quarta-feira, 15 de abril de 2015

O Silêncio maz-me mal!

Quinta, 16 de Setembro de 2004
 
17h55m55s
 
Mais um telefonema do Pedro. Não me deixava descansar e eu sentia-me bem assim. Ele dava-me tranquilidade. Pensava eu que essa tranquilidade seria duradoura. Contudo o tempo diria que não. Foi só enquanto não teve o que queria. Ainda me sirvo do meu diário para escrever tanta coisa que se passou entre mim e o Pedro. Eu sei que isto só me faz sofrer, mas, por um lado, é bom recordar. Mais uma conversa telefónica que tivemos.
 
 
- Estou sim, faz favor?
- Meu Amor sou eu. Já não aguentava este silêncio todo. Tanto silêncio, faz-me mal. Penso que já me esquecestes.
- Eu nunca te posso esquecer. Tu fazes questão de me recordar disso a todo o momento. Por acaso a Glorinha já se foi embora. Senão eu não te atendia.
- Ai meu Amor, nunca me faças isso. Diz que foi engano e eu sei que não era hora para falarmos.
- Um dia vai ser o primeiro.
- Meu Amor, à hora de almoço senti a tua falta.
- Sentiste? Como? 
- Senti porque não estavas  ao pé de mim. Nem o almoço me soube bem. O teu beijinho como sobremesa é que me veio dar ânimo.
- Não me vou esquecer disso.
- Nunca esqueças, meu Amor. Eu chamo-te "Amor" e tu não me chamas a mim. Porquê?
- Ainda não estou preparada. Leva o seu tempo .
- Que tempo? Quando duas pessoas se amam, não há tempo para nada senão para o Amor que sentem um pelo outro.
- Tens razão Amor.
- Vês, fica tão bem e cai-me tão bem que até fico arrepiado.
- Arrepiaste com pouca coisa. Chamar de "Amor" não quer dizer que seja muito importante.
- Não é importante? Claro que é. Amor, eu amo-te e isso é muito importante. Tu não sentes isso?
- Sinto e amo-te muito, mas...
- Não digas "mas". É importante que acabes a frase.
- Desculpa.
- As desculpa não se pedem, evitam-se.
- Tens razão, Evitam-se e eu vou evitar muita coisa.
- Hoje estava aqui a falar contigo o resto do tempo. Sinto-me Feliz quando falo contigo. É uma sensação nova. Não notas?
- Noto. Também sinto essa sensação. Hoje estou muito cansada e amanhã tenho a Glorinha outra vez.
- Ainda não acabastes as limpezas?
- Não. Só agora comecei e tenho muitas casas.
- Estou curioso por conhecer a tua casa.
- É uma vivenda como outra qualquer.
- Essa é diferente por que é tua.
- Eu também gostava de conhecer a tua casa, mas isso está longe de acontecer. É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha.
- Que metáfora bonita!
- Não sei se é metáfora. Só sei que é a realidade. Nunca vou conhecer a tua casa.
- Um dia levo-te uma fotografia.
- Fico à espera. Sabes vem aí o meu marido. Estou a ouvir o portão.
- Vou-me já embora. Era bom de mais para continuar. Beijinhos muitos e doces como o mel.
- Beijinhos e até amanhã.
- Até amanhã, meu Amor. >

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