

Quinta, 7 de Abril de 2005

Uma foto do coreto de Alvito. Esta foto foi muito bem concebida. Ao fundo vê-se a pousada que fica inserida no Castelo da vila. Tem esmerado serviço. Adorei quando lá estive. Foi na ocasião da feira de Agosto. Não fui lá por ser a terra do Pedro, mas porque quis uma estadia para repousar de um período nefasto da minha vida. Enfim, o mau tempo no canal já passou e hoje respiro de alívio por me ter visto longe deste sociopata e bipolar.
Escrevo, de facto, para muitas mulheres terem acesso e verem quem é quem para não se deixarem manipular por ele.

Seguindo a minha linha e sequência dos factos, aqui me encontro para relatar mais um dia de sobressalto. Um dia em que tive que repensar a minha vida e saber como sair de uma situação que apenas ficou adiada até Maio.
Já me encontrava melhor. A Glorinha só vinha da parte da tarde e eu já me levantava e fazia pouco mais que nada, mas dava para me sentir  útil e positiva.
Ainda estava deitada quando o telefone começou a tocar. Senti um aperto no coração e saltei de susto sem saber o que o Pedro ia dizer neste dia. Era como se do outro lado do fio estivesse o papão. Senti-me qual criança sem amparo e conforto. Atendi com a angústia estampada no meu rosto. Era o cadafalso que eu não queria percorrer. Foram dias de desespero e reflexão. Porém, tinha que cair no conto do vigário.
Olhei o relógio e marcava 08h19m43s. Já estava no meu melhor. Já me preocupava com estes pormenores. 

- Estou sim, faz favor?
- Bem, hoje já gosto de te ouvir...
- Porquê? Não gostavas?
- Da forma como estavas, não. Estava muitooo preocupado contigo. Nem conseguia dormir.
- A sério? Estiveste mesmo preocupado? É que no princípio, não.
- As desculpas não se pedem, evitam-se, mas tenho que te pedir desculpas. Eu estava desesperado e depois faltaste-me tu.
- Temos que falar a sério sobre esse "desespero". Anda-me a atrofiar o não saber o que queres ao certo.
- Quando é que podes vir almoçar comigo?
- Assim que tiver forças suficientes. Acredita que vou ter contigo e quero saber tudo tim-tim por tim-tim".
- E eu vou falar " tim-tim por tim-tim " para esclarecer as coisas. Preciso de ti.
- Isso já eu entendi, mas não sei para quê.
- O importante é que melhores. Isso é bom.
- De facto. Ninguém fica doente porque quer, não?
- Pois! A tua carga é muito grande. A tua mãe onde está?
- Na minha irmã, em Sintra. E vai ficar lá por alguns meses. Entre ela e a da terra, vão ter que ficar com ela até o médico dizer que eu posso.
- Sabes, ando estafado. Ontem fiz o jantar. Ela está a trabalhar de noite e as miúdas não fazem nada.
- Não? Porquê?
- Não sabem. Ela nunca as ensinou. Olha uma via desenhos animados e a mais velha estava no mensager.
- Mas isso é um absurdo! Uma tem quase 16 anos e a outra fez 25. Isso não cabe na cabeça de ninguém. Eu ensinei a minha filha a cozinhar e a limpar a casa. Hoje já não fico preocupada com isso. Ela sabe e quando vou à Alemanha, já faz pratos típicos alemães.
- Isso faz quem tem juízo. a Z**** não tem e não faz uso dele. Fiz carne com migas.
- Um prato alentejano.
- Um dia cozinho só para nós quando nos casarmos.
- Vá, não descambes. Isso é uma utopia. Nunca vai acontecer.
- Não digas " NUNCA ". Um dia estamos a casar. Agora quero mais que nunca casar contigo.
- Mais que nunca? Mas porquê?
- Preciso de ti e só tu me podes dar estabilidade.
- Não, Pedro. Eu não quero casar contigo e não vamos falar mais sobre isso.
- Fico triste, mas não desisto. Não sou homem que desiste sem ter alcançado o que quer.
- Hoje não trabalhas?
- Estás a despachar-me?
- Não. Só quero descansar mais um bocadinho. Pode ser?
- Ok! Eu vou para a linha de Sintra. Já não volto aqui. Se puder, ainda te telefono.
- Bom trabalho. Beijinhos doces de mel.
- Beijinhos onde e como quiseres. Ficava bem deitado contigo. Hum! Que bom...Fica bem.


 A minha cabeça começou a imaginar e a pensar uma forma de não cair nas malhas do Pedro. Era primordial arranjar um plano que fosse viável para a situação. E arranjei. Só que cai e sem pensar, depois, no mês de Maio.
Como já não pôde entrar em contacto comigo, enviou-me a seguinte mensagem no PC. 

18h32m19s

< Meu amor de ontem de hoje e de amanhã já não pode ( deveria escrever-se "pude" e não pode ) falar contigo. O trabalho durou até agora. Tenho saudades de estar contigo. Amo-te muito e nem sei viver sem ti. És para mim a minha Shakti a princesa que faz, parte dos meus sonhos e da minha vida. Sempre serás minha porque eu não te quero perder. Estaremos sempre juntos, e nada nos separará. És a minha estabilidade em todos os aspectos. Contigo sei o que é ser feliz. Até te conhecer eu não sabia o que era viver. Amo-te meu Amorzinho. Hoje vai ao msn para falarmos um cadinho. Beijo-te com loucura amor e ternura. Adoro-te sabias? Se tu quizeres ( deveria escrever-se " quiseres" ) seremos sempre felizes. Eu quero... >

Não fui ao msn. Enviei uma  mensagem, via telemóvel, a dizer que não podia ir e recebi uma de volta.

21h11m10s

< Espero que estejas acordada. Dorme bem. Boa noite. Amo-te mais que tudo. Sinto a tua falta. Beijokas doces. >

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