domingo, 17 de maio de 2015

Terceiro encontro

Quarta, 13 de Outubro de 2004
08h55m00s
 
< Não é com orgulho que me recordo deste dia. Foi o primeiro de muitos e hoje sinto-me enojada e culpabilizada pelo passo que dei.
Assim que o meu marido saiu, levantei-me e pus o quarto a arejar. Queria que ele estivesse acolhedor. Até mudei os lençóis da cama para tudo estar perfeito. Depois de tomar banho e me vestir, saí em direção à estação dos comboios. Recordo que ao tirar o carro da garagem, a porta caiu ao de leve em cima do tejadilho. Não fez grande estrago, mas ficou a marca. Era dia treze e eu não sou supersticiosa, mas apanhou-me de surpresa. Também estava nervosa. Nunca tinha colocado um homem na minha casa e era impensável levá-lo para a minha cama. Não sei o que o Pedro me fez para eu tomar a medida errada. O certo é que aconteceu. Ele era muito atencioso, meigo, carinhoso, compreensivo e até adivinhava os meus pensamentos. Só havia uma coisa que me desagradava. Era muito possessivo e isso deixava-me insegura. Contudo eu criara uma paixão por ele que fazia o que fosse preciso para não o perder. Não era Amor como eu sentira pelo Af****. Mas eu equivocara-me e confundi amor com paixão.
À hora acima descrita, já me encontrava na estação à sua espera. Vi-o descer as escadas da plataforma e fiquei extasiada com o seu porte. Era muito imponente e majestoso. Fiquei orgulhosa e cheia de paixão. À minha maneira amava-o com muita loucura.
Desceu as escadas e dirigiu-se ao meu carro onde me encontrava à sua espera. Mesmo ali beijou-me como se não o fizesse há longos anos. Entre suspiros e ais, dizia que me amava mais que tudo na vida e aqui a estúpida, acreditou. São assim os sociopatas. São meigos, carinhosos, compreensivos, possessivos e amorosos até atingirem os seus objetivos. Depois vem a parte mais triste e cruel quando se encontram na posse que inventaram para atrair a presa mais fácil.
Veio comigo no carro com a sua mão a acariciar-me as pernas e tudo o que estava ao seu alcance.
Já em casa, dirigimo-nos para o quarto.
Muito sôfrego, despiu-me com brusquidão e deitou-me na cama. Sentia-o a tremer e eu tremia também.
Fez várias tentativas para atingir o orgasmo mas nunca conseguiu devido à tensão nervosa em que se encontrava. Eu, pelo meu lado, atingi vários e estava nas nuvens. Já me sentia à vontade e fazia para que ele se sentisse também. Foi infrutífero. Ele não conseguiu ereção.
Depois deitámo-nos lado a lado na cama a conversar. Quis saber de que lado dormia o meu marido e deitou-se no lado oposto. Dizia que tinha ciúmes do meu marido e que estava ali porque me amava muito. Desculpou-se pelo facto de não conseguir o orgasmo e eu até compreendi. Perto das 13h fomos tomar banho. Eu tinha um lençol de banho só para ele e pensei que tomasse banho primeiro para eu tomar a seguir. Mas ele puxou-me para dentro da banheira e tomamos banho juntos. Recordo que me lavou com a minha luva com tanta meiguice que me senti a mulher mais feliz do mundo. Ainda fez com que eu atingisse um orgasmo, mas ele nada.
Almoçámos e teve a gentileza de elogiar o meu caldo verde, os pastéis e o arroz. Falou que cozinhava lá em casa e que fazia muitos pratos alentejanos da região de Alvito, terra onde nasceu, segundo me disse e me mostrou o BI onde se lia que era solteiro.
Chegou a hora da despedida e, mais uma vez me fez atingir o orgasmo. Ele nada. Comecei a pensar que seria defeito, mas ele assegurou-me que estava muito nervoso. Por um lado, eu compreendia-o, mas por outro, desconfiava. Disse-me que na próxima quarta já vinha mais desanuviado e sem nervos. Confiei nele e a despedida foi cruel. Quando o vi partir no comboio, senti rolarem dos meus olhos algumas lágrimas. Pensei que não o voltaria a ver. Porém nessa noite ao MSN, parecia outra pessoa e falámos do dia. Para ele tinha sido uma experiência muito enriquecedora e que estava preparado para mais e muitas quartas-feiras. >
 


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